Coração de Dragão escrita por Khatleen Zampieri


Capítulo 1
A caverna escondida




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Era uma vez uma princesa que morava em um reino distante, ela e seu pai não se davam bem...
Eu poderia contar esta história começando assim, mas seria meio chato e daria a entender que minha vida é um conto de fadas. Bem, admito, um pouco é.
Comecemos de novo, meu nome é Lucy, Lucy Heartfilia, sou uma princesa, filha da rainha Layla e o rei Jude Heartfilia, nossa família cuida a séculos do reino chamado Magnólia.
Como todo o reino, prosperamos de acordo com a colheita dos camponeses, embora meu pai cobre os impostos, ele deixa o valor muito baixo, diz que cada um é merecedor do que planta. Então meu pai desde pequeno foi criado sabendo o quão valoroso é o trabalho duro e sua recompensa.
Os camponeses do nosso reino são felizes e todos estão muito satisfeitos com a maneira que nossa família governa este reino, eu nasci em tempo de paz e prosperidade, eu só brincava, aprontava com papai, passeava pelo bosque com a mamãe e estava livre pra ir onde eu queria.
Mas certo dia, tudo mudou, minha mãe foi atacada por um animal selvagem na floresta e faleceu, testemunhas dizem que era um dragão. Por isso papai ordenou ao exército que eliminasse todos os dragões do nosso reino e se outro ousasse nos visitar sentiria a ira da lâmina de sua espada.
Eu tinha oito anos quando aquilo aconteceu, desde então meu pai não me deixa mais sair, ele se tornou rígido e ganancioso, tornou-se amigo das pessoas erradas que influenciaram sua cabeça, ele aumentou os impostos, e hoje o povo nos odeia.
Os dias passam muito solitários para mim, pois não posso sair e fazer amigos, a minha passagem para as melhores viagens, são nos livros, já conheço tantos lugares que até posso dizer que sou nômade.
Dois anos se passaram desde que perdi minha mãe, e meu pai perdeu o juízo, e agora estava na hora de levantar e ir estudar com minha professora particular, acho que no fundo eu li mais livros que ela. Mas chega de sonhar, é hora de levantar.
—Bom dia Princesa, como está? – Virgo abre a porta, e logo começa a abrir todas as cortinas, me deixando cega, por conta disto enfio-me debaixo das cobertas deixando meus pés para fora.
—Hahahahahaha.. – rio alto quando sinto as cócegas nos meus pés. – tudo bem, eu levanto.
—Vamos, sua professora já está no salão aguardando por você. – ela vai procurando meu vestido no armário.
—Hum.. eu queria sair Virgo, não queria ler mais, quero ver com meus próprios olhos o que vejo na minha imaginação. – fico em pé olhando pra fora com as mãos no vidro.
—Quando você for maior de idade vai poder ir aonde quiser.- Virgo tentou me animar, me pegou pela mão e me levou em direção ao banheiro para tomar banho.
—Papai disse que quando eu tiver dezesseis anos terei que casar... – reclamei. – eu não quero casar, quero viajar, conhecer o mundo.
—Eu sei, mas se você se casar com um príncipe que tenha os mesmos gostos que você, ele te levará para todos os lugares em seu lindo cavalo branco. – Virgo fez um movimento no ar como se aquilo fosse seu sonho.
—Não gosto muito de cavalos. – expliquei. – eu quero montar em um dragão.
Ela arregalou os olhos e ficou em silêncio, tapou minha boca com as mãos e me puxou para o banheiro trancando as portas.
—O que foi? – perguntei curiosa com a reação dela.
—Não deixe ninguém ouvir você falando que gosta de... Dragões... – essa última palavra ela falou sussurrando.
—Por que? – perguntei.
—Esqueceu que sua...
—Que minha mãe foi morta por um. – respondi olhando para baixo. – não.
—Então, se seu pai escuta você falando isso, eu nem sei o que ele seria capaz de fazer.. – ela disse preocupada.
—É, desculpa... – me encolhi. – é que, eu penso que nem todos os dragões são maus.
—Entendo você.. mas não fale mais isso está bem? – Virgo esticou-me o dedinho de sua mão, ela queria que eu prometesse.
—Prometo não falar mais que os dragões são do bem perto do papai. – engatei meu dedinho no dela. Virgo relaxou os ombros e ficou mais tranquila.
—Agora entre no banho. – ela me indicou a banheira.
Fiquei lá por alguns minutos imaginando-me montada em um dragão sobrevoando os arredores de Magnólia.
Mas já estava na hora de sair e eu precisava estudar, seria muita falta de consideração deixar a pobre professora me esperando por mais tempo.
Vesti-me com um vestido roxo e sapatinhos pretos, meu lacinho azul segurando um pouco de cabelo loiro do lado esquerdo da cabeça e assim desci as escadas, na metade do caminho, o mordomo estava indo para levar comida ao papai, aproveitei e peguei algumas rosquinhas, fui comendo até encontrar-me com a professora.
Mas chegando lá, percebo que Virgo esqueceu de me avisar que não era mais Poluchka e sim um senhor que parecia ter passado dos seus sessenta anos e o mais legal, ele era um anão.
—Ohhh você deve ser a Lucy. – ele curvou-se para mim, eu não gostava muito disto, mas como papai exige que todos façam em nossa presença eu só podia retribuir a gentileza.
—Prazer em conhecê-lo senhor. – falei educadamente curvando-me para ele.
—Me chamo Makarov, vou ser seu novo professor durante este ano. – ele disse animado.
—Posso fazer uma pergunta? – pedi e ele fez sinal positivo com a cabeça. – você é um anão?
—Hhahahahaha, não, apenas encolhi com o passar dos anos. – ele respondeu sorrindo.
—Quer dizer que por mais que eu cresça vou voltar a ter este tamanho? – assustei-me.
—Não, bem talvez não, é de pessoa pra pessoa. – ele explicou. – bem gostei de você, vamos aos estudos agora.
Ele me indicou que eu sentasse e assim começamos a falar sobre animais. Ele me explicou sobre unicórnios, que pareciam seres de contos de fadas mas ele acreditava em sua existência, falou-me sobre centauros e sua aptidão para arco e flechas, sobre os elfos e seus poderes místicos de cura e finalmente sobre dragões, quando ele mencionou esta palavra imaginei Virgo surgindo pela porta e tapando a boca do professor como fez comigo.
—Huhu.. – ri baixinho.
—O que foi Lucy? – ele perguntou.
—É que falar sobre dragões é um certo tabu aqui. – respondi.
—Contaram-me sobre sua mãe, eu sinto muito. – ele ficou um minuto em silêncio em honra a ela. – mas nem todos os dragões são do mal, alguns são tão legais quanto os macacos.
—Macacos são divertidos. – respondi sorrindo. – na minha festa de aniversário de sete anos meus pais contrataram um macaco que sabia dançar.
—Hhahahaha, viu só. – ele riu. – bem, o que sabe sobre dragões Lucy?
—Só que são grandes, tem asas, são ferozes e muito perigosos. – respondi. – papai disse que é pra mim correr o mais rápido que puder se um dia ver um.
—Bom, acho que seu pai pensa que você jamais verá um. – disse Makarov.
—É eu sei, papai mandou matar todos. – disse baixinho. Envergonhava-me pelas atitudes de meu pai.
—Mas sabe de uma coisa pequena? – o professor perguntou animado.
Olhei-o curiosa.
—Eu acredito que alguns ainda estejam vivos, sobrevoando entre as árvores, sorrateiros, sempre a espreita para que nenhum ser humano os veja. – ele disse passando por baixo da mesa, se escondendo atrás das cortinas e entre olhando-me através dos dedos das mãos que escondiam seu rosto maroto.
—Hahahahahahaha. – e assim se passou o dia, conversamos sobre as possibilidades dos dragões ainda existirem e sobre o quão eles podiam ser amáveis.
—Com licença. – Virgo bate a porta e entra, ao ver nossa bagunça ela desmaia.
A sala que foi reservada para ser minha sala de aula particular estava parecendo uma floresta, fizemos até um rio, puxamos uma torneira e deixamos escorrendo água pelas cortinas que tiramos das janelas, colocamos galhos das árvores que estava próximas ao castelo e jogamos terra no chão.
—Eu acho que a Virgo vai pirar. – fui até ela e a mulher estava dormindo profundamente. – talvez de tempo de arrumar...
—Ahhhh.. – ela levantou e ao ver a sala novamente desmaiou outra vez.
—Hhaha. – ri dela.
—Bem, querida já está tarde, vou indo. – Makarov colocou seu material na mala e fez uma reverência para mim. – até amanhã.
—Você está indo só pra não levar um xingão né? – perguntei a ele.
—É claro, até. – dizendo isso sorrindo, ele abriu a porta e foi embora. Admito, isso não é coisa que se faça com uma princesa, mas ele foi o melhor professor que tive até hoje, então eu o perdoo-o.
—Ai ai, sério princesa, isso vai acabar com minhas costas. – Virgo disse olhando para a sala.
—Eu te ajudo. – ficaria feliz em ajudar, afinal a bagunça foi minha.
—O que? – Virgo olhou pra mim quase da mesma maneira de quando eu mencionei os dragões. – capaz, uma princesa pondo a mão na massa, mas nem por cima do meu cadáver.
—Mas... – eu queria insistir.
—Não, agora, recolha suas coisas e vá tomar um banho. – ela disse se levantando e pronta pra chamar sua equipe e começar a limpar.
Assenti e fui para o quarto, lá fiquei um tempo olhando a floresta um pouco distante, como eu queria ir lá para conhecer os animais e sentar na grama, fazia muito tempo que eu não tocava nela, até hoje quando Makarov trouxe-a até mim.
Deitei na cama e sem perceber adormeci. Fui acordada por Virgo.
—Princesa... Lucy... – chamou. – sei que está cansada, mas seu pai exige sua presença no jantar.
—Hummm. – levantei e fui pro banho, meio sonolenta, mas consegui higienizar-me.
Vesti o que Virgo deixou pra mim em cima da cama e me dirigi ao salão de janta.
—Boa noite Lucy. – meu pai saudou-me. Cheguei mais perto dele e fiz uma reverência. Quando mamãe ainda estava viva, eu podia entrar correndo e pular no colo de ambos, agora se eu fizer isso ganho um mês de castigo sem poder ir a biblioteca.- sente-se.
Me sentei a mesa calada, esperei que me servissem e que meu pai começasse a se alimentar primeiro, logo comecei a comer. As refeições eram sempre muito abundantes em nossa casa, papai sempre queria do bom e do melhor.
—Então Lucy, há algo que você queira me contar? – papai perguntou, por um instante queria contar do meu dia, de como foi divertido destruir a sala de aula, mas ele não iria gostar disso, ele nunca gosta de nada.
—Aprendi muito hoje com o senhor Makarov, ele é muito bom. – respondi educadamente.
—Que bom, mas se ele for mole de mais com você não vai adiantar nada sua educação. – ele respondeu.
—Com todo respeito Rei. – Virgo ao meu lado chamou pela atenção. – Lucy precisa se divertir um pouco.
—Ela não tem tempo para isso, só estude e seja educada. – Papai levantou a voz e bateu na mesa, Virgo se encolheu e com uma reverência saiu da sala.
—Com sua licença. – levantei da cadeira e fiz uma reverência ao papai. – Vou me retirar.
Ele nem me olhou, apenas continuou comendo como um porco gordo.
—Eu odeio meu pai. – gritei e me joguei na cama. Como ele podia fazer isso comigo? Por que? Eu precisava ser uma criança normal, ter amigos.
Adormeci pensando em como seria minha vida se fosse uma camponesa.
Acordo com alguns raios de sol adentrando entre as brechas da cortina e atingindo meu rosto, me levantei e olhei para fora, parecia meio tarde, fui tomar um banho mesmo achando estranho Virgo não ter vindo me acordar.
Aprontei-me e desci as escadas, todos os outros empregados estavam lá, como sempre, perguntei ao mordomo se ele havia visto ela, mas ele fez que não e logo continuou seu trajeto, decidi procura-la, mas para todos que eu perguntava, respondiam a mesma coisa:
—Desculpe Princesa, não podemos dizer.
Fechei a cara e fui para minha sala de aula.
Abri as portas com um estrondo e sentei na cadeira de braços cruzados.
—Ahh, nunca é tarde para se aprender não é mesmo? – Makarov disse fazendo uma reverência.
—Não precisa disso... – eu falei.
—O que aconteceu?- ele perguntou já que meu mau humor iria afetar sua aula.
—Virgo sumiu e ninguém quer me dizer o que houve. – contei.
—Seu pai pediu para que eu não contasse, mas acho que você tem o direito de saber. – ele disse fechando os olhos. – ela foi banida do castelo.
—O que? Por que? – perguntei.
—Por ter desrespeitado seu pai ontem. – ele respondeu. – acho que isso foi um aviso pra mim.
—Não, foi pra mim. – virei-me e fui até a janela, por ela consegui vê-lo, meu pai estava conversando com outros generais. – ah que raiva, ele quer me prender aqui, e agora tirou-me a única amiga que tinha.
Makarov se aproximou e pôs sua mão em meu ombro para me consolar.
—Bem... – ele começou, mas o pobre homem não sabia o que dizer.
—Makarov, professor, vamos começar a aula. – sugeri.
E assim se passou o dia, falamos sobre as colônias, os outros reinos e as patentes do exército. Mas nada de dragões.
—Bem querida, por hoje é isso. – Makarov guardou suas coisas, foi começar a fazer uma reverência, mas parou. – até amanhã princesa.
Assim que o professor saiu, sai da sala e fui direto procurar o papai, achei ele na sala de reunião. Ele estava falando com os mesmos guardas que vi mais cedo.
—... assim podemos obter mais impostos... – dizia um deles.
—Você é um gordo muito egoísta sabia? – eu disse alto. – acha que só por que é rei pode maltratar seu povo, pode fazer o que quiser, acha que pode me prender aqui, e pior, me maltratar, deixar-me sozinha, tratar-me como uma estranha?
—LUCY JÁ CHEGA.. – papai levantou e bateu a mão na mesa.
—NÃO, VOCÊ É O PIOR PAI DO MUNDO, EU ODEIO VOCÊ! – gritei e sai da sala.
Logo guardas vieram atrás de mim, comecei a correr por entre os corredores do castelo, nem via para onde estava indo, mas quando dei por mim estava na parte de trás, fora de casa, corri até o murro e me escondi atrás de um arbusto, os guardas passaram por ali mas não me viram, estava começando a anoitecer, então tentei sair de lá, mas acabei escorregando e passando por um buraco no murro, olhei em volta e a visão era incrível.
O sol de pondo iluminava o céu num tom laranja que terminava em azul claro, onde as estrelas estavam começando a aparecer, no alto da montanha árvores pendiam em minha direção como se estivessem esticando seus galhos para me chamar, a grama e o lago de água cristalina eram exatamente como nos livros, um paraíso tropical.
Por que papai queria me manter longe disto?
—Achem ela antes que anoiteça. – a voz de meu pai vinha do outro lado do murro. Franzi o cenho e estiquei a língua na direção de sua voz e sai correndo em direção a floresta.
Imediatamente senti o cheiro de flores que me rodeavam, a neblina que envolvia o lugar dava a sensação de estar numa floresta mágica.
Ouvi um barulho e de longe vi um macaquinho que ao perceber que eu tinha o visto saltou entre as árvores e foi embora, comecei a segui-lo, aos poucos me perdi totalmente, não saberia como voltar, escureceu e eu não conseguia enxergar muito longe devido a mata ser muito densa.
Os barulhos nas árvores aumentaram, como se os animais soubessem que eu não podia vê-los e por isso decidiram me observar. De repente um rugido muito alto faz com que todos se espantem e se afastem dali.
O que será que foi isso, uma fera assustadora? Um urso? Me aproximei de onde veio e vi dois olhos intenso e grandes olhando para mim da escuridão, cheguei mais perto e tentei tocá-lo mas ele se virou e foi embora.
Tentei segui-lo, mas como não via onde pisava escorreguei e desci rolando ladeira abaixo, galhos se prendiam no meu vestido rasgando-o, terra entrava nos meus olhos, e cortes se faziam devido as plantas espinhosas.
Finalmente paro de rolar ao me encontrar com terra sólida, mas infelizmente eu havia parado em uma espécie de buraco, deis alguns passos e tentei escalar de volta, a terra erra solta e sem sustento, não havia como voltar.
Virei-me de costas e comecei a caminhar em direção a uma cortina de plantas, abri ela e entrei numa caverna que tinha escondida ali, imediatamente ouço uma respiração pesada e passos pesados indo na direção oposta de mim. Mas como estava muito escuro eu não conseguia ver nada.
Fui até a parede da caverna e sentei, eu devia estar assustando o pobre animal, aqui deveria ser sua casa e eu entrei escondida.
—Ah... eu prometo, só vou passar a noite e depois vou embora... – disse alto. – não vou incomodá-lo mais.
Dito isto começou a trovejar e a chover, vi que a criatura tinha medo do barulho e gemia, provavelmente estava se encolhendo.
—Éh, eu também não gosto desse barulho. – admiti.
Logo um trovejão mais forte faz a caverna tremer e a luz entra ali, me dando breves momentos para visualizar a criatura que dividia a caverna comigo.
Tinha pequena garras, quatro patas, uma longa calda com espinhos pequenos e o corpo coberto por escamas.
—Um dragão?! – exclamei maravilhada. – me aproximei devagar quando a luz sumiu. – você é um filhote de dragão.
Ouvi um gemido e provavelmente ele correu para o outro lado. Estava com medo de mim.
—É claro, desculpe, eu sou mesmo muito mal educada. – falei rindo e sentei onde ele estava. – meu nome é Lucy, e é um prazer enorme te conhecer.
Ele ficava em silêncio, apenas me ouvindo, decidi contar mais sobre mim pra ele, para criar um laço de confiança, contei sobre minha mãe, sobre a primeira vez que andei de cavalo, sobre meu pai, minha festa de aniversário com macacos, sobre meus professores, sobre Makarov, também falei que não gostava do papai, e disse que eu sempre queria conhecer um dragão.
Falei tanto que nem me lembro do instante em que peguei no sono, mas dormi profundamente e quando acordei, a primeira coisa que vi, foram escamas, eu havia dormido com a cabeça apoiada na barriga do dragão, agora estava claro e pude vê-lo melhor, era um pequeno dragão vermelho, eu queria dar um nome a ele, mas não sabia se seria correto, pode ser que ele já tinha um.
Ele abriu os olhos e bocejou, e vi do fundo de sua garganta o fogo subindo, abaixei-me rapidamente para não ser pega pela pequena rajado de fogo matinal do animal.
Quando ele me viu assustou-se e foi correndo para a parede, fui até ele com as mãos a mostra como sinal de paz.
Ele deixou que eu o tocasse e mesmo antes de fazer contato senti o calor que vinha dele, será que isso era normal ou ele estava doente? Olhei em seus olhos e pareciam tão tristes. Será que sua mãe o abandonou, ou seu pai? Será que faleceram? Pena que ele não falava a minha língua.
—Ahhh.. já sei. – fui para trás. – vou lhe ensinar a escrever, assim pode conversar comigo.
Passei o dia ensinando-o a escrever, o significado de cada letra, suas combinações e algumas palavras. Quando percebi estava anoitecendo de novo e meu estomago começou a roncar, ouvindo isso o dragão saiu da caverna e voltou um tempo depois com algumas frutas, colocou algumas em minha frente e outra começou a comer, sorri pra ele em agradecimento e dei uma bela mordida numa maçã.
Eu sabia que o certo era voltar para casa, mas eu estava tão feliz ali, finalmente fiz um amigo e podia conversar, ele me tratava como uma menina normal, sem reverência e tudo mais, deitei em seu corpo e o calor me envolveu, assim peguei no sono.
Quando acordei no dia seguinte ouvindo barulho de cisco no chão, observei o dragão usando sua garra para escrever no chão. Fui até lá e li, “nom dia”.
—Hahahaha, nom dia pra você também amigo. – disse sorrindo. Mas logo meu sorriso sumiu, eu precisava voltar para casa. – eu preciso ir amigo, mas eu prometo que volto em breve.
Coloquei minha mão sobre sua cabeça e ele fechou os olhos, sorri e simplesmente estava encantada com a bela criatura que os dragões são.
Sai da caverna, e subia nas costas do meu amigo, ele escalou facilmente aquelas paredes com suas garras e me levou até o topo. Desci e o olhei, ele estava feliz, melhor do que quando eu o achei.
Fiz um tchau com a mão e tentei lembrar por onde eu tinha vindo para voltar para casa, demorou mais do que eu me lembrava, mas lá estava ele, castelo branco do papai.
Desci o morro e chegue até o murro, me abaixei e antes de passar, olhei para trás, e prometi:
—Eu vou voltar, eu prometo!


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?



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