Start escrita por Queen Of The Clouds


Capítulo 23
O destino tem senso de humor


Notas iniciais do capítulo

Não me matem.
Boa leitura.



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 Alexy

—Eu deveria ter pedido a Annya para comprar um milkshake para mim também.—Meu irmão murmurou e tirou as mãos nos bolsos do casaco.—Ela está demorando.

Eu o observava, com os olhos semicerrados.

—Você não liga mesmo para isso, não é?

—Isso o quê? O sorvete?—Perguntou, enquanto rodava seu chaveiro no dedo.

—Para a sua situação com a Annya.

Ele revirou os olhos e parou com a brincadeira das chaves.

—Você não deveria sair com aquela garota.

—Por que não?—Ele ajeitou o retrovisor, inquieto.

—Não sei! Eu não gosto dela! Não me parece ser uma pessoa legal!

Armin riu, debochado.

—E de onde você tirou isso? Intuição feminina?

—Quer parar de agir igual a um idiota?!—Pedi, me virando para ele.

—Não, o idiota é você! Você e minha mãe são capazes de inventar qualquer coisa para me juntar com Annya e eu não quero que vocês decidam a minha vida!

—Eu quero muito que vocês fiquem juntos, mas dessa vez eu estou preocupado apenas com você!

—Sei.

Eu tirei o cinto de segurança.

—Mas já que tocou no assunto, me explique: por que é tão complicado?

Armin me ignorou e voltou sua atenção para o chaveiro, como um garotinho tentando ignorar a bronca.

—Armin, ela gosta de você, você gosta dela, por que complicar tudo?

—Eu não gosto dela.

Pare de agir como uma criança, Armin!

Ele se virou para mim, completamente furioso.

—Não! Quem está agindo como criança é você! Chega dessa besteira de acreditar que eu e Annya ficaremos juntos! Você ouviu o que ela disse? Ela não se importa! Ela definitivamente não gosta de mim!—Ele deu um sorriso sarcástico.—Mas, é claro, vocês insistem! Você e o resto do mundo esperam que eu fique com a Annya vivendo numa droga de final feliz digno de contos de fadas! Tente entender pela última vez, Alexy: isso nunca irá acontecer! Eu não sinto nada por ela! Eu e Annya nunca ficaremos juntos e não há nada que você possa fazer para mudar isso!! Entendeu agora?!

Ele respirou fundo antes de voltar a falar. 

—Esqueça as histórias da Disney que mamãe te contou quando tinha oito anos, Alexy. Elas mentem. Não existem esses "finais felizes".

Eu o observava, chocado.

Aquele não parece o meu irmão falando. Não aquele que tinha ideias malucas e planos incríveis. Que esperava sim, ter um final feliz, mesmo que não admitisse.

—Você é um babaca.—Resmunguei, me virando para frente e afivelando o cinto.

Assim que encostei a cabeça na janela a porta de trás foi aberta e Annya entrou, quieta. Armin ligou o carro e saiu do estacionamento. Nós três permanecemos em silêncio até que ela se inclinou entre os dois bancos e estendeu o copo de milkshake.

—Alguém quer?—Perguntou.

Eu balancei a cabeça negativamente. Ela ergueu as sobrancelhas e se se virou para o idiota no banco do motorista.

—E você, Armin?—Perguntou balançando o copo ao lado do seu rosto.

Por um momento, seu semblante fechado pareceu suavizar.

—Não, obrigado.

—Está igualzinho ao que bebemos naquela vez.

Ele deu um sorriso de canto.

—Eu vou me lembrar de te levar lá outra vez e cobrar pelo milkshake, fique tranquila.

Ela encostou no banco.

—Talvez não tenha uma próxima vez.—Balbuciou, mordendo o canudo.

Armin pareceu não escutar. Eu olhei para trás, discretamente. Ela escutou o que Armin falou. Eu tinha certeza.

E também tinha certeza de que ela não estava bem com isso.

 

Anastasia

Eu estava tão incomodada ali. Minha mão tremia para abrir a porta do carro e me jogar por ela.

Armin finalmente disse o que sentia por mim, que era... nada. Meu sentimento não era recíproco. Esse era o incentivo que eu precisava para finalmente abrir mão dele...

Mas por que eu não estava feliz?

Ouví-lo gritar tudo aquilo deveria solucionar os meus problemas. Meu coração deveria estar em paz, mas agora estava mais agitado do que nunca. Armin estava livre de mim e eu estava livre dele, como eu queria... então por que não conseguia aceitar isso? Aliás, por que o mundo tinha que funcionar dessa forma? Deveria ser proibido se apaixonar por pessoas que não te amam de volta!

Depois de tudo que passei, eu me tornei uma pessoa extremamente cética. No entanto, às vezes eu me pegava pensando no destino... em toda aquela história de "estar no lugar certo, na hora certa". Admito que uma parte de mim gostava de acreditar nisso. Era reconfortante pensar que minha vida e minhas relações estavam traçadas. Eu passei por muitas inconstâncias e imaginar que algo em minha vida era sólido fazia com que eu me sentisse segura.

Mas agora eu não estava nem um pouco satisfeita com isso. Se eu não podia ter Armin para mim por que colocá-lo no meu caminho? Aquilo tudo me parecia uma brincadeira cruel. Eu quase conseguia escutar o universo, Deus, ou seja lá o que fosse rindo da minha cara.

Mas não podia culpá-los totalmente. Fui eu quem prometeu que não confiaria em mais ninguém e fui eu quem descumpriu a promessa. A culpa era toda minha. Eu não só enfiei meu coração em outra confusão como também atrasei a vida de Armin. E eu não podia continuar assim.

Eu não era o destino dele e ele não era o meu. Era simples: eu precisava esquecê-lo. A partir de agora, éramos definitivamente amigos. Simples assim.

Eu deixei o milkshake vazio no porta copos. De repente, o carro passou por um buraco e só então percebi a situação em que me encontrava: eu estava no meio de uma tempestade, dentro de um carro que deslizava por uma pista escorregadia. Meu medo por automóveis aflorou em questão de segundos. Eu apertei o cinto e encostei a cabeça, respirando fundo. Tentei pensar em coisas boas.

Em algum momento, acabei adormecendo. E foi a primeira vez, em meses, que eu não sonhei com Armin.


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Notas finais do capítulo

É sério, não me matem ainda!
Vocês terão motivos muito melhores para isso.
:)