Oposto Complementar escrita por Tai Barreto


Capítulo 41
Capítulo 41


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridas.
Tardou, mas finalmente aconteceu.
Falei a vocês que já tinha essa parte escrita.

Sem mais, boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/708404/chapter/41

Seria tolice eu me odiar? Eu sabia que ia dar merda, mas continuei agindo como se não. Eu preferi ficar na minha, tentando ser a Laila de sempre e acho que consegui resultado. Pelo menos com o Harry. Ou ele estava mais entretido com a sua nova companhia e me deixou de lado. Todas as noites ele saiu com ela. Para fazer o quê? Só Deus sabe, porque eu não tenho ideia. E nem quero ter. Resolvi deixar espaço para que Joseph Pipes se aproximasse respeitosamente de mim, entretanto, ainda assim, recusei os poucos convites para aproveitar a noite. Não que ele seja chato. Sempre que me lembro dos seus olhos semicerrados, eu me pego suspirando. Vem ser lindo assim na minha casa.

— Você está bem? — indaga Harry e eu o olho, ao volante.

— Sim, por quê?

— Estava suspirando. Está cansada?

— Um pouco — admito. De você e essas atitudes de merda. — Ah. — Eu pego meu smartphone e ligo para Eleanor.

Bom dia, filha querida — diz ela, ao me atender.

— Bom dia, mamãe maravilhosa.

Como você está?

— Bem, obrigada e você?

Igualmente, obrigada. Algum problema?

— Não. Eu estou ligando para informar que não vou poder almoçar com você e o papai mais tarde.

E eu posso saber o motivo?

— Eu vou almoçar com o senhor Pipes. Ele é tão maravilhoso.

Mesmo? Fale-me mais sobre ele.

— Ah, Joseph é paciente, divertido, simpático, educado. Cumprimenta a todos, agradece por tudo.

Ele tem faz bem, amor?

— Muito bem, mãe. Aproximamo-nos demais desde que o conheci, há quinze dias, e eu estou lhe devendo desfrutar mais da minha companhia, segundo ele.

Divirta-se. E deixe claro que ele deve pedir sua mão a mim.

Eu rio.

— Pedir minha mão? — Ergo as sobrancelhas e retiro o cinto. — Não exagera, mãe. — Coloco a alça da bolsa no ombro e saio do carro.

— Ele tem catorze anos a mais que você — diz Harry, ao meu lado.

— Quanto mais velho, mais experiente — rebato.

Sem dúvidas. — Eleanor ri.

— Mamãe concorda comigo. — Eu lhe dou uma piscadela e vou em direção ao elevador. Cumprimento Donald com um aceno de cabeça e sorrio quando ele faz o mesmo. — Eu vou deixar o recado bem claro caso ele faça.

Você é maravilhosa demais para que ele não peça.

— Eu te amo.

Eu te amo. — Eleanor encerra a chamada.

Harry e eu entramos na cabine e vamos aos nossos respectivos andares.

***

— Você está deslumbrante — diz Joseph, me estendendo a mão, assim que me aproximo dele.

— Obrigada. — Eu sorrio e ganho um beijo no dorso da mão.

Não que tenha algo de tão extraordinário. Eu estou usando uma saia, graças ao fato de estarmos no verão, com pregas, azul marinho, uma camisa branca, de mangas e estampa em libras formando a palavra paz e scarpins pretos de meia pata interna. Maquiagem? Hoje, eu dispensei, porque sabemos que usar demais prejudica a pele e a minha é maravilhosa demais para que eu permita que isso aconteça, todavia, estou com rímel, já que não saio sem.

Claro que viemos ao La Fleur D’or. Eu não me canso da comida da Bella. É sempre tão bom, mesmo escolhendo pratos já provados, sem contar que eu não consegui ter um favorito. E eu não ia ficar longe dos olhos dos meus pais, ciente de que eles iam ficar preocupados se eu fosse a outro lugar. Londres é imensa, maravilhosa, mas esse é o meu restaurante favorito.

— Por favor. — Ele puxa a cadeira para mim e eu agradeço e me acomodo, o tendo diante de mim em poucos segundos. — Estou feliz que finalmente tenha aceitado almoçar comigo.

— Não que você tenha insistido. — Eu o olho por sob as pestanas e coloco os cabelos atrás da orelha.

— Eu não queria parecer cansativo.

— Compreendo. Desculpe por ter recusando.

— Não precisa se desculpar, Laila. — Joseph sorri. — Você é livre e não obrigada a sair comigo para qualquer lugar.

— Para de ser maravilhoso.

— Desculpe.

— Não precisa pedir desculpa.

Fazemos os pedidos para a entrada.

— Eu não consigo acreditar que estou diante de você.

— Ah, para com isso. — Eu sinto as maçãs esquentarem.

— Que tal irmos ao cinema mais tarde? Ou eu estou abusando do espaço que me cedeu?

— Eu vou adorar. E não está abusando. Sua companhia é maravilhosa.

— Não mais que a sua. Responde uma coisa.

— Claro.

— Está tudo bem entre você e Harry?

— Sim, por quê?

— Ele não tira os olhos da nossa mesa e me fuzila com eles semicerrados.

— Talvez esteja agindo como irmão mais velho. Você sabe... — Eu dou de ombros.

Comentara com Joseph sobre a ideia de os Carter terem me “adotado”, diante de tanto carinho deles para comigo. Eu não consigo acreditar que em tão pouco tempo, tenhamos progredido tanto.

O que Joseph faz da vida? Ele é um fotógrafo que contratou a CCC para fazer reforma no seu local de trabalho. Eu não conheci, claro, porém, ao que tudo indica, é questão de tempo.

— O que me diz de posar para mim? Fazer um ensaio com o tema que você quiser.

— Eu vou adorar. Fiz umas fotos numa das vinícolas de Elena Champoudry, com Benjamin Campbell como fotógrafo e eu adorei essa vida de modelo.

Joseph ri.

— Que bom. Acho que deveríamos aproveitar o verão para isso. O que acha?

— Eu vou adorar.

— Você pode ir ao meu encontro ao sair do trabalho e vemos algum tema. Ah, vamos ao cinema...

— Fazemos assim: eu passo lá, decido o tema, vou para casa, me trocar e depois, te encontro no cinema.

— Magnífico. Posso fazer uma exposição na galeria?

— Dependendo do resultado, eu vou adorar. — Sorrio.

***

Eu não tive tempo de vir para casa trocar de roupa em momento algum. Saí da construtora e fui ao encontro do Joseph. Fiquei embasbacada com o seu trabalho. Distraí-me conversando com ele sobre o ensaio, tentando achar um tema bom, jantamos e quando nos demos conta das horas, corremos para o cinema. Foi sensacional. Nunca me senti tão bem em minha vida desde que essa nova amiga do Harry apareceu.

Eu gostaria de estender a noite. E deveria, pois, hoje é sexta-feira e eu estou livre de expediente amanhã, entretanto, falta um mês para o início das aulas na universidade e eu estou nervosa com tal coisa.

O motivo disso? George continua irredutível quanto a eu assumir a vice-presidência ao fim dos estudos. Dar tudo de mim vai ser pouco.

Agora eu estou a caminho do prédio onde eu moro, com Joseph, depois de me divertir como nunca. Ele é tão maravilhoso. Pelo amor dos deuses. Por que foi que não nos beijamos essa noite? Seria tarde demais se eu me atrevesse a tal coisa?

Ele para próximo à calçada.

— Muito obrigada pela companhia. Adorei essa noite. — Coloco uma mecha dos cabelos atrás da orelha.

— Podemos repetir quando quiser. Foi uma noite maravilhosa.

— Eu te aviso. — Dou uma piscadela e me aproximo, ganhando um beijo na bochecha e lhe dando um. — E devo concordar que foi.

Eu estou prestes a me afastar, quando Pipes coloca uma mão na minha nuca e aproxima meu rosto do seu.

— Qualquer problema com seu irmão mais velho, me avisa — murmura, mantendo os olhos escuros nos meus.

— Fique tranquilo. Eu sei lidar com ele. — Beijo seu nariz e me afasto. — Até mais.

— Até.

Eu retiro o cinto, saio do carro e me deparo com Harry Carter. Eu empino o nariz e marcho em direção à entrada, ciente de que ele me segue. Abro o portão, entro e caminho em direção ao elevador.

— Onde esteve?

— Não devo satisfações da minha vida a você. — Chamo-o.

— Ei, baixa essa guarda. Eu estou numa boa aqui.

— Eu estou falando a verdade. Além do mais, sei que você também acaba de chegar. Cuida da sua vida, que da minha, cuido eu. Eu sou adulta. Não preciso de ninguém impondo autoridade sobre mim. Ainda mais você. — Eu o olho e dou uma piscadela.

— Você não deveria falar comigo dessa forma.

— Eu não te dei liberdade de mandar e desmandar em mim, querido. — Eu entro na cabine. — Na verdade, eu não a dei a ninguém. — Sorrio quando ele se junta a mim, de frente.

— Eu vou ter uma conversa...

— Com quem, garotão? — interrompo sem cerimônia. — Se seus pais me deram apoio. Vai incomodar Eleanor e George com suas infantilidades?

— Você está me chamando de infantil?

Eu me aproximo, o fazendo recuar até estar no corredor do nosso andar e vou em direção ao meu apartamento.

— No Brasil, costumamos falar que: se a carapuça serviu, vista.

— Foi o que você disse.

— Sim. — Eu o olho outra vez. — Eu disse que você é infantil.

— Você estava beijando aquele babaca?

— Mais uma vez, não devo satisfações da minha vida a você.

— Olha o tamanho dessa saia, Laila.

— Além de querer mandar em mim, quer mandar no que eu visto? — Eu pego meu chaveiro com meu molho e destranco a porta. — Querido. Perdeu seu tempo. — Entro, o tendo em meu calcanhar. — Eu faço o que eu quero da minha vida.

— Você não é a minha Laila.

— Tem razão. Eu nunca fui. — Deixo a bolsa sobre o sofá e decido encerrar esse dia de uma vez, me viro para ele. — Harry, eu cansei. Eu cansei. Você é um egoísta de merda. — Ele ergue as sobrancelhas. — Um egoísta de merda, que se acha no direito de interferir na minha vida quando não é nada meu além de amigo. Fica e transa com qualquer uma e acha que pode controlar a boca que eu beijo ou deixo de beijar. Eu não vou ficar servindo de travesseiro pós-transa para você, Harry querido. Não vou ficar aqui, esperando que volte de uma noitada, com álcool e cigarro. Muito menos receber você com direito a deitar cabeça no meu colo e cafuné até que durma. Posso fazer o que eu quiser da minha vida e se eu quiser beijar o Joseph, farei. Se eu quiser transar com ele, farei. Sabe por quê? Eu faço de mim o que eu quero. Se quiser falar de mim, que fale. — Meneio a cabeça em negativa. — Eu não sou mais aquela idiota do início do ano. Lesada que vivia soltando suspiros por você. Não vou negar que eu te amo, pois, o sentimento que tenho é o mesmo, porém, eu, não. Agora. — Vou em direção à porta que ele fechou e abro. — Vai embora. Eu tenho muito que fazer, Harry. Quando esse seu ciúme fajuto for embora, volte a me procurar. Você sabe onde encontrar. Eu não vou me deixar ser usada por você dessa forma tão baixa.

Eu observo cada passo que ele dá em minha direção, com o coração na garganta. Se eu temo que ele decida não me procurar mais? Temo, mas se isso acontecer, a vida que segue. Não estou...

O que interrompe minha linha de raciocínio são os lábios dele nos meus. Eu contraio a barriga, sentindo uma geleira se derreter, no momento em que o meu cérebro processa tal feito. Meu corpo relaxa e eu me agarro a sua camisa como se fosse minha tábua de salvação. Eu arregalo os olhos e o afasto.

— Laila...

— Não! — Empurro-o. — Não. — E ergo o dedo indicador em riste. — Você não tem direito algum de fazer uma coisa dessas comigo.

— Eu não vou sair da sua vida. — Harry mantém os olhos nos meus. — Eu não quero e não posso. Eu te amo. Eu não transei com a Isabelle ontem. — Ele toca o meu rosto e afaga minha maçã. — Eu não consigo me relacionar com ninguém há um bom tempo porque eu só penso em você. Eu chamo o seu nome...

É minha vez de o interromper, beijando. Enfio as mãos por entre os seus cabelos, puxando os fios e me deleitando com seus gemidos. Harry me faz recuar, prensa contra a porta e eu gemo. Isso parece o incentivar, pois ele suspende o meu corpo, prendendo minhas pernas em torno de sua cintura.

— Harry... Não... — gemo quando ele beija meu pescoço. — Oh, Deus! Somos amigos.

— Podemos ser amigos com benefícios. — Ele se afasta, sorri e eu reprimo o suspiro derretido que ameaça escapar por entre os meus lábios.

— Isso envolve sexo e eu sou virgem.

— Não precisa envolver se não quisermos. Somos eu e você. — Ele afaga meu rosto e roça o polegar sobre meu lábio inferior. — Eu abri mão disso há mais tempo do que imagina.

— Eu não vou permitir que brinque comigo e meus sentimentos.

— Não é essa a minha intenção.

A intensidade que encontro em seus olhos é impressionante e eu concordo. Harry me coloca no chão.

— Isso tem que ficar apenas entre nós dois e ninguém pode perceber

— Laila, agimos como se fôssemos namorados. Qualquer relação entre nós dois jamais será notada.

— Se aparecer outra pessoa na sua vida e não quiser permanecer com essa amizade, avise e voltamos ao normal. O mesmo vale para mim.

— Claro. — Harry me dá um beijinho. — Qualquer coisa para ter seus lábios nos meus outra vez.

Eu sorrio e o beijo.

Seus lábios são macios, maravilhosos de sentir e quando sua língua entra em contato com a minha, um gemido escapa de ambos. Harry me guia até prensar meu corpo contra as costas do sofá e eu sinto sua ereção, me fazendo engolir em seco.

— Harry... — murmuro, entregue, enquanto ele solta os meus lábios e beija meu pescoço, subindo até a orelha.

— Sonhei demais com esse momento — diz, no mesmo tom.

— Não mais que eu.

Eu sinto seu sorriso contra a minha pele. Solto outro gemido ao sentir sua língua quente no lóbulo da minha orelha. Harry dá uma mordidinha, me arrepiando por inteira.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se houve erros de digitação, me perdoem. Eu acabo de juntar três versões em uma só e deu um trabalhão.
Espero que tenham gostado.
Volto dia 30
Revisado em 28.10.19



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Oposto Complementar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.