Nem Tudo é Ganância escrita por Bianca Raynor


Capítulo 12
♕ Capítulo Doze ♛




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Vou até o encontro de Winter para finalmente voltar para casa.

O caminho é tranquilo e cavalgo devagar para apreciar a paisagem. Quando chego em frente a entrada do palácio, paro e vejo Tommy subir as escadas. Meu coração salta em meu peito ao vê-lo. Vejo que está com uma nova capa do mesmo tom de vermelho da que está em minha casa. Quero tanto ir ao seu encontro, mas não posso, isso que está dentro de mim, esse sentimento, não pode ser alimentado.

Retomo meu caminho.

Não demoro a chegar em casa.

Levo Winter para o estábulo.

Vejo que Rosa está desanimada.

— Ei garota, o que você tem? - pergunto acariciando seu lombo e logo ela relincha - Estava com saudades do seu amigo? - e mais uma vez sou respondida com um relincho.

Deixo os dois se resolverem e volto para casa.

Assim que entro, noto o silêncio.

Franzo a testa.

Uma hora dessas, entraria em casa ouvindo meus pais conversarem, mas não é o caso. Há um silêncio tão terrível que chega ser assustador.

— Mamãe? Papai? - chamo-os.

— Estamos aqui querida. - ouço papai dizer, procuro de onde veio o som de sua voz, cozinha.

Vou em direção a cozinha e os encontro sentados, calados.

— Onde você estava? Por que demorou tanto? - mamãe pergunta irradiando irritação.

— Perdão, estava cavalgando devagar. - falo o mais doce possível.

— Você quer dizer que nas outras vezes cavalgava depressa? - mamãe pergunta ainda mais irritada.

Baixo minha cabeça.

— Lucy, deixe a menina em paz. - papai fala com a voz cansada.

Mamãe se cala e senta-se.

— Aconteceu alguma coisa? - pergunto franzindo a testa.

— Não querida, não aconteceu nada demais. - papai responde - Por que acha isso?

— Bom... Estão estranhos, quietos. - falo sentando-me ao lado de papai.

— Não é nada. Como estava a vila hoje? - papai muda de assunto.

— Quieta, como vocês. Não havia quase ninguém nas ruas. Josephine falou que está acontecendo algum tipo de festa no bordel... - falo a última palavra o mais baixo possível.

— Ahhh. - mamãe se pronúncia depois de algum tempo.

Penso em conta-los sobre a vidente, mas não quero preocupa-los. Sei que esse assunto não saíra da minha cabeça, mas tenho que continuar minha vida, me esforçando ao máximo para ignorar essa pontada de preocupação que foi pregada em minha pele.

Resolvo comentar o assunto para saber se papai e mamãe sabem alguma coisa sobre essa mulher.

— Já ouviram falar de alguma vidente que aparece por aqui?

Falo olhando para a mão que a mulher fez questão de segurar com tanta força. Tenho que lembrar de lavá-la bem, para que essa lembrança seja destruída.

— Você a viu? Ela profetizou algo para você? - mamãe pergunta exasperada.

— Vi no armazém de Josephine, de longe. - minto.

— Meu amor, - mamãe se levanta, vem em minha direção e se ajoelha a minha frente, pegando minhas mãos, fazendo-me virar em sua direção - diga que ela não profetizou nada para você.

Mamãe fala em um tom que me dá calafrios. Se estava tentando não me preocupar, tudo foi por água abaixo.

— Não, ela não profetizou nada para mim. - minto mais uma vez, como se não bastasse o tanto que minto para eles.

Mamãe relaxa, mas continua no mesmo lugar, segurando minhas mãos.

— Mas se tivesse profetizado? - pergunto

— Se ela tivesse profetizado, você teria que nos contar, para nos prepararmos. Tudo que ela fala acontece e o pior é que são só coisas ruins.

Meu coração afunda e minha respiração fica acelerada com a preocupação.

O que poderia acontecer comigo?

Por que tudo que toco se destrói?

Solto a mão de mamãe, estou com medo.

MUITO MEDO.

— Vamos mudar de assunto, por que esse esta muito macabro. - papai fala.

Mamãe se levanta e volta a sentar em seu lugar de origem. Viro-me para papai.

— Você perguntou o motivo de estarmos estranhos quando chegou.

— Então aconteceu alguma coisa. É sério? - pergunto, aperto os lábios logo em seguida.

Talvez o que aquela mulher falou já esteja acontecendo, mas o que poderia ser? O que eu havia destruído tão rápido, que nem ao menos percebi.

— Bem... É sério, mas não há necessidade para tanta tensão. - papai fala.

Meus ombros relaxam.

Não destruí nada.

Ainda.

— Thomas veio aqui. - papai fala.

Paraliso.

O que?

Thomas?

Talvez papai não esteja bem de saúde. Melhor chamar um médico para vê-lo.

Ele acabou de chamar Thomas, de Thomas.

Certo.

Esse é o nome dele, mas... Papai não o chama assim.

Sei que deveria está surpresa com fato de Thomas ter vindo aqui, e estou, mas o papai tê-lo chamado pelo nome foi muito mais alarmante. Preocupante.

Resolvo deixar isso de lado, até porque chamo Thomas de Tommy, que acredito ser muito pior.

— O que ele veio fazer aqui? - pergunto com meu coração acelerado.

— Conversar conosco. - papai fala evasivo.

Fico em silêncio. Esperando papai se pronunciar, me lançar mais alguma informação.

Mas ele simplesmente se cala.

— Acho melhor não falar nada para ela. - mamãe fala baixinho como se eu não estivesse ali - Tem que ser surpresa.

Papai bufa.

— Antes de você chegar estávamos discutindo se iriamos lhe contar. Sua mãe insiste em dizer que será melhor não dizer a você. - papai fala olhando em meus olhos.

— E é melhor mesmo. - mamãe fala levantando a cabeça e empinando o nariz.

Se não estivesse tão curiosa, estaria rindo da maneira que estão agindo. Parecem dois jovens turrões, é lindo de se ver.

Em breve quero ter essa felicidade de poder amar e brigar com o Juan e depois fazer as pazes, porque sei que mais tarde, papai e mamãe estarão fazendo as pazes. Essa só é uma briguinha boba.

— Thomas veio aqui...

Ainda acho estranho quando papai fala o nome de Thomas, mas...

— Thomas veio pedir a sua mão em casamento.


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