Memórias do Outono escrita por Maxine Sinclair


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiieeee, bem vindos a mais um capítulo, sintam-se a vontade



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Quando olho em seus olhos
É como observar o céu à noite
Ou um belo nascer do sol...

I won't give up – Jason Mraz

Aaron acordou cedo. Os empregados estavam correndo de um lado para o outro, organizando a casa após a festa. Ele colocou uma roupa de corrida e resolveu voltar a fazer alguns exercícios pela manhã. Depois daquela festa, ele achava que precisava voltar a estar em forma; com vários aperitivos, qualquer um cairia em tentação. Ele se divertira mesmo se sentindo um pouco como um peixe fora d'agua. Ainda não se sentia à vontade perto de muitas pessoas. Estava tentando se tornar um pai melhor.

Na festa, seus pais ficaram em um canto. Clarck em hora alguma dirigira alguma palavra a ele, mas às vezes o olhava sério. Aaron, por mais que não dissesse, queria que seu pai tivesse orgulho dele, queria ter o amor do pai. Aaron queria que o seu projeto fosse um sucesso porque tudo o que havia naquela empresa tinha sido feito pelo pai e não por ele, por isso era tão importante o seu projeto ser aceito e fazer parceria com a empresa da cidade vizinha, que não era uma empresa qualquer, era a melhor empresa de construção da região e que, naquele momento, estava se expandindo por todo o país.

Enquanto o vento batia em seu rosto durante a corrida, ele ficava imaginando a maravilha que seria se ele conseguisse fazer daquele prédio abandonado e antigo um dos hotéis de luxo mais procurados. Parou para recompor seu fôlego, e a imagem de Debra lhe veio à cabeça. Aquela foto que haviam tirado de ambos tinha ficado tão natural e espontânea que realmente estava bonita, mesmo com ambos com os rostos pintados. Ele não tinha uma foto recente sorrindo, as únicas que tinha era com Annie.

Na volta para casa, observou as pessoas e cada parte de seu caminho na cidade que tanto amava. O Canadá não era apenas um país onde vivia, era seu lar.

Fica a dica: você não fica bem de maquiagem. A mensagem seguida por uma foto de Aaron, que ele não havia visto ainda, tirada por Debra no aniversário tinha sido enviada por Scott. Ele estava animado com essa nova fase do amigo e só faltava querer que ele fizesse uma festa do pijama com a Abby. Na visão de Aaron, seus dias estavam totalmente loucos. Não sabia muito como agir, então tentava copiar as atitudes de Debra.

— Bom dia, Senhor Carter — as duas empregadas disseram em uníssono enquanto iam para o jardim.

— Bom dia, Senhoritas.

Ambas coraram. Quando ele chegou à cozinha para pegar um suco qualquer, seu pai estava por lá. Ele podia falar com ele, mas seu ego não deixava puxar assunto.

— Estamos no mesmo teto, um bom-dia não mata ninguém. — Clarck então voltou seu olhar sério para o filho que adentrava.

— Bom dia. — Fui seco demais?, pensou. Talvez.

— Você parecia bem na festa, ontem, aquela menina está conseguindo te transformar.

— É... Ela fez algo que ninguém conseguiu esfregar na minha cara sem medo das consequências.

— Cuidado, meninas tendem a se apaixonar por homens poderosos.

— Não creio que ela seja assim.

— Mesmo assim, pode misturar as coisas e acabar se apaixonando por você, e do jeito que você é, vai magoá-la sem pensar duas vezes.

— Por que acha que eu faria isso?

— Aaron, você é um homem formado, já foi casado. Ela é jovem e radiante. A tentação bate, e quando vai ver, já rolou, e por mais que você não sinta nada, não vai ter receio ou culpa. — Ele tomou um gole de seu café. — Mas para garotas como ela, um romance é algo valioso, sonhador e encantador. Ela pode se apegar a você.

Aaron se sentou para conversar com Clarck pela primeira vez sobe relacionamentos, ou para onde quer que fosse levar aquela conversa.

— Eu não tenho nada com ela. Debra é a babá de Abby, e toda a relação que tenho com ela é estritamente profissional.

— Mesmo? Porque nessa foto não aparenta isso.

O jovem olhou para a foto, e um sorriso bobo saiu.

— Isso foi por causa da nossa maquiagem borrada.

— Sério? Aaron, você já ficou com muitas mulheres depois que Annie completou dois anos de falecida. Não estou te julgando, até porque você a ama profundamente, só que você não assumiu nenhuma delas, e era cada mulher gostosa.

Aaron ergueu as sobrancelhas ao ver o que o pai acabava de falar, e então Clarck prosseguiu, ignorando o espanto do filho:

— Não me olhe com essa cara, porque você sabe que é verdade.

— Nenhuma era para ser. Eu não quero um relacionamento agora, estou com um projeto importante.

— Mas ninguém vai ser o suficiente para você, meu filho. Ninguém vai tampar esse buraco, por mais que você procure, ou você acha que não entendi qual é a sua?

Por mais que Aaron quisesse dizer que ele estava errado, não podia, tudo o que ele tinha dito era a verdade.

— Olha, Debra é uma ótima menina — Aaron iniciou. — Ela é inteligente, bonita, divertida, faz um café maravilhoso e me faz bem, só que vai continuar sendo a babá de Abby, nada mais que isso. Eu não quero nada com ela, nenhum desejo, nem nada.

— Espero que continue assim, Aaron, eu gosto dela e não quero vê-la magoada.

— Não sou desse tipo, e se for para passar uma noite, existem outras.

Levantou-se e foi para seu quarto tomar um banho daqueles que tiram pensamentos ruins e só fazem os bons prevalecerem. Parecia que todos pensavam que ele e Debra tinham algo.

O banho tirou o cansaço pós-corrida. Queria se jogar na cama e ficar nela, mas infelizmente não podia, tinha que passar na empresa, afinal, ele tinha que ser um pai? Tinha, mas também tinha que trabalhar.

Chegando à empresa, Scott estava novamente na sua sala. Às vezes Aaron se perguntava por que ele tinha uma, se não saía da sua.

— E está aqui de novo — disse entrando.

— Dessa vez, trabalhando.

— Alguém me colocou na justiça? — brincou.

— Não, o presidente da empresa nos mandou o contrato e tenho que ler, analisar tudo antes.

— Foi mal, tinha esquecido qual é o seu trabalho.

— Nossa, tão engraçadinho.

— Está de mau humor?

— Não, Victoria está me deixando louco.

— Por quê?

— Reclamando que Debra não dá mais atenção a ela.

— E por que ela não reclama com Debra?

— Porque eu fui a pessoa que apresentou vocês. Por minha causa ela está trabalhando para você.

— Pelo menos a menina está trabalhando, não vejo problemas nisso.

— Mas ela vê, porque Debra tem o dinheiro dos pais ainda, e o irmão é militar, qualquer coisa que ela precisar, ele pode ajudar, mas Debra quer trabalhar para não precisar dele. Tori não entende isso.

— Até porque, se não fosse eu, seria em outro lugar.

— Diz isso a ela.

Aaron começou a pegar os relatórios da obra do hotel e todas as informações que ele havia conseguido sobre todas empreiteiras para saber qual seria a melhor para contratar. Estava adiantado em seus serviços, mas Scott estava realmente trabalhando, então Aaron usou seu tempo para o observar, e ele só percebeu o que o amigo estava fazendo após vinte minutos.

— Vai continuar fazendo isso por quanto tempo?

— Acho que vai ser difícil parar, é algo difícil de se ver. — Aaron olhou para ele, e a sua cara estava fechada por causa da brincadeira. — Me desculpe, mas é algo raro.

— Não estou gostando dessa sua versão. O engraçadinho com piadas baratas aqui tem que ser eu.

— Desculpa, vou me retirar para te deixar trabalhando.

— Aonde você vai?

— Sei lá, ficar na sala de espera ou dar uma volta.

— Você precisa de uma mulher. — Tomou a água que estava na mesa.

— De acordo com meu pai, eu estou tendo um caso com Debra.

Scott se engasgou.

— O quê?!

— Isso mesmo o que ouviu, ele acha que, só porque tiraram uma foto dela comigo em que eu estava sorrindo, estamos tendo algo.

— Impossível.

— Foi o que eu disse.

— Não, você não entendeu, ela...

— Eu quero atenção! — Tori chegou invadindo a sala.

— Pelo amor de Deus, se está carente, vai buscar seu namorado — Aaron disse bufando.

— Ela nem precisa desse emprego.

— Você às vezes é egoísta.

Ela o olhou assim que ele terminou de falar.

— Sério? Eu vou me casar e ainda não consegui falar com ela sobre isso.

— O quê?! — Scott e o amigo gritaram ao mesmo tempo, surpresos.

— É brincadeira — ela disse caindo no riso. Scott parecia se sentir ofendido.

— Não vejo a graça nisso — ele falou sério.

— A sua cara que é a graça — Aaron afirmou, e ela assentiu.

— Por que você está assim hoje, pai? Está de TPM? — ela perguntou.

— Por que vocês dois não vão dar uma volta?

Aaron e Victoria se olharam e saíram. Por algum motivo, Scott estava estranho. Aaron não entendia a atitude do amigo, que era sempre o mais amigável possível.

— Está mesmo com ciúmes de Debra?

— Um pouco, mas eu fui lá para ver se animava meu pai.

— E você sabe o porquê de ele estar assim?

— Tenho uma ideia do que seja. — Ela abaixou a cabeça. Estava chateada com a situação por que estava passando. — Minha mãe quer que eu vá morar com ela e o cara com quem ela vai se casar.

— E você vai? — Aaron ergueu as sobrancelhas.

— Claro que não — respondeu com uma careta.

— Avisou a ele?

— Já, mas ela quer pôr meu pai na justiça se eu não for passar pelo menos um final de semana lá.

— E qual o problema?

— Ela vai se mudar para a Itália.

— Aí fica difícil.

— Exatamente — concordou, suspirando. — Só que meu pai é sentimental, daqui a pouco ele para e vê que não quero ir. Eu não o deixaria por nada.

Aaron olhou com admiração para a filha do amigo. Ele percebeu o quão bonita era a relação de pai e filha entre eles e decidiu tomá-la como exemplo e ficar do lado de Scott.

— Vou para casa. Até que você não é tão ruim assim para conversar. — A menina deu um sorriso simpático, porém Aaron percebeu que ela não estava bem.

— Obrigado... acho.

Ele seguiu seu caminho até em casa. Estava cansado e ansioso por causa do projeto. Logo quando chegou não viu ninguém além de Clarck na sala, e então subiu para seu escritório particular. O ar daquele lugar, por mais que fosse de trabalho, dava-lhe paz e aconchego, bem como o cheiro dos livros que lotavam uma estante do tamanho de uma parede inteira, as janelas tampadas com as cortinas e a luz da luminária que clareava a sua mesa. Sentou-se e começou a ver todos os seus e-mails.

A busca por bons funcionários o estava deixando louco. Estava com medo de colocar pessoas erradas no projeto e depois não conseguir ir em frente com o mesmo. Olhava, lia e relia tudo. Fez isso durante algumas horas, mandou finalmente a lista de lojas de materiais de construção e a empreiteira por e-mail e ficou olhando para seu telefone, esperando a grande ligação de sua vida, até ouvir risos do lado de fora da casa. Levantou-se e olhou pela fresta da janela. Debra e Abby brincavam na parte de trás da casa. O sorriso de Debra estava tão belo quanto um dia fresco, e ele a admirou por alguns instantes.

— Por que você não vai lá fora? — a voz de sua mãe era inconfundível.

— Estou esperando uma ligação — disse saindo da janela.

— Leve o celular. Elas estão lá há horas, e parece divertido.

— Mãe, eu tenho 26 anos, não tenho idade para brincar.

Ela se aproximou e arrumou sua gravata cinza.

— Velhice está na cabeça das pessoas. Você brincava com Annie.

— Era diferente.

— Não, meu filho, você que faz ser diferente. Vá lá e se sente na grama, sinta o ar fresco de seu belo quintal, relaxe e você verá o quanto isso vai te ajudar nos seus negócios, não só no de agora, mas nos futuros também.

— A senhora acha que vai ajudar?

— Claro, relaxar um pouco ajuda muito.

— Está bem, então, mas se não ajudar, nem insista depois.

Okay.

Saiu e foi para o quintal. Se ele tivesse pensado mais um pouco, teria tirado a roupa que usava e posto algo mais confortável ao ver Abby brincando com uma mangueira enquanto Debra estava tentando fugir da água.

— Olha quem não resistiu, Abby.

— Eu só vou me sentar aqui ao lado enquanto espero uma ligação.

— Sei...

— Sério.

Ela o encarou novamente.

— Uhum...

— Minha mãe insistiu.

— Eu sei, ela te viu à janela — disse sorrindo.

O sorriso dela prendia o seu olhar, era calmo e sincero. Em seu celular ele recebeu uma mensagem, e ela o olhou.

— Só um minuto. — Fez um sinal com a mão e se afastou devagar.

Okay.

Com a lista. Já mandei começarem as obras. Meus parabéns, Senhor Carter.

Aaron ficou contente, mas ao mesmo tempo surpreso. Não tinha certeza se as lojas que ele tinha escolhido eram as certas, e muito menos se a empreiteira era a melhor, mas o presidente da outra empresa aceitara sua escolha.

O que pode dar errado?, pensou.

Aaron, com a boa notícia, voltou para perto de Debra. Ele não sabia como se expressar, apenas ficou sem reação. O dia que ele tanto esperava estava próximo.

— O que foi, Senhor Carter? — a voz de Debra expressava preocupação.

— Eles aceitaram as minhas escolhas e vão começar as obras hoje, para inaugurarem o mais rápido possível.

— Bom... Não sei o que é, mas deve ser bom, então temos que comemorar.

Abby pegou seu telefone e deu a mangueira para Debra. Um sorriso de lado surgiu nos rostos das duas.

— O que foi? — ele indagou.

— Nada.

A morena jogou água nele. Aaron até chegou a hesitar, mas era impossível. Lembrou-se de quando tinha seus 15 anos e fez algo parecido com Annie, então entrou na brincadeira.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem e os espero no próximo capítulo.



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