Oposto Complementar escrita por Tai Barreto


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Olar, amores
Aqui estou eu, tombando de sono.
Desculpem qualquer erro e por ter sido um capítulo grande. Era essencial.

Sem mais, boa leitura.



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Eu não poderia ter tido uma noite mais agradável do que a de ontem. Conversei tanto com os pais de Harry que eu acho que não tem mais nada da sua vida familiar que eu não saiba. Eleanor foi muito incrível a noite toda e o filho dela não saiu do meu lado um segundo sequer. Letícia se sentiu extremamente à vontade depois que os Carter lhe pediram que os chamasse pelo nome e foi o que ela fez sem nem pestanejar. Se existe personificação para a tagarelice, sem dúvidas é a minha irmã. Ela falou sobre algumas coisas do que vivemos no Rio de Janeiro, mas, mais relacionado ao convívio como irmãs. Eu tive uma excelente noite de sono e agora eu estou mais do que disposta para um dia de trabalho.

Saio do banheiro com os cabelos enrolados numa toalha, com outra no corpo e usando conjunto de lingerie preto. Pego uma jeans justíssima e escura, de cintura média e enfio meus pés nela, vestindo-a. Uma camisa branca, com três palavras escritas em maiúsculas pretas: LOVE, PEACE, FAITH e LOVE outra vez e visto. Calço scarpins nude, e desço a escada com as toalhas, estendendo-as na área de serviço. Volto ao quarto, penteio e seco os cabelos, prendo-os num coque enroladinho e vou fazer a maquiagem.

Harry já esteve aqui. Preparou nosso café da manhã comigo, conversamos sobre a noite e, assim que ele saiu, apressei-me a tomar banho. Claro que eu estou bem melhor do que ontem e isso se deu graças ao anticoncepcional. Eu só não espero não ter que passar muito tempo tomando-o; as consequências não são das melhores. Aplico apenas rímel e batom cor de rosa, belisco levemente as maçãs para dar uma cor natural. Arrumo uma bolsa nude e pego um meu blazer cor de rosa e o visto. Coloco uma pulseira de mesma cor no braço esquerdo, junto com um relógio de ouro. Solto os cabelos e arrumo os fios ondulados.

Assim que saio do quarto, esbarro no peito do Harry e rio.

— Desculpe. — Pede, se afastando.

— Tudo bem. — Sorrio. — Eu quem fiquei distraída.

Eu o olho e sinto a boca ficar seca. Esse é o efeito que Harry tem sobre mim todos os dias em que aparece aqui com os cabelos molhados. Ele está incrível completamente de preto, mas eu acho que não haverá um dia em que eu não o acharei dessa forma.

— Vamos?

Eu concordo, ainda sem palavras, principalmente depois de ele passar a mão pelos cabelos. Descemos a escada, eu me agasalho e nós saímos. Letícia informou que ia voltar a dormir e eu aposto que ela obteve o resultado.

E lá se vai a rotina de todos os dias. Não que eu esteja reclamando, mas eu não sou tão boa em lidar com elas. Não tanto quando Harry. Ele segue um roteiro e é quase impossível que ele faça algo diferente. Tem hora para absolutamente tudo e se atrasar um segundo, a coisa fica feia.

— O que vamos fazer mais tarde? — questiono, quando estamos dentro do elevador, subindo.

— Que tal termos um momento só nosso lá em casa? — Ele me olha. — Pedimos uma pizza, vemos um filme?

— Dessa vez, eu deixo que você escolha o gênero.

— Terror?

Eu engulo em seco. Se existe personificação para o medo, sou eu. Dou um pequeno sorriso e finjo entusiasmo.

— Claro.

***

— Que noite maravilhosa — diz Eleanor e eu sorrio, envolvendo-a num abraço apertado. — Foi tão maravilhosa que eu quero te adotar.

Eu rio e beijo sua bochecha.

— Adotar a Laila? — questiona Harry, beijando a testa da mãe. — De onde tirou essa ideia? Quem te disse que eu quero essa garota como irmã?

Eu dou um soquinho no seu braço, fazendo-o rir. Harry beija a minha testa, puxa uma cadeira para a mãe, outra para mim e se senta entre nós duas. Por eu estar diante da Ellie, como em todo almoço, desde que comecei a trabalhar com Harry, vejo a felicidade em seus olhos castanhos, que ela parece emanar. Está divina, mas isso não é uma novidade. Seus cabelos estão presos num coque banana, impecavelmente alinhados. Essa mulher, definitivamente, deveria ter um tapete vermelho estendido por onde ela passar. Ela usa uma saia lápis, preta, de cintura alta, abaixo dos joelhos, e uma camisa cor de vinho de decote em V e mangas três quartos. A aliança fina e delicada destaca-se em sua mão e a pulseira, também de ouro, deixa o look totalmente perfeito.

— Eu gostaria de tê-la como nora, mas entendo. — Ellie dá de ombros.

— Harry e eu jamais namoraríamos.

— O que é uma pena.

O garçom se aproxima e nós fazemos os nossos pedidos.

— Conte-me sobre essa ideia de adoção. — Pede Harry, mudando de assunto.

— Não sei se daria certo fazer tudo conforme a lei, mas eu vou falar com George para nos responsabilizarmos por ela. — E Ellie me olha. — O que nos diz?

— Eu vou adorar. Vou poder chamar vocês de pais?

— A mim, sem dúvidas, querida.

— Mas, se o George se opor, por favor...

— Eu faço questão — diz ele e eu sorrio.

Levanto e envolvo-o num abraço apertado.

— Muito obrigada.

George sorri e beija minha testa.

— Agora, vamos fazer uma refeição em família.

***

Depois do almoço sempre bate uma preguiça, ainda mais para quem tem touro no mapa e, apesar de eu não ter, estou muito sonolenta. Passei a tarde toda perdida em devaneios e não sei se foi pela maravilhosa notícia de que terei mais um casal de pais, que se importam comigo, ou se é por eu ter muito peixes no mapa: sol, lua, mercúrio, marte e júpiter. Por ter faltado ao trabalho ontem, Harry vai ter que estender o seu horário para depois do expediente e, pela primeira vez, desde que eu comecei a trabalhar aqui, vou para casa de transporte público.

— Pegue um táxi — diz ele, pela milésima vez e eu meneio a cabeça em negativa.

— Vou de trem.

— Laila Maria do Nascimento Vidal.

Eu simplesmente reviro os olhos.

— Não pensa que vai me intimidar. Levanto, visto a jaqueta de couro preta, coloco a echarpe nos ombros e as luvas.

— Não tem nada que eu faça para te convencer do contrário? — Harry se aproxima e coloca uma mecha dos meus cabelos atrás da orelha.

Eu sinto meu couro cabeludo pinicar e os pelos dos meus braços eriçarem. Estreito os olhos, tentando parecer intimidadora, mas ele roça o nariz contra o meu, permitindo-me sentir o seu hálito quente no meu rosto.

— Não — digo, firme, fazendo-o rir.

— Eu preciso dizer para ter cuidado? — Harry se afasta e vai até a sua mesa, pegando cinco pastas.

— Não.

— Preciso que você as coloque no meu carro. — Ele se aproxima e me oferece. Pego-as — As chaves. — Enfia a mão no bolso da calça e me dá. — Deixe com Donald.

— Certo. — Pego a bolsa e saio.

— Onde vai? — questiona e eu o olho por sobre o ombro.

— Embora.

— Engraçadinha... — Ele se aproxima e me oferece mais duas pastas. — Seu trabalho.

Solto um grunhido, me aproximo e pego.

— Nem se atreva — digo, antes mesmo que ele abra a boca e Harry meneia a cabeça em negativa.

— Tenha. Cuidado — diz, ignorando-me.

Eu sinto seus lábios em minha testa, suavemente e eu beijo sua bochecha.

— Eu terei.

Sigo até o elevador, encontrando aquele andar vazio e aperto o botão, chamando-o. As portas se abrem e eu entro. Sem jeito, aceno para Harry e as portas se fecham. Algumas pessoas se juntam a mim e no subsolo, eu aceno para Donald e vou em direção ao carro do Harry. Para a minha sorte, eu desativo o alarme, graças à mania de ficar afagando o botão e ao me aproximar do carro dele, percebo um extremamente igual ao lado. Ou é o dele?

Solto um grunhido e hesito. Mas, que inferno! Por que eu não memorizei a placa? Ah, é! Porque eu tenho um cérebro que costuma se perder em devaneios e tentar lembrar agora não vai dar certo. Eu nunca funciono sob pressão. Eu sou mesmo uma inútil. Fico entre os dois, indecisa e tento olhar o interior. Sem sucesso. Ambos estão com os vidros escurecidos.

Eu me viro para o da direita e tento abrir a porta. Para a minha sorte, mais uma vez, eu faço merda, e acabo acionando o alarme. Ouço os passos rápidos do Donald e faço uma careta.

— Lala?

— Desculpe. Eu achei que fosse o carro do Harry. — Indico-os.

— Eu vou chamar o dono.

— Eu não quis roubar.

— Senhorita Vidal, eu sequer pensei nisso. — Ele balança a cabeça em negativa e eu abro a porta do carona do carro da esquerda.

Claro que ela se abre e eu guardo as pastas que Harry pediu que fizesse. Ativo o alarme e espero pelo dono do outro carro para poder me justificar. E passam-se dez minutos, até que eu vejo um homem se aproximar.

— Desculpe. — Apresso-me a pedir, enquanto ele desativa. — Eu sou mesmo um desastre. Desativei o alarme do carro do Harry ainda longe dele e acabei acionando o seu ao confundir o seu carro com o dele.

— Está tudo bem.

— Meu doce? — questiona Harry, se aproximando.

— Eu sou um desastre

— Ei, pare com isso. — Ele me abraça. — O que aconteceu?

— Acionei o alarme do carro dele, pois tinha desativado o seu ainda longe do carro e acabei confundindo.

— Está tudo bem. Incidentes acontecem.

— Eu preciso parar de ser tão... burra.

— Você não é burra, Laila. — Harry me afasta somente o suficiente para olhar nos meus olhos. — É uma mulher incrível. Só se perde em devaneios, mas não se culpe tanto, está bem? Você é uma pessoa maravilhosa mesmo.

Eu concordo, cabisbaixa e o abraço. Harry enfia o nariz nos meus cabelos e inspira fundo.

— O senhor me desculpa? — Afasto-me e olho para o dono do outro carro.

— Claro. Foi apenas um mal-entendido.

— Isso mesmo! — exclamo. — Desculpe.

— Está tudo bem. — Ele ativa o alarme. — Com licença.

Harry me faz olhá-lo.

— Você não teve culpa, está bem?

Eu concordo.

— Agora, eu preciso ir. — Beijo seu nariz. — Vejo você mais tarde.

É sua vez de concordar e beijar o meu nariz. Aceno para o Don e saio do estacionamento com as minhas pastas em mãos.

— Lala? — Chama Don e eu o olho por sobre o ombro. — Posso acompanhá-la?

— Não precisa.

— Eu insisto.

— Isso é coisa do Harry, não é?

Ele desvia os olhos dos meus e eu suspiro.

— Ele se preocupa com a senhorita.

— Não precisa, Don. Eu posso muito bem pegar um trem sozinha.

— Mas, ele pode ficar chateado comigo.

Eu suspiro.

— Vamos.

Donald se aproxima e nós caminhamos em direção à estação de trem mais próxima.

— Parabéns pela adoção — diz ele, de repente.

— Obrigada. — Sorrio, maravilhada. — Eu não poderia ter tido mais sorte nessa vida.

— Eu devo concordar. O senhor e a senhora Carter são pessoas incríveis. Eu não sei como foi sua vida no Brasil, mas, acredite, deu muita sorte de ter conquistado os três.

— Eu me sinto tão privilegiada. — Sorrio para ele.

Diante da bilheteria, eu compro minha passagem.

— Eu vou acompanhá-la até a plataforma.

— Não precisa. Eu me entendo com o Harry depois. — Abraço-o. — Obrigada pela companhia, pela conversa e preocupação.

— Por favor, tenha cuidado.

— Terei, Don.

Eu entro e vou até a plataforma. Cato meus fones de ouvido e luto, como todo ser que use esse tipo de objeto nessa vida, para desenrolá-los. Quando obtenho sucesso, conecto-o ao smartphone e abro minha pasta de músicas. Seleciono umas brasileiras e de início, Karol Conka me faz balançar sutilmente ao som de Tombei, apesar de a minha bunda querer criar vida própria e fazer quadradinho de 4.

O trem se aproxima e eu espero o pessoal sair para entrar. Seguro as pastas firmemente e com a outra mão, ao meu corpo, a fim de me manter de pé. Claro que é para continuar dançando. De frente para mim está um homem de cabelos compridos e eu prendo os lábios numa linha rígida. Eu não sei o que há comigo, mas, desde que Harry entrou na minha vida, eu tenho babado por homens assim.

E como se percebesse que eu estou babando por ele, o homem levanta a cabeça. Eu bem que tento disfarçar, mas, como Marcela sempre fez questão de dizer, eu nunca fui boa nisso. Ele levanta e indica o acento em que estava. Eu olho ao redor e percebo que ele está falando comigo. Franzo o cenho, desconfiada e ele continua. Não basta ser lindo e ter cabelos compridos; o cara lê algo sobre mitologia grega.

Sorrateira, eu me aproximo e ele sorri. Retiro os fones.

— Pode sentar — diz ele, ainda sorrindo.

— Obrigada, mas não era preciso. Eu não quero atrapalhar sua leitura.

— Eu insisto e essa é a quinta vez que leio esse livro. Acredite, não está atrapalhando nada.

— Obrigada. — Sento-me e desligo a música.

— Pode continuar ouvindo — diz.

— Eu bem que gostaria, mas, do jeito que costumo me perder em devaneios e posso perder a minha descida. — Sorrio, guardando o aparelho na bolsa.

— Você não é daqui, é?

— Sou brasileira. É tão óbvio assim?

— As pessoas não costumam dançar por aqui do jeito que você estava fazendo.

Faço uma careta.

— Desculpe, mas, como viu?

— Eu te vi antes de as portas se abrirem. Você entrou perdida em devaneios, ainda dançando.

— Desculpa. É a paixão pela dança.

— Eu quem devo pedir pela falta de educação. Ethan. — E me estende a mão.

— Laila. — Cumprimento-o e desvio a atenção para o painel que informa as estações. — Eu vou descer na próxima.

— É a minha também.

Eu levanto e ele me acompanha.

— Como é estudar na melhor universidade do mundo? — questiono, olhando seu casaco moletom.

— Eu me dediquei demais à graduação e estou me dedicando ainda mais ao mestrado. — Ele gesticula para que eu vá à frente.

— Obrigada. — Saio. — Eu vim para cá...

Um homem passa rapidamente por mim, mas o que interrompe a minha frase é o acerto que ele dá com o cotovelo no meu braço, fazendo-me gemer de dor e derrubar as pastas.

— Cuidado, cara! — exclama Ethan, enquanto eu me preocupo em recolher os papeis.

— Desculpe, senhorita.

Eu continuo recolhendo as folhas e puxo as de sua mão.

— Tudo bem.

— Eu só queria pegar o trem. — Ele desce a vista para a pasta e me olha outra vez. — CCC?

Carter Construction Company. — Enfio as folhas dentro de somente uma pasta e decido organizar mais tarde. — Obrigada, Ethan. — Seguro a mão que ele me oferece e levanto com sua ajuda.

— Eu preciso ir. Desculpe — diz o estranho que me machucou.

— Você está bem?

Eu concordo e nós continuamos.

— Viu que ele ficou mais estranho ao ver o logotipo da CCC?

— Essa empresa está entre as três melhores do país. Como conseguiu trabalhar lá?

— Eu sou vizinha do filho deles. — Continuo a caminhar. — Harry Carter.

— Ah. Parabéns.

— Obrigada.

Claro que eu não poderia deixá-lo ir sem trocarmos e-mails. Eu caminho por menos de quinze minutos até em casa e chamo o elevador. Espero paciente e quando as portas se abrem, eu entro e aperto o botão para o meu andar. Pego a chave do apartamento e abro a porta, encontrando minha irmã sentada ao sofá, comendo cereal com leite, enquanto vê algo no meu notebook.

— Que sorrisinho é esse? — Letícia se senta e eu tranco a porta.

— Nada de mais. — Reviro os olhos e percebo algo novo na minha cozinha. — Quê? Como essa mesa parou aí? — Olho para Leti outra vez e ela sorri.

— Sua sogra mandou. Quer dizer, sua mãe.

Ignoro a piadinha, deixo as pastas sobre o aparador e vou até lá, boquiaberta por se tratar exatamente da mesa que eu gostaria: de pés cromados, tampo de madeira e oito cadeiras. Eu sei que exagerei ao imaginar com tantas, já que a única pessoa que me visita é o Harry, mas, agora que os pais dele se tornaram meus, talvez apareçam com alguma frequência.

— É linda! — Eu tento abraçar o tampo e afago. — Eu nem acredito que ela fez isso.

— Também achei linda. Mamãe quer falar com você.

— Está bem. — Beijo o tampo. — Antes, eu vou ligar para Eleanor.

— Aproveita esse iPhone 7 para isso. — Letícia me oferece e eu ergo as sobrancelhas.

— O quê?

— Seu sogro. — Apresso-me até ela e pego a caixa. — Ele disse que está todo configurado e que, se você tiver alguma dúvida, falasse com Harry.

Suspiro, ligo o aparelho preto matte, como o do Harry. Espero carregar, abro a agenda e ligo para Eleanor, rezando para que ela esteja menos ocupada que o marido.

Filha! — Seu tom de voz caloroso me faz sorrir de imediato.

— Oi, mãe — digo, toda boba. — Eu... Não precisavam me dar presentes tão caros. Eu não posso aceitá-los. Não foi com essa finalidade que decidi aceitar que me adotassem.

Sabemos disso, amor. De verdade. Mas eu fiquei bem triste ao ver o local quase vazio. Amanhã estarei mandando uma televisão.

— Não. Não precisa.

Como não? Harry me disse que vocês veem filmes no seu notebook.

— Eu juro que vou comprar assim que for possível.

Laila, isso é ofensivo, sabia?

— Eu não quero bens materiais. Eu...

Somente a televisão. Por favor.

— Ellie...

Prefiro quando me chama de mãe.

Eu suspiro.

— Desculpa, mas não. Depois eu compro.

Está bem. Eu vou respeitar sua decisão.

— Muito obrigada.

Mas não aceitamos devolução.

— Está bem. Disso não passa.

Vemo-nos depois.

— Até lá.

Encerro a chamada e me sento no sofá.

— Vai tomar um banho. Precisa descansar.

Eu concordo, retiro os agasalhos, pego a bagunça no aparador e subo a escada.

***

— Eu adoraria ir com você — digo para Ethan, do outro lado da tela.

— Depois veremos um dia. — Ele sorri.

Meu Deus! O homem é lindo demais. É mais alto que Harry, quase dez centímetros e sorri fácil demais. Os olhos são azuis, os cabelos claros estão desgrenhados e a barba é espessa. Ele usa uma camisa azul marinho, o que destaca demais os seus olhos e a pele clara demais. Acho que um bronze não lhe faria tão mal assim, afinal. Estamos conversando há meia hora, depois de termos trocado alguns e-mails.

Ethan me contava sobre suas idas a orfanatos, onde ele lê para algumas crianças, brinca com elas e estuda para ser juiz da vara infanto-juvenil, a fim de facilitar um pouco mais a vida dos pais que sonham em adotar. Ele perdera os pais muito cedo, parou num orfanato e, depois de anos de luta, seus pais finalmente conseguiram adotá-lo.

— Veremos mesmo, pois eu estou mais que curiosa.

— Meu doce?

Eu olho para Harry, diante da porta do meu quarto, de cabelos úmidos e com seu incrível cheiro de banho tomado. Eu salto da cama e me apresso até ele, abraçando-o.

— Oi.

— O que ainda faz assim, Laila? O que combinamos?

Eu me olho e faço uma careta.

— Eu vou só me despedir do Ethan. — Volto para a cama. — Ethan, eu preciso de um banho. Vou ver uns filmes com meu amigo.

— Pensei que fosse seu namorado — diz ele e eu rio.

— Não. Somos apenas amigos. Falamo-nos depois.

— Divirta-se.

— Obrigada.

Encerro a chamada, desligo o notebook e me apresso ao banheiro, despindo-me.

— Quem é esse? — questiona Harry.

— Eu o conheci no trem mais cedo. Superdivertido. Adorei-o.

Entro no box e não ouço mais nada. Tomo uma ducha relaxante. Ao fim, enrolo a toalha no meu corpo e entro no closet.

— O que foi isso no seu braço? — Harry se aproxima e olha na altura do meu bíceps.

— Foi um homem que passou apressado e me acertou. — Faço uma careta. — Ele derrubou os papeis e ficou todo estranho ao ver o logotipo da sua empresa.

Ele franze o cenho e eu escolho o que vestir. Pego um conjunto de lingerie preto, um short de cintura alta e tecido florido e uma camiseta preta. Visto-me rapidamente, calço meus chinelos e saio com Harry. Estendo a toalha na área de serviço e então vamos ao seu galpão.

Para a minha surpresa, a tela de menu do DVD está nos esperando, onde o título Invocação do Mal me faz arrepiar de medo. Acomodamo-nos e Harry dá play. Talvez por estar recostada contra ele, isso lhe faz perceber que eu estou com medo.

— Tem medo de terror, não é? — questiona, pausando o filme.

— Sim, mas, já que você viu uns de romance comigo, eu quis te agradar.

— Seria melhor que tivesse me dito a verdade.


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Notas finais do capítulo

Desculpem ser breve, mas eu realmente estou morta.
Até mais.



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