Desafio de mini fics Star Wars escrita por Livia Y


Capítulo 8
O Prisioneiro


Notas iniciais do capítulo

Sugestão da Bianca Felippi no Facebook: "Gostaria de mais uma reylo também, talvez uma ao contrário: Rey dark side e Ben Solo piloto jedi".

Desculpe não ter feito algo mais tradicional, mas não resisti à ideia de uma Rey super má. Talvez depois eu desenvolva o resto dessa cena, quem sabe? :)



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Ben Solo abriu os olhos devagar sob a ofuscante iluminação artificial, atraído pelo som de uma porta se abrindo. Estava sozinho e imóvel há várias horas, esquecido naquela estranha cela. Exausto, qualquer mudança em sua situação era mais do que bem-vinda, mesmo que fosse para pior. Deixou que um sorriso irônico se formasse em seus lábios ressecados só para se arrepender um instante depois, sentindo um deles rachar. Passou a língua pelo lábio inferior sabendo que em sua boca não havia saliva para umedecê-lo, mas apenas um nauseante sabor metálico, recordação da criatura mascarada que conseguira aprisioná-lo.

A desagradável lembrança do golpe que o nocauteara consistia em um fio de sangue, grosso e já coagulado, que ia de seu nariz ao queixo. Abaixando a cabeça, ele podia ver manchas avermelhadas em sua túnica cinza, mas não lhe era possível verificar se sangrara além disso – seu corpo alto e forte encontrava-se rigidamente preso a uma plataforma metálica no centro da cela, quase em posição vertical, cercada por um campo de contenção azulado que o impedia de se conectar à Força.

Quando seus olhos se acomodaram à luz, ele se deparou outra vez com a criatura. Não era muito alta e tinha o rosto escondido por um elmo preto e prateado, vestindo um manto também negro que ia até o chão. Preso às costas do manto havia um bastão que, na verdade, era um sabre de luz com duas lâminas de plasma, uma em cada extremidade. Ben lembrou-se do brilho vermelho delas, enquanto enfrentava o pequeno inimigo em Takodana. O Jedi aprendera a usar sua altura como uma vantagem em combate, mas a ferocidade e a rapidez do adversário eram notáveis, tornando o tamanho de Solo inútil. Ele se recordava apenas de ter tomado um golpe na cabeça, e já despertara preso.

— Onde estou?

A pergunta soou mais irritada do que Ben gostaria, e sua voz saiu rouca após tanto tempo em silêncio. A criatura não respondeu logo, estudando o Jedi.

— Você é meu convidado.

A voz de seu captor era indistinta, sintética, um ruído distorcido pelo elmo. Ele poderia ser um droide assassino e Ben Solo não teria como saber.

— Onde estão os outros? E a minha nave?

Desta vez a resposta foi imediata:

— Você se refere aos ladrões, assassinos e traidores que chama de amigos? Ficará aliviado em saber que eu não tenho ideia. Muito menos sobre a sua nave.

A criatura aproximou-se o máximo que pôde do campo de contenção sem adentrá-lo, e ergueu uma das mãos, exibindo um pequeno artefato eletrônico. Apertou o único botão no aparelho e Ben imediatamente levou um choque, tão intenso que quase desfaleceu. Arfando, sentiu o suor brotar em seu corpo e escorrer por suas costas.

— Por quê? - Foi tudo o que conseguiu balbuciar.

O algoz de Ben Solo apertou o botão novamente, e desta vez as lágrimas escorreram pelo rosto ensanguentado do Jedi. Ele cuspiu no chão, tentando conter a náusea, e manteve a cabeça baixa. Seus cabelos escuros estavam colados à sua testa, e ele tentava recuperar o fôlego, esperando outra descarga. Mas ela não veio.

— Jedi, posso desligar o campo de contenção, mas se tentar usar a Força, tomará outro choque.

Ben assentiu com a cabeça, e o campo de força azulado sumiu. Ele sentiu a Força outra vez, e controlou-se para não tentar nada mais ousado, sabendo que a criatura não hesitaria em fritá-lo. Precisava ganhar tempo, e não acabar ainda mais ferido do que já estava.

— Quem é você? Por que se esconde atrás dessa máscara?

A criatura deu um passo para trás, afastando seu capuz escuro do rosto. Com um movimento rápido e preciso, soltou as travas do elmo e retirou-o. Seu cabelo castanho caiu até os ombros, e seus olhos cor de âmbar não traíam sentimento algum.

Uma garota humana! Ela lhe pareceu estranhamente familiar, mas Ben não conseguiu identificá-la.

— Meu nome não interessa, Jedi.

Ela respondeu de modo neutro, mas sua voz era suave em contraste com a truculência e frieza que demonstrara até então. Deixou o elmo pesado cair sobre um painel em um dos cantos da cela e voltou a se aproximar de Ben. Sua captora precisava olhar para cima para encará-lo, mas isso não a tornava menos ameaçadora. Imaginar que alguém com a aparência tão delicada pudesse ser tão cruel era assustador. Ela o analisou por mais alguns instantes e ergueu a mão enluvada, tocando os lábios machucados do jovem Jedi.

— Assim tão grande, você é um alvo fácil. Não foi difícil acertá-lo. Seu tamanho o deixa lento.

Ben não respondeu. Ela traçou o caminho do sangue pelo queixo até a túnica dele, os dedos suaves parecendo acariciar o prisioneiro. 

— Você é valioso vivo, mas isso não significa que tenhamos de devolvê-lo inteiro.

Sem esperar que ele dissesse algo, ela tirou o bastão das costas com a rapidez de um usuário da Força, segurando-o na horizontal com ambas as mãos, e voltou a acertar o nariz de Ben do modo que fizera em Takodana. Um golpe seco, de baixo para cima, e ela nem mesmo precisou ativar os feixes de plasma. A dor explodiu no interior do crânio dele, e mais sangue voltou a jorrar por cima do líquido seco. Meu nariz... deve estar quebrado, se é que já não estivesse, Ben pensou com desesperança.

— Onde fica a base da Resistência?

Ela enunciou cada palavra, como se estivesse falando com alguém de inteligência inferior. Ben voltou a cuspir, desta vez sangue vivo. Teve dificuldade em focalizar a garota, sua visão embaçada pela violência da pancada, e manteve-se calado.

A guerreira sem nome então virou seu bastão e acertou uma das pontas ponta entre as costelas de Ben. Lágrimas voltaram a escorrer, o ar lhe faltou. Teve certeza de que ela havia fraturado suas costelas, e tentou se concentrar para usar a Força ao menos para aplacar a dor, mas a capacidade de permanecer acordado lhe escapava, esvaindo-se com o sangue. A garota então o esbofeteou com força, um tapa de cada lado do rosto, e repetiu sua pergunta devagar.

— Onde fica a base da Resistência?

Ben limitou-se a sussurrar num fiapo de voz:

— Você não vai conseguir... intimidar a Resistência.

A garota finalmente sorriu, sem mostrar seus dentes.

— Eu não preciso intimidar a Resistência. Eu só preciso intimidar você.

Ainda sorrindo, ela ativou pela terceira vez o botão que liberava as descargas elétricas, e Ben Solo não viu mais nada.


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Notas finais do capítulo

"Impotência cruel, ó vã tortura!
Ó Força inútil, ansiedade humana!
Ó círculos dantescos da loucura!
Ó luta, Ó luta secular, insana!"

Cruz e Souza, no poema "Tortura Eterna"



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