The End Of The Peace escrita por Saffra Everdeen Mellark


Capítulo 21
A Entrevista




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/708203/chapter/21

Ouço gritos eufóricos, resolvo ir para a janela do comboio acenar. Estou neste momento no Capitólio com o Ryen. Fomos convocados para vir dar uma entrevista sobre a nossa nova "irmã". Os meus pais já vieram e já trouxeram a menina. Eu e os restantes vitoriosos assistimos à entrevista, foi o mesmo de sempre.

Mais uma vez o tema foi o meu outfit. Sim, esta é a minha roupa para a entrevista, visto que estou a ir para lá agora mesma. Os Soldados da Paz fazem a nossa escolta até ao estúdio e quando lá entramos todos olham para baixo, acho que nós somos a família mais temida de Panem, superando as Mason e os Carreiristas, as pessoas mal ouvem os nossos apelidos tremem, eu nunca percebi porquê, mas vá-se lá perceber!

—E agora, os nossos irmãos favoritos, pelo menos são os meus, serão os vossos? - a multidão vibra. - Parece-me que sim, os nossos Vitoriosos preferidos da nossa família preferida, deiam as boas-vindas a Ryen e Willow Everdeen Mellark.

—Olá! - cumprimento-os a todos com um sorriso e eles gritam, sempre que ouço gritos arrepio-me porque me lembra a Arena, o meu irmão toca-me e eu desperto.

—Ora muito bem, já chegamos à conclusão que são os irmãos favoritos de todo o país! Mas agora vocês têm outras irmã? Como se sentem sobre isso? - ele pergunta.

—Eu cá estou de boas, desde que a minha mãe não fique com mau feitio! - o Ryen põe as mãos em rendição e toda a gente ri.

—Eu cá adoro o facto de ter outra bebé lá em casa - todos se derretem.

—Qual é mesmo o nome dela? - pergunta de novo.

—Prim - toda a gente fica surpreendida.

—Prim... esse não era o nome da irmã da Katniss? - ele pergunta um pouco triste.

—A minha tia era conhecida como Prim, mas o seu nome completo era Primrose. Os meus pais acharam que seria uma boa homenagem - ele sorri triste.

—Porquê agora e não quando tu nasceste? - ele já está a ser intrometido.

—O nome da minha irmã vem de uma canção que ela cantava para a minha tia Prim. Eu penso que Prim era um nome muito forte e a morte dela ainda tinha sido há poucos anos, era complicado para a minha mãe - o meu irmão livra-me de boa.

—Faz sentido - ele concorda. - Mas já que estão aqui, contem-nos mais sobre a vossa vida. Willow, devo dizer que o término com o Finnick foi trágico e nos partiu a todos corações. Entretanto ouvimos rumores sobre um rapaz do 12, um tal de Caleb. Conta-nos tudo!

—Eu e o Finnick não terminamos. Foi a impressão que se teve quando nós tivemos uma discussão, tínhamos acabado de assistir à morte de uma pessoa muita querida por nós, e com o stress, no calor do momento dissemos coisas que realmente não queríamos dizer. No entanto, já está tudo resolvido e posso dizer que estamos melhor que nunca - faço uma cara extremamente feliz, mas também muito falsa e toda a gente fica eufórica.

—Acredita que foi um alívio, afinal, acho que toda a gente vos adora ver juntos, não é verdade? - a multidão diz que sim. - Mas quem é o Caleb?

—O Caleb é um grande amigo meu. Conhecemo-nos no funeral do Harry, eles eram melhores amigos. Desde aí nós desenvolvemos uma boa amizade, visto que ambos sentimos a falta incondicional do Harry - toda a gente se derrete.

—O Harry realmente era um rapaz encantador de que todos sentimos falta - o Caesar observa. - Mas bem, acabei de receber uma informação do backstage que me indicou que está na altura da vossa surpresa.

—Mas que surpresa? - perguntamos em uníssono.

—Tenham calma, tenham calma! - ele pede.

—Diz lá qual é a surpresa! Caesar, somos amigos há quantos anos? - o meu irmão é tão à vontade.

—Certamente há muitos, certamente há muitos. Pronto, vamos lá. Fazer uma entrevista a esta família, sem termos as suas caras metades cá é um crime punível aqui no Capitólio! Por isso, deiam as boas-vindas a Daisy Cartwright e Finnick Odair! - nós fazemo-nos de muito surpreendidos. Eu corro para os braços do Finnick e abraço-o, resolvo dar-lhe um bate-chapas para enlouquecer o Capitólio todo. Vejo que o meu irmão e a minha cunhada fazem o mesmo.

—Caesar, obrigada! - eu agradeço quando nos sentamos todos.

—Ora essa, sabem que o prazer foi todo meu! - eu sorrio muito. - Bem, Finnick... Nós soubemos que houve uma certa discussão que causou muitos mal-entendidos e pedimos imensas desculpas!

—Oh, nem eu percebi nada do que estava a acontecer e era comigo, quanto mais vocês. Não há problema nenhum - toda a gente ri.

—Ainda bem, foi um alívio saber que continuam juntos! - ele diz.

—Sinto o mesmo - responde e as gargalhadas continuam.

—Adoro este rapaz! - toda a gente vibra. - Mas bem, deixando este casalinho, vamos para o outro! Ryen, algum bebé por aí?

—Ah, Caesar. Isso é privado... - ele ri.

—Não há nada. Aliás, tínhamos que casar primeiro e viver juntos... - a Daisy diz e nesse momento o Ryen levanta-se e pega na mão dela levando-a mais para a frente.

—A propósito disso... Foquem as câmaras aqui porque não vão querer perder! - ele alerta e todos o fazemos. - Daisy Cartwright, namoramos há muitos anos e conhecemo-nos ainda há mais tempo. No início eras apenas a melhor amiga da minha irmã mais nova, por isso, nunca te liguei muito, afinal eras muito mais nova que eu, e se eras da idade da minha irmã, então para mim eras chata. Foi na época antes de seres escolhida que percebi que não eras como as outras, e muito menos como a chata e irritante da minha irmã, tu eras doce e... diferente. No entanto, quando soube que tinhas sido escolhida para os Jogos, o meu coração doeu só de pensar na chance de te perder, por isso prometi-me a mim mesmo que, se voltasses a casa, eu tentaria algo contigo porque a dura verdade é que... me tinha apaixonado completamente por ti. Assim foi, começamos a namorar pouco tempo depois de teres voltado a casa e eu não me arrependo de nada que vivemos juntos. Mesmo nos piores momentos, naqueles em que lágrimas eram o resumo dos nossos dias, ou quando gritos dominavam o nosso pensamento, nós estavamos lá um para o outro. Por isso, por te amar incondicionalmente e saber que és a mulher da minha vida, pergunto-te se te queres casar comigo e aturares-me até ao fim dos teus dias.

—Claro que sim - ele põe-lhe o anel no dedo, levanta-se e abraça-a, beijando-a a seguir. Dou por mim a chorar abraçada ao Finnick, toda a plateia está no mesmo estado que eu e o Caesar parece mais abananado que o costume.

—Bem, afinal a família Everdeen Mellark cresceu mais que o que pensávamos que tinha crescido. Os meus parabéns! - o Caesar constata. - E foi tudo pela Edição de hoje, continuemos a acompanhar esta família por aqui.

Tudo acaba e eu vou a correr para abraçar aqueles dois que parecem extremamente felizes. A Daisy chora de emoção e alegria, o Ryen está com um sorriso na cara como eu nunca o tinha visto. Espero que finalmente ele volte ao normal e deixe o álcool, que recupere a genuinidade que lhe tiraram durante os anos que serviu sujamente o Capitólio de todas as formas possíveis.

—Um dia seremos nós - o Finnick sussurra.

—Vai sonhando - digo com um sorriso no mesmo tom de voz. O pior é que ele realmente tinha razão. Mais tarde ou mais cedo, seremos eu e ele ali. Mesmo que nos apaixonemos por outra pessoa, vamos ter que esconder os sentimentos e casar-nos à mesma pelo simples facto de que é suposto "amarmo-nos" para a eternidade, tudo por causa daquela estratégia que usamos nos Jogos.

Outra lição para todos os futuros Vitoriosos. Se usarem a estratégia amorosa, não se safaram. Tal como já vos disse, eles deixam-vos pensar que vocês se safaram e ganharam, mas é tudo uma questão de tempo, um período curto ou longo, até eles vos mostrarem que vocês nunca vão ganhar! Se amarem outra pessoa, ela provavelmente será morta pelo Soldados da Paz, ou se estiver dentro do prazo irá para os Jogos, e o Presidente fará questão de matá-la. Portanto, seja como for, é uma estratégia não muito eficaz, desafia o Capitólio e eu já aprendi uma coisa, não se desafia o Capitólio.

Aprendam algo muito importante. Vitoriosos não têm direito a amar ninguém. Nem família, nem nada mesmo! Vitoriosos são escravos do Capitólio ricos. No fundo, são aqueles que "devem" muito ao Capitólio porque sobreviveram a uma Arena criada por eles, permitiram-lhes ficar vivos, tratou-os após essa prova, no fundo, foram misericordiosos. Depois, como maior parte dos Vitoriosos são pobres, eles dão-nos uma casa com todas as condições e mais algumas, com a melhor comida, satisfazendo todas as nossas necessidades básicas. Se para além disso, fores Carreirista, foi o Capitólio que apostou em ti e te deu formação, eles são os responsáveis por estares vivo, portanto lembra-te sempre que não foi mérito teu. No fundo, tu tens é que estar agradecido porque o teu sacrifício foi recompensado pelo Capitólio, daí teres que obedecer a tudo aquilo que gentilmente te "pedem". É como uma troca de favores, do género, eu dou-te uma boa vida e depois tu obedeces religiosamente ao que eu te ordenar, se começares a esticar a corda vais ser castigado. 

De cada vez que falo com Vitoriosos ou venho ao Capitólio aprendo coisas novas sobre esta nova vida, talvez a Aliança Vitoriosa se pudesse mudar para o apartamento que o Ryen tem cá, assim os segredos eram todos revelados e eu sobreviveria quinhentas mil vezes melhor!

 

Continua...

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The End Of The Peace" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.