The End Of The Peace escrita por Saffra Everdeen Mellark


Capítulo 13
Distrito 4




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—Avó! - o Finnick corre pelo comboio e abraça a Annie.

—Finnick! Tive tantas saudades tuas! - ela põe as mãos na face dele e sorri quando se separam do abraço.

—Também eu! - ele parece ficar mesmo feliz por estar com ela.

Isto deve estar a ser muito confuso para todos vocês, mas como sabem, foi convocada uma reunião no Capitólio para todos os vitoriosos, por isso eu e o Finnick aproveitamos e vamos passar a semana no Distrito 4.

—Willow! - ela abraça-me e damos dois beijos no rosto.

—Olá, Annie! - faço o mesmo e ela olha para mim com um grande sorriso.

—Estás linda! - o meu vestido azul foi escolhido a pensar no mar do Distrito 4, aquele que vi apenas em revistas do Capitólio.

—Obrigada - sorrio. É então que os Soldados de Paz nos acompanham até à Câmara Municipal, onde vamos ser reconhecidos como vencedores no Distrito 4.

—Olá, é um prazer receber-vos aqui. Espero que tenhamos oportunidade de conversar mais tarde, mas neste momento, o povo está todo muito impaciente - ouço o barulho das ondas e sorrio. Subimos para  a varanda e vejo o mar, fico maravilhada com a beleza, quem vive aqui tem tanta sorte... - Bom-dia! É com grande prazer que recebo os dois vitoriosos da 99ª Edição d'Os Jogos da Fome aqui no Distrito 4. É um orgulho para o nosso Distrito, o nome "Odair" reviver com a memória daqueles que nos deixaram. Um destes vencedores é neto das duas figuras mais importantes do Distrito 4, tão emblemático e charmoso como os seus antepassados, Finnick Odair - toda a gente bate palmas e assobia ao ouvi-lo.

—Olá! Sabem o quão bem sabe estar em casa finalmente? Gosto muito do 12, mas casa é casa, este cheiro a maresia é este cheiro a maresia, e o povo do 4 é o povo do 4, não é? É bom voltar a este lugar maravilhoso e que me viu crescer, com as pessoas que me viram crescer desde o 1º dia. E depois, chegar e ser recebido com este amor todo, não podia estar mais satisfeito! É um orgulho dizer que faço parte desta terra maravilhosa! - toda a gente o aplaude com imensa força e ele acena a todos.

—E agora, a filha de duas pessoas importantíssimas na História de Panem, tão corajosa, tão bonita e tão inteligente como os pais. Natural do Distrito 12, recebemos aqui a vencedora da 99ª Edição d'Os Jogos da Fome, Willow Everdeen Mellark! - toda a gente me aplaude e vibra com o meu nome, mas não tanto como com o Finnick, como é óbvio.

—Olá! Eu devo dizer que nunca estive no Distrito 4, vi algumas fotos numas revistas e nuns postais que o meu irmão me mandava e sempre achei lindíssimo, mas agora que cheguei aqui percebi que é ainda mais lindo que o que nas fotos! Fico muito feliz por estar aqui, ser recebida tão calorosamente é fantástico. Mal conheço o Distrito, mas já sei que adoro as pessoas e que já ganharam uma entrada direta para o meu coração. Sendo que esta vai ser a minha 2ª casa, posso dizer que não sei se quero sair daqui tão cedo! - toda a gente ri e sorri, aplaude-me imenso e assobia até.

Saímos da Câmara Municipal acompanhados por Soldados da Paz que nos levam para a Vila dos Vitoriosos, nenhum de nós se atreve a falar perto deles. À diferença do 12, aqui há muito mais controlo, talvez por ser um Distrito carreirista, então as conversas têm que ser mais ponderadas, bem como os comportamentos.

—Bem-vinda a casa, Willow - entro na casa da Annie. A mais simples de todas as casas, cheia de conchas e pintada com tons de azul pastel e branco, incrivelmente linda!

—O ar é tão mais fresco aqui, e as pessoas são tão mais... - sou interrompida pelo Finnick.

—Simpáticas? Calorosas? Amorosas? Verdadeiras? Menos revoltadas? Menos rancorosas? Queres que continue a lista? - reviro os olhos, apesar de ele ter toda a razão.

—Pode ser - ele sorri e eu faço o mesmo.

—Tenho uma não tão boa notícia para vocês os dois - a Annie aparece e eu olho com cara de "Tinha que ser, não é?". - Vão ter que ir ao Centro de Treino.

—Agora? - o Finnick pergunta impaciente.

—Sim, despacham já e pronto! - ele suspira e estende-me a mão que eu entrelaço.

—Sabes, Willow? Vamos ter que desfrutar do bom sentimento de chegar aqui mais tarde, por agora, vamos tratar destes deveres de vitorioso - rio. - Este é o único ponto em que o 12 ganha ao 4.

—Vamos lá despachar já isto! Até já, Annie! - ela acena dizendo adeus e nós vamos. - Todos os jovens do Distrito 4 treinam aqui?

—Não, nem todos. Isso é no 1 e no 2. Por alguma razão somos o Distrito carreirista menos importante - já percebi porque é que o 4 é meio invisível nesse aspeto.

—Então quem é que vai? - estamos na sessão de esclarecimento de dúvidas sobre carreiristas no Distrito 4 com Finnick Odair.

—Uma pequena parte, os miúdos mais ricos e aqueles que não precisam de trabalhar, e que por isso se inscrevem - explica. - Notas que foram treinados quando se voluntariam, ou quando são miúdos de 18 anos que festejam. Aí costumam ganhar porque são verdadeiramente e temivelmente letais. Os mais franzininhos são os pobres e limitam-se a pescar, geralmente morrem. O meu avô foi das únicas exceções, o segundo mais novo a ganhar os Jogos, logo a seguir ao teu irmão.

—Tu foste treinar? - ele assente.

—O meu pai treinou para ser guerreiro e proteger Panem contra qualquer eventualidade, mas ainda assim morreu nos Jogos. Eu, sendo neto de Finnick Odair, o homem mais emblemático de Panem, tive que ir. Vais encontrar alguns amigos meus, e depois vais encontrar alguns que acham que sabem mais que tu. Alguns não são tão bons quanto pensam, outros são extremamente letais e assustam só de olhar - ele avisa-me.

—Aposto que eras um dos melhores - ele ri-se levemente.

—Por acaso não. Obrigavam-me a treinar mais porque eu era dos piores, esfregavam-me na cara que quando fosse para os Jogos teria uma morte tão ridícula que todos se iriam rir de mim - fico escandalizada. - Não olhes para mim com essa cara. O pior do nosso grupo é capaz de estar ao nível do teu irmão nos seus Jogos.

—Agora até engoli em seco - ele muda a sua expressão. Fica mais ereto e mais duro.

—Odair! - ouço um grito de um Soldado de Paz.

—Comandante! - ele responde no mesmo tom.

—Devo dizer que tiveste sorte nesta Edição. Os Tributos eram fáceis de esmagar como vermes, mas cheguei a pensar que o Tributo do 2 fosse por um fim ao teu narcisismo - fico confusa com a observação mas tento esconder isso. - Se não fosse a espertinha da tua namorada, estavas acabado.

—Devia ter treinado com mais afinco, Senhor! - ele tem um sorriso estranho na cara, o tal Comandante.

—Comandante Collins - ele apresenta-se.

—Willow Everdeen Mellark - apresento-me.

—Com treino, poderias ter sido uma carreirista fantástica. Disse o mesmo ao teu irmão, vocês são inteligentes, se tivessem trabalhado superariam tudo e todos - pode parecer simpático dizer isto, mas este não o caso, de todo. Ele é arrogante e não gosto disso, mas deve ser de Soldado de Paz.

—No Distrito 12 não treinamos nem temos qualquer tipo de preparação para os Jogos, inclusive trabalho. Só podemos trabalhar nas minas a partir dos 18 anos, nunca antes, logo estamos entregues à sorte - ele ri.

—Estás à espera que eu acredite mesmo que essa habilidade com o arco que tu e a tua mãe desenvolveram, tal como a força e a pontaria do teu irmão caíram do céu? - engulo em seco.

—Comandante, eles têm que vestir os trajes - providenciam dois uniformes, um de rapaz e outro de rapariga. Eu visto-o no balneário feminino, e ele no masculino e voltamos de encontro ao Comandante.

—Sigam-me - nós fazemos o que ele diz, sigo o conselho do Finn e adoto aquela posição. - SOLDADOS!

—Sim, senhor! - todos estão devidamente agrupados.

—Temos aqui o Odair e a Everdeen Mellark que voltaram dos Jogos vitoriosos, querem ser os próximos aqui? Trabalhem! - ele não tem qualquer tipo de cerimonia.  - Por querermos mostrar-lhes do que somos capazes, especialmente ao nosso projeto carreirista, vocês vão fazer todos estes lançamentos e luta corpo a corpo com um Soldado qualificado, individualmente.

A primeira miúda deve ter uns 13 anos, é novinha e pequenina, mas ainda assim acerta todas as lanças no centro, no entanto, acerta apenas uma das três flechas que lançou. Nas facas falhou apenas uma e na luta corpo a corpo foi muito forte, mas o Soldado deu cabo dela.

Tudo foi muito repetitivo, alguns com muitas falhas, outros com menos, mas houve um rapaz que me surpreendeu imenso.

Acertou todas as lanças, mostrou-se um pouco mais atrapalhado com o arco, mas falhou e por muito pouco, apenas uma. As facas foram todas acertadas. O machado foi implacável. A luta corpo a corpo foi renhida e ele ganhou ao Soldado.

—Impressionada, Everdeen Mellark? - pergunta quando passa por mim.

—Falhaste o arco e flecha - faz-se silêncio na sala.

—Porque tu consegues fazer tudo o que eu fiz - desafia-me.

—Nunca ninguém me ouviu dizer que conseguia. Mas certamente não tinha falhado nenhuma - rebato e ouve-se um "Uhhh" coletivo.

—Everdeen Mellark, porque não experimentas o simulador? - sugere o Comandante. - Podemos começar devagar primeiro.

—Muito bem - aceito e toda a gente fica curiosa. O Finnick abana a cabeça negativamente.

Entro dentro daquela cápsula e começa a simulação. Coloco em prática o que aprendi a caçar com a minha mãe e nos passeios escondidos com o Caleb.

Aparece-me um à frente que eu disparo, um de cada lado, matando um, desviando-me rapidamente e matando o outro. Aparece-me um a saltar para cima de mim, mas eu sou ágil e mato-o na mesma. Aparecem-me três em diferentes direções, mato um, o segundo bem rápido e o terceiro. Ao mesmo tempo ouço algo atrás de mim, armo-me e disparo instantaneamente matando dois de uma vez e outro que apareceu ao lado deles. Amparei todos os golpes e acabo com todos os inimigos virtuais. Quando eles pensam que acaba, eu ouço algo atrás e do meu lado esquerdo, armo e disparo para ambas as direções, bem rápido e fechando a questão. 

Saio do simulador e todos me aplaudem, o que me faz dar um sorriso ao Comandante e ao rapazinho. Vejo que o Finnick está orgulhoso e eu também estou.

—Alguma vez caçaste? - o Comandante pergunta-me.

—Não, nunca - minto.

—O Soldado Hawthorne disse que ele a tua mãe costumavam caçar - ele traz esse argumento pensando que eu admitiria, mas nunca na vida.

—O Gale e a minha mãe até podem ter feito isso num passado longínquo, mas quando eles eram amigos eu não era nascida, não sei nada desse tempo. O certo é que eu nunca cacei, talento natural - dou uma de narcisista que o deixa de mau humor.

Posso dizer que a primeira de três visitas a Centros de Treino de Carreiristas foi muito divertida e deu-me um gostinho especial.

 

Continua...


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