Oposto Complementar escrita por Tai Barreto


Capítulo 37
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridas.
Demorei, mas cheguei. Tinha recebido um block bem chat, mas consegui retomar as rédeas.
Acho que estaremos nos despedindo desses dois antes dos 50. Fé no pai que o final sai.
Peço desculpas se não estou agradando, mas eu estou fazendo o meu melhor.
Leiam as minhas outras histórias.
Acredito que dentro de dois capítulos, as coisas vão tomar o rumo que muitas esperam.

Sem mais, boa leitura.
PS: não revisei ainda.



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Poderíamos ter saído ontem para ir ao Fire Rabbit, mas o cansaço do dia foi o suficiente para me derrubar assim que cheguei da fazenda dos avós paternos do Damon. Bob optou por me fazer companhia e eu, em momento algum da minha vida, me oporia com relação a isso. E agora, depois de uma longa conversa com meus pais, eu estou em uma com Harry, que esteve me contando que não fez nada de mais, ontem e hoje pela manhã. Preciso lembrar da diferença de horário, cuja meu cérebro insiste em esquecer.

E então, o almoço realmente vai acontecer hoje? — Harry questiona.

— Sim. — Resisto à vontade de dar um gritinho. — Estou tão feliz pelo fato de o avô de Damon ter recebido alta ontem. A família dele é imensa. E pensar que eu ainda não vi todos os Lundgren. Segundo ele, tinha um quinto. Eu estou surtando para ver o restante. Se Damon, Kate e os que vi ontem são lindos, os de hoje, sem dúvidas estarão no mesmo patamar. Eu soube que o primo dele, de Nova Iorque, vem também. Graham.

Eu espero que se divirta.

— Querido, eu vou colocar Pabllo Vittar para tocar lá. Acha mesmo que tem chances de eu não vou me divertir?

Depois me conte tudo.

— Pode deixar. Eu vou levantar agora. — Espreguiço-me pela milésima vez. — Tenho que preparar o café da manhã. Estou faminta.

E vai fazer sozinha?

— Damon me mandou ficar à vontade e eu farei porque eu me preocupo com o problema dele para dormir. Além do mais, é somente um café da manhã: umas panquecas, frutas, suco, torradas... — Dou de ombros. — Sem estresse.

Certo. Amo você e diga ao Damon que eu mandei um abraço.

— Também amo você e pode deixar, eu direi. — Encerro a chamada e deixo meu smartphone sobre a mesinha.

Eu me espreguiço outra vez, para criar coragem de sair da cama. E depois de alguns segundos de hesitação, eu faço, calço meus chinelos e vou ao banheiro, a fim de me livrar da cara de sono, que eu sei que está estampada em mim.

Depois, também, de ouvir uma centena de vezes, Damon me dizer para ficar à vontade, eu decido pôr a mão na massa e preparar alguma coisa, já que hoje é dia de folga de Valeire. Coloco um pouco de ração para o Bob, troco sua água e lavo as mãos, começando a vasculhar os armários e geladeira. Preparo a massa para panqueca, já que Damon adora e eu também.

— Bom dia — diz ele e eu coloco a sexta panqueca sobre a pilha.

— Bom dia. Você me disse para ficar à vontade.

— E que bom que você ficou.

Eu o ouço abrir as portas do armário e eu me viro, o encontrando arrumando a mesa. Não demoramos a nos sentar.

— Dormiu bem? — Questiono.

— Sim, obrigado e você? — Damon nos serve duas panquecas para cada.

— Também. Falei com Harry antes de vir. Ele mandou um abraço. — Corto um pedaço e como.

— Obrigado. Quando se falarem outra vez, diga que eu mandei outro.

— Pode deixar. Eu estou nervosa — digo, depois de engolir.

— Com o quê? — Ele come.

— Seus parentes.

— Fica tranquila. Não tem com o que se preocupar. Você é maravilhosa. As pessoas te adoram de imediato.

Eu rio, sem graça. Até parece. Não foi assim com aquela namorada do Harry. Damon me fala um pouco sobre cada parente, de ambas as famílias dele, já que os Jefferson também estarão na fazenda dos Lundgren. Ele cuida da louça, enquanto eu faço a digestão. Nada mais justo. Eu gosto dessa divisão de tarefa.

E então, vamos aos nossos respectivos quartos. Como eu sou uma pessoa prevenida, faço uma pequena mala, dentro de uma bolsa de alça tiracolo, com roupas para o caso de eu molhar ou sujar a que usarei — acredite, graças à minha mania de me perder em devaneios, essa chance é imensa.

Eu pego um maiô simples e um short jeans pretos e visto. Eu vou escovar os dentes e ao voltar ao quarto, guardo meu smartphone, pego meus óculos escuros, a bolsa e saio.

Encontro Damon na sala e nós três saímos. Ele coloca os óculos dele e eu decido falar a verdade.

— Você tem ideia de o quanto fica irresistível assim? — Coloco os meus.

Damon ri.

— Não. Emily quem costumava me elogiar. Agora que eu estou sozinho, quase não ouço um.

— Que mentira! — Eu gargalho e entro na cabine com Bob.

— Eu estou falando sério. — O loiro se junta a mim. — Escuta. Você sabe dirigir? — E aperta o botão para a garagem.

— Mas eu não tenho carta daqui ou do meu país.

— E como aprendeu?

— Marcela. Minha amiga louca. Desde que saí do Brasil que eu não me arrisco, então não quero dar prejuízo.

— E o que o Harry acha disso?

— Nunca falamos a respeito e eu prefiro ser o carona com ele. — Sorrio imensamente.

Saímos e Damon desativa o alarme do carro, enquanto caminhamos até lá. Ele abre a porta para mim e eu entro com Bob. O loiro não demora a se juntar a nós. Colocamos os cintos e ele dá a partida, guiando o carro para a saída.

— Fique à vontade para ligar o rádio, caso queira.

— Vou conectar meu smartphone. Ou tentar. — Faço uma careta quando lembro que é um drama para tal coisa.

— Caso não consiga. — Ele me oferece o smartphone dele. — Você faz login no seu YouTube ou qualquer outra coisa.

— Certo. — Eu o pego. — Acho melhor prevenir. Tem senha? — Eu fito a tela.

— Não. Pode mexer à vontade.

Eu desbloqueio a tela e encontro a foto dele com Summer.

— Eu estive olhando seu Instagram, antes de nos conhecermos bem. — Abro o menu e vou de imediato para o aplicativo do YT. Coloco Te Pegar, da Iza para tocar, da minha playlist brasileira. — Fiquei impressionada como vocês conseguiam demonstrar sentimentos num único clique.

Eu o olho e encontro um meio sorriso triste.

— Éramos intensos. Eu não sei onde fomos parar.

— Eu sinto tanto — murmuro, me sentindo uma idiota por ter tocado no assunto.

— Fica tranquila. — Damon me olha e sorri, voltando a olhar para a frente.

— É que eu não consigo aceitar que algo tão lindo tenha tido um fim como o seu namoro.

— Entendo. Eu também não consigo aceitar, mas opto por deixar as coisas fluírem.

— Se Emily estiver mentindo para você?

Damon nega, enquanto eu mantenho os olhos nele.

— Eu estou tentando não pensar nisso. Vou deixar que venha até mim, pois eu conheço Emily o suficiente para saber que ela vai fazer.

— Vai ter tanta paciência?

— Eu não vou negar que não é fácil, mas eu vou me segurar. Ela não vai poder dizer que eu não respeitei sua vontade.

— Ser mãe solo não deve ser nada fácil.

— A escolha é dela. Ela sabe o que eu fiz pela Summer. Independentemente de estarmos juntos ou não, eu jamais deixaria de cumprir com o meu dever.

— E, se ela realmente estiver grávida? Vai perder o nascimento do seu bebê? É o filho de vocês. E o nome? E o sexo?

— Porra! — Damon para no acostamento e apoia a cabeça no volante.

Eu falei demais. Laila. Sei que você se preocupa com Damon, mas precisa parar de se intrometer onde não foi chamada. Ele está sofrendo ainda mais com todas essas perguntas.

— Desculpa — murmuro outra vez. — Eu não queria machucar você dessa forma.

— A culpa não é sua. — Ele emite um grunhido. — Não é.

— Você ainda não tinha pensado nisso, não é? — Eu faço um carinho na cabeça do Bob, que está tão quieto.

Damon nega outra vez.

— Precisamos ir. Desculpa.

— Tudo bem. — Ele dá a partida e entra na estrada outra vez. — Eu só não posso pensar a respeito disso, por enquanto.

— Tudo bem. Desculpe.

— Laila, fica tranquila e aumenta esse som.

Eu aumento, enquanto MC Livinho canta Fazer Falta. A bunda já quer mexer automaticamente num quadradinho de quatro. Pelo silêncio do loiro ao meu lado, sou capaz de apostar que, se ele não estiver pensando no que eu falei, ele deve estar tentando não fazer.

E eu compreendo. Eu fui uma idiota por ter tocado no assunto. Eu o machuquei e ele não é o tipo de pessoa que merece passar por isso. Não depois de tudo o que viveu. Eu me balanço lentamente, irritada comigo mesma e reprimo o bufar que se forma. Eu não quero que ele se preocupe comigo, pois eu sei que Damon vai fazer.

Diante da fazenda, Isla Jefferson abre a porteira e Damon buzina em agradecimento, seguindo e parando numa vaga não muito distante. Ele sai do carro e eu faço o mesmo, após desconectar seu smartphone, encontrando algumas dezenas, de outros tão bons quanto o Range Rover no qual viemos. Isla abraça Damon e eu coloco Bob no chão, segurando firme em sua guia.

— Laila! — Ela me cumprimenta.

Vamos em direção à varanda, com Damon entre nós duas. É possível ouvir as pessoas conversando, sem nenhuma música de fundo. Isla para ao lado de Jasmine e Damon, à medida que cumprimenta os parentes que não estavam aqui ontem, me apresenta. Eu falo um pouco com Ashley, Graham, Caia, Edith e Iris. Summer arrasta Bob e eu vejo alguém trazer uma tigela grande com laranjas.

— Laranjas! — Exclamo. — Eu posso descascar? — Olho o loiro ao meu lado.

— Claro que sim. — Ele sorri. — Vai lá.

Eu sento entre as meninas, que começam a me interrogar sobre de onde eu sou. Damon se afasta e eu fico tagarelando, descascando minha laranja e chupando em seguida.

— Então, você conheceu Damon em Londres? — Questiona Ashley.

— Isso.

— E o que você foi fazer do outro lado do Oceano, menina? — É a vez de Iris perguntar.

— Bem, minha família nunca ligou tanto para mim. Então, como eu queria o melhor para mim e as universidades no Brasil nem estão entre as cem melhores, eu fui me arriscar em Londres com a ajuda do amigo da minha irmã.

— Você não tem juízo. — Ela meneia a cabeça em negativa e eu dou de ombros.

— Sou uma sonhadora. Arrisquei. Demais, eu devo admitir, mas eu fui tão bem acolhida pela família do Harry que eu não me vejo voltando ao Brasil tão cedo.

— E não sente saudades de lá?

— Não vou negar. — Eu admito. — Mas a minha família tem se mostrado tão indiferente quanto a minha ausência que a antiga chama e a imensa necessidade que eu sentia no início do ano, foi se apagando.

— Ah, mas eu te achei tão maravilhosa. — Ashley faz beicinho. — Você pode ficar aqui o tempo que quiser, viu?

— Obrigada. — Eu sorrio.

— Vamos registrar esse momento. — Ela pega o smartphone.

— Sai. Eu cansei de tirar fotos. — A outra loira a empurra levemente.

— Não estou chamando você. — Ela me puxa para junto de si. — Sou modelo, belíssima. Tenho mais é que me exibir mesmo.

***

Eu nunca vi tanto sentido na queimada norte americana. Sempre que via nos filmes — Chicken Little foi o meu melhor exemplo para não entender —, eu ficava confusa. Talvez se eu jogasse, me sairia como o Raspa de Tacho e não como o Peixe Fora da Água. Então, eu decidi ensinar como brincamos no Brasil. Eu gosto da adrenalina de disputar. Uma bola só fica mais empolgante.

Felizmente, eles aprenderam rápido, como prova, estamos na segunda partida, onde eu ganhei a primeira, mas não por conhecer bem o modo de jogar, e sim, porque a galera é boa mesmo. Americanos são muito competitivos. Os primos de Damon estão conosco, enquanto os filhos deles pulam corda.

Eu e o loiro somos de times opostos. E só nos resta. O que está deixando o restante do pessoal irritado. Eu danço ao som de Iza, Quem Sabe Sou Eu, esperado Damon, que segura a bola, a arremesse.

Katherine está filmando nossa brincadeira desde que iniciamos e o seu namorado, ao seu lado. E quando Damon arremessa, eu me esquivo, girando. Tento não comemorar, olhando para meus novos oponentes, que estão decidindo quem vai arremessar.

— Ah, qual é? — Isla reclama. — Vocês não vão ser queimados? — Ela arremessa e eu me esquivo outra vez, o que permite que Damon segure.

— Eu era uma das melhores da turma. — Gabo-me e o loiro arremessa, e eu seguro, firme, porque se eu soltar, eu perco a partida e não é isso o que eu quero.

Preparo-me para arremessar, a fim de o queimar e quando eu faço, ela escapa, fazendo Damon e o seu time perderem. Eu grito, comemorando. Sinceramente, achei que fosse perder. O pessoal vem comemorar comigo e eu começo a dançar quando K.O. de Pabllo Vittar inicia.

Apesar de ter perdido, Isla dança comigo, e Jasmine se junta a nós. Eu canto a letra, empolgadíssima.

— De quem é essa música? — Isla me questiona.

— Pabllo Vittar, uma dreg queen brasileira.

— E qual é o nome da música? — Jasmine requebra.

K.O. E então, outra partida?

— Laila, vem pular corda. — Summer chama.

— Opa. O dever me chama. — Apresso-me às crianças e já entro na corda que está sendo rodada por Aspen e Annabel.

— Maluca, já entra pulando. — Ri Anna.

— Eu tenho que aproveitar que o corpo está quente — digo, pulando. — Perder tempo não é comigo.

Eu canto umas músicas e outros se juntam a mim. Eu vejo Damon entrar. Eu estou morta de sede, não vou negar, então saio.

— Onde vai? — Summer pergunta.

— Beber água. — Arrumo os cabelos. — Estou morta de sede.

— Vai lá.

Eu me apresso para o interior da fazenda, cheia de gente. Deve estar perto das cinco da tarde. Damon disse que só sai daqui depois do jantar e eu não estou nem um pouco apressada para ir.

— Água? — Ele me oferece um coco e eu agarro a fruta, bebendo com a ajuda do canudo.

— Que delícia. — Eu quase me derreto com o sabor adocicado.

— Se quiser mais, é só avisar — diz um rapaz.

É impossível lembrar se ele é um Lundgren, um Jefferson ou simplesmente filho de algum amigo da família.

— Uma só está ótimo, por enquanto. Até porque, eu estou pulando corda com as crianças e não quero ficar com muita água no estômago. Mesmo assim, muito obrigada. — Sorrio e bebo mais um pouco.

— Você não cansa, querida? — Kate afaga meu ombro, pegando um coco com o irmão e eu rio.

— Estou aproveitando, já que, em Londres, eu não tenho com quem brincar. — Faço beicinho.

— Faz isso mesmo, porque amanhã, Damon vai estar pegando no seu pé.

Eu rio e ele fecha a cara para a irmã. Termino de beber minha água e volto para junto das crianças, a fim de continuar a brincadeira.


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Notas finais do capítulo

Estarei sem net até domingo de noite.
Espero finalizar o próximo capítulo até o dia 10.
Bom fim de semana.



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