Memórias do Outono escrita por Maxine Sinclair


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu com mais um capítulo e com alguém novo *-*, estou pensando em montar uma página para sempre mostrar as histórias que posto ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/706621/chapter/9

Eu venho perdendo tanto tempo
Só pensando em você
Eu não sei o que fazer...

Fallin' for you – Colbie Caillat

Os dias se passavam, e Aaron estava trabalhando muito por causa das obras. Parava às vezes para analisar as listas de compras, reuniões com arquitetos e designers de interiores. A obra estava virando o assunto principal da cidade.

— Vai hoje? — Scott perguntou.

— Aonde?

— Ao leilão.

— Eu passo, prefiro fazer outras coisas a ir a leilões.

— Nem me fale, ontem Celeste me fez ir a um que durou a tarde toda.

— Celeste? Sua secretária?

— Esqueci-me de falar, estamos saindo.

— Sabe que isso não dá certo.

— Tanto faz, ela é bonita e inteligente, preciso de sair com alguém que não tenha o mesmo que eu no meio das pernas.

— Está carente?

— Não, só estou querendo me distrair. O divórcio está me deixando maluco.

— Se te faz bem, então fico feliz por você.

— E você?

— Eu... o quê?

— Você não sai com ninguém faz tempo, sua vida está tão chata quanto a minha.

— Verdade, mas não tenho tempo para isso.

— Ah, para com isso. — Ele se levantou. — Vamos sair hoje à noite, e não quero desculpas.

— Está bem.

— E pelo amor de Deus, não use roupa social.

— Você é chato, sabia?

— Eu sei.

Ele saiu de uma maneira engraçada. Annie dizia que ele era tão divertido e com o coração tão enorme que deveríamos sempre chamá-lo para as festas caseiras, só que ele sempre ia e ficava na churrasqueira, afinal ele era o melhor nessa parte. Foi o jeito dele meio doido de ser que acabou com seu casamento. Sua ex-esposa não aceitava algumas brincadeiras. Só que ela foi a única que realmente conquistara seu coração.

As horas passavam, e Aaron tinha que ir a casa ver Abby e escolher uma roupa que não fosse social. Ao chegar, os empregados estavam agitados. Ele estava em casa cedo e tinha se esquecido do quanto eles tinham trabalho a fazer. Nunca se perguntara se eles tinham família, se os que eles recebiam era o bastante. Os mais antigos, Annie que escolhera. Ela escolhera os que precisavam mais, mesmo que ela não quisesse ajuda para fazer as coisas, pois queria ser a esposa perfeita e conseguiu.

Aaron parou em frente ao seu guarda-roupa por cinco minutos praticamente. Tinha tantas roupas, e nenhuma delas parecia adequada o bastante. Quando notou, estavam todas espalhadas, e ainda não conseguia se decidir.

Debra estava passando pelo corredor e parou em frente ao quarto, observando a cena curiosa.

— O que aconteceu aqui? Um furacão passou?

— Não, mas se passasse seria melhor, eu teria uma desculpa.

— Desculpa? O que aconteceu?

— Nada, Scott quer sair e disse que minhas roupas são muito sociais.

— Quer ajuda?

— Se eu não sei como ir, você, que é uma menina, vai saber?

Ela ergueu as sobrancelhas.

— Sério, isso? Ei, por acaso tem calça jeans?

— Não, por quê?

— Então vai ter que comprar roupas novas.

— Isso é o de menos.

— Então vamos.

— Aonde?

— Às compras, Senhor Carter. — Ela bufou e completou: — Às vezes me pergunto como o senhor consegue ser um CEO, se é meio difícil de raciocinar.

Me insultou na minha cara.

— Sem insultos.

Ele estacionou no centro da cidade. Visitaram várias lojas, e sempre que ele escolhia algo, Debra dizia: social demais, feia demais, exagerada demais. Ele já estava quase desistindo quando...

— Essa! — ela afirmou quando ele saiu do provador usando uma calça jeans preta, uma blusa branca e por cima um blazer cinza-escuro e calçando um par de tênis.

— Isso você achou legal? Sério que você achou essa roupa simples legal?

— Sim, te apresento uma roupa normal — ironizou.

— Pelo menos acha que Scott vai gostar?

— Conheço Scott há muito tempo, ele vai gostar e vai até se surpreender.

— Se você diz, vou confiar.

— Pode confiar.

— Está com fome? — ele questionou analisando a moça, animada por tê-lo ajudado.

— Um pouco.

— Vem comigo.

Saíram da loja e foram em direção a uma rua com alguns restaurantes.

— Restaurante?

— Sim, esse é um dos melhores.

— Vem comigo, que vou te mostrar comida de verdade.

Ela o puxou pelo pulso, e ele não tinha ideia para onde o estava levando. Estava havendo um evento por perto com aperitivos e comidas típicas de alguns países. O evento estava com enorme público, tinha apresentações de danças e de instrumentos musicais. Aaron ficou admirado com tanta cultura.

— Experimenta — ela pediu, já pondo em sua boca uma porção de chille.

— Uma delícia.

Aaron parou com Debra para ver a apresentação de flamenco. Ele acompanhava cada movimento daquela bela mulher loira. Debra olhou para ele enquanto estava preso na dança. Seu rosto era tão lindo, como se fosse esculpido pelos anjos, a sua barba, que estava por fazer, dava-lhe charme, seu cabelo era bonito, cerrado.

Sentaram-se a uma mesa com dois lugares, um de frente para o outro e logo foram servidos com tacos.

— Está sujo aqui — Debra disse levando um guardanapo ao canto da boca de Aaron.

Olharam-se por alguns segundos. Aaron engoliu em seco e se arrumou na cadeira, e ela olhou para o seu prato.

— Obrigado! — ele falou sem jeito.

— Gostou daqui? — inquiriu ela tentando mudar aquele clima constrangedor.

— Bastante, eu deveria aumentar seu salário — brincou. — Me ajuda cuidando de Debra, me ajuda a escolher roupas e ainda por cima me traz para experimentar comidas maravilhosas. Obrigado.

— De nada. Meu salário é muito bom, estou satisfeita.

— Humilde, você.

— Obrigada. — Ela deu um gole na cerveja. — No final de semana vai precisar de mim?

— Acho que não, por quê?

— Meu irmão vai chegar de viagem e quer passar lá em casa, e então vou fazer um almoço.

— Sem problemas, pode tirar folga.

— Muito obrigada.

Assim que voltaram para casa, Aaron foi logo se arrumar. Scott não tinha dito a hora em que sairiam, mas ele apareceria a qualquer momento. Colocou a roupa escolhida por Debra, olhou-se no espelho e soltou um sorriso.

Se Annie me visse agora.

Foi até o quarto de Abby. Ela estava dormindo descoberta e com um livro ao seu lado. Aproximou-se da garota e beijou sua testa. Quando ele se virou, pôde sentir suas pequenas mãos segurando seus dedos.

— Te acordei, filha? Me desculpe.

— Papai, posso te pedir uma coisa?

— Claro, meu anjo. — Sentou-se na beirada da cama.

Ela se sentou e procurou algo na gaveta da pequena mesinha ao lado de sua cama em que ficava o abajur e lhe entregou um envelope laranja.

— Pode ir?

Ele abriu o envelope, que era um convite da escola.

Festa do Outono. Caros responsáveis, por meio desse convite, venho lhes convidar para uma confraternização de outono em nossa escola. Sua presença é indispensável. Obrigada.

A direção

— Claro que eu vou.

— Debra... também... pode ir? — indagou com receio da reação do pai.

— Pode, mas você tem que falar com ela amanhã.

Ela sorriu e assentiu.

— Agora você tem que dormir — afirmou ele. Ela se deitou, e ele a cobriu. — Boa noite. — Deu um beijo novamente em sua testa.

— Boa noite, papai, durma com os anjos — suas palavras eram tão inocentes e belas...

Ele saiu do quarto e foi para a sala. Scott já estava a sua espera.

— Uau! — exclamou reparando no novo visual do amigo.

— Não começa.

— Vai arrasar assim — debochou.

— É sério, você está vestido de uma maneira mais normal. Assim ninguém vai fugir de você.

— Já está melhor? Voltou às piadas baratas.

— Claro! Eu só estava em uma fase ruim, todo mundo passa por isso, mas não vale a pena, já lhe digo.

— Aonde vamos?

— Vamos à nova boate. Algo contra?

— Não.

Na boate, os amigos da outra vez estavam por lá, juntamente com algumas mulheres que Aaron nunca tinha visto. Sentou-se com eles, e todos, ao se lembrarem dele, brindaram.

— Você trabalha com Scott, não é? — um deles lhe perguntou.

— Sim.

Ele não sabia bem o que responder. Aaron tinha medo de dizer que era o chefe de Scott ou o presidente da empresa e eles acharem que estava se gabando ou algo do tipo. Pouco tempo depois ele não se sentia muito bem, sentia-se estranho, e parecia que seu lugar não era ali.

— Você está se sentindo mal? — uma mulher com cabelos acobreados lhe perguntou.

— Não... eu só...

— Não se sente confortável aqui — a moça completou sua frase enquanto ele procurava palavras para se expressar.

— Isso. É estranho?

— Um cara na faixa dos vinte não se sentir bem em uma boate cheia de mulheres gostosas dando mole? — Ela o olhou de lado. — Não, acho que não.

— Com você falando assim, parece que sou patético.

— Não, é apenas um cara que quer tranquilidade. Isso não é anormal, garanto. — Piscou.

A moça de feições meigas e corpo escultural conseguiu tirar um pouco de seu desconforto.

— E você está com eles? — Ele pontou para um grupo ao lado.

— Eu estou aqui meio que obrigada. Minhas amigas acham que eu trabalho demais e dizem que tenho que me distrair — ela falava de uma forma descontraída, como se já o conhecesse havia anos.

— Sei como é. — Sorriu.

Olhamo-nos e sorrimos um para o outro.

— Quer dar uma volta? — ela sugeriu.

Aaron olhou para Scott, e ele estava sorrindo com os amigos e se divertindo com as mulheres. Era Aaron que estava sozinho e se sentindo estranho, não faria mal dar uma saída para respirar, por mais que fosse com uma mulher.

— É só para respirarmos. Eu não queria ir sozinha, mas se não quiser, tudo bem.

— Eu vou. — Levantou-se. — Só vou avisar ao meu amigo.

— Tudo bem.

Deu alguns passos até Scott, que estava ocupado demais falando ao ouvido de uma morena.

— Ei, vou dar uma volta. Preciso respirar um pouco, está bem?! — teve que gritar por causa do barulho.

Scott olhou para a moça com um vestido de renda justo que os estava olhando a poucos passos dali, à espera de Aaron.

Okay, divirta-se. — Seu olhar era malicioso. Deu uma risada e voltou a fazer o que estava fazendo. Estava bêbado, e provavelmente quem iria dirigir de volta para casa seria Aaron.

— Vamos? — Aaron perguntou à moça.

Ela assentiu com a cabeça.

Andaram até um cais que ficava por perto.

— Aqui é bonito, não é? — ela indagou admirando as águas.

— Sim, muito bonito.

A ruiva olhava atentamente a luz da lua, que se refletia na água. Era bom admirá-la, sua beleza era incomparável. Ela o pegou a observando.

— Você não acha incrível como a Lua namora o mar? — perguntou-lhe sem tirar os olhos da água.

Ele a olhou sem entender muito, até que se lembrou de algo que Annie lhe havia dito uma vez sobre um poema.

— Dizem que, quando ela brilha sobre o mar, ela está se declarando.

Ela o olhou surpresa.

— Então você conhece a lenda?

— Uma pessoa importante me contou uma vez.

— Você ainda a ama?

— Sim, mas infelizmente ela não está mais entre nós.

— Sinto muito, mas digo que ela teve muita sorte por ter sido tão amada.

Ele sorriu com suas palavras. Ela nem o conhecia e muito menos sabia quem ele era, nem mesmo ele sabia seu nome. A conversa foi interrompida pelas amigas dela.

A moça chegou perto de Aaron, que achou que ela lhe daria um abraço, mas seus lábios tocaram os seus delicadamente. Ele ficou sem jeito e completamente surpreso.

— Foi bom te conhecer — ela disse se afastando.

— Mas você nem me disse seu nome.

Ela saiu sem responder nada a ele. Seus olhos azuis não saíram da mente de Aaron.

f


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, um beijo e até a próxima



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Memórias do Outono" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.