Coração de Dragão escrita por Khatleen Zampieri


Capítulo 2
O mago negro


Notas iniciais do capítulo

Oi galerinha, me desculpem pela demora, mas acreditem que eu estou me esforçando ao máximo agora pra postar os capítulos e finalizar esta fanfic.
Espero que gostem.



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—AONDE VOCÊ ESTAVA? – Meu pai gritava comigo fazendo os guardas do castelo e a mim nos encolhermos como gatinhos assustados. – DIGA A VERDADE!

—Eu estava esse tempo todo no meu quarto, já disse... – menti novamente, ele estava a horas tentando me fazer contar a verdade.

—Lucy... não teste minha paciência..- avisou meu pai.

—Você nunca teve paciência comigo... por que teria agora? – perguntei revoltada.

Ele levantou a mão indignado e pronto para me ensinar as boas maneiras, pronta para receber as palmadas e engolir o choro me encolhi novamente.

—Senhor.. – Um guarda do castelo entra no quarto eufórico mas ao perceber que interrompeu algo importante para o rei calou-se e iria se retirar mas meu pai o deteve.

—O QUE FOI? – Gritou como revolta por seus guardas não terem a disciplina de nunca o interromper. Diante do guarda apavorado ele repetiu .- FALE GUARDA!

—D.. des... desculpe Senhor... mas... mas o  Lorde Zeref está aqui para vê-lo e exigiu que o senhor se apressasse pois é de extrema importância... – o guarda engoliu seco e respirou fundo para continuar. – é sobre os drag...

—CALE-SE... – Meu pai desfez a rara atenção que tinha se criado sobre mim e dirigiu-se ao guarda. – Quantas vezes preciso dizer que é proibido dizer esta palavra aqui?

—Des.. desculpe Senhor... – o guarda se encolheu como eu e esperou.

—Não precisa explicar-me sobre os assuntos que tenho com Zeref. – Disse meu pai . – Eu e ele só temo um assunto a tratar. Vamos!

Esta ordem foi para os guardas pois ele olhou para mim severamente e disse.

—Você fique no quarto que depois eu volto para terminarmos nossa conversa.

Quando todos saíram escutei um barulho de chave e assim fui tentar abrir a porta e descobri que estava trancada. Xinguei meu pai mentalmente e fui para o banheiro.

Lá tinha uma pequena janelinha que dava acesso ao corredor e seria por lá que eu escaparia. Levei um tempo para conseguir realizar meus pensamentos, mas felizmente eu era pequena o suficiente e passei tranquilo pela abertura da janela. Olhei para os dois lados e nenhum guarda a vista, então comecei a correr, a cada curva me escondendo atrás dos grandes vasos de flores e estátuas que meu pai colecionava nos corredores do castelo.

Chegando próximo ao escritório de meu pai ouço uma voz estranha, queria chegar mais perto mas infelizmente dois guardas estavam parados na frente das grandes portas de ouro.

Lorde Zeref, eu lembrava desse nome, ele estava por perto quando minha mãe morreu, naqueles dias ele havia sido convidado para celebrar os dez anos de casamento dos meus pais e foi ele que liderou a caça aos dragões. Aquele homem sempre tinha um tipo de aura negra, mamãe sempre dizia para ficar longe dele, pois quando ele estava por perto, coisas ruins aconteciam.

Eu precisava saber o que eles estavam conversando, era sobre dragões, aquele guarda me deixou uma boa pista, e eu estava assustada, pois poderia ter coincidência com o dragão filhote que encontrei na floresta, e se ele corria perigo?

Olhei para o vaso que flor que eu me escondia atrás o derrubei, causando um barulho muito grande no corredor, então corri para um outro vaso próximo a esse.

Poucos instantes depois os dois guardas estavam com as espadas a postos verificando a área, assim que eles passaram por mim, andei cautelosamente até as portas de ouro e fiquei atrás da estátua de mais de três metros de altura que estava posicionada com uma lança ameaçando quem queria entrar sem autorização no escritório.

Não demorou muito os dois guardas voltaram aos seus postos e não me viram, agora era só eu ficar quieta que poderia escutar sem ser notada.

... sim eu tenho absoluta certeza do que estou dizendo meu Rei. – Era uma voz rouca, mais velha, me dava calafrios.

—Como é possível? Você não me confirmou que matou todos no passado? – A voz do meu pai estava em um tom preocupado e bravo ao mesmo tempo.

—Sim meu Rei, mas conforme lhe expliquei um deles estava com um filhote e acabou escapando e encontrando um lugar seguro para seu bebê, sabíamos que com os ferimentos que causamos ele não iria muito longe, então depois procuramos e só encontramos o corpo do dragão adulto, o bebê sumiu. – o Lorde Zeref parecia ter toda a calma do mundo para explicar para meu pai. – então suponho que este dragão esteja por aqui, pois a conexão que senti ontem através do oráculo foi muito forte, tem de ser uma relação com um dragão.

—E você acha que minha filha foi quem o encontrou? – meu pai parecia prestes a ter um infarto.

—Foi você mesmo que disse que ela ficou desaparecida durante um dia, que pôr a caso foi no mesmo período que senti a conexão. – disse Zeref. – Preciso que sua filha nos diga onde encontrar este dragão para eliminarmos esta espécie do nosso reino, não apenas, mas do mundo inteiro. Nenhum dragão, jamais machucará alguém da realeza novamente.

—O que você está fazendo aqui? – com o susto, olho para meu lado e um garoto da minha idade estava ali me olhando curioso.

Os guardas rapidamente me acharam por causa do garoto.

—Princesa Lucy, o que faz aqui? – o guarda acabou falando um pouco alto demais e assim as portas do escritório se abriram revelando meu pai furioso comigo por ter saído do meu quarto e um homem de vestimentas pretas e cabelos negros olhando ambicioso para mim.

Olhei feio para o garoto de cabelos negros espetados deixando claro que eu não tinha gostado dele. Assim que ele ergueu uma sobrancelha eu saí correndo para o lado oposto do meu pai e dos guardas, assim se repetia a minha fuga, mas desta vez, era pra salvar uma vida.

Eu não sei como, mas aquele homem Zeref sabia sobre o dragão que eu havia encontrado e ele queria mata-lo, eu precisava chegar a ele antes e avisá-lo para que ele fosse embora, para que ficasse em segurança.

Corria o mais rápido possível pelos corredores, me abaixando e pulando sob guardas, desviando de redes, sim meu pai autorizou o uso de redes para me capturar. A cada passo, a cada corredor vencido, meu coração palpitava mais, preciso dar o fora daqui, porém desta vez estava ficando mais difícil, pois a quantidade de guardas que meu pai pôs atrás de mim era maior e consideravelmente mais habilidosos.

Finalmente cheguei ao pátio, corri até não ter mais fôlego, mas mesmo depois de não conseguir respirar, continuei a correr, meu coração ameaça pular para fora do meu peito, mas pouco me importava minha condição física, eu devia isso a meu amigo.

Pela mesma abertura que fugi da última vez, passei novamente e corri o mais rápido que pude para a floresta, não conseguia me lembrar ao certo como chegar até ele, mas eu precisava a todo o custo, eu não podia perder mais um amigo. Minhas pernas doíam, eu as xingava por serem tão pequenas e frágeis, não posso deixar isso me deter, meu cabelo e meu vestido enroscavam nos galhos, dificultando meu ritmo.

Logo cheguei numa parte tão densa da floresta que mesmo estando de dia não conseguia enxergar nada. Haviam alguns sons misteriosos de passos, o grito das corujas e o córrego do rio. Tentei recuperar minha respiração normal e acalmar meus batimentos cardíacos, quando um fungo me faz saltar a alguns metros de altura, porém me acalmei quando senti o ar esquentar, então eu soube quem havia encontrado, o meu amigo, ele se enroscou na minha mão e assim me puxou para um lugar mais claro.

Expressei minha felicidade ao vê-lo com um grande sorriso, era muito reconfortante vê-lo de novo, eu me sentia segura e de certa forma amada perto dele, seus olhos verdes exibiam o mais lindo brilho que já havia visto, como eu queria contemplá-los mais, mas não poderia.

—Me escute com atenção... – coloquei minhas mãos nas bochechas dele, fazendo com que prestasse toda a atenção em mim. – você precisa sair daqui, ir embora, você corre perigo...

Seus olhos começaram a perder o brilho, uma pequena lágrima correu por suas escamas e parou em uma das minhas mãos, então sua cabeça ficou pesada e começou a cair, quando vi estava ajoelhada para aguentar seu peso em minhas mãos.

Não entendo o que tinha acontecido, olhei para seu corpo e havia uma espécie de lança de gelo próximo ao peito.

—NÃO.. não, não, não.... – gritei ao ver o sangue correndo para o gramado, senti a respiração dele ficando mais pesada e assim olhei para seus olhos que agora estavam apagados e tristes. – não morra, por favor... não...

Ele bufou e olhou para mim, como se quisesse dizer algo, e assim uma fumaça negra começou a passar pelo seu corpo, como se o tivesse pegando, aos poucos o consumiu por completo, a última coisa que vi, foram seus olhos olhando para mim desesperados por ajuda, mas eu não soube ajuda-lo, então ele desapareceu e logo só podia ver minhas mãos molhadas com as lágrimas dele.

—NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOO!!!!!!!! – Gritei me levantando e tentando achar onde ele foi. Olhei em volta, entre as árvores, no rio, olhei para o alto, será que ele levantou voo?

—Ele se foi meu bem. Morreu. – olhei para o dono da voz e era ninguém menos do que o maior culpado por tudo isso.

—ZEREF... – Meu olhar era de puro ódio. – seu...

—O que minha querida? Eu lhe salvei, aquela fera lhe trouxe para o lugar perfeito para te matar e comer seus restos mortais. – Vangloriou-se por seu ato. – deve-me agradecimento.

—De que? Matou meu único amigo... ele era bondoso.... – indignada comecei a choramingar. Nunca mais o veria.

—AMIGO? – Dessa vez meu pai falou. – Tem ideia do que poderia ter lhe acontecido? Sua garota insolente. Sua mãe teria se decepcionado se te visse agora. Fazendo amizades com os assassinos dela.

—Decepcionada comigo? – minhas lágrimas rolavam sem precedentes, uma dor tão forte no peito fazia com que tudo tornar-se pior, além da morte recente de um amigo, precisava lidar com todos os sentimentos de culpa e perda da morte de mamãe que voltaram.

—Levem-na de volta ao castelo e a tranquem no quarto e não deixem que fuja novamente, se isso acontecer, vocês vão sumir em uma fumaça negra. – assim dois guardas vieram até mim e me pegaram um em cada mão.

Eu não tinha forças para resistir, e de que adiantava, não tinha para onde ir, o único lugar que já tive para escapar do meu pai e da minha vida cotidiana era com ele, e agora ele se foi, e era tudo minha culpa, por que eu tinha que ter o encontrado, por que eu tinha que ter conversado com ele, por que? Se isso não tivesse acontecido, pelo menos ele ainda estaria vivo, eu não teria amigos, mas ele ainda estaria vivo. Isso, tudo isso, por mais que eu queira jogar a culpa naquele homem desprezível, era minha, toda minha.

Quando chegamos ao castelo, os guardas foram me levando através dos corredores direto ao meu quarto, no caminho os empregados do castelo me olhavam com pena, mas os guardas pouco se importavam, eles xingavam quem direcionava esses olhares piedosos para mim, pois ninguém era pago pra isso, ter pena, eles eram pagos para cozinhar, lavar e passar nossas roupas. E os guardas para nos proteger e seguir ordens do papai.

Chegando no meu quarto, os guardas me jogaram no chão e trancaram a porta pelo lado de fora é claro. Não tinha forças para chegar até a cama, então fiquei ali mesmo, no tapete peludo e macio do chão do meu quarto.

Lá chorei sem parar, observei o anoitecer, sem estrelas, apenas nuvens carregadas prestes a chover, como se estivessem segurando o choro, pois perderam um companheiro das alturas, é eu sei, podem me culpar, podem chorar todos os dias de agora em diante, pois nunca mais poderei sair daqui para apreciar os raios de sol com ele.

Mas eu merecia estar sozinha, pois todos que faziam amizade comigo ou eram bondosos acabavam sendo tirados de mim como doce de criança, acho que minha vida tem que ser assim mesmo, pois tudo o que é bom pra mim, é tirado, então nunca mais vou me apegar a alguém, ou deixarei que se aproximem, assim. Lhes garanto segurança e eu também nunca mais serei machucada por perder alguém, afinal, já perdi o que me era mais importante, mais machucada que estou, não posso ficar.


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