Ascensão dos Mortos escrita por Mary


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores lindos! Como estão? Hoje o capítulo será mais curtinho, porém espero que gostem.



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Emily e Ester olhavam para a estrada e para aquela horda de zumbis. Eles vieram do leste e se dispersaram entre os carros. Antes que algum carnicento percebesse a presença humana, as duas adentraram a floresta novamente. Emily estava em transe, sendo guiada por Ester que a puxava pela mão, como se fosse uma criança perdida no shopping. Ainda estava muito abalada com a morte de Luísa, não teve nem tempo para enfrentar o luto e já precisava fugir.

De repente, elas escutaram passos. Ester olhou para os lados e enxergou um zumbi a poucos metros de distância. O zumbi faminto acelerou seu caminhar, assim que percebeu a presença das duas mulheres.

Quarenta metros… Trinta metros… Vinte metros…

Emily continuou imóvel, não faria nada. Percebendo isso, Ester pegou o pedaço de madeira que estava usando para se defender e o acertou no cérebro daquela criatura, bem a tempo. Ela analisou por alguns minutos aquele monstro caída no chão. A pele já se deteriorava e a ela apresentava sinais de mordidas espalhadas pelo seu braço. Ester agachou-se e checou os bolsos do cidadão em busca de armas. Porém, achou apenas uma carteira com alguns documentos.

— Vamos — disse Ester.

— Continue sozinha — determinou Emily.

— Pare com isso! — respondeu impaciente. — Precisamos encontrar o acampamento e…

— Você não é responsável por mim. Eu estou bem! — garantiu a jovem. — Não existe mais um grupo, Luísa se foi, agora pretendo continuar sozinha.

— Você pode continuar sozinha, mas antes sairemos deste lugar. Não a deixarei para morrer — disse irredutível, impedindo Emily de opinar.

As duas continuaram juntas, mesmo contra a vontade da garota. Ester enfrentou mais um zumbi, felizmente ele estava bem deteriorado e o máximo que conseguia era rastejar. Depois de um bom tempo caminhando, elas finalmente encontraram o acampamento.

Emily encostou-se em um tronco para descansar. Enquanto isso Ester anunciava aos outros que eles deveriam sair dali o mais rápido possível, explicando a situação da estrada e pensando junto de Nicolas uma rota para evitar a horda de zumbis.

Após decidirem a maneira mais segura para fugir, eles começaram a organizar as coisas. Ester e Nancy desmontavam a pequena cabana de lençóis e Nicolas guardava tudo dentro de sua mochila. Clarisse estava consciente, porém ainda muito fraca para fugir dos zumbis daquela forma. Então, foi designada por Ester a uma missão complicada.

Emily observava o céu azul e ensolarado, já era outono, mas o calor ainda prevalecia. Escutou alguns passos e percebeu que Clarisse andava com dificuldade até a árvore em que ela estava.

— Obrigada — agradeceu a loira ofegante.

Encostou-se na árvore ao lado de Emily e respirou fundo. Não queria atrasar o grupo e em seu estado sabia que isso seria inevitável. Andou poucos metros e já estava ofegante, imagine se precisasse correr. Isso a preocupava!

— Está melhor? — perguntou Emily.

— A dor de cabeça está horrível! Me sinto fraca e tenho a constante impressão que vou morrer ou atrasar vocês — confessou com certo pessimismo. — De qualquer forma, não posso desistir. Estou viva! Isso é o que importa.

Percebendo que a jovem começaria um discurso ensaiado, Emily a interrompeu antes que ela terminasse.

— Ester te mandou aqui para me convencer a ficar unida ao grupo, não é? — perguntou Emily, mesmo já sabendo a resposta. — Me deixe em paz, antes que eu me arrependa de ter lhe ajudado.

— Realmente, Ester me obrigou a conversar com você — confessou Clarisse. — Essa é uma escolha sua, Emily. Mas nesses tempos, sobreviver sozinha é suicídio. Você sabe disso… E vou tentar te convencer a viver de todas as maneiras, pois nunca se sabe quando precisa de uma médica no grupo.

— Não sou médica — afirmou.

— Você tem uma boa noção de primeiros socorros e me ajudou, talvez você só não tenha um diploma — opinou Clarisse. — Mas, afinal, o que você é?

— Traficante — respondeu Emily séria, se lembrando que não deveria revelar a verdade para uma estranha. — De órgãos. E vou arrancar seu rim se você não me deixar em paz —consertou a ex-detenta com humor. Clarisse riu.

— Achei isso na mochila do meu irmão, talvez você precise. — A garota lhe ofereceu uma garrafa de bebida.

Emily aceitou o presente, abriu a garrafa no mesmo instante e bebeu um gole farto de whisky. Fazia um bom tempo que não ingeria álcool.

— Quer? — ofereceu.

— Não é legal misturar com os remédios.

— Então finja que está bêbada e quem sabe eu troque confissões com você — anunciou, bebendo mais um pouco.

— Como se sente? — perguntou Clarisse.

— Estou realmente muito feliz, perder minha melhor e única amiga foi uma experiência incrível! — ironizou Emily, bebendo mais um gole da bebida. Ainda estava sóbria demais para conversar sobre isso.

— Todos nós já perdemos familiares e amigos. Tente pensar que ao menos você ainda tem suas duas amigas.

— Você está se referindo a Ester e Nancy? — debochou. — Elas não são minhas amigas.

Emily ainda era jovem, Clarisse pensou que seus pais eram vivos e talvez encontrá-los fosse uma motivação para que a garota continuasse.

— E seus familiares? Tenho certeza que você gostaria de reencontrar seus pais.

— Meus pais estão mortos — disse Emily, em um tom de voz que inspirava uma profunda melancolia.

 

Junho de 2007

Estava um frio insuportável. Emily brincava com suas poucas bonecas, enquanto a sua jovem babá conversava ao telefone. Ela não estranhou, afinal aquela garota vivia conversando ao telefone com suas amigas.

Porém desta vez a jovem de dezessete anos não estava conversando com suas amigas, nem com seu namorado. Sua expressão denunciava que a conversa era séria e ela parecia chocada com a terrível notícia.

A jovem encarou a garotinha de dez anos que brincava com suas bonecas. Como falaria aquilo para a criança? Seu coração estava apertado, pois sabia que nenhum dos parentes cuidaria da garotinha. Trabalhava a pouco tempo naquele lugar, mas o suficiente para saber que Emily não era bem-vista pelo resto da família.

Ela precisa comparecer ao enterro”.

A voz fria do outro lado da linha não parecia se preocupar nem um pouco com os sentimentos da garota.

A jovem se aproximou da garotinha.

Ei, Emily.

Emily parou de brincar para encarar a sua babá.

Você sabe que todos nós somos seres humanos e por isso nascemos, crescemos e um dia morreremos?

É claro — respondeu. — Mamãe já me explicou isso quando o titio morreu.

Bom, eu acredito que mesmo depois de mortas as pessoas queridas sempre olharão por nós — explicou a jovem cuidadosamente. — Podemos não enxergá—las, mas elas sempre estarão ao nosso lado.

Será que o titio está olhando por mim? — perguntou a menina, curiosa.

Tenho certeza que sim. — A jovem sorriu fraco. — E agora, você terá mais alguém olhando por você lá de cima.

A garota a encarou assustada.

Quem? — perguntou em um misto de curiosidade e preocupação.

Eu sinto muito, Emily. A mamãe foi dessa para uma melhor.

M… Mamãe morreu?

Lagrimas escorreram pelo rosto da garotinha.

Eu nunca mais verei a mamãe? — perguntou a pequena com a voz trêmula.

A jovem a abraçou, reconfortando-a em seus braços. Emily não conseguia se imaginar prosseguindo sem sua mãe, e aquele, sem dúvida, era um dos piores dias de sua vida. Porém, ainda havia muitas outras coisas terríveis para acontecer.

 

— Não conheci meu pai e minha mãe morreu quando eu ainda era criança. Meus tios e minhas tias não se importam comigo, é recíproco. Portanto, não pretendo resgatar ninguém da minha família.

Clarisse viu-se encurralada. Emily realmente não tinha mais ninguém. Sentia-se exatamente como quando era apenas uma garotinha de dez anos. Estava sozinha e sem motivações para continuar.

— Continue conosco, por favor — pediu Clarisse. — Você ainda está viva, considere-se uma sobrevivente. E se isso valer algo, saiba que sou sua amiga.

— E por que eu te consideraria como uma amiga?

— Você me ajudou — argumentou a garota.

— É… Eu ainda acreditava na humanidade.

— Mesmo que esteja desacreditada, saiba que pode confiar em mim.

Emily apenas assentiu, sem ânimo para responder. Clarisse não puxou mais assunto, sentou-se na grama e bebeu um pouco de água. Precisava convencer Emily a continuar com eles e sabia que seu discurso não foi bom o suficiente para isso. Ao menos ela foi sincera.

Nicolas apareceu junto de Ester e Nancy, estavam prontos para partir.

O rapaz ajudou sua sobrinha a se levantar. Ofereceu apoio para que ela conseguisse andar e não fizesse muito esforço, mas a garota negou, garantindo que estava bem.

Emily não queria brigar com Ester, portanto continuou junto com eles. Assim que surgisse a oportunidade pretendia seguir sozinha. Em uma escala de afinidade, Nicolas ocupava o último lugar. Ester e Nancy estavam neutras, apesar de a garota estar irritada com as atitudes de Ester. Se fosse para escolher alguém para prosseguir, Clarisse era a opção menos ruim. De qualquer forma, Emily preferiria continuar sozinha.

Eles caminharam pela floresta, atentos a qualquer ameaça. Emily possuía um bom ouvido e foi a primeira a escutar passos que não eram de seu grupo. Nicolas também havia percebido e virou-se rapidamente, olhando em volta e analisando de onde vinha o barulho.

Um zumbi apareceu e foi morto por Nicolas, que o acertou um golpe na cabeça.

Encontraram mais cinco zumbis pelo caminho, mas estavam dispersos. Nada que eles não conseguiram enfrentar sem muita dificuldade. Ficaram atentos a qualquer barulho e escutaram passos de mais alguns zumbis, desta vez eram dois.

Nicolas e Ester mataram os dois zumbis que surgiram. Porém, quando olharam para frente, a surpresa foi grande e desagradável. Uma horda de zumbis esperava-os, apesar de ser um grupo menor que o da estrada. Enfrentá-los seria arriscado.


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Notas finais do capítulo

Como nossos sobreviventes escaparão dessa? Sejam bom leitores e não se esqueçam de comentar. Beijos!