Herdeira da Lua escrita por Julipter, Julipter


Capítulo 33
Especial - Mali e Pedro


Notas iniciais do capítulo

Vocês não acharam que esses fofos iam ficar de fora, né?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/706833/chapter/33

Café da Lili, Setembro de 2017

Eu gostava dos shows da Lua. Gostava mesmo.

Mas eu gostava mais da minha cama e das minhas cobertas e dos meus desenhos e da minha roupa de panda.

Bom; eu estava lá, ouvindo as músicas em inglês que o Matteo cantava. Mas eu nunca entendia nada, não tinha a menor graça!

Quis falar com a Tália, quis que ela brincasse comigo, mas a mamãe não deixou porque ela estava trabalhando.

Por que, Tália? Por que você tinha que agir como adulta no meio dos adultos? Por que você não brincou comigo, hein? 

Foi quando eu vi.

Uma criança!

Eu adoro crianças!

Principalmente porque eu sou uma. É o que me dizem, mas eu também adoro adultos que sabem agir como crianças e não vêem problema nisso.

Fui pulando até ele; mas não fiz isso por mim. Ele tinha um gesso no braço. Parecia tão triste. 

—Vamos brincar? — Perguntei de cara, porque é assim que funciona, ou diz tudo logo ou não diz nada. 

Ele levantou os olhinhos castanhos pra mim.

—Não quero brincar de boneca.

—Mas você está vendo alguma boneca? Se estiver me diga, eu gosto de bonecas! — Olho ao redor, mas tudo que vejo são pessoas eufóricas cantando. 

—Você é menina. 

—Disso eu já sei.

—Meninas brincam de boneca.

—Você é menina?

—Não!

—Então como sabe?

Ele para pra pensar um pouco.

—É o que as pessoas dizem.

—Também dizem que fadas não existem. Você acredita nessas pessoas? 

—Não, eu acredito nas fadas.

Me sento ao lado dele, porque apesar de querer brincar, sei que ele precisa conversar.

—Você não está sorrindo. Por que não está sorrindo? — Em todos os meus sete anos de vida, as pessoas costumam sorrir quando eu estou presente. 

—Eu quebrei o braço.

—Mas por que não está sorrindo?

—Tem esse garoto, e ele é muito grande. Do tamanho de um touro! Então eu estava lá, curtindo o meu recreio, mexendo na minha câmera, e aí ele me empurrou do balanço. Me empurrou! 

—Que droga. —Digo, e me sinto mal, porque eu não devia dizer "droga", mas depois me sinto incrível por quebrar essa pequena regra.

—Uma droga! —Ele quebrou a regra tão fácil!—Bom, eu me levantei. E ele me empurrou de novo, eu não sei por quê. Quebrei o braço, quebrei a câmera. No outro dia, todo mundo veio assinar meu gesso. Até pensei: se eu quebrar a perna, ganho o dobro de amigos? Pensei seriamente nisso! Mas aí alguém escreveu isso aqui. 

Ele tira uma fita crepe que estava grudada no gesso. Embaixo dela, estava escrito "viado". 

—Está errado. — Eu falo, franzindo a testa.

—O quê?

—É _veado_. Com e. — Ele continua me olhando, confuso. — Você é mais velho que eu. Devia saber. Ah, sabe quem é um veado? O Bambi! Eu adoro o Bambi. E as renas do papai Noel, são tipo veados também. Ah, o patrono do Harry Potter, é um veado! 

Ele sorriu. 

Ele sorriu pra mim! 

Foi o melhor sorriso do mundo. 

—Tália! — Chamo, e ela vem até mim, e me entrega uma caneta. Ela sabe, porque todas as vezes que venho aos shows, fico entediada e rabisco os bloquinhos de notas dela e do Henri. Agradeço e digo que não quero o bloquinho.

Pedro ainda está sorrindo, e também está dizendo algo, mas não presto atenção porque estou desenhando no gesso dele. Corrijo a palavra escrita errado, e logo abaixo desenho veados puxando um trenó. Nele, estamos eu e Pedro. Depois, escrevo Mali.

Fica horrível, mas eu amo. Porque faz ele sorrir.

—Acabo de decidir que veados são meus animais preferidos. — Ele diz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Herdeira da Lua" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.