The True Story Of Nat escrita por Flowerstarks
Notas iniciais do capítulo
Espero que gostem.
O sol estava deliciosamente quente. O Gael estava certo. O dia estava lindo.
O cheiro de mar adentrou minhas narinas assim que descemos do carro.
Miguelzinho esticava discretamente os bracinhos pra mim. Fiquei com uma vontade imensa de segura-lo mas fiquei com vergonha de pedir a Dandara.
— Vamos ficar ali. — disse Gael. Têm sombra e fica pertinho do mar.
Caminhamos com João reclamando da areia que pinicava os pés, enquanto Karina fazia cócegas em Pedro e as meninas a essa altura, já esticavam o pescoço pra ver Cobra passar.
— Bom, eu vou encher a piscina do Miguel que assim eu já fico sossegado.
— Nem pensar, Gael! Com essa praia cheia de mulher de biquíni o senhor fica embaixo da minha vista. Pode deixa que o João enche.
—Caramba! O Gael apronta e eu pago o pato!
— Epa! Eu não apronto não senhor! Me respeita hein, moleque?
— Dá pra parar vocês dois? Nada de briga! Bianca e Duca vocês não vão sentar?
Duca estava com uma cara de fazer medo enquanto Bianca insistia em beijar seu pescoço pra marcar território.
— Vamos nadar, Dandara. Depois a gente senta e come alguma coisa.
Bianca saiu arrastando Duca praia a fora no intuito de irem pra água pra poder namorarem a vontade.
Decidi tirar aquelas imagens dos dois juntos que insistiam em perturbar a minha mente.
— Nat, a gente nunca pode conversar sozinhas, não é? A gente pode conversar agora?
Fiquei um pouco desconfiada mas ao ver o sorriso acolhedor de Dandara, fiquei mais aliviada.
Decidimos caminhar um pouquinho pela areia. Miguel sapatiava tentando pegar ondas com as mãos.
— Como você está, Nat? — Dandara perguntou se sentando na areia molhada.
— Estou bem. O acidente não foi nada demais, só fiquei com medo por causa da competição.
— Não é sobre o acidente. É sobre sua paternidade. Como você está se sentindo em relação a isso?
Olhei pra Dandara supresa! Nunca pensei que ela falaria sobre isso.
— Eu não quero bancar a intrusa mas eu e as meninas temos uma boa relação e eu quero ter com você também. Afinal de contas você é minha enteada e quero ser sua amiga.
Senti um alivio ao ouvir as palavras da Dandara.
— Estou me sentindo perdida.
É muito sentimento embolado. Ódio do Gael por tudo que aconteceu, medo dele me rejeitar e ao mesmo tempo vontade de conhecer ele a fundo.
— Eu te entendo, minha linda. Até ontem você e o Gael eram dois estranhos e hoje vocês descobrem que são pai e filha. Realmente não é fácil.
Miguel encontrou uma concha, ia colocando na boca quando eu o peguei no colo e tirei da sua mão. A princípio achei que ele fosse chorar mas não. Ele apenas sorriu.
— Você leva jeito com criança. Nunca vi alguém tirar algo da mão desse menino pra ele não chorar.
— Acho que ele gostou de mim.
Sorri satisfeita ao ver que ele não quis ficar no colo de Dandara.
— Minha flor, dar uma chance pra o Gael? É muito difícil esquecer tudo mas tenta, por favor? Ele é briguento, pega no pé, parece que nasceu no século dezoito mas nunca vi um pai tão amoroso e você precisa tanto de cuidados. Gael me disse que sua mãe não é fácil.
Senti um arrepio ruim. Lembrar da minha mãe me trouxe lembranças do terror que vivi em Macaé.
— Se eu te pedir uma coisa Dandara, você faz? — perguntei sem jeito.
— Claro, se tiver no meu alcance.
— Eu vou dar uma chance pra ele mas por favor não conta nada.
— Mas porque? Seria tão bom se o Gael soubesse que você vai se aproximar dele.
— Eu sou cismada. Quero dar espaço pra ver o que ele faz. Desculpa mas é o meu jeito.
Dandara olhou sorrindo de forma marota.
— Está bem. Não conto nada a ninguém. Vai ser nosso segredo. Agora vamos antes que o Gael mande a polícia atrás de nós.
Dandara e eu voltamos sorrindo falando de coisas engraçadas e com Miguel no meu colo. Quando Karina e Bianca nos viram, fecharam a cara como se eu tivesse uma doença e não pudesse segurar o menino.
— Porque você está com Miguel no colo? — Karina perguntou me arrancando Miguel enquanto ele chorava.
— Porque ele é meu irmão e eu também posso segura-lo, Karina.
Tirei ele do colo dela novamente.
Respirei fundo. Não ia chorar, não mais.
Fiquei brincando com Miguel até ele pegar no sono. Entreguei para Dandara e decidir nadar.
Senti os olhos de João em mim enquanto tirava o short e ajeitava o biquíni. Não resisti e sorrir.
Entrei no mar sentindo a água salgada na pele. Boiei serenamente de olhos fechados pensando no que Dandara me dissera mas principalmente no Lobao, quando senti uma mão no meu braço. Abri os olhos e vi Gael.
— Só quero te dizer uma coisa e têm que ser sem ninguém ouvir.
— Fala! — disse mantendo a marra. Ele não podia desconfiar que daria uma chance a ele.
—Filha, tem algo muito errado com o Lobão. Não sei o que é mas tem. Ele não me parece nada bem. Essa gastrite está me preocupando muito.
Senti um aperto no peito.
— Também estou preocupada.
— Faz um favor pra mim? Mas não conta a ninguém.
— Tá bem, pode dizer.
— Por favor, leva ele no medico e pede pra ele se cuidar? Parece idiotice mas estou com uma intuição ruim.
Contei até dez pra não dizer a ele tudo que estava acontecendo. Gael estava na minha frente e implorava com os olhos para que eu pedisse para Lobão se cuidar e eu ali sem poder dizer a ele que perderia o seu melhor amigo.
— Eu vou tomar uma atitude em relação ao Lobão, prometo!
Era verdade! Iria dar um jeito naquela situação toda.
— Já que você esta me ajudando, faz outra coisa pra mim?
— Já está começando a abusar.
— É a última. Convence aquele infeliz a ir comigo investigar sobre o que houve com a gente no passado?
Me surpreendi! Gael levara em consideração o que eu havia dito sobre a suposta armação.
— Vou fazer o possível.
Gael sorriu radiante.
Vi ele sair da água discretamente e caminhar até a areia e beijar amorosamente Dandara.
Ficamos na praia o resto do dia e só fomos embora no finalzinho da tarde.
Quando chegamos na praça, um carro preto do qual eu reconheci ser do Lobão, estava estacionado de forma discreta.
— O seu namorado veio cedo hein, Nat.
— Verdade, Bianca. Lobão é muito dedicado e aqui pra nós... — me aproximei. — Eu adoro isso nele, fora as outras coisas, se é que você me entende.
Saí, deixando Bianca horrorizada com o meu comentário.
Entrei em casa, tomei um banho e de forma decidida arquitei tudo na minha mente. Iria por Lobão contra a parede.
Já estava saindo, quando Gael me chamou.
—Calma aí, mocinha! Aonde vai com tanta pressa?
— Falar com meu namorado,
não posso?
—Aqui na praça, diante dos meus olhos pode sim!
—Oi!? Como assim? Não sei se você sabe mas eu tenho vinte e dois anos. Não sou mais uma menina.
— Você é sim a minha menina! E não vai ficar enfiada dentro do carro do seu namorado com aquele vidro escuro, não! Se ele quiser, vai descer e ficar no banco da praça e sem pegação, ouviu? Nenhum dos namorados das minhas filhas tem regalias e não vai ser Lobão que vai ter!
— Isso é piada, não é? Eu e o Lobão namoramos por anos. É meio tarde pra esse tipo de regra.
— Isso foi antes de saber que você é minha filha. E se reclamar eu desço com você e fico lá até ele ir embora.
— Você não está falando sério!?
— Quer pagar pra ver?
Bati a porta com ódio. Que Gael era exagerado eu já sabia mas aquilo era demais.
Lobão abriu a janela e já ia abrindo a porta quando fiz sinal pra ele descer.
— O que foi? Você está passando mal?— ele perguntou assustado.
—Não. O Gael proibiu a gente de ficar no carro.
Lobão olhou pra minha cara incrédulo, achando que era alguma piada. Quando eu permaneci séria ele gargalhou tão alto que chamou a atenção da praça.
— Nunca pensei que o Gael me faria rir tanto. Que absurdo! Por isso a Karina ficou surpresa quando deixei ela dormir com aquele guitarrista.
—Você vai parar de rir, quando a gente sentar pra conversar.
Lobão parou de sorrir e me olhou preocupado. Seguimos até o banco mais próximo e nos sentamos. Olhei para cima e pude ver Gael nos olhando. Lobão lançou o dedo do meio para Gael que fechou a cortina.
— Você é infantil assim mesmo ou começou agora?
— Comecei agora. Mas fala, o que foi?
— Vou te dar duas opções: Ou você conta pra o Gael que você está doente ou conto eu.
— Não vou contar nada a ele! Pra que você quer que eu conte? Pra ele rir de mim? Ter pena? Fingir que se importa?
— A gente foi na praia e sabe o que ele me pediu? Pra eu cuidar de você, porque ele ta com uma intuição ruim. Têm ideia de como eu me senti?
Lobão se levantou pra respirar o ar fresco.
— Eu sei que não é fácil dizer pra ele que você vai morrer mas é preciso! E se fosse ao contrário? Se ele tivesse morrendo e você só soubesse no funeral, como você se sentiria?
— Não sei dizer! Só não quero ele me olhando com pena.
— Eu te dou duas semanas! Ou você conta ou conto eu!
— Vou te fazer uma contra proposta! Me dá uma chance mas é uma chance de verdade, sem essa de não toca em mim e eu não conto para seu pai o que te aconteceu em Macaé.
— O quê? Você não faria isso comigo!
— Você está me pondo contra parede, não é? — Lobão me olhou com desdém.
— Nunca mais olha na minha cara!
Levantei decidida, quando Lobão agarrou meu braço.
— Me perdoa, Nat!? Não posso enfrentar isso sem você! Eu não consigo! Não quero morrer mas ninguém pode fazer nada por mim. Alivia o meu sofrimento, pelo amor de deus! Eu faço o que você quiser. Eu conto pra o Gael. Só me dar um tempo pra eu conseguir dizer.
—Meu prazo é duas semanas e nada mais.
—Tá bom! E eu não toco mais nesse assunto de Macaé, juro!
Me sentei novamente, respirando aliviada. Agora vinha a segunda parte.
—Quero te pedir outra coisa e se você fizer te dou uma chance.
Lobão me olhou sem acreditar nas minhas palavras.
— O que você disse?
— É isso mesmo que você ouviu! Vou te dar a chance que você tanto quer. Não vai ser assim da noite pra o dia mas vou tentar.
—Faço o que você quiser! Por essa chance eu faço tudo!
— Então, vai atrás da verdade! Descobre o que houve entre você e o Gael e eu fico com você.
— Eu não sei. E se ele não quiser, ainda vou ter a chance? — Lobão disse desconfiado.
— Se você der o primeiro passo, sim.
Lobão olhou no fundo dos meus olhos. Talvez procurando um rastro que fosse de mentira.
— Posso te dar um beijo? — disse baixinho.
Lobão me tocou de forma receosa. Tive vontade de rir. Ele nunca fora de esperar mas não dessa vez. Ele queria senti cada toque como se fosse o primeiro.
Ele me beijou sem pressa. Senti um arrepio no estômago. Parecia que eu estava beijando um homem completamente diferente e me supreendi ao perceber que estava gostando daquilo.
Nunca pensei que aceitaria o Lobão daquela forma mas eu não estava mentindo como das outras vezes. Eu daria uma chance para nós dois, para o meu pai e para minha felicidade. Eu daria uma chance pra mim.
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E então pessoal o que vocês acharam da atitude da Nat? Ela está certa em dar uma chance de ser feliz com Lobão? Quero a opinião de vocês.