Dead Play - The Russian Wall escrita por Avalon


Capítulo 4
04 – Listen The Fight Of Dicks




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DEAD PLAY

The Russian Wall

Por: Belikova

04 – Listen The Fight Of Dicks

ROSE

Termino de pôr o líquido quase negro na xícara de grandes proporções, inspirando o ar tomado pelo odor forte do café. A cafeteira preta brilhante – e aparentemente sem uso – pode ser atraente como uma decoração, porém, depois de visitar Marion ontem, tudo o que acordei desejando foi uma boa dose de café caseiro – o que de quebra ajudaria com a leve dor de cabeça causada pela ressaca. Nem mesmo a tentação de ter um Starbucks a uma quadra de distância o superando. Sem contar que precisarei de mais do que uma boa noite de sono para processar o breve encontro com a Muralha Russa. Por um instante esta manhã, realmente duvidei que aquela conversa bizarra aconteceu.

Mas não é humanamente possível desligar a visão em primeira mão do tanquinho de Dimitri Belikov.

Braços fortes me rodeiam por trás e me permito recostar no peito magro de Mason por um momento, enquanto ele deixa um beijo seco em minha bochecha.

— Bom dia, raio de sol. O que você está aprontando tão cedo?

— Bom dia e isso é café. – Estalo um beijo em seu queixo, afastando-me. – Não é cedo demais para você estar em casa? – Fungo seu ombro, erguendo uma sobrancelha. – E sem perfume barato?

Ele dá de ombros, pegando uma xícara para si mesmo.

— A festa ficou chata depois das uma. Preferi dormir na minha cama.

— Tradução: nenhuma garota capturou sua atenção.

O sorriso dele é lento, realmente bonito e que estampara diversas capas de revistas esportivas. Era também o mesmo sorriso que fizera com que inúmeras garotas deixassem calcinhas em seu armário do colégio após uma vitória do time de beisebol.

— Nem uma delas é você.

— Atire seu charme para quem realmente acredita nele, Ashford.

Ouch!— Diz dramaticamente, curvando-se para frente ao levar a mão ao peito. – Assim meu coração não sobreviverá.

Reviro os olhos.

— Assim a Broadway está perdendo um talento.

Dou a volta em Mason, indo para trás da bancada e puxando uma das cadeira. A cozinha dos meninos parece ser um dos poucos lugares no apartamento que recebe algum movimento real, mas depois de ter crescido com Mason, sei que sua habilidade como chef se resume em esquentar lasanha congelada no micro-ondas – depois de ter explodido dois ao fazer pipoca (lê-se tentar) e quase incendiar toda a cozinha da mansão de sua família –, o que significa que os arranhões nas panelas vieram de Dimitri.

Huh. Quem diria que o premiado defenseman dos Rangers poderia cozinhar algo além dos neurónios do sexo feminino?

Pego uma das bolachas integrais enfiadas na pequena vasilha de vidro no canto da bancada, jogando-a na boca e tossindo dois segundos depois. Tomo um gole rápido, erguendo o dedo do meio para a risada zombeteira de Masey.

— Essas coisas são horríveis.

— São do Dimitri.

Custava avisar?— Guincho, tentando tirar as migalhas restante da língua. – Como diabos ele consegue comer essa porcaria?

Mason se escora no lado oposto ao meu da bancada, bebericando seu café.

— Quais os planos para o dia? Pensei que poderíamos ir àquela sorveteria perto do Central Park.

— Tentador, entretanto tenho que conseguir ter uma conversa descente com meu cliente.

— Não o chame assim. – Mason estremece. – Soa como uma acompanhante de luxo. Rosemary Hathaway, seu cliente da segunda chegou.

Acerto uma das bolachas nojentas em seu peito, rindo.

— De certa forma, eu sou sim. – Jogo o cabelo para o lado, colocando um olhar sedutor. – Prazer em conhece-lo, senhor Ashford, sou a acompanhante de Dimitri Belikov pelos próximos seis meses.

O sorriso de um dos meus amigos mais antigos desaparece por completo no momento que paro de falar, uma carranca substituindo a expressão leve. É como olhar para a versão mais velha de Mason, seu pai, Arthur.

— Explique. – Exige.

Solto um lento suspiro, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Resumindo de maneira bem prática, o plano de Abe...

— Não lhe diz respeito. – Dimitri interrompe, entrando na cozinha.

Meu corpo retesa e obrigo-me a controlar a reação irritante a sua presença, observando-o caminhar diretamente para geladeira. É por pura força de vontade que contenho um gemido ao vê-lo se agachar – porque até mesmo sua bunda tem que ser perfeita? –, puxando a gaveta de legumes.

Como ele podia já estar tão suado? São sete da manhã!

Foco, Hathaway!

O que era que estávamos falando mesmo? Ah. Plano, namorar Dimitri, Mason torcendo sua cueca. Endireito-me na cadeira

— Na verdade, Mason deve saber. Ele mora com você, afinal. Precisa confirmar nossa história quando esta for divulgada.

— Ótimo, agora me conte.

— Bem...

— Ibrahim quer que Rose finja ter um relacionamento comigo pelos próximo seis meses. – Bufo, exasperada, dando-lhe um olhar atravessado por me interromper de novo.— Ele acredita que isso fará a imprensa esquecer sobre Tasha. Eu concordo.

— Que inferno…? Rose!

— É um bom plano, Masey. – Garanto, ignorando Dimitri. – Não é como se fosse algo vinte quatro horas. Só vamos encenar fora desse apartamento e quando não estivermos sozinhos.

Os orbes azuis de Mason faíscam, a desaprovação evidente em seu rosto enquanto diverge seu olhar entre Dimitri e eu. Uma parte minha quer acalmá-lo – sei o que o idiota ainda sente por mim, ou seja, idiota—, a outra está morrendo para manda-lo deixar de ser um bebê e parar de dar sua opinião quando esta não foi requerida. O Ogro, no entanto, permanece impassível, picotando um tomate em cima de uma tábua na pia como se nada estivesse acontecendo.

Ou quase, porque é rápido, mas flagro uma olhada enviesada que este manda para Masey.

Empurro a cadeira para trás, pegando minha xícara já meio vazia. Minha paciência não pode se esgotar antes de falar com Dimitri.

Que belo início para os próximos cento e vinte dias. Se continuarmos assim, os seis meses serão como um passeio de carrossel.

No inferno.

— Quer saber? São apenas sete da manhã. Eu não vou lidar com essa briga de quem tem o pau maior quando nem terminei meu café. – Jogo um dos biscoitos nas costas de Dimitri, chamando sua atenção. – Quando terminar essa merda, nós temos negócios a acertar, Belikov.

Onde está a droga da aspirina quando se precisa?

DIMITRI

Ouço os passos de Rosemary se afastarem e tomando um gole da água que peguei antes de sair para correr, viro-me para encarar Ashford. Largo a faca que usei para cortar o tomate, apenas por segurança. Queria ter acertado todos os pequenos detalhes com a garota insolente na noite passada antes de ter essa conversa, mas chegara embriagada o suficiente para que uma conversa racional se encontrasse fora de cogitação, o que, aliás, ela teria de entender que será uma ocorrência de uma única vez.

— Que porra é essa, cara?! – Mason grita, empurrando meu peito e me fazendo desequilibrar por um momento. – Você concordou com essa merda?!

Olho para baixo, para onde suas mãos pousaram, antes de lentamente erguer a cabeça, o prendendo no lugar com um olhar gelado.

— Não faça isso de novo.

— A vontade é de te dar um olho roxo para combinar com o da semana passada.

— Não se você quiser sua mão de arremesso funcionando corretamente. Não provoque algo com o qual não consegue dar conta, Ashford.

Mason espreme os lábios, a relutância em recuar óbvia na tensão em seus ombros e nos punhos duramente fechados. Quando li a pasta que a filha de Ibrahim deixara na porta de meu quarto, imaginei que os problemas com meu companheiro de quarto seriam piores do que creditei quando a garota chegara, porém a confirmação não veio de ânimo leve, a vontade de retribuir o empurrão atiçando meus instintos.

Engulo, forçando-me a me afastar, já que Mason claramente não o faria. Seguro o sanduíche natural que preparei antes de sair esta manhã, junto as duas rodelas de tomate.

— Quando o ciúme não justificado deixar de controlar suas emoções, verá que verdadeiramente é um bom plano.

— Você não a merece.

Inspira. Expira. Inspira. Expira.

— E nem quero. – Retruco seco. – Hathaway é um meio para um fim e contanto que você não atrapalhe isso, os dois podem trepar em cada canto desse apartamento.

Ele me observa, repulsa e raiva cintilando em seus olhos.

— Foda-se, filho da puta. – Cospe, dando-me as costas. – Não vou assistir a essa merda hoje.

— Ainda terá que confirmar o namoro depois que o assumirmos. – Não é uma pergunta.

Ele ri, sem humor.

— Não se preocupe, Belikov, sua preciosa carreira está segura.

ROSE

Dou um último gole em meu café, revirando os ombros enquanto leio alguns e-mails, em especial os da assistente de meu pai. O primeiro informa que Abe teve de fazer uma viagem de emergência para Washington, tendo que lidar com a contratação problemática de um de seus atletas pelos Redskins1, já o segundo é apenas Ivana alertando que não conseguiria mais manter minha presença em Nova York em segredo, o que por mim está tudo bem, pois planejo começar a operação “O Pênis da Muralha é Hétero” amanhã. Ou, como Lissa apelidou: “Operação Aquecimento Global”.

Uma batida rítmica, idêntica à da noite passada, soa na porta e faço um som de boca cheia que deve ter lhe soado como uma permissão, porque o corpo largo de Dimitri pegou todo o espaço da porta, agora aberta, e a imagem de um homem tão grande mordiscando uma rodela de tomate enquanto segura um sanduíche minúsculo que aparentemente só contem folhas ao mesmo tempo em que seu rosto ainda se mantinha corado de qualquer que seja a atividade física que fizera mais cedo seria hilária se eu não estivesse implorando mentalmente para sua camisa estar grudada na pele como ontem, me possibilitando comprovar que não alucinei sobre o piercing de mamilo.

Pigarreio, erguendo uma sobrancelha.

— De quem é o maior?

— Precisamos fazer alguns reajustes no seu plano.

Trazida de volta à Terra por uma tempestade de inverno.

— Sim, hã, pode se sentar. – Estico-me, deixando a xícara vazia em cima do criado mudo, trocando-a pela cópia da pasta que dei a Dimitri. – Então, o que é que você quer discutir?

Deus, se estivéssemos em uma mesa de reuniões esse seria totalmente um momento Cinquenta Tons de Cinza.

— Os restaurantes que você escolheu precisam ser modificados. – Estabelece, sentando-se na poltrona ao invés da cama.

— Estes são ótimos restaurantes, posso assegurar. E os primeiros tem o ar romântico necessário para um casal em seus primeiros encontros.

— A comida não é certa.

— A comida é incrível. Conheço um dos chefs pessoalmente e o terceiro iria fazer o bufê do meu...casamento.

— Sigo uma dieta rigorosa, principalmente durante a temporada. – Recosta-se, cruzando os braços e ignorarando a falha anterior em minha voz. – Fiz uma lista de restaurantes que gosto e de alguns indicados pelo meu nutricionista pessoal que são aceitáveis.

Faça uma careta, escorregando para a ponta esquerda da cama, tomando de suas mãos a folha A4 ofertada, minhas sobrancelhas arqueando cada vez mais ao ler os nomes dos restaurantes “adequados”. Ergo a cabeça, franzindo os lábios.

— Isso é uma piada?

Silêncio como resposta.

— Esses não são restaurantes para um primeiro, segundo, que dirá terceiro encontro!

— Nenhum repórter acreditaria em uma aparição minha em um desses lugares que você escolheu.

— Sim, porque você pode não ser gay, mas decidiu bancar o padre! – Esfrego a testa, tomando uma respiração lenta. – É para fingirmos sermos um casal, não adoradores de comida fitness.

— Muitos casais saem para estes lugares. É plausível.

— Não casais que incluem um astro da NHL que nunca foi visto com uma mulher. Principalmente quando essa mulher sou eu. Quer manter sua carreira ou não?

Essas palavras parecem atingi-lo, sua mandíbula projetando-se, os maxilares marcados demais. Creio que essa é a expressão mais próxima de irritação que conseguirei tirar da Muralha Russa e meu lado infantil quer fazer uma dancinha da vitória por ter conseguido alguma coisa. Meu lado adulto quer rasgar a maldita folha e lhe mostrar a língua.

Ninguém nunca disse que sou uma pessoa madura.

— Vamos tentar assim. – Continuo em um tom um pouco macio. – Os três primeiros encontros, iremos em restaurantes que escolhi. As próximas vezes que sairmos em público após anunciar que estamos namorando, iremos nos seus.

— Há algo mais.

Reviro os olhos.

— O quê?

— Quero que venha comigo quando tiver de jogar fora da cidade.

Encaro-o, esperando que um sorriso ou em sua voz séria diga que isso é somente uma brincadeira, afinal, isso fodidamente tem que ser uma brincadeira.

Um.

Dois.

Três.

Nada.

— Sem. Uma. Chance.

— Nenhum casal que inclua um astro da NHL, principalmente um tão recente, irá querer passar tanto tempo longe um do outro. Você vir tornará mais crível.

— Irei em um ou dois. – Ranjo, me levantando. – Isso é mais do que suficiente.

— Irá em todos. Não vou negociar nesse ponto, Hathaway.

— Você não pode me obrigar. – Rio, andando de um lado para o outro para me impedir de lhe dar um tapa. – O acordo será dois ou nada, Belikov.

Uma expressão quase serena – se serena você quer dizer como uma noite no deserto – se apodera de seu rosto enquanto ele volta a se recostar na poltrona, os olhos seguindo cada passo enraivecido que dou pelo quarto. Honestamente, esse foi o único ponto que alertei a Abe. Não vou dar uma de louca apaixonada a esse ponto. Não sou uma menina boba sem nada para fazer da vida além de se dedicar ao namorado para o seguir por todo o país.

Não.

Sem.

Chance.

— Na verdade, eu posso.

Paro, atônita, ao mesmo tempo em que ele se põe de pé, caminhando em minha direção, até me forçar a ter que inclinar a cabeça para trás para poder olhá-lo olho no olho.

Desculpe-me?— Falo entredentes, raiva queimando a tensão entre nós.

— Veja, Hathaway, você trabalha para mim, não o contrário. Não me importo em negociar a questão dos restaurantes, mas as viagens eu exijo e caso não concorde, tenho de fazer somente uma ligação para seu pai, lhe dizer que não estou satisfeito com o seu trabalho e pedir que mande outra pessoa.

Minha boca cai aberta, indignação fervilhando por cada poro.

Quem porra esse imbecil pensa que é?

— Seu filho da...

— É da minha carreira que isso tudo se trata, como você mesma salientou antes, e não deixarei pontas soltas. – Os orbes castanhos caem, um desafio claro ali. – O que será, Rose?

Lambo meus lábios, minha mente divergindo entre querer soca-lo ou agarrá-lo. Nós estamos muito perto, posso sentir o cheiro de seu suor e ao contrário de ser repulsivo como na maioria dos homens, o de Dimitri me atrai, me fazendo desejar lamber o gosto salgado que cobre sua pele. Mandá-lo a merda ainda é uma opção em aberto enquanto nos encaramos, mas a voz na parte de trás da minha cabeça recorda que essa é uma chance única, não importa quão imbecil Belikov seja.

Ou quão tentadores seus lábios pareçam.

— Mande seu treinador me enviar o itinerário.

Se Dimitri pudesse sorrir, ele estaria nesse momento.

— Ótimo. A primeira viagem é nesta segunda, para o jogo da terça contra os Penguins2.

Forço um sorriso. Meu cérebro trabalhando mais rápido que o normal quando uma ideia divertida me vem. Ele quer seguir desse modo, hein? Bom, porque entre nós dois, eu tenho um pênis irmão ao do Kid Bengala.

— Espero que tenha algo em seu closet além de roupas de treino. Nosso primeiro encontro é essa noite.


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Notas finais do capítulo

1 - Washington Redskins - Time de futebol americano da cidade de Washington.
2 - Pittsburgh Penguins - Time de hóquei no gelo da cidade de Pittsburgh, na Pensilvânia.

Olá, meus amores! Fiquei tão feliz com a reação ao capítulo anterior! Então, como eu disse, as coisas vão começar a esquentar. O que acharam do Dimitri ~ liberando suas asinhas ~? Pois, é! Quem aí estava achando que o boy era flor que se cheire, se enganou! A Rose até que estava pegando leve com ele, mas depois dessa provocação, o que vocês acham? Ou será que é só fogo e essa atração por ele vai deixá-la meio "mole"?
Eu só sei que mal posso esperar para vocês lerem tudo o que estou escrevendo para o primeiro encontro deles! Como a fic é uma comédia-romântica, não irá haver muitos dramas, mas não se preocupem, já já o Adrian aparece para deixar o Mason mais louco e acabar com a paz de espírito do Dimitri.
Obrigada a todos que estão mantendo a fé em Dead Play! Vocês apenas me incentivam mais em escrever - tipo esse que tô postando antes da hora -, mas, lembrem-se, o prazo é quinze dias kkkk
Com amor, B.



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