Nem Tudo é Ganância escrita por Bianca Raynor


Capítulo 3
♕ Capítulo Três ♛




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Saio do quarto e o ar frio da manhã me atinge. Aperto a capa envolta do meu corpo e respiro fundo, um vapor branco sai pela minha boca e nariz, me fazendo sorrir. Adoro ver a minha respiração em forma de fumaça.

Resolvo pegar o caminho por trás de estabelecimentos e casas para que ninguém me veja saindo do quarto de Juan. As veredas são desertas e muitas vezes perigosas, porém, é minha melhor opção. Não posso correr o risco de ser vista saindo de um quarto qualquer.

O caminho termina próximo ao bordel, meu corpo fica tenso quando me aproximo do local. Contudo, sigo pela como se fosse algo corriqueiro. Mamãe muitas vezes disse para me manter afastada do local, pois todas aquelas que fossem vistas próximas de um estabelecimento como esse poderia ser taxada como uma perdida. 

Várias donzelas da minha idade ainda não sabiam o que se passava dentro desses lugares, suas mães lhe contavam histórias terríveis sobre bordéis. Na verdade, elas nunca usavam essa palavra, no entanto, usavam antro do diabo. O que para mim era um exagero.

Quem vive uma vida dessas é porque não teve outra opção. Se pararmos para pensar, qual mulher iria querer ser tocada por homens diferentes durante uma vida, quem dirá um dia?

Ouço ruídos vindo do local, gemidos.

Uma vez perguntei a Juan porque sempre ouvia gemidos desses lugares. Ele me informou que era quando o homem e mulher se davam prazer, os gemidos eram uma forma da demonstração desse prazer. Também pensei em perguntar como ele sabia dessas coisas, porém, na época, ainda era tímida para abusar nas perguntas. Depois de um tempo acabei deduzindo.

Juan também frequentava bordéis. Na verdade ainda frequenta, entretanto pensa que sou estúpida. Vive dizendo que não. 

Assim que viro-me para a rua que me levará até o centro da vila uma figura encapuzada e de cabeça abaixada esbarra em mim, não me dando tempo para me equilibrar, ocasionando a minha queda na terra úmida.

— Me perdoe, Senhorita!  — o homem exclama.

Meu rosto está queimando, e não é de vergonha, entretanto de raiva. Como alguém pode ser tão desastrado a ponto de derrubar uma dama? Mantenho os meus olhos longe dele para que não perca o controle e acabe lhe desferindo um tapa pela sua falta de atenção.

O desconhecido me ajuda a levantar. Sinto os meus ossos doloridos devido à queda e mais raiva se apodera do meu corpo, a ponto de me fazer tremer.

— Estou bem — murmuro, depois de ficar de pé. Passo as mãos pela parte detrás do meu vestido e sinto a poeira em minhas mãos.

Quando levanto os olhos o capuz está caído sobre as costas do homem, e assim que a minha visão cai sobre o seu rosto me surpreendo ao encarar um jovem de cabelos dourados e encaracolados, o seu rosto é delicado e quase infantil, contudo, adorável. Poderia compará-lo a um anjo.

— Não está ferida? Posso levá-la até um médico. 

Sua preocupação me pega de surpresa, fazendo com que minha fúria evapore imediatamente. Uma simpatia se espalha em meu peito e uma sensação de riso quase toma o meu ser, porém, me controlo.

— Tenho.  — Sorrio para ele com o intuito de lhe deixar mais calmo.

Ele morde o lábio meio receoso, todavia resolve não insistir. Agradeço internamente por isso.

— Por via das dúvidas vou acompanhá-la — murmura determinado, um sorriso rasga o meu rosto. Penso em recusar a proposto, no entanto, desisto. — Para onde a Senhorita estava indo?

— Estava me dirigindo até o meu cavalo.

Tinha que comprar alguns ingredientes para mamãe, contudo já havia passado bastante tempo desde a hora que saí de casa. Inventaria uma história para ela e deixaria a compra para o outro dia.

— Deixei-o em frente a taverna.

O loiro acena. Ele dobra o braço, me oferece e não rejeito-o. A caminhada é um pouco longa, então, espero que ele me pergunte o porquê de estar próxima de um bordel. Todavia, a pergunta não vem. Há um silêncio que me incomoda.

— O que fazia em um bordel? — Tampo a boca com as mãos e sinto minhas bochechas queimarem. Queria quebrar o silêncio, no entanto não com uma pergunta dessas. Sem dúvidas isso era tirá-lo do sério, quem sou eu para fazer tal pergunta, nem ao menos o conheço.

Para a minha surpresa uma risada toca os meus ouvidos e me sinto maravilhada em escuta-la. Ela é como o ruído do vento, suave e deliciosa.

— Se a Senhorita sabe o verdadeiro nome desse estabelecimento, creio que também sabe o que se faz nele. Estou certo? — indaga com os olhos grudados em mim e noto que estava observando-o.

Como não percebi que meus olhos estavam tornados para ele? Em que momento comecei a observa-lo?

Desvio do olhar dele, começo a observar a terra úmida sobre nossos pés como se fosse algo espetacular e único. As maçãs do meu rosto estão ainda mais quentes que antes e poderia afirmar que toda a minha face estaria da cor de um tomate.

— Creio que sim. — Ainda com a cabeça abaixada olho para ele e percebo que ainda há um sorriso em seus lábios, porém sua visão não está sob mim.

— Estou curioso. Como ficou sabendo o que era e o que se fazia? —
Depois da minha ousadia, a timidez se esvai e penso em uma explicação.

— Bom... Como o Senhor, também sou curiosa...

O sorriso em seu rosto se rasga ainda mais. Como isso é possível?

— Ouço histórias, não sou como as outras donzelas que só escutam o que lhe é permitido. Também li sobre isso em livros...

— Oh, a Senhorita sabe ler? — Ele parece admirado.

— Sim, sei que não há muitas mulheres que sabem ler, porém, sempre quis aprender o mistério das letras.

— Interessante.

Voltamos ao silêncio até o final da caminhada, todavia, agora era agradável. Na verdade, a sua companhia era. No entanto, isso me faz lembrar Juan, ele poderia estar passeando comigo pelas ruas, porém, a vida não nos permitia algo tão simples.

Quando chegamos em Winter, ele relincha feliz, toco sua crina e sorrio para o meu amigo.

— Bom... A Senhorita?

— Giovanna.

— Senhorita Giovanna está entregue. — Sorri.

Ele gosta de sorrir, sorrio de volta.

— E o Senhor quem é? — indago, enquanto ele me ajuda a subir em Winter.

— Thomas.

— Senhor Thomas. — Faço uma reverência, inclinando a cabeça — Obrigada pela companhia e ajuda.

Ele sorri mais uma vez, vira-se pelo caminho de onde viemos. Contudo, antes que coloque Winter para galopar, ele torna a virar-se com o rosto sério.

— Thomas, mas costumam me chamar de Majestade.

Arregalo os olhos e ele sorri. Retoma seu caminho e não olha para trás.

Minha cabeça ainda está processando os acontecimentos. Quando noto o tamanho da minha sorte. Sorrio. Um sorriso muito mais amplo que o dele.

Finalmente encontrei meu alvo.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora, vou tentar postar com mais frequência agora.

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