Entrei na escola de capuz e séria, parecia uma assombração. Eu pude sentir pessoas me olhando como se eu fosse estranha, e sabe, eu realmente sou.
–Dark?-olhei para frente sem levantar a cabeça. Nathaniel olhava para mim meio assustado.-Por quê está assim?
–Por nada...-tirei o capuz e ele levou um susto maior.
–O-o quê aconteceu com seu rosto!?
–Ainda está sangrando!? Droga...-limpei com a gola do moletom.-Ahn... N-não foi nada...
–Dark...-ele me puxou para dentro do grêmio.-Alguém te machucou? Você pode falar...
–...Eu juro, tem certas coisas que eu gostaria muito de te contar...
–Então conte.
–Você... Não entenderia...-fiquei alguns segundos sem dizer nada. Respirei fundo e decidi contar certas coisas.-Foi... Foi o meu pai... Ele me deu um tapa, e depois... Me deixou sozinha em casa... Eu nunca mais vou vê-lo de novo...
–Por quê ele fez isso...?
–Porque eu não fiz o quê ele pediu... Eu... Eu não consigo...
–Darkness, eu...-ele simplesmente me abraçou forte.
–...!-o abracei também, é muito bom ter o apoio de alguém uma hora dessas.
–Então...-Nathaniel me soltou.-Você vai morar sozinha agora?
–Sim... Talvez eu arrume algum emprego... Nathaniel...
–Sim?
–Eu me esqueci de fazer o dever de casa...
–Hahaha, isso não importa agora...-sorriu triste colocando minha franja por trás da orelha.-Melhor irmos para sala antes que a aula comece. Vai na frente, tenho mais uma coisa a fazer.-eu saí de lá e fui direto para a sala. Apoiei a cabeça na palma da mão e olhei o nada, com os pensamentos longe.

Depois da aula, eu saí da sala e encostei na parede ao lado da porta. Castiel também estava lá, mas ele fingiu que eu não existo. Talvez ele esteja mesmo chateado comigo. Eu não teria coragem o bastante para me desculpar, então eu aproveitei Lysandre saindo da sala.
–Lysandre...-disse.
–Sim...? Darkness! O quê foi esse corte?-Lysandre quase deu um pulo.
–Longa história. Pode me fazer um favor?
–Claro, o quê é?
–Pode dizer pro Castiel que eu queria pedir desculpas, e que eu gosto muito dele...?
–...Vocês se conhecem á dois dias.
–Eu sei... Mas diz, por favor... O Castiel é importante para mim.
–Tudo bem...-Lysandre chegou perto do Castiel, e disse algo. Ele me olhou sorrindo em seguida, e foi para o pátio. Lysandre olhou para mim e deu de ombros, ele não era o único a não fazer idéia do que o Castiel queria dizer com isso.
–...-alguém colocou a mão no meu ombro. Era Nathaniel.
–Desculpe a pergunta, mas... Você faz idéia de onde seu pai está agora?-sussurrou.
–Não...
–...Ei... Quer sair hoje para conversar um pouco?
–Sair? Claro... Porque não... -Nathaniel sorriu. Eu sorri de volta.

Depois de mais algumas aulas, eu parei na porta da escola esperando o Nathaniel.
–Mas você me ama muito, hein. -Castiel parou na minha frente.-Eu não estava bravo, só queria saber quanto tempo você aguenta ficar sem mim.
–Claro...-disse irônica.
–E você definitivamente não consegue ficar longe de mim. Então, para compensar... eu achei que seria legal que nós dois fôssemos passear com o Alpha e o Dragon.
–Está me chamando para um encontro...?
–Não. Para passear com os cachorros.-olhei para Nathaniel, na porta no grêmio olhando a cena. Seu olhar já dizia tudo: "Você vai sair comigo, né?". Eu sorri para os dois.

–Eles mordem? São raças meio perigosas...-Nathaniel tentava se afastar sem graça. Eu o puxava para o meu lado de novo todas as vezes.
–O Alpha foi bem criado.-eu disse sorrindo e puxando Nathaniel para que ele não fugisse.
–Ocasionalmente.-Castiel deu seu típico sorriso irônico, olhando de lado para Nathaniel.
–Nath, o quê queria falar comigo?-olhei para ele.
–Ah, nada de muito importante. Posso falar depois.-desviou o olhar para Alpha, que o olhou "sorrindo".

Quando o passeio acabou, eu fui o mais rápido possível encontrar um emprego. Felizmente, um homem muito gentil chamado Louis me aceitou em seu mercado, mesmo que não quisesse ajuda no trabalho. Eu deitei na minha cama exausta, mas muito feliz. Desde que meu pai me deixou, as coisas têm melhorado. Mas ainda tem um problema... Nathaniel e Castiel parecem gostar de mim. Não... Afinal, por quê alguém gostaria de uma garota tão estranha e desajeitada...? Alpha tentou subir na cama. Depois de muito esforço, ele deitou ao meu lado balançando a cauda. Fiz carinho em sua cabeça debruçada no travesseiro.
–É bom ainda ter você nesta casa.-sussurrei. O abracei, e quando menos percebi caí no sono.