Nem Tudo é Ganância escrita por Bianca Raynor


Capítulo 2
♕ Capítulo Dois ♛




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Sou apaixonada por um homem que trabalha em uma simples taverna. Os seus cabelos negros e os seus olhos azuis profundos me envolveram no primeiro olhar. As roupas amareladas e velhas não ofuscavam sua beleza nata, o que me fazia pensar, caso Juan tivesse posses seria o melhor partido da vila e provavelmente não prestaria atenção em mim. 

Ele discorda. Juan diz que nenhuma moça chegaria aos meus pés.

Faria tudo para ficar com ele. Quero dizer, nem tudo.

Meus pais jamais aceitariam que ficássemos juntos e não há porque não concordar, se me casar com Juan vou acabar trabalhando em uma taverna, assim como ele e viver na miséria, mendigando gorjetas. Nem eu e nem Juan queremos isso, é melhor do jeito que estamos do que viver em uma miséria absoluta. Construir uma família é complicado.

O quarto dele era um terror, a madeira era úmida e velha. Há poucos móveis, apenas um guarda roupa e uma cama, com um colchão terrivelmente desconfortável, mas é tudo que ele tem.

Entramos no quarto e o empurrei para a cama, subo em cima dele e começo a beija-lo. Ficar com ele me faz esquecer que existem barreiras no mundo para nós. Juan passa a mão pelas minhas coxas e em seguida tenta abrir meu espartilho, dou um tapa em sua mão.

— Aiii! — reclama e faz uma cara de assustado.

Odeio quando chega a esse ponto, o amo, porém não passaria dos limites. Sei que com ele pareço não ter limites, mas tenho. Preciso conseguir um bom casamento, não posso deixar de ser donzela por simplesmente amar um homem que não pode me oferecer nada, além de amor.

Saio de cima dele e ele me encara confuso.

— Não adianta me olhar desse modo. Sabe muito bem porque fiz isso.

Bufa. Me viro de costas.

— E estou cansado disso.

— Não posso fazer nada — falo o mais duro que consigo.

— Eu sei. — Me olha vencido pela nossa situação — As vezes me dá vontade de sair procurando um marido para você.

Minha mente dá um estalo, uma brilhante ideia. Me casar... Não seria nada mal casar com alguém e continuar sustentando nosso relacionamento. Mesmo que seja as escondidas.

— Por que não? — falo tornando a olha-lo.

— Por que não o que? — Me observa confuso mais uma vez.

Tão lindo, tão inteligente, mas as vezes tão lento. Raciocínio rápido nunca foi o caso de Juan. Nunca vou esquecer da época em que nos conhecemos, ele demorou meses para se declarar, mesmo com os olhares constantes que direcionava a ele.

— Você poderia arranjar algum trouxa para me casar, seria perfeito — comento com um sorriso nos lábios.

Faz uma cara de nojo, se levanta da cama. Ele toca o rosto que possui uma barba rala e se senta na cama com uma expressão de desgosto.

— Estou cansado, mas não significa que quero você na cama de outro.

— E temos outra opção? — Olho-o sem expressão.

— Não — resmunga completamente derrotado, em seguida abaixa a cabeça e passa as mãos pelo cabelo curto —, não temos.

Ficamos um tempo em silêncio, é sempre assim quando pensamos em formas de melhorarmos de vida. Entretanto, não há formas de melhorarmos nossa situação, ou melhor, a situação de Juan. O provedor da casa sempre é o homem. Existem mulheres que trabalham, mas geralmente as encontramos dentro de casas servindo os seus patrões e havia aquelas que vendiam o seu corpo para se sustentar. Ainda tinha algumas que possuíam uma venda de temperos, todavia, quase não existia essas mulheres. O homem sempre foi e sempre será o provedor do lar.

— Onde poderia procurar? — Juan quebra o silêncio.

— Na verdade, meu querido, você não precisa procurar. — Levanto sua cabeça com a ponta dos dedos — Eles vêm até você.

— O que? Esses idiotas que vêm beber aqui? — fala mostrando que sua cabeça está funcionando em velocidade máxima.

— Isso...

— Claro que não, nenhum chega a seus pés — me interrompe e sorrio com suas palavras, mesmo no meio disso tudo ele mostra que se importa comigo, que me ama.

Me ajoelho a sua frente e lhe dou um beijo suave, porém, o que era suave se torna mais urgente quando noto estamos na cama mais uma vez e ele está encima de mim. Juan não parava de me beijar, como se dependesse disso para viver. E muitas vezes era assim que me sentia, quando não vinha a cidade me sentia doente por não poder simplesmente vê-lo. Sei que sente o mesmo, nunca tive dúvidas disso.

Interrompo o beijo, com muito sacrifício.

— Só você chega aos meus pés — digo ofegante.

— Claro que não chego. — Vejo que também esta sem fôlego, ele acarícia o meu rosto com a ponta dos dedos e fecho os olhos apreciando o seu toque — Você merece tudo de melhor, mas sou egoísta demais para viver sem olhar para os teus olhos, essa tua boca que me tenta a perder o controle, teus cabelos. Aah minha ruiva...

Torna a beijar meus lábios, no enquanto, logo sua boca está em meu pescoço. Meu corpo começar a formigar e uma necessidade imensa de remover todas as camadas de roupas entre nós. Porém, sei que não é o certo a fazer, não ainda. Então o empurro.

— Se você tivesse nascido em uma boa família, talvez já estivéssemos casados.

Me sento na cama e ele se ajoelha a minha frente.

— Eu sei, já sei de tudo isso, não precisa me lembrar — fala com uma expressão de cansaço.

— Contudo, às vezes preciso lhe lembrar.

Observo o quão cansado esta e dói em meu coração não poder fazer nada. Esse trabalho o desgasta até os ossos. Nossas idades eram próximas, no entanto, ele parecia bem mais velho e tudo por causa do excesso de trabalho e noites mal dormidas. O que será dele daqui a alguns anos? Preciso de uma solução para essa situação.

— Acho que quem fica em mais sofrimento aqui sou eu. Eu que terei de deitar com outro. Entretanto, não quero pensar nisso, quero que você procure alguém.

— E por que não deixa isso a cargo dos seus pais?  — indaga irritado.

— Porque provavelmente vão arranjar algum velho e isso já é sacrifício demais.

Juan fica pensativo.

— Vou pensar a respeito, não prometo nada. — Sorrio para ele — Assim que tiver alguém em mente entro em contato, mas infelizmente tenho que voltar ao trabalho, acho que o nosso tempo essa semana acabou.

Infelizmente!

Assim que nos declaramos um para outro resolvemos marcar um tempo a cada semana para nós, não nos mesmos dias. Ninguém poderia desconfiar de nós, principalmente o papai. Sempre vejo Juan quando venho a cidade, mas só de longe.

— E como sempre passa rápido demais.

Me levanto, chego a porta e quando estou perto de abri-la o ouço dizer.

— E depois que se casar? Como faremos para ficarmos juntos? — Viro-me para encara-lo.

Essa era a parte mais sombria. Nunca pensei que teria de pensar em algo assim, todavia, essa era uma das milhares de coisas que faria para ficar com Juan.

— O que você acha?

Ele sorri sobriamente.

— Matamos.

Sorrio em triunfo e adentro a manhã fria.


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Notas finais do capítulo

E chegamos ao fim de mais um capítulo ❤

Gostaria muito de saber o que estão achando da Giovanna e do Juan. Vocês acham que esses dois vão conseguir o que desejam e ficar juntos no final? E quem será a vítima deles?


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Até o próximo ❤



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