Oposto Complementar escrita por Tai Barreto


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Olar, queridas.
É, eu consegui finalizar o capítulo a tempo.
Programei e mais tarde eu venho responder a todos os reviews.
Agora que acabei mais duas histórias, uma daqui e outra que talvez eu me arrisque em publicar, terei mais tempo para Oposto Complementar.

Sem mais, boa leitura.



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Certo. Sem sombra de dúvidas essa não é a posição mais bonita em que alguém deve encontrar outra pessoa. Muito menos Harry a mim. O problema é que eu jamais imaginei que ele fosse aparecer no galpão às cinco da manhã, enquanto eu faço meus exercícios. Ainda mais de quatro, com a bunda virada exatamente para a porta. Eu encerro por hoje, levanto e subo a escada, indo de imediato ao quarto. Eu estava caminhando toda manhã, na praça em que costumo brincar de guerra de neve com Harry, mas o frio que veio fazendo ultimamente me impede. Sem contar a chuva. Retiro os tênis com amortecedor, as meias e coloco no closet. Jogo a roupa suja no cesto, que está na metade, se tratando do fato de que ainda é quarta-feira. Entro no banheiro apenas de lingerie e tomo um banho morno e relaxante.

Seco-me, os cabelos com um secador e prendo num coque. Visto um conjunto de lingerie, meia-calça grossas, uma saia em evasê e cintura alta pretos e uma camisa de mangas compridas, gola peter pan, em tweed preto e branco. Calço meus sapatos oxford e saio do quarto. Desço a escada e me deparo com Harry entrando.

— Bom dia, meu doce. — Ele vem até mim, sorrindo linda e imensamente, beijando minha testa em seguida.

— Bom dia. — Sorrio, toda derretida.

— Eu esqueci de te contar. Semana que vem vamos participar de uma conferência com os dez maiores empresários daqui. — Harry vai até a cozinha.

— Não brinca. E quem são? — Sigo-o.

— Olha, a ordem exata, dos dez, eu não sei. Apenas sei que, entre os cinco primeiros estão Damon Lundgren, Holly Walker, Frederick Blumm, meu pai...

— Deus! — Interrompo-o. — Não que Deus esteja nesse top cinco. — Eu rio. — É só que, se vocês estão entre os cinco, eu estou ainda mais orgulhosa de trabalhar na CCC.

Harry sorri.

— Agradeço a lisonja e sugiro que procure saber um pouco sobre cada um deles.

Eu concordo e aproximo-me para ajudar a preparar o café da manhã.

***

— Eu vou comprar um chocolate quente — digo, levantando de repente, depois de fazer a pesquisa sobre cada um dos outros três grandes nomes dos negócios londrinos. — Deseja algo? — Olho para Harry e pego a minha bolsa.

— Um cappuccino médio. Não quer que Amelia compre?

— Quero esticar um pouco as pernas. — Retiro minha carteira.

— Laila, pelo que há de mais sagrado, tente não se perder em devaneios e não demore.

— Vamos ter alguma reunião? — Agasalho-me.

— Sim.

Eu concordo, saio da mesa, beijo sua bochecha e depois de ganhar um na testa, saio do escritório. Caminho em direção ao elevador e o chamo. Quando as portas se abrem, eu entro, aperto o botão do térreo e me recosto contra a parede dos fundos da cabine. Algumas pessoas se juntam a mim na descida, mas trocam de andar e eu saio sozinha no térreo.

Caminho tranquilamente pela calçada, em direção à cafeteria na esquina da empresa. Aproximo-me da fila, feliz por não estar tão grande a verifico a carteira. Caminho, calmamente e quando chega a minha vez, a moça me solta o seu script.

— Bom dia. Eu desejo um copo de cappuccino e um de chocolate quente médios, para viagem. — Caço uma nota de valor superior ao que ela me diz do pedido e lhe ofereço.

Essa coisa de ser do topo da lista de maiores nomes do mundo dos negócios deve ser um peso imenso. Eu vejo como o papai vive e aposto que a vida dos outros quatro não deve ser nada fácil. Nem devem sair de suas empresas...

Um toque em meu ombro me assusta e eu olho.

— A moça está te oferecendo o troco já tem um tempo — diz o homenzarrão de lindos olhos azuis, loiro e forte. Eu deixo meu queixo cair.

— Damon Lundgren?

— Isso. — Ele sorri.

— Pode ficar com o troco — digo a atendente. — Desculpe fazê-la esperar. — Saio de uma fila e vou para outra.

— De onde a senhorita me conhece? — O seu tom soa intrigado. — Que pergunta a minha. — E faz uma careta, mas nem assim deixa de ser lindo.

— Eu vou estar na conferência — digo. — Trabalho para a Carter Construction Company.

— Ah.

— Seus pedidos, senhorita — diz o rapaz e eu pego.

— Obrigada. — Dou um pequeno sorriso.

— Eu conheço os Carter. — Ouço o loiro dizer e o olho. — A Eleanor é ótima.

Meu sorriso quadriplica de tamanho.

— Maravilhosa. — Concordo. — De onde os conhece? — É minha vez de fazer uma careta e ele ri. — Que pergunta. Desculpa. Eu vivo me perdendo em devaneios e costumo fazer algumas perguntas idiotas.

— Não se preocupe e não foi idiota. — Ele pega os pedidos dele. — Sabe quem vai adorar te conhecer? — Ele sai da fila e eu meneio a cabeça em negativa. — Aquela loira ali. — E indica.

— Holly Walker? Então é verdade? — Eu o olho. — Vocês são melhores amigos.

— Ela é uma irmã para mim. — Damon sorri. — Vem, vamos conversar um pouco.

Eu caminho, embasbacada com a beleza da mulher. Caramba! Ela usa uma calça social preta, camisa interna de botão branca, blazer preto com lapela branca, aberto. Os cabelos dourados estão concentrados no ombro direito, e mesmo sem maquiagem alguma, aposto que ela arranca suspiros por onde passa. Ela levanta a vista do imenso smartphone e sorri para mim.

— Olá.

— O-oi. — Sorrio imensamente.

— Lolly, essa é a... — Damon me olha e eu pisco.

— Laila Vidal. — Estendo a mão para ele, sem graça e depois cumprimento a loira. — É um grande prazer conhecer vocês pessoalmente.

— E eu posso saber o motivo desse grande prazer? — Ela inclina um pouco a cabeça para o lado e pega o copo descartável.

— Eu estarei na conferência da semana que vem. Soube que vocês dois e Frederick estão entre os cinco maiores daqui, junto com os Carter, que é para quem eu trabalho. E eu fiquei extremamente curiosa, porque eu planejo entrar para a graduação em negócios e tenho muito incentivo dos Carter, mas se eu obtivesse um grão de areia de conhecimento vindo de vocês, seria mais que perfeito.

— Senta aí, querida. — Ela indica a cadeira e Damon puxa para mim.

— Obrigada.

— Eu me senti extremamente lisonjeada agora. Se você tem o incentivo dos Carter, quem somos nós para não incentivar? — Holly bebe um pouco do conteúdo do seu copo e logo me olha por sobre o ombro. — Pensei que não fosse vir.

Eu faço o mesmo e encontro Frederick Blumm.

— Caramba! Eu não posso acreditar que estou diante do trio do mundo dos negócios mais poderoso de Londres! — exclamo.

— Quem é essa menina? — O segundo loiro dá um beijo na testa da Holly e me olha com curiosidade.

— Laila Vidal. — Cumprimento-o, após ele sentar ao meu outro lado.

Damon parece se divertir com algo e sorri para mim, sentado à minha frente.

— Bem, meu nome você já sabe. — Blumm me cumprimenta e pega um copo. — Eu só demorei porque recebi uma ligação quando estava saindo do escritório. Você sabe que eu não consigo me desligar totalmente do trabalho.

— Então, são todos workaholic? — A pergunta escapa antes que eu me contenha e os três concordam.

— Se bem que, Damon e eu somos menos, mas isso é culpa do fato de Fred ser do signo de virgem. — Holly sorri e ele revira os olhos.

— Uma coisa não tem nada a ver com a outra. — Ele beberica e dá de ombros. — Eu só amo o que eu faço e Damon não é nem um pouco diferente. Pelo menos eu durmo.

— Você sabe que eu sempre tive problemas para dormir. Agora, então... — Ele suspira e se recosta, fechando a cara.

Certo.

— Bem, tínhamos combinado de nos reunir agora para jogar um pouco de conversa fora — diz Holly. — Mas Damon acabou conhecendo essa graça de menina e ela gostaria de ter um pouco de conhecimento do mundo dos negócios, ou seja...

— Vamos dar uma mini palestra? — Frederick a interrompe.

— Não é demais? — Ela arregala levemente os olhos.

— Primeiro, ela vai nos passar algumas informações, como, de onde veio. Esse sobrenome não é daqui.

— Que grande descoberta. — Ironiza Damon e eu bebo um pouco do meu chocolate para disfarçar a vontade de rir.

— Sou do Rio de Janeiro — digo. — Vou fazer 19 anos daqui há duas semanas.

— Você é de peixes? — O tom de voz da Holly me faz olhá-la e eu concordo.

— Tenho tanto peixes no mapa...

— Que gracinha. — Ela sorri, toda boba. — Sempre quis conhecer um pisciano típico.

Eu sinto o rosto esquentar.

— Não tem nada de mais num pisciano nato. Eu me perco tanto em devaneios que eu sei que aborreço algumas pessoas.

— Na fila mesmo, ela se perdeu — diz Damon. — No que pensava?

— Acredita que eu não lembro? — Encolho os ombros. — Minha mente divaga demais e isso me irrita.

— Precisa aprender a manter o foco — diz Frederick. — É muito importante se quer entrar para o mundo dos negócios.

Holly bufa e revira os olhos.

— Ele é de virgem, então é todo cético. — Justifica ela.

— Ah, o Harry também é de virgem. — Sorrio.

— Ele é seu namorado?

— Não. — Meneio a cabeça em negativa e bebo mais do meu chocolate. — Harry e eu somos apenas amigos.

— Mas vocês dois são opostos complementares. Relações assim sempre dão certo.

Damon pigarreia e a loira o olha.

— Você foi um caso à parte — diz Frederick

— Enquanto estava acontecendo, era tudo muito lindo. Por que não está mais, foi feio? — Holly cruza os braços e Damon revira os olhos.

— Não, mas não desviemos do assunto. Laila quer palestra sobre negócios, não astrologia e essas bobagens de Oposto Complementar.

Workaholick. — Ela usa a palavra como se fosse um xingamento e eu controlo a vontade de rir.

***

— Laila! — Harry exclama e eu olho por sobre o ombro.

A julgar pela sua cara, algo de errado, não está certo. Ele desvia de algumas cadeiras, enquanto se aproxima e eu prendo os lábios numa linha rígida, sem saber o motivo para estar apreensiva. Ah, mas, nem com cara de raiva, ele não deixa de ser lindo muito menos de arrancar suspiros de mim. Os cabelos estão presos naquele coque desgrenhado, com uns fios soltos. A gravata frouxa e o colarinho aberto. Eu inspiro fundo e me preparo para o que quer que ele vá reclamar. Eu olho os seus lábios e depois de perceber que eles se movem, é que eu faço uma careta.

— Desculpe, o que dizia?

Harry cerra os dentes.

— Você não estava prestando atenção no que eu falei? — Ele ergue as sobrancelhas e eu, timidamente, meneio a cabeça em negativa. — Eu estava preocupado com você, Laila. Caramba! Tem mais de duas horas que você saiu para comprar o cappuccino e o chocolate quente. Eu te pedi para não ser perder em devaneios.

— Desculpa. Você sabe que eu não tenho controle sobre isso e eu não estava divagando pela rua, como se fosse uma louca. Eu estou aqui, desde que cheguei. Estava tendo uma palestra sobre negócios com o trio, que você sequer se deu ao trabalho de cumprimentar. E se estava tão preocupado, por que não me ligou?

— Eu cumprimentei e você saberia se não tivesse se perdido em devaneios. Amelia passou a reunião inteira te ligando e o seu número só dava desligado.

Eu pego o aparelho da carteira e percebo que acabou a bateria.

— Desculpa.

Ele se afasta e passa a mão pelos cabelos, arrumando os fios.

— Mamãe ainda me ligou, preocupada, sabia? — Ele me olha.

— A culpa foi minha, Harry — diz Damon. — Eu quem a convidei para conhecer a Holly e acabamos nos empolgando.

— Para com isso, Damon — digo.

— Eu não quero ser o estraga prazeres, Damon. O problema é que Laila é muito...

— Desligada. — Completo, quando ele não faz.

— Ingênua em alguns momentos. — Harry retifica. — Ela acredita em absolutamente tudo o que sai da boca das pessoas. Além de não conhecer Londres muito bem. Eu me preocupo demais com você. — Ele me olha. — E você sabe o quanto.

Para a surpresa de todos, Holly ri, atraindo nossa atenção para ela.

— Desculpa. — Ela prende os lábios numa linha rígida. — Desculpa. Eu lembrei de uma coisinha...

— Bem, eu acho que já deu minha hora. Além do mais, vocês devem ter o que fazer a ficar vendo duas pessoas se desentenderem. — Eu levanto e os demais fazem o mesmo. — Muito obrigada pela conversa. Vocês foram maravilhosos comigo. — Despeço-me de cada um. — Desculpem por atrapalhar o momento descontração de vocês. Deveria entender que a vida de empresário não é nada fácil, mas eu costumo cometer deslizes.

— Ei, para com isso. — Damon me repreende. — Essas duas horas com você foram maravilhosas.

— E então, onde vamos comemorar seu aniversário? — Holly questiona e eu sorrio.

— Eu ainda não sei, mas acho que até o fim de semana estarei decidindo.

— Ótimo. Quando fizer, por favor, nos avise. — Ela me estende um cartão e eu pego. — Vou ter o imenso prazer de estar lá.

— Ah, mas você deve ser uma pessoa ocupada.

— Pode ter certeza de que eu irei. Confie em mim.

— Sendo assim, eu aviso.

— Eu não fui convidado, mas pode contar com minha presença — diz Damon e ele também me entrega um cartão.

— Onde meus amigos vão... — É a vez do Frederick. — E pode me chamar de Fred.

— Então, eu vejo vocês no dia. Até lá.

— Até.

— Mais uma vez, muito obrigada e desculpem.

— Vai tranquila e não precisa se desculpar. — Holly afaga o meu ombro e eu aceno e me afasto.

Cruzo as portas com Harry e o puxo para um abraço de lado e beijo sua bochecha.

— Desculpa. Acabei me entretendo com o pessoal ali.

— Tudo bem. Essa noite, eu vou jantar com mamãe. Quero ter uma conversa particular com ela.

— Sem problemas. Vou aproveitar para ir com Letícia, se ela não destilar veneno sobre mim, ao mercado.

— Eu preciso dizer para ter cuidado?

— Não. — Fecho a cara.

— Como se adiantasse. Você sempre se distrai.

Eu decido ficar em silêncio, para não piorar a situação entre nós dois.

***

— Você está bem, querida? — Eleanor questiona, assim que me aproximo.

Parece que, a partir do momento em que você se torna mãe, você passa a identificar as expressões faciais dos seus filhos. Jéssica fazia isso com qualquer um dos meus irmãos, exceto comigo. Eu sempre conseguia disfarçar com ela, mas pelo que eu estou vendo, isso vai ser muito difícil com Ellie. E, somente para não perder o costume, ela usa uma saia lápis midi, na altura dos joelhos, branca com bolas azul marinho, uma camisa peplum, com um cinto de detalhe dourado e decote em V e manguinhas e scarpins, ambos, azul marinho.

— Estou sim, mãe. — Abraço-a.

— Eu sinto que não. Quer me falar o que houve? — Ela se afasta e afaga meus ombros.

— Não quero te preocupar com pouca coisa.

— Tarde demais.

— O que houve? — Harry se aproxima.

— Nada de mais. — Eu me afasto e sento à mesa, enquanto ele cumprimenta a mãe.

— Está chateada comigo. Diz o que foi que eu fiz.

— Se está tão confiante de que fez, então deve saber o que foi. — Forro o guardanapo no meu colo e ergo a guarda.


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Notas finais do capítulo

Bom fim de semana.
E eu espero estar com o notebook para voltar dia 25.
Bom fim de semana.



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