Memórias do Outono escrita por Maxine Sinclair


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oiiiii, gente se eu disser a vocês que eu sou apaixonada por esse capítulo vocês acreditam? Porque está tão meigo *-*. Espero que gostem... Boa leitura ♥.



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Mantive tudo aqui dentro
E mesmo tendo tentado
Tudo desmoronou
O que isso significou para mim será eventualmente
Uma memória de uma época quando...Tentei tanto

In the and – Linkin Park

Estar com Debra estava fazendo bem a Aaron. Todavia, depois do que aquela mulher falou, ficaram um pouco sem graça. Mesmo assim não pararam de ir atrás do que era necessário para o aniversário de Abby, e faltavam algumas coisas a serem resolvidas.

Debra foi até a empresa de Aaron dois dias depois do último encontro deles.

No seu escritório, Aaron se levantou.

— Aonde você vai? — Scott perguntou.

— Tenho convites para entregar e o buffet para provar.

— Nossa, isso aí parece até casamento.

— É a primeira festa de aniversário da minha filha, quero que seja perfeito.

— Senhor Carter, ela chegou — a secretária anunciou.

— Peça para que entre.

Ela assentiu e chamou Debra.

— Bom dia, Senhor Carter... Scott.

— Bom dia — responderam juntos.

— Já fiz os convites com os nomes que me deu.

— Então falta o buffet?

— Sim — ela disse sorrindo.

— Como você o está aturando, Debra?

— Scott, até que está sendo divertido, o Senhor Carter ajudou a escolher uma das cores — falou ironicamente.

— Nossa, quanta ajuda — Scott declarou debochando.

— Nossa, como vocês são engraçadinhos.

— Vamos? Estamos atrasados.

— Vamos. — Aaron foi até ela e pegou o convite do amigo. — Aqui está o seu convite.

— Obrigado — Scott agradeceu olhando o convite cor-de-rosa claro.

Debra conseguiu fazer com que Aaron caminhasse com ela até o buffet, que, para sua sorte, ficava logo no centro da cidade. Após provarem alguns pratos, ela escolheu comidas leves e hors d'oeuvre, e ele apenas concordou, afinal, ela cozinhava bem e entendia mais de crianças do que ele. Na caminhada de volta para casa para ornamentá-la, começaram a conversar.

— O que está achando de preparar a festa de aniversário da Abby?

— Diferente. — Ele pensou um pouco e completou: — Até que é divertido.

— Por que você nunca havia preparado uma festa para ela?

— É complicado, e você pode até achar egoísta de minha parte.

— Pode falar, não estou aqui para julgar.

Ele tinha medo de contar e ela não entender, ficar com pensamentos ruins sobre ele, mas confiou e decidiu dizer.

— Annie faleceu no dia em que Abby nasceu, poucos minutos depois de ver o rosto da filha que ela amou tanto antes mesmo de nascer. — Respirou fundo e inalou o ar de Ottawa. — Então era difícil comemorar sabendo que era o dia em que a única mulher que amei faleceu.

— Não sabia que ela tinha falecido no mesmo dia do parto.

— Em todo caso, eu sei que fui egoísta.

— O senhor teve seus motivos, não se culpe. — Ela deu uma pausa e completou: — Como se conheceram?

Ninguém nunca lhe havia perguntado sobre isso. Abriu um sorriso apaixonado e começou a contar.

— Eu estudava na mesma escola que ela. Annie se sentava uma cadeira à frente da fileira ao lado. Nunca havia falado comigo. Eu era apegado a minha vó, e quando ela faleceu, eu estava muito triste na aula, e então Annie veio falar comigo. Tínhamos sete anos.

— Um ano mais velha que Abby quando você a conheceu.

— Sim, e Abby está cada vez mais parecida com Annie nessa idade.

Debra sorriu ao imaginar.

— Annie era linda, por isso você se apaixonou por ela.

— Não era apenas uma menina bonita, ela era meiga, divertida, extrovertida, sincera e não importava a quem, ela sempre dizia o que pensava.

— E você sentiu que ela era a pessoa certa?

— Crescemos juntos, éramos o que todos diziam ser o casal perfeito, a menina popular e o garoto rico, mas víamos além de cada rótulo que nos colocavam. Os pais dela eram bem rígidos, e os meu também. Eles não queriam que ela se iludisse por gostar de um cara como eu. — Pausou e olhou para as folhas que estavam caídas pelo chão. — Até um dia em que quase a perdi de vista por medos bobos. Decidi, então, me declarar, e da maneira mais ridícula possível.

— Como foi? — Debra perguntou ansiosa por tanto mistério.

— Eu cantei para ela no meio da sala.

— E onde isso é ridículo?

— Imagina um cara de 15 anos cantando Always do Bon Jovi e desafinando com um violão que nem sabia tocar. — Ele fez uma careta enquanto Debra o olhava atentamente. — Foi um desastre.

— E ela aceitou?

— Sim, e se emocionou com aquilo. Como não amar alguém que te aceita até cantando mal e te envergonhando na frente dos amigos? — Debra soltou uma risada ante essas palavras. — E nos casamos um ano depois.

— Ela era incrível, não é?

— Ela era mais que isso, ela era tudo para mim.

Continuaram caminhando até chegar à casa de Aaron e foram para o escritório que ele havia montado nela.

— Os pais dela aceitaram o casamento aos 16?

— Não aceitaram muito bem, nos tinham até proibido de nos encontrarmos, mas não desisti dela. Eu a queria não importava como e então disse a eles que ela tinha perdido a virgindade.

Debra o olhou surpresa.

— E tinha?

— Não, era só um modo de eles deixarem a filha se casar, já que eu tinha, na visão deles, desonrado a sua linda filha.

— Uau, não imaginava que o senhor faria algo do tipo. — Caiu na gargalhada.

— Nós tínhamos imaginado que, depois de casados e mostrando o quão felizes estávamos, todos iriam rir da história.

— E o que aconteceu? Riram?

— Nos casamos no jardim da casa do Scott. Foi do jeito que ela sempre quis, seu vestido era laranja, usava uma coroa de folhas no estilo do outono e sandálias rasteirinhas. Seu cabelo cacheado ao vento me deixou ainda mais admirado.

— O senhor ainda não falou se, quando contou, eles riram.

— Você não me deixou continuar. — Pegou o porta-retratos. — Quando decidimos contar, já tínhamos seis meses de casados, e os pais dela ficaram com raiva. Foi difícil voltar a conviver com eles, mas eu e ela ríamos internamente sempre que lembrávamos. — Ele lhe mostrou o único retrato que deixava exposto.

— Ela estava linda e parecia muito feliz. — Debra parecia admirada.

— Sim, todos os dias ela me dizia que era a mulher mais feliz do mundo. Ela conheceu um Aaron que ninguém jamais conheceu.

— Sente muita falta dela, não é?

— O que sinto é algo que ninguém consegue suprir. É difícil ser criado da maneira que eu fui e, quando se é amado tão profundamente, perder tudo.

— Imagino a dor.

— Mas Annie me deu um tesouro que me faz lembrar dela todos os dias.

— Abby realmente lembra a mãe.

— Eu prometi a Annie que daria de tudo para a Abby, por isso que eu faço essas coisas, não é por mim, e sim por ela.

— Entendo. — Debra colocou o retrato no lugar. — Por que não têm retratos dela?

Continuaram conversando sobre o casamento e a vida de casados de Aaron e Annie por um tempo.

Faltava poucas horas para o aniversário de Abby. Tudo estava completamente do jeito que Debra havia imaginado, os balões cor-de-rosa pendurados, a mesa parecendo a de uma realeza, os convidados conversando e alguns se conhecendo. E a melhor parte foi quando Abby chegou. Aaron pôde ver seus olhos brilharem como nunca, em seu vestido cor-de-rosa planejado pela avó da pequena e uma coroa em sua cabeça. Ela foi em direção a Aaron e lhe deu um abraço tão aconchegante que ele se sentiu ótimo, como se nada no mundo importasse mais do que aquele singelo gesto. Não queria soltá-la.

— Chega, porque senão, vai amassar o vestido lindo dela — Debra disse se aproximando.

— Já quer roubar minha atenção? — ele brincou, e logo trocaram olhares.

— Mas que festa linda, Abby! — Scott surgiu gritando, e Abby correu para o seu grande abraço. — Sempre soube que era uma princesa — sussurrou piscando.

— Obrigada, tio.

— Tori está com seu presente. Vai lá pegar antes que ela roube para ela.

Abby logo foi atrás de Tori.

— Tudo ficou lindo, Debra, parabéns — Scott elogiou observando a ornamentação.

— Obrigada, Scott.

— Eu também planejei a festa — Aaron se gabou.

— É verdade, a cor que ele escolheu fez muita diferença — Debra ironizou.

Os dois caíram no riso, e Senhorita Margareth se aproximou dos três.

— O senhor se superou — ela falou sem tirar sua atenção dele.

— Obrigado, Senhora Margareth.

— Abby parece muito feliz.

Scott fez uma careta enquanto ela admirava a pequena estrela daquela tarde correndo por todos os lados. Comentou:

— Sim, e me sinto muito feliz em ver um sorriso estampado em seu rosto.

— Vejo que o Senhor Scott continua infantil.

— Pelo menos não sou um velho rabugento.

— Está querendo mandar alguma indireta?

— Não, mas se a carapuça serviu...

— Posso até ser velha rabugenta, mas sei de coisas sobre você que tem vergonha até hoje. — Ela deu um sorriso de lado, e ele gelou.

— A senhora não faria isso.

— Quer tentar? — Encarou-o.

— Às vezes acho que vocês dois se amam — Debra interveio.

— Senhorita Bennet, desculpa não ter falado contigo, é que têm pessoas que amam a minha voz — declarou Scott.

— Eu sei, ele gosta de atenção — a Senhora Margareth disse ironizando. — A senhorita está radiante.

— A senhora também.

— Sério que vai mentir na cara dela? — Scott se intrometeu.

— Ela admira o que é certo.

Debra e Aaron se entreolharam e riram da frase da Senhora Margareth ao ver a cara sem-graça de Scott.

— Se me dão licença, vou aproveitar a festa, porque olhar para a face desnutrida dele me dá dor no estômago.

— Divirta-se — Debra e Aaron disseram juntos.

— Tchau, Yoda — despediu-se Scott.

Ela o olhou e saiu. Aaron e Debra ficaram surpresos, mas caíram na gargalhada com a comparação.

— O que foi? Olhem bem e vejam se não parece.

— Ai, Scott, só você mesmo. — Debra não parava de rir.

Abby corria por todos os lugares com as crianças de sua escola. Debra estava sentada com Victoria, rindo, Scott no meio delas como se fosse da mesma idade. A mentalidade dele era igual ou até mais infantil, e os outros convidados estavam parecendo se divertir. O coração de Aaron estava de certa forma feliz, mas ele queria que Annie estivesse junto a eles e comemorando. Podia imaginar como seria. Ela estaria com um vestido de acordo com o tema, com os cabelos cacheados soltos ao vento e estaria registrando tudo com um lindo sorriso ardente. Entretanto, infelizmente ela não estava.

Um flash o tirou de seus pensamentos. Debra estava com uma câmera na mão e sorrindo por causa da foto que acabava de tirar de ele distraído.

— Vem? — ela o chamou.

— Para aonde? — Viu o rosto da moça colorido e continuou, segurando o riso: — O que fizeram com você?

— O mesmo que vão fazer com você.

Ela o levou até uma mulher de vestido temático, cheia de tintas e com maquiagem a sua volta e Abby com um sorriso largo e um batom na mão.

— Sente aí.

— Por quê? O que vão fazer?

Todos o olhavam atentamente, achando graça. Scott tinha caído também na brincadeira.

— Sente e confie na sua filha.

Ele se sentou, e a maquiadora começou a passar um monte de coisas em seu rosto com o auxílio da menina. Algumas pessoas comiam e bebiam, outras, como os mais chegados, olhavam para ver o que sairia dali.

— Acabamos.

Deram-lhe um espelho redondo, como aqueles que se usam em óticas, e ele se olhou. Seu rosto estava um desastre. Ela passara batom cor-de-rosa e uma maquiagem que parecia que ele havia chorado de tão manchada que estava, além de muita purpurina.

— O que achou, papai?

— Está... lindo, filha.

Ela soltou um sorrisinho.

— Está uma maravilha — Debra debochou.

— É porque você não deve ter se olhado.

— Estamos patéticos, não é?

— Muito, ainda bem que você reconheceu.

Eles estavam de frente um para o outro. Entreolharam-se, e ambos podiam sentir algo que não conseguiam explicar. O fotógrafo tirou uma foto espontânea dos dois.

— Vocês formam um lindo casal.

— Nós não somos um casal — disseram sem jeito e ao mesmo tempo.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem, se quiserem me dar sua opinião comentaram eu seria grata, fico feliz por estarem lendo.



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