Nem Tudo é Ganância escrita por Bianca Raynor


Capítulo 13
♕ Capítulo Treze ♛




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Estou completamente paralisada e tenho absoluta certeza que toda a cor fugiu do meu rosto. Papai e mamãe estão me olhando preocupados, eles parecem apavorados e agora estão discutindo.

Nada disso importa.

Estou feliz.

Finalmente feliz.

Tudo que queríamos estava acontecendo.

Eu e Juan ficaremos juntos no final. Sei que até parece que foi ele que me pediu em casamento, mas esse é o caminho para que fiquemos juntos, para sempre.

Sinto lágrimas rolarem sobre meu rosto. Quero tira-las, mas ainda estou paralisada.

— Querida, você está pálida. Vou pegar água para você. - mamãe fala comigo, mas não consigo dizer nada, nenhuma palavra.

— Meu bem, você está se sentindo bem? - papai pergunta enquanto mamãe coloca água para mim.

Sorrio.

Sei que esse é o sorriso mais belo que poderia dá em toda a minha vida.

Meus pais respiram aliviados por obter alguma reação da minha parte, mesmo que ainda não tenha me movido.

Vejo meu casamento, um vestido pérola com bordados delicados no corpete e uma calda longa. Juan me esperando no altar. Depois de alguns anos vejo crianças de olhos verdes e cabelos castanhos correndo e brincando.

— Pelo visto está feliz com a notícia. - papai fala.

— Claro que ela está feliz. - mamãe desdenha de papai.

Ainda estou paralisada, mas feliz.

— Gostaríamos de saber sua resposta, mas acho que um sorriso responde tudo. - papai sorri - Então devo informar a você mais uma boa nova. Amanhã nos mudaremos para a casa nova.

— Amanhã? - pergunto após mais um choque, mas esse não me paralisou.

— Sim. - papai responde.

Os sorrisos em seus rostos é contagiante, estão felizes e me alegro por estarem assim, por finalmente estarem fazendo algo que querem e não porque precisam.

Papai se levanta.

— Agora vou a vila, preciso de alguém para nos ajudar com as malas amanhã. - franzo a testa.

— Por que não me falou? Poderia ter conseguido alguém. - falo emburrada.

— Porque esse alguém tem que ser homem e você é uma mulher, não quero vê-la conversando com rapazes, ainda mais agora que irá se casar.

Sorrio com a lembrança.

Vou me casar.

Papai vai ao estábulo e logo escuto o galope de Rosa. Winter ficará sozinho agora.

— Você sente algo por ele? - mamãe pergunta.

Franzo a testa com a pergunta sem entender de quem está falando, mas logo compreendo.

— Não sei explicar o que sinto, a única coisa que posso lhe dizer é que ele me faz sentir segura e leve. Entende? - falo.

Mamãe me responde com um aceno e volta a fazer a comida, resolvo ajudá-la para ver se o tempo passa e a noite chegue logo. Juan ficará eufórico com a novidade.

Estou há horas deitada esperando Juan chegar e nenhum sinal. Não sei o que pode ter acontecido. Talvez tenha dormido demais, o modo como tem estado cansado, acredito que seu corpo não tem aguentado tanta pressão, talvez esteja dormindo como uma pedra e só acordará amanhã.

Ou talvez ele tenha sido atacado no caminho até aqui, meu coração se aflige com a possibilidade, sabia que era perigoso, é uma péssima ideia vir até aqui ao anoitecer, ainda mais caminhando.

Resolvo tentar dormir, mesmo que esteja desesperada por notícias suas, tento colocar em meu coração que ele está em seu quarto dormindo porque está muito cansado.

Acordo na manhã seguinte exausta, mal dormi noite passada. Passei a noite pensando em acasos que poderiam ter acontecido para Juan não vir ontem a noite, mas não cheguei a nenhuma conclusão.

Levanto-me e vou logo me vestir. O céu está cinza o que me alegra, hoje teremos um pouco de chuva.

Ouço ruídos vindos dos outros cômodos da casa. Mamãe e papai já devem estar arrumando as malas.

Ontem resolvi guardar o resto de minhas coisas dentro de meu baú para que seja mais fácil de levar, até porque não tenho muita coisa e precisava de algo para passar o tempo. Vou até o quarto de papai e mamãe já terminou com os objetos pessoais.

— Por que acordou tão tarde? - mamãe pergunta.

— Perdão, demorei a dormir noite passada, acho que era a ansiedade. - falo sinceramente sem revelar nada.

— Por causa do pedido de casamento ou a mudança? - mamãe pergunta curiosa.

— Acho que os dois. - respondo, apesar de não ser por causa de nenhum dos dois, mas sim por causa de Juan que ainda esta me preocupando.

Acredito que tenho que aparentar mais interesse por meu futuro noivo, devo fazer algo em relação a isso.

A ideia vem como um estalo em minha mente.

— Estava pensando em passarmos no palácio para que eu entregue a capa de Thomas. - chamo-o pelo nome, pois logo será meu marido, não precisamos de formalidades.

— Por que? Logo se casarão. - mamãe fala.

— Para que eu possa vê-lo, vocês o viram ontem, mas eu não. - falo com uma voz triste e ela acena em concordância com um lindo sorriso nos lábios.

Ouço um ruído do lado de fora do quarto, passos, deve ser meu pai, mas não é apenas ele, são passos de duas pessoas.

— Há mais alguém aqui? - pergunto.

— Sim, - mamãe responde - um rapaz veio ajudar seu pai. Um rapaz de bom porte, é uma pena que tenha perdido os pais tão novo.

Mamãe elogiar as pessoas não é comum, esse rapaz com certeza possuí beleza.

— Ele falou como perdeu os pais? - tento conversar sobre o assunto.

Sento-me na cama, logo mamãe se senta e desata a falar do pobre rapaz que foi criado pela avó até os 12 anos e que nunca conheceu os pais. Franzo a testa com história, pois a conheço. A única pessoa que possui essa história é Juan.

Meu sangue gela, mas ao mesmo tempo se aquece por saber que ele esta bem.

— Acho que já esta tudo arrumado por aqui. - mamãe fala e chama-os - Já podem vir buscar.

Papai e Juan entram no quarto. Meu coração salta no peito, Juan me encara com seu olhar mais sedutor e procuro não sorrir.

— Querida, este é Juan. Juan esta é nossa filha Giovanna. - papai nos apresenta.

Juan se curva em reverência e planta um beijo em minha mão.

— Prazer Senhorita. - apenas aceno, acho que se algo sair dos meus lábios não será natural.

— Depois de levarmos os baús com as roupas para fora quero que leve Juan até o estábulo, ele irá preparar Rosa e Winter. - papai fala comigo.

Nunca fiquei tão feliz com uma tarefa, poderei falar com ele a sós.

Papai e Juan levam os baús para fora enquanto eu e mamãe olhamos a casa para que não tenhamos esquecido nada. Vou até meu quarto, tiro a capa de Thomas do baú e coloco sobre meus ombros.

Logo Juan retorna e seguimos em direção ao estábulo. Estou a sua frente, ele está me seguindo, ainda não o olhei, quero lhe perguntar o que houve para não ter aparecido, mas precisamos está dentro do estábulo, só assim terei certeza que estamos seguros. Assim que entramos no estábulo mãos me viram e me prende contra a parede de madeira gasta, Winter e Rosa relinchão com o susto, lábios preenchem os meus e perdi toda forma de raciocínio, todas as perguntas evaporaram em minha mente, a única coisa que me torna um ser vivo são esses lábios que ao mesmo tempo me consomem. Quando penso que não será possível que eles se separem sinto eles descolando dos meus lábios inchados.

— Me perdoe não ter vindo ontem. - ele começa a se explicar, sem ao menos perguntar nada - Seu pai me pediu para vir ajudar hoje. Na verdade ele pediu a Luca, então aquele desgraçado pediu que fosse trabalhar durante a noite. - termina sem fôlego.

Mesmo sem perguntar ele veio explicar. Em algum momento iria perguntar porque ele não tinha vindo, mas não precisava de tanto desespero, sabia que havia um motivo forte para ter vindo. Isso me faz amo-lo mais ainda, porque sei que nunca mentiria para mim, sempre há sinceridade em suas palavras.

Pressiono meus lábios nos seus e me perco neles por alguns instantes. Quando me afasto, vejo ao fundo, mamãe, com o pior olhar que alguém já me direcionou.


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