Série Lobos II - O Clã da Lua escrita por M Schinder


Capítulo 6
Sexta Caçada: Sozinho


Notas iniciais do capítulo

Finalmente consegui voltar... Bem, agora a faculdade está apertada e por mais que eu tenha alguns capítulos adiantados haverão semanas que não conseguirei postar. Espero que compreendam.

E espero que vocês apareçam e deixem suas opiniões, estou com saudades!

Glossário da História:

Tsume = Garras

Hogosha = Guardião

Zetsubo no Yama = Montanha do Desespero

Iro no Seiiki = Santuário das Cores

Hikari no Mori = Floresta da Luz



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/707569/chapter/6

Para a minha felicidade − por favor, notem a ironia − Ailee também seria mandada para a Hikari no Mori, para bem longe de mim. Eu não estava nada feliz com aquilo, mas Hidetaka garantiu que ela ficaria bem e segura. Agora, pensem comigo, qual o sentido de mandar a protegida para longe de seu protetor pessoal escolhido depois de um longo treinamento e vários testes? É, nem eu entendi.

Entretanto, eu ainda precisava cumprir a promessa que fizera para ela e descobrir o máximo que podia – com todos me evitando e não querendo falar comigo sobre o assunto – sobre o novo “senhor”; quem ele era, o que queria, coisas desse tipo.

Enquanto repassava em pensamento o que precisava fazer, Ailee caminhava a meu lado arrastando os pés e com a cabeça abaixada. Ela usava as roupas de cerimônia que todos os herdeiros eram obrigados a usar quando deixavam o palácio em missões importantes. Era um vestido branco, que descia até seus pés e escondia seus braços. Uma faixa azul envolvia sua cintura, marcando-a. Em seus pés, sapatilhas azuladas e, na cabeça, um véu que deixava apenas seus olhos descobertos. Não pude deixar de pensar o quão louco o senhor Tsukiko ficaria se soubesse que ela saíra várias vezes do palácio sem aquelas roupas estúpidas.

O caminho não era longo e logo chegamos a carruagem que a levaria embora. Aliee não estava nada feliz e suas delicadas feições contorciam-se por isso. Abria a porta do veículo nada discreto – possuía a carcaça arredondada, de madeira pura, e as quatro rodas tinham desenhos diferentes em seu interior – e estiquei minha mão para ajudá-la a subir. Ela hesitou. Sabia que não queria ir, se preocupava com o que aconteceria a seu povo e sua casa. Segurei sua mão e exibi meu melhor sorriso.

− Vá tranquila, estarei aqui.

Sua expressão amenizou, mesmo que seus olhos acinzentados ainda estivessem anuviados. Rapidamente, e sem soltar minha mão, ela me abraçou e deixou que eu a ajudasse a subir. Dei-lhe um último sorriso antes de fechar a porte e o cocheiro partiu sem olhar para trás.

Fiquei assistindo-a até que sumisse entre as árvores.

~000~

O clima dentro do palácio ficou ainda mais pesado com a partida de quase todos os membros da família Tsukiko. A maior parte da matilha estava posicionada ao redor do lugar e o nosso senhor não saia de seu quarto. Hidetaka me contara que até mesmo os protetores do feudo foram trazidos para o interior da muralha.

Achei aquilo impensável. Deixar o feudo Tsume desprotegido era como pedir para que animais e monstros os atacassem. Disseram que as pessoas deveriam saber se proteger, o que era ridículo, pois a cultura que os governantes aceitaram, por anos, não os incentivava a aprender a se defender. Além disso, eu não podia acreditar que meu pai poderia estar de acordo com tudo aquilo, sendo que sua própria família – esposa, filhos e netos – moravam ali e não eram guerreiros.

Enlouqueci com aquilo. Queria encontrar meu pai e seu protegido e dizer que seus métodos e decisões eram uma grande falha, que nada daria certo, mas não tive tempo. Quem transmitia as vontades do senhor Tsukiko era meu pai e, comparado aos outros, era que quem tinha que fazer parte de tudo. Arar, limpar e poder o Iro no Seiiki era uma função da qual participava; em quase todos os horários de guarda, principalmente durante a noite, eu fazia parte; a limpeza, algo que eu não fazia desde que me mudara para o palácio, fazia também. A vida se tornara um trabalho sem fim e não tinha nenhuma oportunidade de sair para procurar as pistas e provas que Ailee me pedira.

Passaram-se três semanas da partida da princesa. Eu virara, praticamente, um empregado e não mais parte da matilha. Durante meu tempo vago, perdi o hábito de andar sob duas pernas e voltei ao canino que era muito antes de me tornar o Hogosha.

Em uma das tardes livres, antes do turno da noite, sentei-me em frente a um dos lagos mais distantes do palácio, perto da Zetsubo no Yama. Minha própria figura se refletia na água límpida. A melhor pintura que eu já vira de mim mesmo.

Meu pelo estava mais escuro, a cada ano que passava ele se tornava cada vez mais parecido com bronze e mais diferente dos outros da matilha e do feudo. Os olhos mel me encaravam com frustração mistura a tristeza. A cicatriz no olho esquerdo, “presente” que eu ganhara ao me tornar o Hogosha, deixava minha expressão ainda mais angustiada. Minha pelagem escondia os músculos ganhados a duras penas, que estavam sendo usados para serviços inúteis. E meus sentidos lupinos pareciam adormecidos, acordando aos poucos, e a realização de que eu estivera tão perto de me tornar humano – assim como os moradores do feudo que eu tanto julgava – me assustava.

Nada estava acontecendo como eu planejara. A vida tranquila ao lado de Ailee fora trocada por um semi-Inferno longe dela. Minha única companhia era Issa, que não me deixava em nenhum momento.

Era cômico. A minha protegida fora mandada para longe com a família com quem não convivia ou tinha contato direito e era eu quem estava sendo exilado entre os de minha raça.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e deixem seus reviews, de verdade! >



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Série Lobos II - O Clã da Lua" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.