Oposto Complementar escrita por Tai Barreto


Capítulo 36
Capítulo 36


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridas. Depois de quinze dias de caos, eu consegui me organizar com relação a essa história.
Cheguei a pensar em colocar em hiatus, porque algumas pessoas disseram que não estavam entendendo o enredo e eu fiz o possível para deixar tudo o mais claro e compreensível, mas eu estou falhando miseravelmente, pelo que eu estou vendo.
Talvez escrever já não seja algo que eu faça bem.
Sinceramente, eu nunca considerei uma qualidade. Nem sei porque eu me atrevi a começar, em 2008, a escrever.
Idiotice, eu sei, mas são coisas da vida.
Peço desculpas a vocês por tal atrevimento.

Sem mais, boa leitura.



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A noite de ontem não poderia ter sido melhor. Isla está no mesmo patamar da insanidade que eu, porém, a rainha se chama Jasmine. Que mulher! Eu nunca me diverti tanto numa noite quanto na anterior. Eu bebi, conheci um pouco mais sobre cada um dos que estavam presentes e soube que Alice é melhor amiga de Emily. Minha curiosidade chegou a pinicar sob minha pele, entretanto, eu me mantive firme. Isso poderia ser considerado invasão e a última coisa que eu quero é estragar tudo por aqui. Ainda mais com Damon. Que, apesar dos poucos dias, eu estou notando ser uma pessoa maravilhosa.

O toque do meu smartphone me faz olhar na sua direção e eu o pego da mesinha de cabeceira, encontrando o nome da minha mãe adotiva. Eu sorrio de imediato e deslizo a tela, a fim de atender.

— Oi, mãe. Bom dia.

Oi, filha. Boa tarde.

Nós duas rimos.

— Como estão as coisas por aí? — Questiono.

Tão quietas sem você para agitar que eu estou quase indo te buscar.

— Awn. Eu sinto tanto a sua falta.

Eu também sinto a sua, querida. E por aí?

— Estamos torcendo para que o avô do Damon tenha alta hoje. Eu sugeri fazer um almoço em família amanhã...

Você sendo maravilhosa, como sempre.

— Talvez eu tenha adquirido isso com o convívio com você.

Ah, nem vem. — Eleanor ri. — Você já era muito maravilhosa antes de nos conhecermos.

— Mas intensifiquei, admita.

Porque está no seu sangue, amor.

Oi, filha.

— Oi, papai. — Sorrio imensamente. — Como você está?

Morrendo de saudades de você. Quando volta?

— Eu não sei. Ainda estou devendo uns dias em Paris a Elena. Ela me mandou um e-mail ontem à noite, me cobrando. — Prendo os lábios numa linha rígida.

Eu acho que aguento mais uns dias sem você. Como está?

— Um pouco cansada. Damon e eu fomos à casa noturna dele ontem. Que lugar!

E gostou? — Mamãe questiona.

— Adorei. É tão lindo, bem decorado. Está entre as três maiores daqui, mas pudera, se trata de um negócio de Damon Lundgren. Vi que a família dele é bem influente por aqui.

Mesmo? Eu não sabia. — Ela comenta.

— Juro. Todo mundo sabe que, por se tratar de um negócio com o sobrenome Lundgren envolvido, vai ser um sucesso. Eu estou quase abrindo uma carroça de cachorro quente em sociedade com ele.

Meus pais riem e eu lhes acompanho.

Você é maravilhosa — diz papai e eu sinto minhas maçãs esquentarem.

Que saudades dessas nossas conversas. — Mamãe suspira. — Tenha cuidado por aí, por favor.

— Eu também estava sentindo falta, mamãe. O que prejudica é o fuso horário.

Eu entendo, amor. Não se preocupe. Ligue-nos quando for possível.

— Pode deixar. E eu vou me cuidar sim. Damon tem um cuidado triplicado comigo. Talvez seja por eu ser tão desligada.

Ou porque você é importante para ele — diz papai.

— Pode ser... — Dou de ombros e fito o teto.

Vamos deixar que se alimente. Não volte tão magrinha.

— Olha, com a Valerie na cozinha, com a irmã de Damon como chefe de um restaurante ou até mesmo ele, é mais fácil eu voltar bem gordinha.

Desde que você volte, por nós não tem problema.

— Eu amo tanto vocês. Muito mesmo.

Também te amamos, querida — diz mamãe.

Cuide-se — diz papai.

— Pode deixar. — Encerro a chamada e fito a nossa imagem na tela.

É tão difícil acreditar que eles têm mais carinho por mim do que a minha família de sangue. Pela madrugada, cinco minutos antes de apagar, eu estive verificando meu e-mail e não tive sinal de nenhum dos Vidal. Desde que eu saí, os gêmeos sequer me mandaram um sinal de fumaça. Letícia fica me questionando sobre a vida financeira dos outros. Papai me mandou um “cuide-se” quando eu lhe informei que estava vindo encontrar Damon e mamãe, nem sinal.

Solto um grunhido e a tela se apaga, graças ao fato de eu ter programado o modo de espera para cinco minutos de inatividade. Até mesmo Marcela ainda é mais presente na minha vida. Parece que minha família não deseja que eu cresça na vida. Eu sou mesmo a maior idiota desse planeta ou talvez, da galáxia inteira.

Como eu posso fazer questão por algo que eu sei que não vou ter, como o carinho dos meus pais? Os de sangue, pelo menos. Eu não vou chorar. Não vale a pena. Isso não muda absolutamente nada na minha vida. Só cansa. Eu estou no apartamento do Damon Lundgren. Um dos cinco maiores empresários de Londres, que em acolheu tão bem, mesmo eu sendo uma estranha.

Conheci pessoas importantes no mundo do qual eu farei parte quando iniciar o meu trabalho. Eu não quero mais nada para mim. Somente ser mais feliz do que eu já estou sendo. Porque eu realmente estou feliz.

O meu smartphone toca outra vez e eu olho a tela. Eu não preciso de mais nada na minha vida, por mais insignificante que ela seja.

— Bom dia, Harry querido. — Atendo e mesmo não o vendo, sei que está sorrindo.

Boa tarde, meu doce. Como você está?

— Bem, obrigada e você?

Eu acreditaria se não fosse por essa pontinha de tristeza na sua voz. O que houve?

Eu suspiro.

— Primeiramente, me diga como você está.

Negativo. Eu preciso saber o que houve primeiro. Meu estado transitório precisa de sua resposta.

— Eu não consigo entender o que eu fiz de errado para não ter um carinho ou preocupação da parte dos Vidal.

Ah, meu doce. Como eu queria te abraçar agora. Eu sinto tanto por isso e também não consigo entender. Você é uma pessoa fantástica, divertida, inteligente. — É sua vez de suspirar.

— Ah, Harry. Tem dias em que eu quero sumir.

Nem se atreva. Como eu vou viver sem você?

— Você passou anos da sua vida sem mim e está vivo. — Eu empino o nariz.

Mas eu ainda não tinha desfrutado da sua companhia. Depois que eu provei, não quero mais nada na minha vida.

— Eu estou quase acreditando.

Eu te amo.

Eu absorvo suas palavras.

— Eu te amo. Tanto. De verdade, Harry.

Eu não tenho dúvidas, meu doce. Estou sentindo tanto a sua falta.

— Pensar que não tem nem uma semana que nos afastamos.

Incrível, não é? Mentira. Eu estou sentindo sua falta desde que você se afastou de mim naquele bendito aeroporto. Custava nada ter dado uma passada aqui antes de ir aos Estados Unidos.

— Desculpe. — Encolho os ombros. — Não achei que seria tão necessário assim.

Era mais que necessário, meu doce. Já comeu algo?

— Ainda não. Eu estou criando coragem para sair da cama.

Com preguiça outra vez? Está ficando mal-acostumada.

— Não é? — Faço uma careta. — Ainda é o jet lag me matando.

Quando volta?

— Eu não sei. Estamos torcendo para que o avô do Damon receba alta hoje.

E como ele está?

— Da última vez em que fomos lá, o quadro dele era estável. Se tudo der certo e Casper receber alta hoje, amanhã teremos um almoço em família.

Você parece estar ansiando por isso.

— E eu estou. — Admito. — Ele é um senhor tão adorável. — Sorrio.

Que bom. Agora, levanta esse bumbum dessa cama, lava o rosto e vai comer algo. Está tarde para que fique enrolando para não comer.

— Está bem. Eu te amo.

Eu te amo.

Encerro a chamada, me espreguiço e coloco o smartphone sobre a mesinha outra vez. Saio da cama, calço os chinelos e do quarto, indo lavar o rosto no banheiro. Vou à cozinha e encontro Valerie preparando waffles. O cheiro de comida está por todo lugar e eu salivo de imediato.

— Bom dia, Laila. — Ela sorri para mim.

— Bom dia, Valerie. Que cheiro divino.

— Obrigada. — Ela coloca um waffle na pilha, totalizando quatro.

— Damon já acordou?

— Agora — diz ele, aparecendo. — Morto de fome. Parece que eu estava amarrado. — Ele beija a minha cabeça e depois da sua governanta.

— Ótimo. A mesa já está posta. — Valerie leva o prato com os waffles para lá e eu a olho.

— Minha nossa. Eu vou engordar aqui.

— É um problema? — Val me olha.

— De maneira alguma. — Apresso-me à mesa. — Cadê o Bob?

— Comendo.

Eu pego um waffle, me servindo, enquanto Damon pega torradas. Eu solto um gemido quando sinto o gosto.

— Valerie! Que pedaço do céu.

— Como não é café da manhã, eu resolvi inovar.

Eu levanto da cadeira e beijo sua bochecha.

— Está divino. De que é?

Brownie. Aprendi a receita com a Julia.

— Pelo amor de Deus! Isso é maravilhoso.

— Eu devo concordar com a Laila — diz Damon e eu sento outra vez, vendo um waffle em seu prato. — Ela poderia vender isso lá. Tem sorvete de baunilha?

— Eu não imaginei que fossem querer, mas tem sim. — Val vai até a geladeira e eu bato palminhas, quase quicando na minha cadeira.

Ela coloca uma bola em cima de cada pedaço inteiro e eu me derreto por completo. Eu corto um pedaço, pegando um do sorvete e como.

— Oh, minha deusa! Valerie, eu vou levar você comigo para Londres.

— De maneira alguma — diz Damon, estendendo a mão para a mulher mais velha, que foi guardar o sorvete. — Val é minha para o resto da minha vida, a não ser que ela queira ir.

Assim que ela pega a mão dele, Damon a puxa para junto de si abraça a sua cintura. Ela sorri.

— Até parece que eu quero ir a algum lugar. — E afaga os cabelos dele. — Desculpe, Laila.

— Acho que você me ensinar a preparar esses waffles, eu fico tranquila.

***

Damon dá duas batidas contra a porta onde seu avô está hospedado e entreabre. Ele gesticula para que eu entre e quando eu faço, encontro uma mulher de cabelos compridos e escuros, sentada na poltrona onde eu encontrei Damon há alguns dias. Inclusive, aparentando estar tão cansada quanto ele. O senhor Lundgren nos olha, sorrindo um pouco fraco e eu sinto meu coração rachar. É tão doloroso o ver aí, mesmo eu não o tendo conhecido anteriormente.

— Bom dia, vovô, Megan — diz Damon

— Bom dia, senhor Lundgren e senhora — digo, timidamente, até porque eu não sei quem é ela.

— Laila! — Para a minha total surpresa, Casper Lundgren exclama e eu sorrio imensamente e de imediato. — Linda como sempre.

— Obrigada, senhor Lundgren. Como se sente? — Eu me aproximo, pego sua mão e beijo o dorso.

— Por favor, me chame de vovô e eu estou bem, obrigado.

— Como você está? — A mulher vai até Damon e o cumprimenta com dois beijos.

— Só um pouco cansada, mas nada que uma boa noite de sono não resolva.

— Vem alguém ficar no seu lugar?

— Não — diz vovô. — Eu saio hoje, então, não precisamos de ninguém.

— Que notícia maravilhosa. — Comemoro. — Então, amanhã faremos o almoço em família, mais eu.

— Já se considere dela.

— Que imensurável prazer.

— Megan, essa é a minha amiga. — Damon me indica.

— Laila Vidal. — Estendo a mão.

— Megan Lundgren.

— Minha tia — diz e ela parece surpresa com tal palavra.

— É um prazer, senhorita Lundgren.

— Igualmente. — Megan sorri.

— Com licença — diz uma mulher e nós olhamos na direção.

Damon se apressa a lhe ajudar com a bandeja, pegando. A mulher sorri, em agradecimento e arruma o suporte, onde o loiro coloca a bandeja.

— Eu posso dar a ele? — Ele se voluntaria.

— Eu prefiro que ela faça — diz o avô e Damon concorda.

— Como o senhor quiser.

— E como vai ser esse almoço? — Megan questiona.

Eu me empolgo, dando as sugestões, enquanto Damon mexe no smartphone.

— Todos já foram convidados — diz e enfia o aparelho no bolso.

— Que maravilha! — Exclamo, eufórica.

— Então, quando papai sair daqui, Damon vai com ele e Laila e eu compraremos os ingredientes — diz a morena.

— Quero pagar. — Damon cruza os braços.

— Não apenas você, eu aposto. É provável que fique algo em torno de cinco dólares para cada integrante.

Damon ri.

***

Fui obrigada a ir almoçar com Megan, enquanto Damon ficava com o avô. Casper bem que tentou o dispensar, para que fizesse a refeição conosco, mas o loiro é mais teimoso que uma mula, como dizem no Brasil. Quando assinaram a alta do patriarca Lundgren, a tia de Damon me arrastou para fora do quarto, após informar que íamos encontrar Katherine e Summer. Eu já estava com saudades da loirinha, não poderia negar, apesar de tê-la visto ontem. Entramos no carro da morena, colocamos o cinto e pegamos o trajeto para o supermercado que ela combinara de encontrar as duas.

— Como conheceu o Damon? — Megan questiona, depois de um tempo.

— Numa cafeteria em Londres.

— Esse ano? — Ela me olha de soslaio e eu concordo.

— No início.

— Que sorte a sua. Sabe que Damon nem sempre foi esse homem, não é?

— Sim. Eu soube que ele era desprezível.

— Essa fase da vida dele, eu não conheci. Foi quando ele estava estudando em Londres e eu não tinha contato com ele.

— Teve alguma fase antes dessa?

— A rebelde. — Megan meneia a cabeça em negativa. — Não foi fácil. Damon foi um adolescente difícil. Depois da morte da mãe dele, parece que piorou tudo. Foi bom ele ter ido estudar fora.

— O que ele fazia? — Eu questiono, intrigada.

— Ele discutia com o pai. Pesadamente. Trocavam palavras ofensivas. Damon era tão apegado a Rachel que, sempre que os pais discutiam, ele tomava as dores dela, sem pensar duas vezes. E só se acalmava quando ela chegava perto dele. Era como se Rachel fosse um veneno e um antídoto para Damon. Ao mesmo tempo. Complicado.

— Eu apenas não tenho ideia de o quanto. — Admito. — Mas, que bom que eles se acertaram.

— Você não sabe o quanto. Dizem que foi graças a Emily. Eles pareciam felizes demais para que tudo acabasse assim, tão de repente.

— A senhora a conheceu?

— Por favor, me chame de Megan. Emily era maravilhosa. Cuidava tão bem dos cavalos daquele haras... E do meu sobrinho, claro. Foi surpreendente ouvir Damon me chamar de tia. Isso nunca acontecera antes.

— E por quê?

— Eu sou filha adotiva dos Lundgren, junto com mais quatro e eles tiveram cinco.

— Família grande. Que maravilha.

— É.

Megan fica em silêncio por um tempo, até que estaciona. Saímos do carro e encontramos Kate e Summer. A loirinha vem até mim e eu a pego nos braços, apesar de ela ser pesada para mim.

— Que bom te rever. — Ela beija a minha bochecha.

— Igualmente. — Beijo a sua. — Vamos nos divertir?

***

— Chegamos! — Exclama a irmã mais velha do Damon, assim que colocamos os pés na varanda.

Diversas pessoas a rodeiam, enquanto falam ao mesmo tempo da gravidez dela, que, ao que posso notar, ninguém sabia ainda. Ouço diversas exclamações, enquanto eu hesito diante da porta. Summer segura em minha mão, coisa que vem durante todo o tempo em que estivemos dentro do supermercado. A casa está cheia, barulhenta e é tão bom que eu me pego sorrindo. Até que Summer se afasta e eu me apresso até o meu amigo, que não demora a me apresentar ao pessoal que está na cozinha.

Sentamo-nos à mesa, para um jantar em família, muito divertido, descontraído e cheio de registros para os que não puderam estar presentes. E eu me sinto em casa, tamanho carinho para comigo, enquanto eu dou a minha atenção às crianças.

São dez da noite quando estamos nos despedindo do pessoal.

— Adorei sua família. — Confesso.

— Acredito que você só viu um quinto. Amanhã, aquela fazenda vai estar um caos.

— Eu estou contando com isso. — Sorrio e bocejo. — Desculpa.

— Totalmente compreensível que esteja cansada. Fica tranquila.

Jamal entra na garagem e Damon o dispensa de imediato, se tratando do fato de que o horário do homem foi estendido mais do que deveria, segundo o loiro. Entramos no elevador, subimos para o décimo andar e Damon pega Bob, que fora deixado com suas vizinhas.


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Notas finais do capítulo

Desculpem pelo desabafo lá em cima. Eu estava precisando ser honesta com vocês.
Não que eu não tivesse sido antes. De maneira alguma.
Eu prezo muito pela minha palavra e tudo o que eu digo aqui, é a mais pura verdade.
Até porque, eu não tenho mais idade para mentir.
Beijos e até mais.



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