The End Of The Peace escrita por Saffra Everdeen Mellark


Capítulo 17
Os fins justificam os meios




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Está um silêncio desconfortante no apartamento. A morte do Haymitch mexeu com cada um de nós. A Katniss perdeu um pai, o Peeta perdeu um mentor e amigo, o Ryen perdeu um melhor amigo, eu perdi o Hayhay, a Daisy perdeu um vizinho doido, o Distrito 12 perdeu o segundo vitorioso da sua História e aquele que é o menos detestado. Tudo por minha culpa.

Sabem quando matam alguém sem sujar as próprias mãos? Provavelmente não, mas eu sei. Eu matei aquele que nos ajudava sempre a sair das situações mais bicudas, que tornava essas situações divertidas com o seu stock de bebidas e maluquices que dizia à custa da embriaguez.

—Como te estás a aguentar? - a Hayley procura-me.

—A culpa foi minha - é a única coisa que consigo dizer.

—Não digas isso - olho para ela com lágrimas nos olhos. Não gosto de chorar em frente dos outros, especialmente desde que ganhei os Jogos. Não gosto que pensem em mim como um ser insignificante e fácil de abater. Mas neste momento, não dá, a culpa pesa-me demasiado e o que fazer agora? 

—Não percebeste aquele discurso? Foi a introdução ao que estava prestes a acontecer! E eu aposto que os copos dos meus pais, da Daisy e da Annie estavam contaminados! Só que apenas o Haymitch teve tempo de engolir aquele champanhe dos diabos! Quando o Finnick me abraçou eu tive a certeza que o Fog fez isto! Ele sorriu-me, levantou o copo e bebeu! - estou revoltada, furiosa.

—Não importa! Eles querem fazer-te a ti e ao Finnick pagar! É o começo da tortura, ainda não está feito! Considera-te sortuda por não teres tido que passar por certas coisas! É vida de vitorioso, pior que ter morrido! Tu bem o disseste na Arena e continua a ser verdade - sei que fala da sua própria vida.

—Eu sei aquilo que tu passas! Eu vi o vestido e eu sei o que significa! - ela fica chocada. - Eu preferia ter ficado morta, na Arena, que ter que levar com isto. Eu matei aquela gente toda lá dentro, matei o Harry, matei o Haymitch. Que é que mais eles querem de mim? Que rasteje aos pés deles?

—Considera-te sortuda! Eles querem fazer-te pagar e mostrar-te que ninguém desafia o Capitólio sem consequências. Eles querem calar-te porque tu és um problema! Mas sabes uma coisa? Não faças o que o teu irmão fez, porque só piorou a situação. Luta e morra quem tiver que morrer, precisamos de mudança! - ela incentiva-me. - Pelo Haymitch. Pelo Harry. 

—Eu sei o que vou fazer! - levanto-me e saio fora da sala. Todos ficam chocados e eu saio, tenho o Gale a segurar-me.

—Ei! Onde pensas que vais? - tento soltar-me.

—Eu exijo falar com o Presidente Fog, agora! - ele mantém-me presa. - Não ouviste bem? Eu exijo falar com o Presidente Fog, AGORA!

—Temos pena, não te pode atender - bato em mim própria e agacho-me. 

—O que raio? Será possível que sempre que nos encontramos me batas? - faço um escândalo e todos os Soldados o tiram de cima de mim. - Já chega! Eu exijo falar com Presidente acerca deste senhor!

—Mas, menina... - um deles vem interromper.

—Não ouviram o que eu disse? Eu EXIJO falar com o Presidente Fog! Isto está fora do controlo! - faço-me de ultrajada. Um deles leva-me lá.

—Senhor Presidente, a menina Willow Everdeen Mellark deseja falar consigo, é urgente - ele abre-me passagem.

—Ora que bela surpresa! - vocês devem estar a imaginar o Fog como Snow, mas não tem nada a ver. O Fog é mais doentio, e para além disso, não é velho. É um homem relativamente jovem e extremamente poderoso. Um ditador como nunca antes foi visto, pior que o Snow e qualquer outro que alguma vez existiu. Ele é capaz de matar por matar, o Snow matava para vingar e assustar. Ele tem prazer em fazê-lo. - Que a traz aqui?

—O Soldado Gale Hawthorne agrediu-a e ela exigiu vê-lo e falar acerca disso consigo - diz o Soldado.

—Muito bem, podes ir - ele dispensa o homem que fecha a porta. - Como disse no meu discurso, extremamente inteligente. Essas manobras têm funcionado, mas todos sabemos que apesar de todo o ódio que o Soldado Hawthorne nutre pelo teu pai, ainda gosta da tua mãe. E bem, magoar a tua mãe de novo não era algo que ele quisesse, ou era? 

—Os fins justificam os meios - digo e ele sorri.

—Não diria melhor, Menina Everdeen Mellark. Por isso é que existem os Jogos, os fins que utilizamos justificam o controlo que é necessário - estou com uma cara irritada.

—Que é que quer de mim? Lutei nos Jogos, o acordo era eu viver em paz! - ele sorri. - Porque é que não me mata de uma vez?

—Porque não a quero matar, Menina Everdeen Mellark. Não fui eu que pus as cartas assim. Eu até gostaria de a ter como amiga, se não como amiga, como aliada - continuo com cara de maldisposta.

—Nunca. Matou o Haymitch e não matou mais ninguém, porque não beberam daquilo! - ele abana a cabeça negativamente fazendo um barulho irritante.

—Eu não matei o Haymitch, a Menina matou-o - ouvir aquilo da boca de outra pessoa dói mais ainda que sabê-lo. - Vou-lhe mostrar algumas imagens.

Nesse momento começa a passar a Colheita da 74ª Edição, em seguida a da 99ª Edição. Em seguida, o final a da 74ª Edição e a da 99ª Edição. 

—Porque é que está a fazer isto? - ele interrompe o que está a fazer.

—Para lhe mostrar as diferenças. A Menina não é a sua mãe e aquilo que a distingue é o facto de ser muito mais inteligente que ela, muito melhor lutadora, e acima de tudo, ter uma alma completamente diferente. A sua mãe é incapaz de matar a sangue frio, mas eu sei que a Menina, neste momento, mataria o Soldado Hawthorne a sangue frio - ele está certo. - A cara da sua mãe quando subiu ao palco depois de ser sorteada era de terror, incerteza sobre o que se seguia. A sua cara tinha confiança, uma ligeira arrogância, eu chamo a isso Carreirista.

—Eu não sou Carreirista! - imponho-me e ele ri.

—Acho que a conversa já deu o que tinha a dar. Tenha uma boa-noite. Ah, e deseje as felicidades ao Sr. Finnick Odair. Todos o adoramos, deveras um rapaz encantador. Estamos sempre a ver-vos daqui - ele diz isso com um sorriso e aparece então um vídeo em que estou com o Caleb, do dia do parto da Posy.

—Como é que arranjou isso? - ele ri fraco. - O Caleb não tem nada a ver com isto, tire-o do assunto! Aprenda a separar as águas! - saio irritada e bato a porta. 

Quando chego de volta ao apartamento, o Gale está lá dentro com todos os outros.

—Aqui está ela! - ele diz.

—Que é que querem comigo agora? - o meu irmão vem e agarra-me nos dois braços.

—Para de te armar em Salvadora da Pátria! Só estás a destabilizar toda a gente, não entendes isso? Os meios que usas não justificam os fins! O Haymitch morreu e todos sabemos porquê! Agora, temos mais que fazer que preocupar-nos em tentar remediar o irreversível! - ele parece magoado.

—Ele sabe do Caleb e ameaçou matá-lo - começo a chorar de novo. 

—Quem é que raio é o Caleb? - pergunta o Gale. 

—És tu - responde o meu pai.

—Como assim? - questiona.

—O Finnick sou eu, a Willow é a Katniss e o Caleb és tu - o meu pai explica-lhe.

—Willow? - o Finnick chega perto de mim. Abraço-me a ele que mal retribui o abraço. Olho para ele sem perceber. - Tu amas-me?

—Claro que sim! Eu disse-te isso nos Jogos! - ele continua sem se mover.

—Exato, nos Jogos eu também te disse isso nos Jogos! - agora percebo o que ele quer dizer. - Tu nunca me disseste isso quando voltamos.

—Tu também nunca mais disseste que me amavas! - acuso-o.

—Porque não amo! - fico chocada e lágrimas começam a surgir nos meus olhos.

—Escusas de me aparecer à frente outra vez - vou para o meu quarto e tranco-me lá dentro. Que belo aniversário que eu tive... Preferia ter ficado a festejar em casa, na minha bela e ordinária vidinha. A partir de agora, 17 de junho, vai ser dos piores dias de sempre.

—Ei! Docinho! Então? - o Haymitch aparece no meu quarto, é impossível, ele estava morto. - Tu fizeste o que tinhas a fazer, eu também já estava velho e já tinha vivido o que tinha a viver.

—Não digas isso, Haymitch! - ele dá-me um sorriso de lado.

—Neste momento preciso que lutes. Tu consegues fazer isto, eu acredito em ti. Agora estão a chamar-me, o Harry disse que continua a gostar de ti e te dá luz verde com o Caleb, só no caso de vocês tentarem. O teu verdadeiro avô e a Clara, têm muito orgulho em todos vocês. A Clove e o Cato casaram-se. A tua tia Prim, pede-me para te dizer que acredita em ti e te adora. Ela e a Rue são amigas. Ah, e é verdade. O Dylan envolveu-se numa luta com o Cato, que o fez ver que as Everdeen Mellark são as maiores vitoriosas de sempre. O Finnick e o Finn também estão aqui, passam momentos de pai e filho, pedem-te que tenhas paciência com o teu amante condenado e que o ajudes a cuidar da Annie. Eu reencontrei os meus pais, o amor da minha vida, estou bem. Espero ver-te daqui a muito tempo. Até um dia, Willow! - acordo de súbito. O Haymitch falou comigo através de um sonho e foi tão estranho...

 

Continua...


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