Dead Play - The Russian Wall escrita por Avalon


Capítulo 1
01 - The Nightmare Job




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DEAD PLAY

The Russian Wall

Por: Belikova

 

01 - The Nightmare Job

No mundo dos ricos e famosos existe essa profissão, Relações Públicas, entretanto, ao contrário da descrição usual que você encontrará no Wikipédia, nós também somos chamados pelo meio de “controle de danos” e mesmo que só façam dois meses que me formei pela UCLA, conheço esse planeta alienígena que manipula todos as fontes de informação existentes – graças a malas cheias de notas de cem – desde os meus dias no útero devido ao meu genitor, vulgo papai ou, como os fanáticos por esportes gostam de chamar, Ibrahim “Abe” Mazur.

Seis vezes campeão da NBA pelo Los Angeles Lakers e o Brooklyn Nets e com cinco divórcios em seu histórico – atualmente caminhando para o sexto –, sem contar uma realmente extensa lista de escândalos que vão de bebedeiras durante a temporada à orgias com piranhas russas – ele chama de bons tempos, eu chamo de razão para o divórcio número três. Se não fosse seu problema na coluna e os três pinos na perna esquerda – fruto de um fim de semana esquiando nos Alpes Suíços –, duvido seriamente que os cinquenta anos e a falta de uma barrida com pacote de seis deteria Abe Mazur. Como minha mãe, uma mulher extremamente tensa, de classe média dos confins do Oregon, a quem dei no último natal uma viagem para visitar os monges tibetanos – quem sabe ela não relaxa –, conheceu um bon-vivant como papai, não faço a mínima ideia.

De qualquer forma, mesmo após sua aposentadoria aos trinta e sete anos, Abe continua envolvido com os esportes, só que dessa vez atrás das câmeras e em um prédio espelhado de trinta e quatro andares, porém continua sendo fenomenal, tornando-se nos últimos treze anos o agente mais procurado entre os jogadores – iniciantes ou não – pela sua infindável lista de contatos e jeito para os negócios. Então, basicamente, já que papai ganhou minha guarda quando eu tinha sete anos – mais para mamãe entregou, acho que ela não poderia lidar com uma criança devido ao seu sério caso de TOC – cresci rodeada por homens com o triplo do meu tamanho, cheios de testosterona e com uma vida sexual que faria Hugh Hefner ser canonizado. Cientificamente é comprovado que atletas profissionais possuem um maior apetite sexual que um adulto normal em consequência da maximização das atividades físicas, gerando maior energia. Simplificando, eles conseguem ser piores do que um adolescente de treze anos com tesão.

No meu dicionário, isso não passa de uma desculpa – cansei de ouvi-la durante minha adolescência após um idiota trair a namorada/noiva/esposa – para pularem a cerca, o que é o motivo catalisador para que a única regra que criei para mim desde o meu primeiro beijo viva até hoje: nunca, em hipótese alguma, namore um cara que esteja na NBA, NFL, NHL ou MLB.

É essa regra que me torna perfeita para o tipo de trabalho de uma relações públicas do meio esportivo, como papai vive se vangloriando. Posso amar corpos sarados e até algumas vezes ter sonhos calientes envolvendo um jogador "gostoso-demais-para-o-próprio-bem" do momento, mas nunca vou cair na lábia de um deles.

Então, cá estou, sentada do outro lado da mesa de madeira escura feita para intimidar principiantes que chegam se achando alguma porcaria, no escritório de Abe no centro de Los Angeles, praticamente salivando sobre o envelope pardo que ele me jogou assim que entrei enquanto me encarava com uma mistura de diversão e preocupação. Aliás, ele ainda se encontra encarando.

Quatro anos enfrentando a faculdade e comentários idiotas do time universitário de futebol americano da UCLA, dois meses, três dias e seis horas ralando minha bunda fora em qualquer setor que me mandassem na Mazur Atlets, foi o que demorou para que papai finalmente confiasse em minhas habilidades e me entregasse meu primeiro trabalho real.

O que será? Um acidente de carro enquanto dirigia alcoolizado? Ser pego no flagra por um policial enquanto recebia um boquete de uma prostituta durante uma viagem ao Texas? Abuso de drogas que levou a uma overdose? Pego no doping por causa de esteroides? Ter uma foto vazada na imprensa de quando saia de um motel com a amante durante uma viagem com a esposa e os filhos? Minhas expectativas são altas, mas esses caras não brincam em serviço e levando em consideração o sorriso agora mais divertido que preocupado de Abe quando ele deixar cair a bomba, isso é bem óbvio.

E ele se encontra mais do que feliz em acabar com minha viagem pelo arco-íris dos escândalos.

— Preciso que você finja ser a namorada de Dimitri Belikov pelos próximos seis meses.

— Aceito comple...

Espere bem aí.

O QUÊ?

Coço com a unha a parte interna da orelha. Não devo ter ouvido direito.

— Desculpe, acho que minha mente voou um pouco. Você quer o quê?

O sorriso de Abe neste momento poderia fazer inveja ao Coringa. Ele não diminui enquanto meu pai se reclina em sua cadeira feita sob medida, cruzando os braços na frente do peito em sua pose “eu-mando-nesta-porra”. O desgraçado está amando essa situação.

Porque mesmo vim trabalhar para o meu pai?

— Dimitri Belikov é um jogador de hóquei...

— Sei quem ele é! – Estava na faculdade nos últimos quatro anos, não perdida na Amazônia. – E ele não namora. Muito menos eu!

— Não me diga que aderiu ao celibato como sua mãe depois de Adrian, Rose.

Talvez, para outros, a facilidade com que meu pai e eu falamos sobre sexo seja bizarra, mas pelo amor de Deus, meu papai tinha uma mulher diferente no braço – as vezes duas ou mais – a cada fim de semana e depois de viver por sete anos com Janine Hathaway e passar uma vez minhas férias de verão com ela quando tinha quinze anos, eu sou a pessoa mais aberta para todos os tipos de assuntos possíveis. Sexo incluso.

— Eu não... – Aperto a ponta do nariz. Não é hora. Foco. – Quer explicar, por favor?

— Os tabloides estão em cima de Dimitri após Tasha Ozera dar uma de cadela rejeitada e falar sobre a festa de trinta e sete anos da ESPN. Agora todos estão acreditando que Belikov é gay.

— E qual o problema com isso? Nós não somos homofóbicos. É um país livre.

— Você e eu, não. A NHL, sim. Dimitri tem um contrato milionário com os Rangers que o faz ser o tipo de cara que não precisa de patrocínios, Rose, mas isso acabaria em um segundo se ele admitir ser homossexual. Os Rangers não renovariam o contrato após o final da temporada. Diabos, eles poderiam preferir arriscar pagar algumas centenas para reincidir o contrato do que manter um jogador que vai ser escorraçado pelos fãs e até pelos próprios companheiros! Acabaria com qualquer oportunidade com outro time, também. Ninguém irá querer esse furacão eclipsando seus jogos e sua publicidade. – Abe bufa, balançando a cabeça em indignação. – Sabe como tudo isso funciona, Rose. Você viu Eddie Castille abrir mão de uma carreira fenomenal como linnerback para poder se assumir sem sofrer grandes represálias. Dimitri nem mesmo está acostumado com um assédio tão intenso dos paparazzi e agora que ofereceram quinhentos mil por um flagra dele, só vai piorar.

— Pai...

Ele levanta a mão, coçando a barbicha que o fazia parecer um gênio egípcio das fantasias das senhoras a partir dos trinta.

— Belikov é um cara reservado e ele quer manter assim. Sua vida privada nunca esteve em foco após o primeiro ano de sua carreira profissional e odeio ver um cliente infeliz e ameaçando minha conta bancária. Preciso me livrar dessa loucura e emparelha-lo com uma atriz ou cantora em ascensão não vai colar, elas também podem vender qualquer pequeno detalhe em um aceno para ficar sob os holofotes, mesmo que temporariamente. Tem que ser alguém em que eu possa confiar, alguém que sabia manobrar a imprensa e que seja mais crível o surgimento de um romance.

Coço a nuca, soltando um suspiro pesado no processo. Não é de hoje que rumores sobre a sexualidade de Dimitri Belikov rondam nosso meio devido ao fato de ele nunca ter sido visto com uma mulher, entretanto o cara praticamente não respira nada além de sua academia e do estádio dos Rangers, então os paparazzi o deixaram de lado e foram atrás de um atleta festeiro que venderia manchetes. Os blogs, programas de TV, revistas e jornais passaram a focar apenas em sua performance no gelo.

Ouvi os burburinhos sobre Tasha, só que todos sabem que a garota colocaria a alma de sua avó a venda para o Diabo se ela conseguisse agarrar um jogador profissional e ter o seu tão sonhado título de WAGs – preferencialmente casada. Isso é até mesmo mais importante do que melhorar sua atuação ganhadora de três Framboesas de Ouro. Sua credibilidade está tão em baixa, que suas histórias são abandonadas sem um segundo pensamento, mas, por ser Dimitri, alguém de quem se tem zero informação sobre sua vida pessoal, os idiotas metidos a Perez Hilton obviamente avançaram em cima como hienas carniceiras.

O problema com hienas carniceiras é que são covardes. Basta assistir ao Rei Leão. Elas não sabem agir se não tiverem uma fonte de força. Vender a história de que Dimitri Belikov tem uma namorada, se bem feita e exposta em todas as festas e eventos dos Rangers e que envolvam atletas profissionais, os fariam calar. Claro, dissecariam cada pequeno detalhe antes de deixarem Dimitri em paz, porém ele aprenderia a lidar com o assédio durante curto tempo se isso garantisse sua carreira.

A única coisa que me faz querer rir é que é claro que poucos desses fofoqueiros que se dizem “jornalistas” nunca ficaram por mais de cinco minutos em uma sala com Dimitri. Não existe uma chance que a “Muralha Russa”, com todo seu ar másculo, goste de pepinos. Talvez bi, mas nunca nesse mundo de Deus totalmente gay.

Algo assim me faria subir os degraus tão rápido quando o Flash. Contudo, abrir mão de seis meses da minha vida para viver 24/7 com um homem com quem só me encontrei três vezes e trocamos, no máximo, dez palavras, não é nem um pouco animador. Não ajuda que, aparentemente, a “Muralha Russa” só tenha sentimentos quando está no gelo e fora dele se torne o próprio gelo.

Pego o envelope, só agora percebendo o que meu entusiasmo exacerbado não permitiu: o nome Dimitri Belikov escrito no verso com a caligrafia tenebrosa de papai. Não é muito pesado e uma rápida olhada dentro me mostra um relatório base, o contrato com os New York Rangers, fotos para as campanhas na Nike e da Calvin Klein – S.O.S – e recortes das poucas entrevistas que Dimitri concedeu, assim como artigos que provavelmente tratam do teatro a lá of-of-of-of Broadway criado por Tasha Ozera.

Quando volto a erguer a cabeça e olhar para Abe, o sorriso se foi, sendo substituído pela expressão de negócios que já fez muito homem crescido se borrar nas calças – incluso meu ex, Adrian.

— Então?

Reviro os olhos, me pondo de pé com o envelope debaixo do braço direito.

— Não faça perguntas estúpidas, Mazur.


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Notas finais do capítulo

OIE!
Minha primeira fanfic Romitri e espero que vocês curtam! Ela vai se focar no mundo do hóquei, mas veremos citações a outros esportes - NBA e NFL. Não terão cenas pesadas, acho que no máximo cenas de sexo e alguns termos que usarei aqui são jargões do hóquei - como o próprio nome da fanfic, então deixarei um mini dicionário no final de cada capítulo. Mas não sou expert, então me perdoem se algo sair errado!
Ah, eu posto de 15 em 15 dias!
Espero que vocês curtam!

Dead play: É quando a jogada não prossegue devido a uma incoveniência dentro do jogo, às vezes um jogador machuca, ou trava o jogo pisando no puck (disco), ou algo do tipo, ou quando também a trave sai do lugar.



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