Steve visitava Natasha todos os dias, enquanto todos dormiam. Ensinava Natasha o tudo e o pouco que sabia sobre o mundo lá fora, sobre matéria na escola, porque ele não achava justo eles aprenderem e ela não. Natasha não gostava de aulas, mas Steve insistia.
E o tempo passou. Eles eram crianças, não sabiam o que era amor. O loiro teve que lidar com todo o trauma de Natasha, todo o medo de perde-la. Tentava encontrar coisas sobre seu passado, ajuda-la a lembrar das coisas como seus pais, e esquecer o que precisasse.
E ela era a luz na vida dele, e continuou assim por anos. Conseguiu se lembrar de nomes por causa de Natahsa. Alguma Sarah. Bucky. E os pesadelos intermináveis de Natahsa. Ela não falava disso com ele. Não queria que ele soubesse o que ela fez. O que ela é.
E agora eles tinham 11 anos. E Steve tinha maturidade suficiente para perceber que não tinha ninguém a cima de 16 no orfanato.
Steve havia acabado de voltar do quarto de Natasha. Estava se preparando para deitar e aproveitar os últimos minutos de sono, quando ele ouve o som.
O mesmo som que houvira anos atrás, quando Natasha chegou. O homem gritando nos alto falantes, os portões abrindo, e soldados marchando. ~ Nota mental: por que tem tantos soldados num orfanato? ~ O garoto pula da cama, agora com altura suficiente para ver o que acontecia lá fora, enquanto se apoiava nas barras grossas.
Os portões abrem. Duas vans enormes e pretas entram. Steve encara tudo, apreensivo. Com o corpo gelado e os olhos captando cada movimento.
— Cinco aprimorados... HIDRA....Instituto... Asgard.... Wakanda...
É a única coisa que consegue ouvir.
A primeira van para, e dela descem três médicos e duas macas, onde uma garota de cabelos ruivos bem escuros que devia ter alguns 9 anos, está inconsciente, assim como um menino de cabelos loiros quase branco, que devia ter a mesma idade de Steve. A segunda van para também, e em outras macas estão um menino de cabelos pretos, um negro mais alto que todos, e uma garota de pele escura e cabelos brancos como a neve.
Eles somem da vista de Steve, que tinha a impressão de que conhecia eles. Uma das vans vai embora, e a outra fica, e logo sete adolescentes que Steve conhecia entram nela, dessa vez acordados. Ele conhecia aquelas pessoas. Tinham completado 17. Estavam indo embora.
(...)
— Cinco? Nunca chegaram tantos de uma vez. - Bruce cruza os braços, pensando.
— E foram 7 embora. - Steve suspira, comendo o mingau de canela. Não estava tão ruim.
— Sete? É, notei que alguns nomes foram cortados da chamada. - Clint diz.
— Eu também. - Tony.
— Por que foram embora? - Wanda pergunta, e todos olham para Steve. Só ele via essas coisas. Só ele poderia responder.
— Eu acho.. Que ficaram velhos demais pra esse orfanato. Completaram 17. Eram o Zedd, o Logan, a Laila, Emily, e o Stephen ... Eles eram bem grandes, e estavam começando a lembrar das coisas, eram o que estavam dizendo.
— Mas é sempre assim, todo ano alguém vai embora. - Thor fala.
— Não demora para sermos nós. - Tony sorri.
— Que Deus, ouça o Tony. - Clint diz, encarando o mingau.
— Não tenho tanta certeza se sair daqui é bom... - Wanda fala.
— Tudo deve ser melhor que essa prisão. - Tony rebate.
— Não, tem coisa pior lá fora. - Steve diz, e Tony dá de ombros, ignorando, mas o pensamento do loiro estava na KGB. Hidra. Não eram coisas boas.
— E quais foram as palavras que disseram dessa vez? - Bruce.
— Falaram coisas novas. - Steve diz. - Hidra e Instituto que eu já conhecia, e Asgard e Wakanda que não tenho idéia do que é.
— Não estava no livro? - Bruce pergunta.
— Não que eu me lembre. Tínhamos que achar esse livro de novo.
— Eu acho que é melhor manter distância disso tudo, gente. Phil disse que podia dar problema pra gente, e ele estava certo. - Wanda diz, abaixando a cabeça.
— Você lembrou de alguma coisa, Wan? - Thor coloca uma mão em suas costas.
— Algo... Como se fossem nuvens vermelhas saindo de mim. E eu gritando o nome "Pietro".
— O Pietro pode ser real. Quem sabe? - Steve sorri.
— É. Talvez.
(...)
— Só falta eles mandarem a gente ficar estirado de sunguinha no sol. - Tony reclama, se sentando no chão da quadra grande.
— Eu sou branquelo, não posso com sol. - Steve ri.
— Se não tomássemos esse banho de sol semanal, teríamos complicações gravíssimas por falta de vitamina D. - Bruce resmunga, arrumando os óculos no rosto.
— Mimimi de nerd. - Clint revira os olhos. As crianças mais novas corriam de um lado ao outro, e os mais velhos estavam todos reunidos num canto, ainda no sol. Pareciam preocupados. Steve se pergunta se era pelos que foram embora.
— Ei. - Thor cutuca Steve, que o olha e vê seus amigos vidrados na porta. Ele segue seus olhares, e vê dois garotos parados na porta.
Os dois eram novos. Chegaram hoje. O branquelo de cabelos platinados, e o negro mais velho. Assim que os olhos do loiro param em Wanda, ele larga a bruxa do 71 falando sozinha, e vai até eles.
— Ihhh... - Clint tampa o rosto, fingindo não o ver. Mas Wanda encarava-o como se olha-lo fixamente fosse responder a pergunta "de onde eu já vi você?" Os dois ficam de olhando, deixando os outros desconfortáveis.
— Oi. Sou Stev...
— Wanda? - Pietro pergunta, incerto, e todos abrem a boca, espantados. - É você?
— Senta, branquelo. - Tony o faz sentar na roda, e seus olhos azuis e confusos encaram todos.
— Qual seu nome? De onde conhece Wanda?
— Pietro. - Wanda arregala os olhos. - Maximoff.
— M-Maximoff? - ela balbucia, balançando a cabeça.
— Sou seu irmão. - Wanda não ousa nem se mexer, e sua boca abria cada vez mais.
— Como cacetes você sabe disso, abestado? - Tony cruza os braços.
— Tony. - Bruce o repreende.
— Não sei. Eu só... Sei. Lembro.
— Você lembra das coisas? - Thor pergunta.
— Devia não lembrar?
— Sim. Sim, exatamente, você só devia saber seu nome. - Bruce diz.
— Eu não lembro de tudo... Tem muitas lacunas. Muitas. Mas... Sei que somos irmãos Maximoffs. Sei que nossos pais morreram...
Os olhos de Wanda perdem o brilho.
— Ei, pega leve aí. - Tony cruza os braços.
— Você sabe o que é HIDRA? - Steve pergunta.
— Anjos maus. - Ele responde.