Dead Play - The Russian Wall escrita por Avalon


Capítulo 3
03 – Mr. Asshole


Notas iniciais do capítulo

O italiano de Marion não é usado puramente na fanfic. Ele está, em boa parte, "abrasileirado".



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DEAD PLAY

The Russian Wall

Por: Belikova

03 – Mr. Asshole

— Ele é um idiota! – Rujo, batendo a garrafa de cerveja vazia em cima da mesa. – Acredita que o desgraçado nem ao menos me disse “oi”? Ele só ficou lá, me olhando como se fosse um mosquito zunindo em seu ouvido. Estou aqui para salvar seu traseiro bonito e ele nem ao menos se dá ao trabalho de ser educado!

— Então você acha que ele tem um bela comissão traseira.

— Semântica, Dragomir.

Lissa ri, dando um gole em seu Sex On The Beach. Estamos em nosso bar predileto no Brooklyn há menos de uma hora e já consegui acabar com duas Coronas e reviver dezesseis vezes o desastre de primeiro encontro – e primeira cruel impressão – com o homem que não só irá dividir o mesmo teto que eu pelo próximos seis meses, mas de quem terei de fingir ser a namorada devota e perdidamente apaixonada. Como diabos sustentarei esse teatro se em menos de cinco minutos juntos ele me fez desejar cortar seu pau com uma serra-elétrica é um mistério a ser desvendado por Freud.

— Não é como se Rosemary Hathaway fosse um arco-íris de algodão doce e unicórnios saltitantes. Tenho certeza que Jill te chamou de bicho-papão uma vez.

Estreito meus olhos, deixando uma careta tomar meu rosto. Certo, posso não ter um talento com crianças excepcional, mas é Jill. A menina chora toda vez que alguém pisa em uma formiga.

— Vai defender ele?

— Estou do seu lado. – Garante, erguendo as mãos para o alto. – Mas qual é, não deve ter sido tão ruim.

— Não, não foi. Creio que péssimo e tenebroso são adjetivos que se encaixam melhor.

Drama.

Como a pessoa muito madura que sou, mostro-lhe o dedo do meio. Sua resposta é revirar os olhos.

— Veja pelo lado bom. Mason também mora lá, assim você não vai ter que ficar sozinha com Dimitri.

— Sim, porque fingir não perceber a expressão de filhote de cachorro que saiu do caminhão da mudança que ele faz para mim a cada dois segundos é uma diversão total.

— Mason Ashford é um grande cara. – Ergo uma sobrancelha. Lissa dá de ombros. – Melhor que Adrian ele definitivamente é.

— Até mesmo Charlie Sheen é melhor que Adrian.

Minha melhor amiga bate na mesa, como se tivesse acabado de marcar um ponto me mostrando seu maior sorriso.

— Viu? Não vai ser difícil encontrar alguém para te distrair quando comparamos à Adrian. E depois de aturá-lo por três anos, a Muralha Russa será como uma manhã ensolarada nas Bahamas.

— Não estou seguindo por esse caminho com Mason novamente. Uma vez já foi o bastante para saber que não damos certo. – Olho ao redor, fazendo sinal para que a garçonete me traga outra cerveja. – E nada com Dimitri pode ser ensolarado. Alguém tem que avisar esse imbecil que não é porque ele vem da Sibéria que precisa agir como o inverno russo.

— Quer saber o que eu acho?

— Não.

— Sim? Ótimo. Normalmente...

Não.

—... você não daria um segundo pensamento à isso. Focaria no trabalho e depois cairia fora sem se importar com nada que envolvesse Dimitri Belikov. – Continua, me ignorando.

Solto um suspiro, virando-me para a garçonete que para ao lado da nossa mesa.

— Obrigada. – Murmuro, dispensando-a e voltando minha atenção para Lissa. – Já que está nem aí para o que eu quero, o seu ponto é...

— Rosemary Hathaway-Mazur, você está atraída por ele.

Pisco, forçando uma gargalhada antes de rapidamente pegar um punhado das batatas fritas intocadas desde que chegamos e enfiá-las na minha boca como uma desculpa para não responde-la. Falar qualquer coisa, por mais banal que seja sobre o tema, seria burrice, pois minha melhor amiga desde o berço desenvolveu um detector de mentiras a prova, bem, de mim. Tentar mudar de assunto tão pouco funcionaria. É uma jogada óbvia demais, afinal, por mais que me mate admitir – literalmente me sinto definhar –, Lissa está certa. Não é apenas a reação fria de Dimitri Belikov que ficou sob a minha pele, mas também o fato de que por um momento eu quis jogar a regra principal da minha vida – não namorar atletas – para a sarjeta.

Quando as portas do elevador se abriram, revelando um homem praticamente duas cabeças mais alto que eu, foi como se o mundo inteiro deixasse de existir e a única fonte de vida ao redor fosse ele. A sessão de fotos da Calvin Klein não lhe fazia justiça. Ninguém ousaria chama-lo de lindo, o nariz fora quebrado vezes demais, ele precisava urgentemente de um novo corte de cabelo e seu rosto possui ângulos muito crus, entretanto o conjunto rústico que é Dimitri Belikov é mais atraente do que deveria. Não ajuda que a camisa branca que usava estivesse grudada ao seu tórax e estômago devido ao suor, delineando cada nuance dos músculos muito bem definidos. Nem mesmo a aparição de um Mason só de toalha conseguira competir com aquilo.

Dimitri estivera tão preso em seus pensamentos que pude me permitir salivar por um tempo até que ele notou minha presença e abriu a boca, jogando um balde de água fria – muito bem vindo – sobre o que quer que tenha sido essa atração instantânea.

Ajeito-me no banco, tentando afastar a sensação de formigamento em minha espinha – e em minha calcinha.

— Quanto tempo vai ficar em Nova York? – Finalmente falo.

Os ombros de Lissa caem, o cansaço ficando evidente em cada linha de sua face enquanto ela mantem os olhos focados no tampo da mesa.

— Só esta noite. Tenho que pegar um voo para Londres pela manhã.

— Sessão de fotos ou...

Ou.

Mordo minhas bochechas, impedindo que qualquer detalhe de minha opinião sobre seu noivado saia. Lissa está cansada de ouvir o que penso sobre Aaron Drozdov. Giro no banco, toda a realidade parecendo querer estourar nossa pequena bolha. Marion’s é o nosso ponto de escape desde antes de termos idade para beber e não é agora que isso vai mudar.

O relógio na parede no fundo indica que é pouco depois das seis, o que significa que em poucos minutos toda nossa calma será quebrada quando os frequentadores noturnos chegarem após sair do trabalho. Além do que, não demorará para que os paparazzi descubram que Lissa e eu estamos em Nova York e armem seu circo de flashes.

Levanto, tomando mais um gole da cerveja antes de deixa-la em cima da mesa e fazer sinal com os dedos para que minha amiga me siga até o jukebox do outro lado do bar, perto da pista de dança improvisada de piso desgastado pelos anos de uso.

Os orbes verdes de Lissa brilham quando ela entende que pretendo fazer.

— Vai fazer ela sair gritando do escritório.

Dou de ombros.

— Deveríamos ter anunciado nossa chegada desde o começo.

Não demora para que encontre nossa música e assim que as primeira batidas ecoam pelos alto-falantes espalhados pelo bar, o grito de Marion soa de seu escritório nos fundos. Em questão de segundos, uma mulher com menos de um metro e cinquenta e cinco surge por trás da adega. Ela poderia muito bem se passar pela Mamãe Noel não fosse o extenso número de xingamentos presente em seu vocabulário que divergia entre o português e o italiano. Sem contar que Marion conseguia ser mais homem que muitos caras por aí.

Com Cindy Lauper cantando a plenos pulmões Girls Just Wanna Have Fun Marion nos puxa para um abraço com mais força do que se creditaria a uma mulher da sua idade e constituição.

— Minhas meninas! – Exclama, o sotaque carregado fazendo sua voz mais grossa. - Le mie belle ragazze!

Abaixo-me, retribuindo seu abraço apertado com Lissa me seguindo logo depois.

— Porque não foram ao escritório? – Balança a cabeça em negação, sacudindo o dedo indicador em nossos rostos. – Dio mio! Consigo ver seus ossos, Vasilisa. E Rosemary! Parecia que faz anos que sua pele não vê um sol.

Lissa ri, estalando um beijo na testa de Marion.

— Estava com saudade.

— Certo che sì! Roberto! Ma mi prepare uma lasagna. – Grita para a cozinha.

Abro um pequeno sorriso, depositando um beijo em sua mão enrugada.

— Bom te ver, vovó.

(#) – (#) – (#)

Com o par de sapatos na mão, saio do elevador na ponta dos pés me sentindo como se de volta aos meus quinze anos. Acabamos por ficar no Marion’s mais tempo do que o pretendido, com vovó se empolgando – juntamente a uma garrafa de Bourbon – em usar seu conhecimento em três idiomas distintos para caracterizar meu ex-noivo e o futuro – Deus queira que não – marido de Lissa. De certa forma, o discurso longo de Marion não foi uma grande surpresa, afinal é de conhecimento de todos nós que ela odeia os homens.

Obviamente isso não a impediu de se casar seis vezes. Como minha vó diz, pode-se odiá-los, mas ainda queremos um bom pau.

Huh, agora eu sei de onde papai e eu puxamos tanta facilidade para falar sobre sexo.

Não fosse pelas luzes noturnas de Nova York que entram pela parede de vidro, a cobertura que Mason e O Idiota dividem estaria engolido pelo breu. Mal passa das dez e não há qualquer som, o que só comprova que a Muralha Russa deve ser um tipo de alienígena para não estar aproveitando sua folga como Mason, que saíra com alguns amigos e alertara que não chegaria antes das oito da matina.

Ficara tentada em chamar Lissa para dormir comigo, entretanto, sendo honesta, a estaria usando mais como uma garantia de que meu estado um pouco ébrio não me faria pular no colo do russo. Tenho que vestir a calcinha de menina grande e sim, okay, Dimitri Belikov pode ter criado para si uma nova categoria no índice de gostosura, mas não é porque não tenho qualquer ação desde o fim de meu noivado com Adrian que vou ficar salivando por um homem que tem a personalidade de uma maldita porta.

Sem contar que a probabilidade dele ser gay existe.

Escoro-me na parede, seguindo pelo lado direito onde o quarto de hóspedes fica – aposto meu novo Valentino que ninguém nunca o usara. Mesmo tendo tirado um cochilo de tarde após guardar as roupas no closet que mais se assemelhava a um armário de vassouras, não fora o suficiente para fazer que meu corpo esquecesse que não descansara oito horas completas. Depois que Abe desligara, tive que correr para fazer as malas e conseguir entrar em contato com todas as pessoas com quem marcara de encontrar ainda essa semana, assim como cancelar a presença que aceitara fazer na 1OAK em Las Vegas este fim de semana. Durante o voo aproveitei para assistir a participação de Tasha Ozera no Fashion Police, vomitando suas baboseiras para conseguir dois segundos de fama as custas de outrem para o deleite de Melissa Rivers1.

Vadias plastificadas.

Fecho a porta do quarto, caindo de bruços como uma britadeira em cima da cama queen size, sem me importar em tomar banho. Acabaria desmaiando de sono debaixo do chuveiro antes de terminar de me ensaboar. Precisava conseguir uma boa noite de sono já que amanhã terei que enfrentar – de novo e rezando para que seja de forma bem sucedida – Dimitri Belikov, o que, sendo sincera, não é minha ideia de diversão. Espero conseguir tomar um café da manhã descente, assim como ter Mason ao meu lado, antes de ter que enfrentar o humor de iceberg do idiota tão cedo.

Também necessitarei de um cappuccino se quiser conseguir não ficar babando naqueles absurdamente incríveis braços.

Estou quase deslizando para o mundo dos sonhos com cuecas da Calvin Klein quando duas batidas soam na porta do quarto. Grunho, soltando um bufo nem um pouco feminino ao me forçar em uma posição sentada.

— Estou descente, Masey. – Bocejo, esfregando os olhos. – Pensei que você só voltaria amanhã.

— Li a pasta que deixou na frente do meu quarto. É um bom plano, contudo tenho algumas ressalvas.

Pisco, ficando cega por um instante quando ele ascende a luz.

Forço um olho aberto, tentando processar que a voz realmente bate com a pessoa escorada no batente – ocupando toda a entrada, na verdade – da minha porta.

Jesus! Eu bebi tanto assim para estar tendo alucinações? E se são alucinações, ele não deveria estar tirando minha roupa?

Esfrego as pálpebras novamente, abrindo os dois olhos dessa vez, contendo a vontade de me beliscar – ou de deixar meu queixo cair – enquanto encaro a Muralha Russa. Ele realmente acabou de falar duas frases completas para mim? E onde diabos estava sua camisa? Não me encontro em um estado sóbrio o suficiente para reunir a quantidade de neurónios necessários quando ele aparece vestido assim. Ou melhor, não vestido assim.

Como pode ser tão definido?

Aquilo ali é um piercing de mamilo?

— Desculpe. – Grasno, pondo a mão na testa. Eu acho que o mundo está girando. – O que disse?

Orbes castanhos como chocolate amargo derretido me avaliam, o canto de seus lábios caindo. Quem diria! Dimitri é capaz de ter uma expressão: desgosto.

Olhando pelo lado positivo, isso já é uma evolução.

— Você está bêbada...

— Eu não...

— Conversamos amanhã.

— Você é gay?

Lentamente, Dimitri deixa a cabeça tombar para o lado, o desgosto se esvaindo para a expressão vazia de hoje mais cedo. Nesse momento, eu daria tudo para ser uma avestruz e poder enfiar minha cabeça em um buraco.

Droga de álcool que acaba com todos os filtros entre o cérebro e a boca.

— Não.

E simples assim, ele fecha a porta atrás de si, desaparecendo tão rápido quanto chegou.

Mas que porra?

— Urgh! – Gemo, jogando-me contra os travesseiros.

Espere! O quê?

Ele realmente disse “não”?


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Notas finais do capítulo

1 - Melissa Rivers - Apresentadora do Fashion Police.

Olá! Então, como um pedido de desculpa, virei a noite terminando esse capítulo para vocês. Sim, Rose tem uma avó que será muito presente na fic e ela é a mãe do Abe! Agora que todos os personagens principais da estória foram apresentados a vocês, as coisas vão começar a esquentar. E pra quem tinha dúvida sobre a sexualidade do Dimitri, aqui está ele respondendo do jeito Muralha Russa: curto e grosso.
Sim! Nosso queridinho-sexy-como-o-inferno pode não ter sentindo nada em relação a Rose - a não ser que ela se tornará uma dor em sua bunda -, mas isso não quer dizer que ela não sentiu uma atração instantânea por Belikov.
Esse capítulo foi completamente do ponto de vista da Rose, mas haverá sim outros momentos em que estaremos na cabeça do Dimitri.
Obrigada a todos que comentaram e tiveram paciência comigo, eu espero que vocês gostem desse capítulo também.
Me contem suas opiniões!
Beijos, B.

P.S.: Os quinze dias de prazo para postar um novo capítulo começam a valer a partir de hoje.



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