Oposto Complementar escrita por Tai Barreto


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Olar, amores. Voltei. E estou bem feliz com isso.
Finalmente estou conseguindo adiantar alguns capítulos da história, tenho muita coisa em mente, como já sabem, então, acreditem, se tratará de uma long.
Depois desse capítulo, vamos para maio. Eu sei que ainda estamos em março, mas as coisas precisam acelerar, do contrário, não sai.
As leitoras de Amor Ardente, perdão por não ter aparecido semana passada. Falta conteúdo para fazer a imagem da capa. Eu não estou contente com isso, por isso estou adiantando capítulos ao mesmo tempo em que faço essa.
Fico com duas janelas abertas, de ambas, digitando um pouco em uma, um bocado em outra e assim vamos vivendo. Quando eu não estou com quatro janelas, das outras duas histórias que mencionei no capítulo anterior.

Sem mais, boa leitura.



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Eu sinto um gosto terrível na boca e sei que se trata do fato de eu ter dormido sem escovar os dentes. Pudera. Eu sequer sei como cheguei aqui. Abro um olho lentamente, temendo pelo clarão repentino, entretanto, para a minha felicidade, o quarto está escuro. Bocejo e me espreguiço, ainda sonolenta, sem saber que horas são. Tateio sobre a mesinha de cabeceira, sentindo a bolsa que usei ontem à noite. Pego-a, retirando o smartphone de dentro e desbloqueio a tela, e o clarão me mata. Solto um grunhido e resisto à vontade de jogar o aparelho no chão. Até porque foi um presente dos meus pais. Espero mais um pouco e encontro a foto que tirei com o pessoal antes de me perder no álcool. E como é que eu não estou de ressaca?

Sento-me lentamente, a fim de evitar uma vertigem e olho as horas. Nove da manhã. Eu decido abrir a galeria de imagens e me surpreendo com a quantidade de fotos que tirei. Apago as turvas e opto por ver o que tem no meu Instagram. Eu seleciono o meu perfil e vejo algumas fotos lindas, com dezenas de curtidas. Como prova, o coraçãozinho da barra inferior está com uma bolinha, indicando algo. Eu vou para a opção “fotos com você” e percebo que tem foto com os três poderosos. A primeira é com Damon, que em doze horas, tem centenas de curtidas. A com Holly, nem se fala. Fred então. Meu Deus!

Abro o coração e percebo que ganhei alguns seguidores. Como se não bastasse os que ganhei com Harry. Eu ergo as sobrancelhas, surpresa com a quantidade de pessoas que curtiu minhas fotos. Jamais imaginei que isso fosse acontecer.

Eu saio da cama, deixo o smartphone sobre, calço minhas pantufas e vou ao banheiro. Felizmente estou sem a maquiagem, mas será que foi Harry quem tirou? Por pensar nele, onde está? Prendo os cabelos num rabo de cavalo e lavo o meu rosto. Eu saio do quarto e desço a escada no exato momento em que Letícia abre a porta para uma tela.

— Oh, meu Deus! — Corro até lá. — Que maravilha! Essa sou eu?

— Sim — diz Harry, saindo detrás.

A tela é grande, da altura dele, que tem quase um metro e oitenta.

— Oh, meu Deus! Harry!

Ele entra, apoiando a tela na parede e eu me jogo em seus braços.

— Eu acho que perdi as minhas chaves daqui, por isso demorei.

— Suas chaves estão aqui — diz Letícia.

Eu me afasto a tempo de a ver pegar o molho com meu chaveirinho da sorte: um laço vermelho de aço.

— Por que estão aqui? — Eu questiono.

— Porque Damon achou melhor assim. — Ela arremessa para ele.

— E por que Damon achou? — Cruzo os braços.

— Eu não sei. Por que não pergunta a ele?

Eu tento não me estressar e volto a atenção para a tela. Não tenho palavras para descrever tamanha beleza, não por se tratar de uma representação minha, e sim por ser um trabalho tão lindo. Possui apenas três cores: preto, cinza e vermelho. Os traços que formam o meu rosto, cabelos, nariz e olhos são nos tons neutros, enquanto o vermelho está em meus lábios. A representação está olhando por sobre o ombro, meio de lado. Sensacional.

— Seu presente de aniversário.

— Ah, Harry, você já me deu o da Tiffany.

— Mas eu tinha começado um pouco depois que nos aproximamos. Queria algo mais exclusivo. — Ele afaga o meu rosto e eu sorrio.

— Muito obrigada. É perfeito.

— Como você.

— Ah, claro. — Ironizo e olho ao redor, sem saber onde vou colocar. Mordo o lábio inferior e tento achar a parede ideal.

— Que tal colocar ali, na parede ao lado da escada? — Ele indica.

— Não vejo lugar melhor para expor. Quero que todo mundo que chegue aqui, veja.

— Como as paredes são de concreto, eu vou pegar a furadeira.

— Vai.

Assim que Harry sai, o telefone toca. Letícia está deitada no sofá, com o smartphone em mãos, distraída e eu vou atender.

— Alô?

Filha? — Questiona Eleanor.

— Oi, mãe.

Estou ligando para convidar você e seus irmãos para almoçarem conosco.

— Ah, eu vou adorar. Verei se os demais querem ir.

Certo. Ligue-me em meia hora para me dar a resposta, está bem?

— Pode deixar. Beijos.

Beijos.

Encerro a chamada e coloco o telefone na base. Harry volta com uma maleta.

— Mamãe nos convidou para irmos almoçar lá — digo.

— Por mim, tudo bem. — Ele pega uma cadeira da mesa.

— E você, Leti? — Olho-a.

— Também. Eu vou ver algo para vestir em instantes.

— Já tomaram café da manhã? — Harry me olha, enquanto coloca a broca na furadeira.

— Não. Eu fiquei na cama, vendo o meu Instagram. Vocês acreditam que duplicou a quantidade de seguidores?

— Como? — Letícia se senta. — O que você fez?

— Nada além de postar fotos com o pessoal ontem à noite.

— Eu vou fazer o furo — diz Harry.

— E eu, pegar meu smartphone. — Corro escada acima e pego o aparelho, ouvindo o barulho infernal da furadeira. Felizmente não demora a parar. — Eu fiquei pasma com a quantidade de curtidas nas fotos. — Abro o Instagram outra vez e decido stalkear o perfil do Damon. Abro o meu e vou na opção “fotos com você” outra vez. Clico na que estou com ele e vejo seu texto: “A melhor pisciana que eu já conheci na vida. Bem típica. Pois é. Fui contagiado por essa coisa de astrologia e devo admitir que é divertido. Eu a conheci do melhor jeito que uma pisciana poderia fazer: esbarando em mim #BdayLaila #Pisces”. — Ai, gente. Olha só que lindo. — Mostro a minha irmã e ela lê em voz alta. — Não é um fofo?

— Ele é um gato. — Letícia se abana.

— Que ama a namorada — diz Harry.

Eu vejo rapidamente todas as fotos e o encontro ao lado de algumas mulheres lindíssimas.

— Qual é o nome da namorada dele? — Questiono.

— Parece que ela terminou com ele e ele não me disse o nome.

Saio abrindo cada uma delas. Tem uma foto com uma mulher loira, lindíssima e de olhos azuis como os dele. A diferença de tamanho é grande. Vejo que tem mais com ela e o seu nome é Katherine Lundgren.

— Será que é essa? — Mostro a minha irmã.

— Não, sua tapada. Não está vendo o sobrenome? Deve ser a irmã. Lê a legenda.

— “Inauguração do The Rabbit Hole. Minha irmã, meu orgulho”. Ai, gente, que lindos. Nenhum irmão meu fez uma declaração dessas para mim.

— Eu posso não ser seu irmão, mas já fiz declarações para você. — Harry tenta alinhar o quadro e desce da cadeira, a fim de analisar.

— Por isso eu te amo. — Deslizo mais um pouco e o vejo com uma pequena loirinha. Seleciono a imagem. — “A filha que a vida não deu, mas que o coração fez questão de receber. Summer Eisinger, a sobrinha mais filha que alguém pode ter. Minha vida, meu tudo, minha bonequinha”. — Mostro a Leti outra vez. — Não é a menina mais linda?

— É uma graça. Eu quero para mim.

— Filha da irmã dele. Deve parecer com o pai, já que não vi semelhança com a mãe. — Volto a procurar mais imagens e vejo das duas loiras com uma morena. — “As mulheres da minha vida”. — Vejo a marcação com o nome de Emily Johnson e vou para o perfil dela. Aparentemente, tem tanto tempo quanto ele que ela não posta nada. Se bem que ele veio postar ontem à noite por causa da minha comemoração. Vejo fotos de ambos, com as mais lindas declarações e as tags de #OpostoComplementar. — Emily Johnson. — Mostro a Letícia. — É a ex dele.

— Que. Linda. Porra.

— Não é?

— Deixa eu ver. — Harry para ao meu lado, apoiando nas costas do sofá. — Eu a vi no dia do aniversário da empresa dele. Babei descaradamente por ela pela tela da televisão.

— Eu estou babando aqui. — Continuo a stalkear. — O casal mais lindo que já vi.

— Depois de nós dois. — Harry beija a minha testa. — Vou preparar algo para comermos. Estou quase tremendo de fome. — E se afasta.

— Querido, eu acho que minha irmã se referia ao casal de namorado, não de amigos. Apesar de eles não estarem mais juntos — diz Letícia.

— Ai, gente, eu queria ser daquelas bem confiantes para puxar conversa com ela. Que mulher linda. Não estou conformada com o fim. O que será que aconteceu? — Recosto-me contra o braço do sofá, voltando ao perfil dele.

— Será que ele a traiu?

— Acho impossível. Ele é completamente apaixonado por ela.

— Ontem à noite, ele disse que ainda a ama — diz Harry. — Foi ela quem terminou, mas eu desconheço o motivo.

— Ai, sei lá. Ele é o quê? — Letícia estica as pernas ao meu lado.

— Escorpiano — digo, ao ver que ele é do dia dez de novembro. — Essa turma odeia traição. Abomina mesmo.

— Alguma coisa ele fez.

— Sabe aquele casal que deve ter um filho, porque você sabe que a criança vai ser lindíssima? Eu agora me peguei imaginando isso. Uma menina como a Summer. Já pensou? — Olho da Leti para o Harry.

— Foi o que aconteceu com meus pais. Eles acharam que o filho ia ser lindo, daí eu nasci. — Letícia e eu o olhamos, enquanto ele parece distraído com algo. — Eu estive me questionando, o que aconteceu ontem à noite?

— Não vamos falar sobre isso. — Letícia sai do sofá. — Eu vou procurar algo para o almoço. — E sobe a escada.

— O que você fez? — Eu levanto e vou até o moreno. — Tentou beijar a minha irmã?

— Não! Credo! Quer dizer, não que ela seja feia, não é. Letícia é linda, entretanto, o jeito dela não me agrada. Principalmente quando ela vem destilar veneno sobre você ou eu ou os dois ao mesmo tempo.

Eu semicerro os olhos e decido voltar à minha tarefa inicial. Stalkear.

***

Eu ergo as sobrancelhas ao ver tantas pessoas dentro da mansão Carter. Engulo o meu nervosismo em seco e aperto levemente a mão do Harry ao sentir a minha palma começar a suar. De repente ficou tão quente. Eu não imaginei que fosse ter alguém além do casal anfitrião, seu filho, eu e minha irmã. Então estar diante de, provavelmente, mais de doze pessoas está me deixando insegura. Ainda mais se forem parentes do Harry. Eu inspiro fundo e ordeno às minhas pernas que se movam. Felizmente eu não vim muito à vontade, então estou com uma calça jeans preta e justa, uma camisa jeans de botão com as mangas presas em três quartos e oxford prateado. A minha bolsa baú é azul marinho, de alça tiracolo. Eu dei um jeito nos cabelos, arrasando no babyliss e fiz uma maquiagem para passar a impressão de que estou saudável.

— Finalmente chegaram — diz Eleanor, se aproximando e me abraçando de imediato. — Você está maravilhosa.

— Não mais que você. — Afago suas costas e ela vai falar com minha irmã.

— Letícia. Essa genética de vocês é sensacional.

Eleanor usa uma calça jeans, camisa de mangas três quartos e decote em V com botões, rosa pastel e scarpins de mesma cor. Os cabelos estão soltos e ela não usa maquiagem. Como se precisasse. Ela cumprimenta o filho, enquanto o marido vem até nós. George nos cumprimenta. Em uma das poucas ocasiões, ele está sem blazer e totalmente à vontade.

Não demoramos a sermos apresentados aos parentes ali presentes e como chegamos com uma hora de antecedência, isso nos permite conversar um pouco.

— São namorados há quanto tempo? — Questiona um dos primos do Harry.

— Não somos namorados — diz ele.

— Somos apenas amigos. — Completo.

— Que bom saber. — O moreno dá um meio sorriso.

Eu vejo uma garotinha sentada no pé da escada. Talvez ela tenha cinco anos, no máximo. Harry e os parentes se distraem e eu vou até ela.

— Oi — murmuro. — Posso sentar aqui? — Ela simplesmente concorda e eu faço ao seu lado. — Qual é o seu nome? — A morena nega e eu mordo o lábio inferior. — Não quer conversar comigo? — Ela concorda. — Certo. Então, vamos brincar assim. Eu vou dizer as letras do alfabeto e a que iniciar o seu nome, você ergue as mãos como se estivesse descendo na montanha russa. Combinado? — Mais uma concordância. — Certo. A. — Ela ergue as mãos de imediato. — Hm... Amora? — Ela balança a cabeça em negativa, agitando os cabelos. — Alice. — Outra negação. — Amanda? — E mais uma. — Amber? — Eu já perdi as contas. — Certo. Acho melhor retomarmos à brincadeira. — Dessa vez, a menina ri. — A? B? C? D? E? F? G? H? I? J? K? L? — Ela ergue. — Al e não é Alice... Tem E depois do L? — Ela concorda. — Alex... — Ela ergue as sobrancelhas. — Estou perto, não é? — Mais uma concordância. — Vamos retomar. Depois do X, vem que letra? — E eu retorno ao alfabeto, encontrando o I e o S por fim. — Alexis! — Exclamo e ela ri outra vez. — Ufa. Pensei que fosse passar o dia todo aqui. Oi, Alexis. Eu sou a Laila. É um prazer te conhecer. — Ela concorda. — Você não tem língua? No meu país, costumam dizer que, as pessoas que não conversam, tiveram suas línguas comidas pelo gato. Um gato comeu a sua? — Alexis mostra a dela e eu rio. — Ufa. Ainda bem que não. Sabe, eu sou brasileira. É um país lindo, apesar da atual situação, mas não se preocupe, não vamos falar de política. Esteve em algum país lindo?

— França — diz, baixinho e eu controlo a vontade de a envolver num abraço apertado somente por ouvir a sua voz.

— Ai, que inveja de você. Nunca estive lá. — Faço beicinho e Alexis segura em meu antebraço, reconfortando-me. — Obrigada.

— Tudo bem. — Seu pequeno sorriso ilumina seu rostinho e eu beijo sua cabeça.

Alexis me conta um pouco sobre a França, o quanto acha Paris linda, com sua torre, e se desata a tagarelar. O silêncio ensurdecedor me faz olhar ao redor e eu encontro a mulher ao lado da Eleanor com o rosto lavado em lágrimas.

— Algum problema? — Questiono, assustada e Harry sorri e nega.

— Não, meu doce. Nenhum. Na verdade, sucesso.

Eu levanto, sem entender e pego Alexis nos braços. Ofereço-a a quem eu acho ser sua mãe, que a pega nos braços e enche seu rosto de beijinho, ao ponto de fazer a menina rir. A mais velha funga e eu sento ao lado do Harry, perdida.

— O que eu fiz? — Murmuro.

— A Alexis falar depois de dois anos.

Eu ergo as sobrancelhas e olho para a sua mãe e Ellie abraçada às duas.

— Muito obrigada, Laila. Você é um anjo.

— Oh, não. — Nego. — Foi ótimo conversar com ela.

— Você não sabe o quanto isso significa para mim.

Dou um sorriso sem graça.

— Não precisa agradecer. — Minhas maçãs pinicam, esquentando num claro sinal de rubor. — De verdade. Não precisa.

— Mamãe, eu me diverti com a Laila — diz Alexis e eu sinto meus olhos marejarem.

Harry me puxa para um abraço lateral, colocando uma mão no meu ombro. Ele beija a minha têmpora e cola a testa contra. Eu entrelaço os nossos dedos e me sinto reconfortada.


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Notas finais do capítulo

O que será que aconteceu na madrugada com esses dois, que não lembram de absolutamente nada? Por que será que Letícia não quis falar sobre?
E antes que pensem que Laila é milagreira, a Alexis havia se calado depois da morte do pai, mas Laila foi tão doce e divertida com ela, que a menina não resistiu.
Beijos e até dia 15.



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