Desafio de mini fics Star Wars escrita por Livia Y


Capítulo 9
Ani


Notas iniciais do capítulo

História sugerida por Matheus Gomes: "E se Anakin Skywalker não tivesse cedido ao lado sombrio? Tivesse ajudado Mace Windu ao ter deixado Palpatine morrer... Assim Padmé iria continuar viva, assim como os filhos"



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— O senhor está preso!

A voz grave de Mestre Windu ecoou pelo salão, enquanto seu sabre de luz reverberava, faiscando, apontado para o velho caído a sua frente. O homem vestido de carmesim, em um tom profundo como sangue, ancorava-se junto à reentrância da enorme janela que dava vista às luzes de Coruscant, aparentemente derrotado.

Anakin Skywalker conhecia bem aquele homem: ele era o líder político da galáxia, o chanceler com poderes supremos sobre a República, um velho amigo, um mentor.

Mais do que isto, Sheev Palpatine era a chave para a salvação de Padmé, a senadora com quem Anakin mantinha um romance proibido.

E, no entanto, a criatura acovardada e encolhida diante do sabre de Mace Windu era também um feiticeiro do Lado Sombrio, perverso e letal, um monstro ser combatido de modo implacável por qualquer Jedi. Um inimigo de guerras milenares, incompreensíveis para o jovem Skywalker de tão antigas, mas ainda assim prolongando-se até aquele momento, determinando com fatal precisão o destino do cavaleiro e da mulher que ele amava.

Anakin meneou a cabeça, confuso, perdido, ouvindo o chanceler barganhar pela própria vida sem realmente considerar as palavras do velho. Em sua própria mente, Anakin viu Padmé deitada em um esquife, o ventre ainda cheio com a criança que carregava, seu corpo cingido por um manto escuro. Morta. Um arrepio de medo percorreu o corpo de Anakin.

E o medo, ele sabia, levava à raiva.

— A opressão dos Sith não retornará!

A entonação obstinada de Windu acordou Anakin de seus devaneios, ao mesmo tempo em que Palpatine ergueu seus dedos artríticos e atacou o mestre Jedi. Anakin estremeceu ao presenciar aquela perversão dos poderes da Força: o ar tornou-se carregado de súbito, crepitando, eletrificado como no prenúncio de uma tempestade – mas os relâmpagos escapavam das mãos do próprio Sith caído, e não das nuvens lá fora.

Atordoado, Anakin observou Windu defletir o ataque com seu sabre púrpura. A eletricidade imediatamente destruiu a aparência de Palpatine. Ou, em um cínico arranjo do acaso, ajudou a revelar a verdadeira face do monstro que Anakin ousou chamar de amigo. Palpatine fedia a carne queimada, podridão e morte quando voltou-se para Anakin, tentando parecer suplicante:

— Eu tenho... o poder... para salvar Padmé!

— Anakin! Não ouça este traidor! Ele não pode salvar nem a si mesmo!

Mestre Windu estava certo. Anakin não podia se deixar dominar pelo orgulho ferido, pelo medo de perder Padmé, pela raiva ao constatar o quanto fora manipulado pelo velho político. Mas e se Palpatine fosse a única pessoa capaz de salvar sua companheira, o amor de sua vida?

— Mestre... vamos prendê-lo! Vamos interrogá-lo! – Anakin gritou para Mace, tentando se fazer ouvir em meio à cacofonia que dominava o salão.

— Não, Anakin! Ele é perigoso demais para ser mantido vivo!

Anakin pensou em Dookan. Suas próprias mãos estavam sujas com o sangue de um inimigo desarmado, morto ao render-se. O jovem caiu de joelhos, lágrimas escorrendo por seu rosto. Ele não buscara por conselho ou penitência pelo crime que cometera contra o Conde separatista. Como poderia ousar alterar o que quer que a Força reservava para Padmé?

— Anakin... estou fraco...

Anakin olhou com nojo para o velho que tentava lhe enganar. Sentiu raiva de si mesmo, consumindo-o como ácido a corroer o mais rígido metal.

Mas raiva leva ao ódio, Anakin pensou. E deu-se conta de que, naquele momento, odiava a República, odiava a Ordem Jedi, odiava a cena terrível que se desenrolava diante dele. E ódio, ele sabia, é a raiz do sofrimento.

Anakin não suportava mais sofrer. Ergueu-se, enxugando as lágrimas. Olhou para o próprio sabre que carregava em sua mão direita. Ligou o feixe azul, direcionando-o para Palpatine.

— Mestre Windu... faça o que tem de ser feito.

Windu assentiu com a cabeça e, em um golpe único, limpo, livrou a galáxia do mal encarnado que tentava mais uma vez subjugá-la, impondo o domínio do Lado Sombrio. A cabeça decepada de Palpatine rolou pelo chão, sem vida, mas os olhos esbugalhados pareciam fitar Anakin por detrás de uma camada de gelo.

Anakin virou-se, largando seu velho sabre de luz no chão, e deixou o aposento sem olhar para trás.

* * *

O garotinho tinha olhos mais azuis que o céu sem nuvens de Naboo. Concentrado, ele fazia uma pequena frutinha do jardim levitar, tendo apostado com a irmã que seria capaz de mantê-la no ar. A menina não parecia impressionada. De braços cruzados e ar esperto, com grandes olhos castanhos, Anakin sabia que ela cresceria seguindo os passos da mãe.

Cinco anos após ter abandonado a Ordem para assumir sua família com Padmé, ele ainda sentia falta da rígida disciplina Jedi. Mesmo sem o menor desejo de retornar, Anakin sabia que este caminho lhe era impossível: seu julgamento no Conselho culminara em expulsão. Melhor assim. Observando seus gêmeos à distância, sentia-se feliz e satisfeito como jamais havia conseguido antes. Até sua natural impulsividade diminuíra com a paternidade.

Respirou fundo, pensando na criança que ele mesmo havia sido, o pequeno escravo com sonhos grandes demais para Tatooine. Pensou no adolescente atormentado que fora, incapaz de lidar com os próprios sentimentos, preso entre a devoção aos Jedi que o haviam acolhido e o amor que sentia por Padmé, proibido pelo Código de conduta que era obrigado a seguir.

Pensou no homem que quase se tornou, ao ser tentado pela escuridão que Palpatine carregava. Por fim, pensou no homem que finalmente veio a ser: Anakin Skywalker, ex-escravo, ex-cavaleiro Jedi, engenheiro de naves estelares em Naboo, marido da senadora Padmé Amidala, pai dos gêmeos Luke e Leia Skywalker. Sorriu, e ergueu a mão discretamente para ajudar o pobre Luke a impressionar a irmã.

A frutinha voou acima das cabeças das crianças, para cima, cada vez mais alto, até sumir no céu claro.


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