Oposto Complementar escrita por Tai Barreto


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Olar, amores. Dei uma sumidinha, não foi?
Pois é. Tive bloqueio criativo para esse capítulo. Fiquei indignada comigo e acabei dando um tempo para não soltar qualquer coisa por aqui e comprometer o enredo.
Está chegando o aniversário da Laila. Esse dia promete.
Mas acalmem seus corações. Vai demorar para esses dois se envolverem, porque eles ainda não perceberam o que já está óbvio para vocês.

Sem mais, boa leitura.



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Mordo o lábio inferior, enquanto analiso a lista de compras. Assim que eu sair do trabalho, irei ao mercado providenciar os itens aqui escritos. Eu apenas não sei se vou com minha irmã ou com meu vizinho. Eu sei que Harry não está muito confortável com a ideia de eu fazer essa reunião, porém, eu estou decidida a fazer. Ele não para de falar na possibilidade de o Timothy dar em cima de mim. Segundo ele, eu posso ser uma presa fácil para o outro e eu não consigo entender esse exagero. Eu sei que posso parecer ingênua, mas já vou fazer 19 anos. Posso muito bem cuidar de mim mesma.

Levanto da mesinha de estudos, dobro a lista e deixo sobre, indo ao closet. Depois de ter visto a Holly tão linda num terninho, eu decido arriscar num preto, mas com uma camisa interna de botão e preta e branca. Deixo dois botões além do colarinho abertos, calço scarpins brancos e calço scarpins brancos. Faço uma maquiagem discreta, dando somente um pouco de cor às maçãs e deixo os cabelos soltos, somente por conta do frio e eu não querer colocar uma touca.

Graças ao fato de eu tê-los lavado há poucos minutos, eu precisei secar e fazer algumas ondas com babyliss, então o resultado está lindo. Amasso um pouco os fios, arrumo uma bolsa preta e branca, pego um par de luvas pretas, cachecol de mesma cor, a lista, guardo na carteira, largo na bolsa e saio do quarto a tempo de ver Harry entrar na sala.

— Está pronta? — questiona, usando um pea coat. Acho tão lindo quando ele abotoa até o pescoço. — Você está maravilhosa. — Ele sorri.

— Falta apenas me agasalhar. Obrigada. — Termino de descer a escada e ele segura em minha mão.

— Lalinha, você vai com quem ao mercado? — Letícia questiona, sentada no sofá.

— Você — diz Harry, por mim. — Eu vou ter reunião.

— Eu não vou precisar ficar? — Franzo o cenho.

— Não.

— Certo. — Vou até a porta e me agasalho com um trench coat, par de luvas de couro e cachecol. — Eu te ligo, Leti.

— Certo.

Saímos e eu vou chamar o elevador, enquanto Harry fecha e tranca a porta. As do elevador se abrem e nós entramos. No terceiro andar, um homem se junta a nós e seguimos em silêncio até a garagem. Saímos e vamos até o SUV. Eu ocupo o banco do carona e logo estamos indo até a empresa.

— Por que não me falou dessa reunião antes? — Eu o olho.

— Porque eu havia esquecido completamente. Amelia quem me ligou um pouco antes de eu sair. Tem certeza de que quer dar essa reunião?

— Se é coisa do prédio, eu farei.

— Não é obrigada.

— Eu sei, mas eu quero conhecer o pessoal. Não sei os nomes dos demais vizinhos.

— Eu sou o único vizinho que te importa.

— Não seja egoísta. Não vai me dizer que isso tudo é por causa do Timmy. — Eu o olho.

— Claro que não. — Seu tom de voz irritado me irrita.

Opto pelo silêncio, ciente de que é a melhor decisão que já tomei na minha vida. Claro que é por causa do Timmy. No estacionamento da empresa, eu salto do carro antes que ele abra a porta para mim e sigo em direção às portas do elevador.

— Bom dia, Don. — Sorrio para o homem e aperto o botão.

— Bom dia, Laila. — Ele sorri para mim.

Harry me alcança e nós entramos na cabine.

***

— Que carinha triste é essa? — Eleanor questiona, entrando no escritório do Harry e eu vou até ela e a abraço. — Foi o Harry?

O perfume dela é divino. Algo floral, suave e me passa uma sensação de calmaria que eu jamais experimentei na vida. Apesar de não ter tanto tempo que eu estou nesse mundo. Eleanor afaga meus cabelos e beija a minha cabeça. Eu não preciso de muito para que ela saiba que tem algo de errado e isso é bom e ruim. Bom porque ela é maravilhosa demais e ruim porque me faz pensar em o quanto eu estou perdendo com minha mãe por ela não ter feito um terço por mim.

E antes que eu abra a boca para responder às suas perguntas, a porta é aberta e eu não preciso sequer olhar para saber de quem se trata. Harry parece emanar uma áurea de poder e frieza que tem uma mistura perfeita, quando sai da sala de reunião. Foi lá onde ele esteve durante a manhã inteira e não me parece nada feliz com isso.

— Mãe.

— Oi, querido. — Ela solta uma mão de mim e eu permaneço com o rosto escondido.

— Conseguiu desvendar o que tem de errado com ela? Laila está calada desde o instante em que entrou no carro.

— Não fale por mim. — Resmungo e o olho. — Não sabe o motivo, então fique calado.

— Eu sei o motivo — diz, firme. — Você está chateada comigo por eu não querer que dê a reunião.

— E por que você não quer? — Eu me afasto da Ellie e cruzo os braços.

— Porque eu conheço meus vizinhos e sei quem vai dar em cima de você.

— Eu posso me defender muito bem. — Empino o nariz e viro o rosto.

— Não seja teimosa.

— O apartamento é meu. Eu faço o que eu bem entender ali. Não é você quem paga as minhas contas, então não enfie seu nariz onde não foi chamado.

— Faça o que quiser. — Ele larga a pasta parda sobre a mesa.

— Eu faço mesmo. — Provoco.

Harry cerra a mandíbula.

— Laila...

— Eu não me importo que me chame pelo nome. Foi para isso que mamãe me deu. — Ergo a guarda e aprumo a postura. — Eu vou comprar um chocolate.

— Veja se não se perde em devaneios outra vez.

— Eu não me perdi, querido. Muito pelo contrário. Encontrei pessoas maravilhosas, que não são tão frias quanto o senhor, Rei Gelado.

— Eu não sou frio. — Ele baixa a guarda. — E está na hora do almoço. Você não vai comprar chocolate algum.

— Você não manda em mim.

— Mamãe. — Harry a olha. — O que veio fazer aqui?

— Levá-los para o almoço, mas depois dessa discussão, vou levar para uma terapia de casal. Harry, deixe dos seus ciúmes com a Laila. Ela é uma moça solteira e se quiser fazer uma casa noturna no apartamento dela, você não tem nada a ver com isso. — Ela o repreende e eu lhe mostro a língua. — Lalinha, querida, essa de Rei Gelado foi ótima. — Ellie ri e eu a acompanho.

— Era o apelido do Damon Lundgren.

— Você o conheceu?

— Sim. Ele é adorável. Bem como a Holly e o Fred.

— Os três ao mesmo tempo?

— Como dizem no Brasil, dois coelhos com uma cajadada só. Nesse caso, foram três. — Dou de ombros. — Vamos almoçar?

— Você vai, filho?

— Sim.

Agasalhamo-nos e saímos os três do escritório.

— Oi, meu amor. — George vem até a esposa e lhe dá um beijinho.

— Teimosa — Harry murmura.

— Frio. — Devolvo.

— Eu não sou frio.

— É calculista. — Cruzo os braços outra vez.

— Sonhadora.

— Grosso. E eu não tenho vergonha de ser sonhadora, se quer saber.

— Harry, pare de implicar com sua irmã — diz George.

— Ela não é minha irmã. — Ele fecha a cara e eu lhe mostro a língua.

— Parecem duas crianças — diz Ellie.

— Velho ranzinza. — Provoco.

— Mãe. — Harry a olha e seus pais riem.

— Parem os dois. — Ela nos repreende. — Por Deus! Como pode dizer que vocês não são irmãos? Comportam-se como tais.

— Perdi a fome. — O velho ranzinza resmunga.

— Vamos, Rei Gelado.

— Mãe, você não reclama com ela? — Ele a olha.

— Lalinha, querida, pare de provocar o seu irmão.

— Para com isso, mãe! — Harry se altera. — Caramba.

Ele se afasta e nós vamos logo atrás. Quando as portas se abrem, eu vou primeiro e ele vem em seguida, me empurrando. Eu empurro de volta e ele repete. Eu acerto uma tapa em seu braço e ele me faz cócegas.

— Harry! — Eu rio.

— Parou. — Ele ergue o dedo e eu, as mãos.

— O que está havendo com vocês dois? — George nos olha e eu prendo os lábios, sem graça.

— Laila vai fazer a reunião de prédio no apartamento dela e Harry está com ciúmes dos vizinhos. — Ellie resume.

— Ciúmes da sua irmã, Harry?

— Pai, ela não é minha irmã.

— Sabe que somos os responsáveis pela Laila.

— Ela é maior de idade.

Até parece que estamos num lugar particular e não na cabine de elevador, com funcionários ouvindo nossa conversa.

— Seja mais maduro.

Harry fecha a cara e cruza os braços, fazendo exatamente o contrário do que o seu pai pediu. Eu o abraço, mas ele não cede, até que as portas se abrem no térreo e eu saio de costas, ainda abraçada com ele.

— Desculpa — ele murmura para mim e eu me coloco na ponta dos pés e beijo seu nariz.

— Eu te amo.

— Eu te amo. — Harry me abraça de volta.

— Você é um péssimo irmão mais velho.

Ele me empurra e eu rio, indo abraçar a Ellie, enquanto saímos do hall.

— ...é com eles, querido. — Ouço-a falar. — Não vamos nos meter, está bem? Mais cedo ou mais tarde, eles perceberão que foram feitos um para o outro. Porque você sabe a quantidade de mulheres com as quais ele se envolveu e não obteve resultado algum. Eu tento aceitá-las por ele, mas quando não dá, não dá.

Eu não tenho ideia de sobre o que eles estão falando. E eu também não quero saber. Foco minha atenção na caminhada, até que eu lembro de analisar o que Ellie está usando. Infelizmente o trench coat está escondendo.

— Mãe, você vai para a festa de cinco anos da Ellementary? — Harry aparece do meu lado e segura em minha mão.

— Não, querido.

— Mas a Elena insistiu tanto.

— Eu sei, mas eu não posso deixar a redação daqui. Eu ia adorar, mas prefiro manter as coisas em perfeito estado. Elena comprou uma das maiores vinícolas do Bordeaux e é mais uma coisa para ela administrar dos Estados Unidos. Não quero falhar com ela.

Entramos no restaurante, retiramos nossos agasalhos e logo somos guiados até a nossa mesa.

— Vocês estão falando da Elena Champoudry? — Eu sento assim que Harry puxa a cadeira para mim.

— Ela mesma. Você a conhece? — Ellie me olha.

— Pessoalmente, não. Eu a vi pelo Rio, quando foi lá entrevistar uma modelo. Lindíssima.

— E uma pessoa adorável. Quando a conhecer pessoalmente, vai querer colocá-la no bolso.

Eu rio.

***

Eu não me considero uma stalker. Nem chego perto de ser. O problema é que, quando eu estou usando o Google, normalmente eu me pego com centenas de guias abertas, além de algumas janelas. Algumas contém coisas que eu nem lembrava que estava pesquisando e outras, links com promessas de crescer órgãos genitais masculinos sete centímetros ou para resolver ejaculação precoce. E nesse exato momento, eu começo a fechar todas essas, quando eu vejo uma sobre Elena Champoudry. Então eu lembro que estava pesquisando sobre ela.

Letícia está ao meu lado, com a lista de compras em mãos, pegando o que está ali e falando sobre qualquer coisa que não me interessa. E quando eu a olho, encontro-a acenando para um homem. Reviro os olhos e volto a fitar a tela do meu smartphone, a fim de recolher alguma informação útil.

Elena se tornou órfã de mãe aos dez anos. De pai, aos vinte. E perdeu o noivo há seis meses do seu casamento. Se tem alguém mais azarada que ela, eu desconheço. Eu posso não ter tanta sorte, mas eu tenho pais. Que não ligam para você! Certo. Eu não sei se isso me coloca numa situação melhor que a dela.

Abro uma nova guia, onde eu digito o nome dela e clico na opção de imagens. Suspiro. Que mulher linda. Encontro muitas fotos somente dela. Seleciono uma em que ela usa um vestido lindíssimo, azul marinho, e fico boquiaberta. Como ela pode ser tão linda assim? Volto e encontro uma dela com um homem.

— Por que eu não tenho essa sorte? — Coloco o smartphone diante dos olhos da minha irmã e ela pisca e foca na tela.

— Quem são?

— Elena Champoudry e Benjamin Campbell.

— Que diferença na minha vida. — Ela afasta o aparelho.

— Ela é dona da Vins Champoudry, Ellementary e Think up.

— Eita. — Letícia puxa minha mão outra vez e volta a fitar a tela. — Que gato! Por que um homem desses não dá mole para mim? — E com o polegar e o indicador, ela dá zoom na imagem. — Cacete.

— Lindo, não é?

— Demais. Ei, precisamos ter uma conversa de mulheres. — Ela me olha nos olhos e eu franzo o cenho.

— De que nível?

— O mais baixo possível, então, vamos logo pagar.

— Eu não quero ter essa conversa com você. Eu posso ser virgem, mas eu sei o que é masturbação.

— Pratica?

— Isso não é da sua conta. — Eu me afasto e vou em direção ao caixa, com Letícia em meu calcanhar.

— Laila. — Chama uma voz conhecida e eu olho na direção.

— Ethan. — Sorrio de volta, depois de me deparar com um sorriso de tirar o fôlego da parte dele. — Oi.

Ele se aproxima os poucos metros de distância; dois, talvez. Cumprimento-o com dois beijos.

— Tudo bom? — Afago levemente o seu braço.

— Sim, e com você?

— Também. Essa é minha irmã. — Indico-a.

— Letícia Vidal. — Ela o cumprimenta.

— Ethan Smith. — Ele sorri.

— Foi ótimo nos encontrarmos aqui. Próximo sábado estarei indo comemorar meu aniversário com uns amigos e gostaria que você fosse.

— Eu vou sim.

— Agora eu estou com um número daqui, então nosso contato fica bem melhor do que por e-mail.

— Certo.

Trocamos os números, despedimo-nos e eu vou com Letícia efetuar o pagamento.


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Notas finais do capítulo

Laila precisa aprender a manter o foco. Esses links nos quais ela clicam não são nada confiáveis.
Essa moça é demais.
Bom fim de semana. Tentarei voltar dia 15.



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