The End Of The Peace escrita por Saffra Everdeen Mellark


Capítulo 18
Funeral




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Saímos do comboio. Sim, estivemos em viagem para o 12, tudo para enterrarmos o Haymitch em casa.

Não esperei que ninguém aparecesse para nos receber, mas enganei-me. Tirando, obviamente, a Penny e a Delly, estavam lá o Casper, a Posy, a Prim e, para grandes surpresas, a May e o Caleb.

—Caleb! - ele abraça-me e eu faço o mesmo.

—Willow! - ele dá-me um sorriso triste. - Eu sei que é muito tarde e não é a altura certa, mas parabéns.

—É... vamos ignorar essa parte - tiro uns sacos. - May, isto é para ti.

—Para mim? - ela parece surpresa e eu assinto. Ela abre o saco e quando vê o que está sorri imenso. 

—E então? - pergunto.

—Eu adorei! Obrigada! - o irmão dela tira-lhe o saco e olha para dentro.

—Willow, a sério, não precisavas de... - eu interrompo-o.

—Vá lá, Caleb! Eu tenho muito mais dinheiro que aquele que preciso! - ignoro o que me diz depois e dou o saco à May. Em seguida dou três sacos ao Casper, já que a Posy está a segurar a Prim.

—Olá! - dou dois beijos a cada um.

—Olá! Ora este é para a Prim, este é para a Posy, e este é para ti! - indico. Ele abre o da Prim em primeiro lugar e ambos parecem ficar maravilhados quando vêem o vestido e o body que comprei para ela.

—Willow! - eles reclamam e faço sinal para abrirem outro. Eles abrem o da Posy

—Gostaste? - pergunto-lhe entusiasmada e ela assente.

—Eu não... - interrompo-a.

—Podes pois, é teu! - faço sinal ao Casper para abrir o dele.

—Tu és maluca! Isto é ouro! Obrigado! - sorrio ao ver as reações deles.

—Ainda bem que gostaram - sorrio. - Ah! E eu não me esqueci de ti, Caleb! Toma!

—Eu não posso ficar com isto, dá-o ao Finnick! - engulo em seco.

—Não, é teu! - ponho-o na mão dele e fecho-a. - Custou-me muito a arranjar outro e tu precisas de um. Irá proteger-te enquanto o tiveres.

—Obrigada - vamos para o cemitério em seguida. O Finnick teve que vir só para fazer tudo muito bonito, como se ainda estivéssemos juntos.

Foi um funeral difícil, no caixão tinha a bandeira de Panem, como sinal de mostrar que ele era muito importante. Como foi filmado, tivemos que falar um pouco.

—O Haymitch foi uma das pessoas mais importantes da minha vida. Ajudou-me a sobreviver ao Jogos, ensinou-me lições que levei para a vida, fez de mim o que sou hoje. Ele ajudou-me num processo de recuperação, ajudou-me a ficar com o grande amor da minha vida e acompanhou todo o processo de construção de família. Tinha os seus defeitos, mas quem não tem? Foi um grande homem e eu espero que nos esteja a ver aqui enquanto se ri, nos chama idiotas e desfruta da sua bela garrafa de wisky - o meu pai discursa.

—O Haymitch não foi só meu mentor nos Jogos. Foi meu mentor na vida. Mais que um mentor, um pai. Ele nunca me virou as costas e nunca perdeu a esperança em mim, ainda que todos o tivessem feito. Ele tinha fé de que eu conseguia fazer tudo o que fiz e que conseguiria ultrapassar as sombras do passado, e ser finalmente feliz. Eu e o Peeta, graças a ele, juntamo-nos e criamos esta família da qual ele também fazia, e faz parte. Onde quer que ele esteja espero que tenha reencontrado o grande amor da vida dele, os seus pais e todos os outros que em algum momento da nossa vida estiveram presentes, mas que já partiram e não podem estar aqui em carne e osso - a minha mãe abraça-se a chorar ao meu pai quando acaba de falar.

—Tive um momento da vida em que vi o Haymitch como meu avô, até ir para os Jogos. Quando regressei, ele tornou-se o meu companheiro, o meu confidente, o meu melhor amigo. Pai, não te ofendas, ok? Ele foi das melhores pessoas que pisaram este mundo e infelizmente teve o fim que teve. Haymitch, fica aí a dar uma forcinha extra quando as coisas correrem mal, sim? Vemo-nos um dia - o meu irmão fala com lágrimas nos olhos.

—Hayhay, nunca me vou esquecer das vezes que me chamaste Docinho. Tive muitas conversas contigo, conversas que nunca tive e nem quero ter com os meus pais, mas que tu insististe em ter comigo. Aconselhaste-me sempre da melhor forma que conseguiste. Agora foste ter com os teus pais, com o amor da tua vida, cruzaste-te com a tia Prim, de certeza. Todos te amamos e mesmo que queiras, isso não vai mudar. Todos os dias me vou lembrar de ti, porque como esquecer as vezes que não te despejei água para acordares? Ou das vezes em que andávamos à porrada para ter o comando da televisão e decidir o que íamos ver. Eu costumava ganhar-te, então tinhas sempre que ver os filmes de bailarinas do Capitólio. Até um dia, Hayhay - acabo e faço o símbolo de adeus do Distrito. Três dedos levantados. Todos me seguem e o fazem.

Durante o funeral todo tive que estar de mão dada com o Finnick, o que foi incrivelmente incomodativo. Quando acabou e fomos embora eu decido não ir para casa e fico-me pelo Bairro de Lata em casa do Caleb.

—Esta é a tua casa? - pergunto e ele assente.

—Sê bem-vinda ao Bairro de Lata! - ele dá-me passagem para entrar. É um lugar mesmo muito pobre, faz-me pensar na sorte que tenho. - Fica à vontade! May, vai brincar um bocadinho!

—Eu sei que queres ficar sozinho com a Willow - ela sorri marota e vai-se embora.

—Vai lá, monstrinha! - abana a cabeça com um sorriso e senta-se ao meu lado. - Que se passa entre ti e o Finnick?

—Não me ama e disse-me isso na cara - ele segura a minha mão.

—Eu lamento - faço-me de forte.

—É... Sonhei com o Harry - confesso.

—A sério? - assinto.

—Ele disse que não me culpa, mas é só um sonho... - digo.

—O Harry gostava de ti desde sempre, mas tu nunca tiveste muitos amigos e ele nunca chegou perto de ti porque era medricas. Ele nunca te culparia - respiro fundo.

—Tudo está uma confusão, neste momento. O Distrito odeia-me, o Presidente odeia-me, a minha família tem um grave problema comigo agora, tenho que manter uma relação de fachada... - ele abraça-me.

—Não importa o quão bicuda é a situação, eu vou estar contigo sempre - ele abraça-me. - Eu prometo. Que dizes de ligarmos a televisão?

—Ótimo - sorrio. Surpreendo-me um pouco por ele ter uma televisão, mas olha. Estão a falar do meu término com o Finnick? Como é que se soube? - Como é que raio?

—O que é que eu tenho a ver com isso? - ele parece confuso quando põe o nome dele no meio.

—Eles estão a falar de quando eu mandei beijinhos na minha festa, mandei para ti também - digo. - Caleb?

—Diz - olha para mim nos olhos.

—Tens a certeza de que queres fazer isto? - ele parece confuso. - Fazer parte da minha vida. Não é fácil e tem muitos riscos, eu não quero que te magoes.

—Eu já faço parte dela. Esses riscos, eu sabia deles quando me aproximei de ti, e eu consigo cuidar de mim - penso no quão inocente ele é quanto ao assunto. Ele não sonha com a ameaça do Presidente, eu decido deixar que isso continue, não quero que faça nada estúpido. - Vem conhecer a Prim.

—Por mim tudo bem - chamamos a May e vamos à porta ao lado, ninguém responde. - Devem estar em minha casa. Vens?

—Olha eu não... - interrompo-o.

—Vamos! A May vai adorar brincar com a Penny! - a menina sorri. Vamos para lá, eu e o Caleb ouvimos as peripécias da May que está muito feliz por eu voltar. Quando entramos vemos uma figura humana sentada à minha porta.

—Willow... - ele vê-me com eles. 

—Que estás a fazer aqui fora? - ele levanta-se.

—Estava à tua espera, quero falar contigo a sós - o Caleb olha para mim e assinto. Ele entra com a May e fecha a porta.

—Que queres? - pergunta.

—Desculpa, eu disse aquilo e não menti. O que eu não consigo é mentir acerca do facto de estar atraído por ti, tal como tu estás por mim. Eu gosto de ti, só não te amo - engulo.

—Tu não sabes nada sobre o que eu sinto - ele aproxima-se e beija-me. Num instinto eu correspondo, eu preciso dele. Eu preciso de ter a suposta relação com ele, não há outra escolha. Perdemos o fôlego e olhamos um para o outro. Eu entro lá dentro e vejo que o Ryen está irritado.

—Maninha, prepara as tuas malas. Amanhã vamos para o Distrito 2, os treinos vão começar. Mandaram os uniformes e tudo, vamos de aerodeslizador - fico boquiaberta.

—O quê? - ele abraça-me de lado. - Melhor ainda, o Gale vai instruir-nos.

—Dá cá isso! - tiro-lhe o copo e ingiro a bebida. Eu não vou ficar para a May, ou para o Caleb. Nem deu para matar as saudades que tinha dele... quer dizer, deles...

—Acho que está na minha altura de ir... - ele diz. - Anda, May!

—Mas eu não quero ir já! - ela protesta.

—Nós também vamos, anda lá, May! - pede a Posy e ela abraça todos os presentes.

—Está bem! - ela fica rabugenta e segue os outros. - Anda, Caleb!

—Eu já vou, vão indo à frente! - ele pede.

—Ok, adeus Willow! - ela dá-me um beijo na bochecha e um abraço e vai com o casal maravilha e a sua filha.

—Eu não sei quando vamos poder ter um tempinho para irmos passear os dois, mas... - sou interrompida quando os meus lábios são pressionados rapidamente por ele.

—Lembra-te de mim durante o tempo que estiveres fora - sorri e vai embora enquanto eu toco nos lábios. Agora sim, eu vou lembrar-me dele...

Continua...


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