Oposto Complementar escrita por Tai Barreto


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridas.
Eu sei que estou devendo capítulo do dia dez, mas não pude vir. Minha cunhada levou o notebook.
Sei que estão chateadas com a situação dos dois, mas tudo vai se resolver.

Sem mais, boa leitura.



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Eu não sou a melhor boleira que você respeita, mas eu estou disposta a arriscar hoje e por uma grande razão. Elena Champoudry e Benjamin Campbell são meus convidados de honra, além dos meus pais e o meu “irmão” para um almoço e eu não quero fazer feio, já que disse que cuidaria do preparo da refeição sozinha. Claro que qualquer um dos cinco são excelentes na cozinha. Pelo menos eu acho que Elena e Benjamin são, já que, por diversas vezes, eu vi meus pais prepararem nossos almoços de domingo. Estou decidida a fazer um bolo de chocolate recheado de brigadeiro e depois de anotar os ingredientes, eu desço a escada devidamente vestida para uma ida ao mercado.

— Onde você vai? — Elena questiona, sentada no sofá, com um tablet em mãos.

— Eu vou comprar os ingredientes para o almoço. — Arrumo a alça da bolsa no ombro e passo a mão pelos cabelos.

— Eu posso ir?

— Desde que não me peça para dividir o valor das compras, por mim, não tem problemas. — Sorrio.

— Você me pegou. — Ela faz uma careta, mas nem assim fica feia. — Mas eu posso, pelo menos, ajudar no preparo.

— Talvez no pré-preparo, mas eu ainda vou pensar.

Elena bate palminhas e mamãe aparece, vindo da cozinha.

— Já vai, querida? — E vem até mim, colocando meus cabelos para trás.

— Eu tenho um almoço para fazer. Preciso ir.

— Eu vou com ela ao mercado e para o apartamento depois — diz Elena, se colocando de pé. — Viu a Justine?

— Pois não, mademoiselle? — Ela vem do mesmo lugar que a minha mãe.

— Querida, eu estou saindo com a Laila. Pode, por favor, trazer a minha bolsa e guardar meu tablet? — Ela o oferece.

— Claro. — Justine o pega. — Com licença.

— Onde está o Ben? — Mamãe questiona.

— No escritório com George. Vou avisar a ele. Com licença.

E Elena se afasta.

***

— Não repara na bagunça — digo, antes de abrir a porta e Elena ri.

— Benjamin me diz isso desde que eu estive no seu apartamento pela primeira vez.

Eu inspiro fundo e abro, gesticulando para que ela entre. Eu vou logo atrás, bem como o motorista da minha mãe. É claro que ela não ia nos deixar pegar um táxi, ainda mais se tratando de Elena como companhia. Eu lhe peço para deixar as compras sobre a ilha e ele sai para pegar as demais, não demorando a voltar e a ir. Elena está observando cada parte da minha casa, enquanto eu tento não ficar nervosa. Eu sei que não fui a responsável pela reforma ou qualquer outra coisa relacionada aqui, mas é a Elena Champoudry. A maior arquiteta que eu conheço e provavelmente, uma das maiores do estado de Nova Iorque.

— O que achou? — Eu começo a guardar as compras.

— Adorei esse lugar. Quem fez?

— Eu só sei que quem reformou foi meu amigo. Ele falou algo sobre o pé direito ser alto, então dividiu para fazer quartos em cima.

Eu lhe conto um pouco do que lembro que Bruno falou no dia da minha chegada com o seu ar de arquiteto. Infelizmente ele se atrasou ontem e quase não chega a tempo, porque saiu com a Skye.

Eu começo a preparar as coisas para o almoço. Quase que Harry não ficava para o café da manhã, com uma desculpa de que tinha algo importante para resolver. Apesar de ter querido, Olivia não dormiu lá na mansão Carter e talvez para compensar tal coisa, Harry saiu daquela forma.

Eu estou colocando o bolo no forno quando sinto olhos em mim. Eu me ergo de imediato e olho por sobre o ombro, encontrando Harry. Fecho o forno e vou lavar as mãos pela enésima vez. Já estou com quase tudo pronto para a refeição e estou, somente, esperando os convidados chegarem e pelo que eu vejo, chegou mais um. Harry está todo de preto e parece que adquiriu a mania de Damon Lundgren. O foda é que eu não sei qual dos dois fica mais irresistível.

— O cheiro está divino.

— Obrigada. — Dou um pequeno sorriso e seco as mãos. — Elena?

— Oi, Laila. — Ela me olha por sobre o ombro.

— Eu vou trocar de roupa e já volto.

— Está bem.

Passo por Harry, sentindo o seu perfume inebriante e subo a escada, entrando no meu quarto. Eu vou de imediato ao closet e procuro por algo que seja bom o suficiente. Quer dizer, Elena está lá em baixo, com uma calça branca, uma camisa estilo cigana azul marinho com estampa de flores rosas e brancas e sandálias brancas.

Eu pego uma saia jeans rosa pastel, de cintura alta e curta, uma camisa de alças finas branca e troco, deixando a calça jeans e camisa no cesto. Penteio os cabelos, prendendo num coque, dou um pouco de cor às maçãs, aplico rímel e ao sair do banheiro, me deparo com Harry.

— O que faz aqui?

— Eu quero me acertar com você.

— Não precisa se dar ao trabalho. — Vou até a penteadeira, onde deixo meu nécessaire e o pente.

— Não estou fazendo isso para ficar bem com meus pais ou qualquer outra pessoa além de você, que é a única que me importa nesse mundo — diz, com sinceridade. E eu prendo a respiração e franzo os lábios. — Olha... me perdoa. Eu te amo demais, Laila. Eu não imaginei que Olivia fosse chegar àquele ponto e prometo que isso não vai se repetir.

Eu sinto meus olhos marejarem.

— Eu também amo você. E não estou nada feliz com essa nossa situação. — Admito, cansada de fingir que não. — Mas eu não quero passar por outra humilhação.

— Eu falei com a Olivia. — Harry se aproxima. — Se isso se repetir, eu não quero nem pensar no que pode acontecer. Mas eu te dou a minha palavra de que não vai.

Eu o abraço e ele enfia o nariz em meus cabelos, me apertando em seus braços. Ele é tudo o que eu tenho, além dos meus pais. Foi a primeira pessoa a se importar comigo aqui. Cuidou muito bem de mim em cada momento da minha vida, então, sinceramente, eu não posso, simplesmente, dar as costas para o que vivemos ao longo desses meses. É minha vez de o apertar e ele se afasta e segura meu rosto em mãos.

— Eu te amo.

— Eu te amo. — Ele sorri e beija a ponta do meu nariz.

A sensação que invade o meu corpo e alma, nesse exato momento, é maravilhosa. E me faz sorrir somente por estar tão bem com Harry. Eu apenas não posso deixar que nós cheguemos onde estávamos quando Olivia entrou na vida dele.

E pensar que eu o motivei a ir falar com ela.

O toque da campainha me faz sorrir de imediato e eu saio do quarto, puxando Harry comigo. Desço a escada e abro a porta, encontrando meus pais e o Benjamin.

— Sejam muito bem-vindos. — Eu sorrio imensamente e gesticulo para que entrem.

***

Oh, mon Dieu! — Elena exclama, após provar o primeiro pedaço do meu bolo. — É por delícias assim que eu nem me importo com dieta.

— Você faz? — Ergo as sobrancelhas e ela ri.

— Não. Eu como de tudo. — Ela corta mais um pedaço e come. — Eu posso repetir?

Mon amour, você nem terminou — diz Benjamin, comendo o seu primeiro pedaço em seguida. — Hm... Agora eu entendo porque já está pedindo.

— Realmente ficou muito bom — diz mamãe. — Divino.

— Vocês estão me deixando sem graça. — Eu sinto minhas maçãs pinicarem, esquentando num claro sinal de rubor.

— Mas fica tão linda com o rosto corado. — Papai faz um carinho no meu queixo e eu sinto uma imensa vontade de me esconder debaixo da mesa.

A entrada foi bolinho de batata assado, que ficou delicioso, modéstia à parte. Bem como o arroz de forno carbonara. Felizmente correu tudo bem e agora estamos desfrutando a sobremesa. É maravilhoso receber tantos elogios e eu acredito que devo voltar a preparar as minhas próprias refeições, pois eu aposto que Olivia e Harry não vão demorar a morar juntos e eu não vou ter estômago para ir ao apartamento dele tomar café da manhã ou a recepcionar aqui.

— Você está bem, querida? — Mamãe me desperta e eu a olho.

— Foi somente uma vontade de me esconder debaixo da mesa diante de tantos elogios.

Felizmente isso arranca uma risada de todos na mesa e eu consigo rir um pouco. Termino de comer a minha fatia e Elena e Ben realmente repetem, me deixando orgulhosa de mim.

Ao fim da refeição, eu retiro a mesa e coloco a louça na lavadora. Vamos até a sala de estar e nos acomodamos.

— Laila contou a vocês sobre o convite que eu lhe fiz? — Elena questionar.

— Sim e ficamos realmente muito felizes com isso. Eu agradeço — diz mamãe, toda feliz. — E quando partem?

— Eu quero me organizar um pouco antes de ir — digo.

— Ir para onde? — Harry franze o cenho.

— França. — É Elena quem responde. — Eu quero a levar a Paris, Champagne, Bordeaux e Normandie e lhe apresentar o meu mundo dos negócios. Ben vai estar voltando aos Estados Unidos segunda-feira e eu estarei indo para casa. Uma delas, quer dizer.

— E você vai? — Ele me olha e eu concordo. — Quando ia me contar?

Eu franzo o cenho.

— O convite foi feito ontem — diz Elena. — Acho que ainda não estavam bem e você conhece a Laila. Ela estava preocupada com o almoço...

Eu concordo outra vez.

— Exatamente. Eu só queria que tudo corresse bem e estou feliz com o resultado. — Sorrio.

— Eu vou cuidar de absolutamente tudo para que viaje em segurança — diz papai e eu o olho.

— Eu agradeço.

— Vai ficar quanto tempo por lá? — Harry volta a questionar.

— Ainda não decidimos isso. — A loira sorri. — Mas será, no mínimo, duas semanas.

Eu sorrio novamente. Só de pensar na possibilidade de conhecer a França, meu coração se infla de felicidade.

— Eu posso ir depois? Tipo, na terça-feira? — Indago. — Porque eu preciso organizar umas coisas na empresa.

— Claro que sim. Eu posso atrasar a minha partida por você.

— Oh, não precisa. Você pode ir e depois vai me buscar.

— Não vai ter problema, Laila. Eu juro.

— Sendo assim, eu agradeço.

Passamos mais um tempo conversando e eu fico sabendo que Elena herdou uma destilaria do seu avô materno e que Benjamin vai aos Estados Unidos tentar contratar um tal de Hugo Castanheira para trabalhar na empresa dele.

— Eu não queria assumir a presidência, mas depois de ver Elena comandando tantas coisas impecavelmente, eu cedi.

— E você nem é filho único — digo, ao lembrar que Harry abriu mão da sua paixão por ser.

— Pois é, mas sou o mais velho e tive que fazer. — Ele dá de ombros. — Além de que Michele jamais ia abrir mão de trabalhar com Elena para isso.

— A Michele é maravilhosa — diz Elena.

Os pais do Benjamin, Christa e Thomas, tiveram quatro filhos ao todo e ao que parece, eles se dão muito bem. Ao contrário de mim e dos meus irmãos. O que é triste, já que eu me considero uma pessoa carente de afeto familiar. Sem dúvidas é por isso que eu sou tão apegada aos Carter.

São duas da tarde quando meus pais, Elena e Benjamin saem do meu apartamento. Eu decido preparar algo para o lanche, quando Harry me faz sentar no sofá e se encarrega por conta própria. Eu ligo o meu MacBook e coloco na Netflix, porém, diferente do dia em que Olivia nos flagrou, eu vou manter uma distância do Harry somente para não ter que passar por outra daquela.

Harry se senta ao meu lado, com uma tigela de pipoca no colo e eu a coloco entre nós dois e vou dar play na série.

— O que você tem? — Ele questiona e eu balanço a cabeça em negativa.

— Só quero terminar a série. — Pego um bocado da pipoca com a mão e coloco, pouco a pouco, na boca, com os olhos na tela.

***

Eu pego um cropped cinza mescla, de alças finas, um short branco, justo, curto e de cintura alta e visto. Calço sandálias rasteiras, pego uma camisa de botão e mangas compridas em denim e visto. Dou um pouco de cor às maçãs, faço um delineado e aplico rímel e batom rosa claro. Harry só saiu daqui quando eu aceitei o seu convite para jantar lá. E eu juro que recusei diversas vezes, mas como eu queria mostrar que estamos bem, eu cedi. O que resultou num atraso do preparo de tal refeição, eu aposto.

Pego meu smartphone e enfio no bolso traseiro. Solto os cabelos, que passaram o dia todo num coque, obtendo lindas ondas. São oito da noite quando eu saio do quarto e desço a escada. Falei com mamãe e papai, que me convidaram para jantar lá também, e eu tive que recusar. Abro a porta, pego as chaves e saio, trancando. Vou até a porta do Harry, cuja ele disse que ficaria aberta e entro.

Estranho o silêncio, mas decido ir ao seu quarto. Caminho calmamente, a fim de ouvir algum ruído que entregue sua localização quando ouço um gemido. Eu paro de maneira brusca e diante da porta.

— Ah, Harry — diz Olivia, com um tom de voz sedutor e eu arregalo os meus olhos. — Isso, querido. — E ela geme outra vez.

Eu viro rapidamente e me apresso em direção à porta, mas não sem antes bater o joelho na mesinha de centro. Abro a porta, saio e corro ao meu apartamento e escada acima. Eu entro no meu quarto, bato a porta e vou ao closet. Pego uma bolsa esportiva, enfio um short jeans preto, uma camisa cinza grafite e dois conjuntos de lingerie, junto com uma calça jeans azul e um body branco e sandálias de salto. Pego meu nécessaire a carteira, enfio na bolsa e saio do quarto e apartamento em seguida.

Assim que eu entro pela porta da escada de incêndio, ouço a do apartamento do Harry bater.

— Harry, eu estou falando sério — diz Olivia.

Apresso-me a descer a escada e saio do prédio, gesticulando para o primeiro táxi que eu vejo se aproximar. Entro, sem saber para onde exatamente ir. Meu smartphone toca e eu o pego do bolso, aliviada ao ver o nome do Damon.

— Oi. — Atendo num só fôlego.

Onde está?

— No táxi

Vindo para cá, eu espero.

— E por que eu iria? — Franzo o cenho.

Disse que vinha conhecer meu filhote e nem veio.

— Chego aí em instantes.

Tem meu endereço?

— Sim.

Não demore.

— Pode deixar.

Encerro a chamada e dou o endereço do prédio do Damon. Assim que eu saio, meu smartphone toca outra vez, e dessa, é o nome do Harry, junto com nossa foto, que ocupa toda a tela. Inspiro fundo e decido atender.

— Oi.

Onde você está?

— Tive uma emergência. — Engulo em seco.

Como assim?

— Damon me ligou, pedindo que eu fosse o encontrar.

Combinamos de jantar, Laila.

— Pois é, mas Damon me chamou para ver o filhote dele e eu não resisti. Ele vai voltar a Denver em breve e eu vou viajar semana que vem... — Dou de ombros, sem me importar de mentir.

Você não vem?

— Não. Desculpa. Vejo você depois. — Encerro a chamada. — Ou não.

Solto uma lufada, entro no prédio e depois de apresentar o documento com foto, entro. Chamo o elevador e espero pela abertura das portas. Entro, aperto o botão para a cobertura e lá, Damon me recepciona.

Ele usa uma camisa preta de mangas compridas que estão arregaçadas até os cotovelos.

— Você está bem? — Ele franze o cenho e eu concordo. — Entra.

Eu faço e vejo Bob ao seu lado.

— Que gracinha. — Deixo a bolsa no chão e me sento ao lado, já recebendo uma boa lambida no queixo. — Oi, Bob. Eu já te amo.

— E essa bolsa? — Damon se afasta.

— Não vou dormir aqui, não se preocupa.

— E onde vai fazer?

— Eu ainda não sei. — Eu rio quando Bob lambe minha bochecha.

— O que aconteceu?

Eu faço carinho no filhote de Golden Retriever com coleira preta e olho para Damon.

— Quase flagrei Harry e Olivia transando.

— Porra. E aí?

— Saí correndo. Ele me convidou para jantar e eu fui lá. — Faço uma massagem no machucado do joelho e Damon olha.

— Isso vai ficar roxo. Melhor eu pegar uma bolsa de gelo. — Ele levanta e sai da sala, me deixando sozinha com meus pensamentos e o seu filhote.


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Notas finais do capítulo

Vejo vocês assim que der.



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