Teen Wolf Season 3- The Way I Like to Fall escrita por Apenas Lorena


Capítulo 14
Out of me


Notas iniciais do capítulo

Olá, gostaria de pedir perdão aos leitores e leitoras que dedicaram seu tempo a ler essa obra e agradecer pela perseverança.
Passei por um período de bloqueio e instabilidade emocional que me ocasionou em vários nadas, pois apenas me fodi.
Gostaria de agradecer a você, leitora querida que recomendou a fic. Graças a você eu estou me forçando a seguir o baile e continuar a escrever.
Nem todo herói usa capa!



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Então ele falou.

Onde você estava?- O tom na voz de Stiles era violento. Violento? Ele falou de uma maneira fria, quase com raiva.

Me separei do abraço de Red enxugando o rosto com as costas das mãos e o observando incrédula.

Abri a boca pra falar e fechei mudando de ideia, porque eu não sabia responder aquela pergunta.

—Filho, por que não damos a Loren um tempo para que ela se recupere?- O Sheriff se dirigiu ao filho surpreso com a maneira que ele havia falado comigo.

—Tudo bem.- Falou um pouco mais "normal". -Desculpe, Loren.- Desviou o olhar e me senti como uma completa estranha.

Virei-me para Red e o puxei pela mão para um canto da sala.

—Eu estou cansada. Prometo que conversamos mais tarde.-

—Não pretende dormir aqui, pretende?-

—Já fiquei aqui por um tempo, sei que o Sheriff não faz questão e sem possibilidade de eu entrar no carro e passar minutos pra chegar a um hotel qualquer.- Falei. 

—Loren, sei do seu relacionamento complicado com o Stilinski mais jovem, mas ultimamente ele tem agido estranho. Não me conformo em deixá-lo aqui.-

—Vai ficar tudo bem. É só hoje.-

—--

—Tudo bem. Stiles, Loren dorme no quarto de hóspedes e você dorme na sala.-

—Hum, Sheriff...Por que o Stiles tem que dormir na sala?-

—Tivemos um pequeno problema com o quarto dele.-

—Ah, não por isso. Ele pode dormir no quarto de hóspedes comigo, não? Já fizemos isso antes, não há problema.- O Sheriff virou seu olhar para Stiles e cruzou os braços. 

—Acho que não há problema, pai.- Falou pegando os travesseiros do sofá.

—Tudo bem.-

Subimos as escadas sob o olhar vigilante do Sr. Stilinski. Entrei no quarto e observei enquanto Stiles organizava tudo. 

—Bom, eu acho que vou tomar um banho.- 

Fui ao banheiro do corredor e encontrei uma camisa e uma calça de moletom dobradas em cima da pia junto com uma toalha. Agradeci mentalmente ao Sheriff. Eu estava imunda. 

Quero dizer, ainda não consigo engolir essa história. Acho que é só mais uma ilusão. Mas eu abracei Red. Eu o senti. O homem que sempre me tratou como uma filha. 

Eu senti quando Stiles me tocou, também. 

Eu senti quando estava embaixo da terra, eu senti quando fiquei sem ar e quando o senti novamente quando saí.

Bufei ignorando o espelho e tirando o roupão. O chão acabou ficando todo sujo de terra com os meus movimentos. Arrastei o vidro do boxe e entrei sentindo o piso frio tocar meus pés. Abri o chuveiro e deixei que a água e o sabonete líquido fizessem seu trabalho. Observei a lama marrom descer pelo ralo junto com algumas folhas. Suspirei enquanto lavava o cabelo e comecei a pensar em tudo o que havia deixado pra trás. 

—Loren...- Ouvi a voz de Jennifer cantarolar meu nome. Meu sangue gelou nas veias. O vidro embaçado revelava uma sombra. Minha respiração começou a acelerar.

Ela não pode estar aqui. Não tem como ela saber que eu voltei. Não assim! Não tão rápido. Ouvi o vidro deslizar lentamente e revelar Jennifer.

—Saudades?- Perguntou e gritei.

Jennifer enfiou o punhal em mim e me empurrou. Escorreguei e caí no chão. Quando procurei Jennifer, ela havia desaparecido. 

Olhei minha barriga e não havia corte. Não havia sangue. O boxe estava fechado e ninguém mais estava ali. Me levantei com cuidado para não escorregar e novamente vi uma sombra.

—Loren?- Era Stiles. -Tudo bem?- 

—Uhum-

—Ouvi um barulho vindo do banheiro. Você gritou.-

—Ah, eu só me assustei. Tinha... Tinha...Um inseto morto preso no meu cabelo.-

—Ah, ok. Eu vou voltar para o quarto. Qualquer coisa, é só me chamar.-

Assenti e vi sua sombra desaparecer. 

Por que Stiles está tão estranho?

Tirei esse pensamento da cabeça enquantoe enxugava e vestia o moletom. Me senti quente e segura...E vestida. O Sheriff me lembrava meu pai às vezes. Era extremamente responsável, mas tinha um coração de manteiga. 

Red é o meu pai. O meu "tio". Na realidade, ele é o meu padrinho, só que ele não é nem um pouco parecido com o meu pai. 

Ri com esse pensamento enquanto penteava os cabelos. Estavam mais longos e volumosos. 

Red era tudo o que o meu pai não era. 

É um homem de negócios nato. E foi assim que ele se tornou o melhor amigo do meu pai, dono das indústrias Koreshkov, que não sabia gerênciar um troco de pão.

É muito sarcástico e irônico. Acho que foi assim que me tornei um chuchuzinho.

Lembro que Red me deixava fazer tudo o que o meu pai proibia. Como comer montes de doces quando saíamos pra tomar sorvete e gastar uma fortuna em livrarias. 

Acho que 80% da minha personalidade é John Reddington.

Meu pai sempre tentou me educar para ser uma pessoa exemplar, só que poucas horas depois Red me pegava em casa, me colocava dentro de um carro e me levava para assitir a campeonatos de Lacrosse. 

É. Meu pai nunca incentivou o Lacrosse. Foi o Red o tempo todo. 

Terminei de desembaraçar os cabelos e segui para o quarto. Stiles estava deitado num colchonete no chão olhando para o teto. Ele não parece ter notado que entrei no quarto, ou se notou, não deve ter se importado muito.

Parece que tudo o que passamos desapareceu. É como se ele nunca tivesse me beijado. Como se fôssemos estranhos em um relacionamento protocooperativo. Como na aula de Biologia. Apenas existimos. Nos ajudamos de vez em quando e ninguém se machuca.

Bom, eu me machuco.

Deitei na cama e observei Stiles. Era pra ele estar dormindo. Devem ser poucas horas da madrugada e ele ainda está acordado. 

—Sem sono?- Perguntei, tentando puxar assunto.

—É.-

É? Sério? "É"? Ele me respondeu isso. Passamos bastante tempo em silêncio.

—Eu...Estou tendo dificuldade pra dormir ultimamente.-

Ah, glória Deus. Ele falou alguma coisa.

—Já tentou...sei lá, um suco de maracujá. Talvez?-

—Não acho que um suco de maracujá vá mudar o fato de que você morreu bem na minha frente uma semana atrás.-

OK.

Não tem como responder isso.

—E você, está sem sono?- Perguntou como se não tivesse falado nada de importante antes. 

—Uhum. Tô sem um pingo de sono. Duvido que eu durma.-

9 horas depois...

Acordei com o sol queimando o meu rosto.

Quando foi que eu peguei no sono?

Minha garganta estava seca e a minha língua aveludada. EU PRECISO ESCOVAR OS DENTES!

Levantei sonolenta coçando os cabelos desgraçados e bagunçados quando me assustei com a presença que me encarava. Um Stiles calado me observava na soleira dá porta.

—Bom dia.- Falei.

—Bom dia.- Respondeu. -Red está lá embaixo esperando você.-

É O QUÊ?

—Ah, obrigada-

Ok, eu fui morta por uma doida e Stiles foi substituído por um alienígena, só pode.

Desci as escadas rapidamente. Algo me incomodava e eu nem achava que seria capaz de ficar irritada.

A VIDA é assim. Um dia você MORRE, fica na merda e no outro volta. Apenas para seu crush te tratar como se você fosse uma completa estranha.

Não trocamos muitas palavras. Red me mandou entrar no carro e nossa conversa começou.

—Por que tá todo mundo tão esquisito?-

—Esquisito?-

—Sim. Obviamente. Transparente e estranhamente.-

—Bom, talvez porque você voltou dos mortos da noite pro dia, meu bem. Literalmente.- Falou com seu típico sotaque de Boston. -Não precisa se preocupar.-

—Eu quero comprar uma casa.-

—Que casa?-

—Ainda não decidi, mas creio que o nosso dinheiro ainda exista.-

—Uma multinacional não desaparece da noite pro dia.- Riu enquanto Dembe fazia uma curva e pegava a interestadual.

—Ei, espera! Estamos saindo da cidade.- Alertei Dembe.

—Sim, estamos saindo da cidade.- Respondeu.

—Por que?- Ri confusa.

—Srta. Koreshkov, Beacon definitivamente não é um lugar seguro.-

—Dembe!- Gritei.

—Loren, ele está fazendo o que combinamos.-

—O que? Não!-

—Conversamos muito a noite toda e decidimos que...-

—EU DISSE: NÃO!- Gritei e o carro bateu bruscamente em algo. Os vidros viraram pó e parte da carroceria se amassou na frente. O airbag foi ativado e o cinto de segurança nos impediu de voar pelo para brisa, mas não havia nada a nossa frente.

Então eu percebi que eu tinha feito aquilo.

"Caralho, eu sou uma X-men..." Essa foi a primeira coisa que eu pensei.

A segunda foi.

"PUTA MERDA, O QUE É QUE EU FIZ?"

Dembe e Red me encararam, assustados e preocupados. Eu fiquei sem fala.

Neguei com a cabeça e sai do carro com dificuldade. Ele parecia ter sido amassado como uma folha de papel.

Levei as mãos até a boca. O que foi que eu fiz?

—Loren...-Red saiu do carro.

—Não! Não se aproxime de mim...- Sussurrei. Dembe também saiu do carro. Ele estava com a testa sangrando, extremamente calmo. Ele era assim. Mas eu sabia que aquela sua calma aparente era controle. A preocupação com o outro em primeiro lugar. Era admirável e assustador.

—Me desculpa, me desculpa...- Disse me virando e seguindo a estrada de volta para a cidade.

—Loren!- Gritou.

—Loren Koreshkov, pare exatamente onde está!- Travei meus pés no asfalto.

—Você não vai se deixar abalar com isso. É uma ordem.- Me virei e encarei Red.

—Red, você viu o que eu fiz? Porque eu juro que nem sei como fiz, mas eu fiz.-

—E eu estou pouco me fodendo. Olhe para o Dembe.- Disse puxando o homem.

—Minha testa tá sangrando. Estou gritando?- Perguntou-me e neguei.

—Chorando?-

—Não.-

—Então por que está desesperada? Vai dar piti agora?

—Porque eu machuquei vocês.-

—Loren, não ligamos para o carro, nem pra minha testa.-

—Dembe, eu poderia ter matado vocês.-

—E seria uma honra morrer servindo a senhorita.-

—Você não pode simplesmente nos dar as costas e correr.- Red falou. -Somos sua família. Se há algo errado, vamos ficar com você. Vamos procurar uma solução.-

—Bom, acho que antes de tudo devemos levar o Dembe a um hospital.- Falei.

—Isso não é nada comparado a ficar sem você. Todos nós sofremos muito.- Ri sem graça. Nunca pensei que alguém fosse sentir a minha falta.

—Você nos deu um baita susto.- Red disse, sério.

—Não, Red. Você me deu um baita susto. Não deveria ter ficado tão mal com o que aconteceu.-

—Como não ficaria? Como comeria? Dormiria? Você, eu, Dembe e aqueles seus amigos esquisitos...Somos um projeto de família que deu errado.-

—Definitivamente.- Falei. -Não sei porquê, Red. Precisamos voltar pra cidade.- Falei. -Queria que as coisas fossem mais simples. Queria fugir pra sua mansão em Nice e tomar um café em um boulevard qualquer. Infelizmente, não posso. Temo que forças maiores me prendam a esse maldito fim de mundo.-

—Eu que o diga.- Dembe falou. -O lugar é tão primitivo que meu plano de saúde não cobre essa área.- 

Rimos.

—Vem, vamos arrumar essa cabeça, Harry Potter.-

—--

—Red. Eu posso ficar alguns dias sozinha.-

—Não.-

—Posso ficar num hotel-

—Não-

—Não casa do Sheriff.-

—Não-

—Mas Stiles é meu amigo.-

—Eu sei que tipo de amigo ele é. Não.-

—E se eu ficar na casa do Danny?-

—Por que não fica na casa da sua melhor amiga? Sei lá, vocês jovens chamam de "BFF"-

—Danny é a minha melhor amiga.-

—Ok-

—--

—Koreshkov, de onde você brotou?- Falou abrindo a porta.

—Como assim? Eu brotei de um CD da Madonna, óbvio.-

—Não, sério. Você sumiu. Entra aí.- Falou abrindo a porta.

—Danny, deixa de drama.-

—Falou a Drama Queen. Sério, ouvi rumores. Há rumores por toda a cidade.-

—Rumores?-

—Que você estava morta! Você sabe...Derek Hale, o acidente na rodovia, Stiles faltou a escola todos aqueles dias, VOCÊ faltou a escola todos aqueles dias...-

—Nada a ver. Ei, como sabe que Derek Hale e eu temos algo?-

—Hmmm....Sua safada! Eu não sabia, eu desconfiava. Agora eu sei. Obrigado.-

—Você não presta, Danny.-

—Nem você. Acha que eu não vi aquele agarramento todo na festa?-

—Foi um beijo.- Falei, rolando os olhos.

—Foi O Beijo.- me corrigiu. -Mas achei que gostasse do Stilinski. Aqui pra nós, achei que você fosse louca, ele não era tanto. Mas agora...-

—É o cabelo!- Falamos ao mesmo tempo.

—Ai, ele tá incrível.- Falei.

—Gostoso. Sei que não quer assumir. Pode até mentir pra si mesma, mas não pra mim. Porque eu sou...-

—Danny!-

—Exatamente.- Disse abrindo os braços. -Mas, Loren. Por que não assume um relacionamento com ele. Quero dizer, você gosta dele. Pelo que eu sei ele gosta de você.

—Porque... Porque... Danny! Merda! Eu tô confusa.-

—Não, pára tudo!-

—O Derek tava me fazendo esquecer do Stiles. Quando eu estava com ele...Sei lá, ele era tão...- Agressivo, lobisomem, assassino, macho alfa... -Legal.- Falei por fim.

—Ah, tá. Tá que eu acredito nessa.- Danny riu.

—Tô quase enlouquecendo com a nova temporada de Lacrosse. Ficar sem você nos últimos treinos foi horrível. Bobby entrou em pânico.  Até internaram ele numa tal de Eichen House por uns dias... Fui visitá-lo e advinha só: O lugar parece o inferno. Mas aí ele já tava internado e ninguém quis liberar ele. Tivemos que chamar a ex-mulher. Tadinho. A culpa é sua.- Falou me jogando um chocolate. -Mas, sério. Onde você tava?-

—Olha, Danny...nem eu sei...-

—--

—Papai!- O grito da garotinha ecoou pelo vazio enquanto ela caia no escuro buraco sem fim.

E quando finalmente caiu no chão úmido, de repente não era mais uma garotinha. De qualquer forma os anos a mais não deixara a adolescente mais corajosa.

—Pai?- Chamou mais uma vez. A voz madura ecoando pelo escuro não encontrava retorno. 

—Loren, eu mandei você não se aproximar da árvore.- A voz do homem ecoou. 

—Pai?- Chamou e nada.

—Pai!- Gritou, enquanto cambaleava desnorteada pelo escuro.

—Pai!-

Você vai desejar ter continuado morta.- A voz conhecida por Loren Gargalhou. Era a voz de Jennifer. -Nossa, como você vai desejar!- Continuou rindo.

Acordei em um sobressalto. Olhei para o lada para ver se Danny havia acordado e suspirei de alívio ao perceber que não.


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