Web of Lies — Interativa escrita por Mae


Capítulo 2
Maxim e Mikhail - Intrigas


Notas iniciais do capítulo

Podem falar, bati meu recorde de postagem KKKKK. Mas é sério, foi o capítulo mais rápido que já postei na vida e.e
Bom, aqui já aparecem os boys (lindos ♥) e também um pouco da relação conturbada deles. Meu normal de capítulo é até 3000 palavras, mas não sei como esse ultrapassou as 5000 hahah, espero que continue assim né non?
Fichas nas notas finais, girls!



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“Sentir raiva é vingar-se das falhas dos outros em si próprio.”

Alexander Pope.

Three Days Grace – Animal I Have Become

       A noite estava fria na capital, o céu muito estrelado mais o vento gelado que chacoalhava as árvores ali presentes faziam um perfeito conjunto para piorar mais ainda o humor do herdeiro ao trono russo. Ele odiava frio em excesso, calor em excesso, coisas em excessos justamente por ele ser o excesso em pessoa. E isso só piorava quando estava com raiva e era exatamente assim que se encontrava naquele momento. Fazia apenas uma hora desde que sua mãe lhe disse que teria de se casar com uma desconhecida. Maxim não queria se casar, isso nem de longe estava nos seus planos, e só piorou ao saber que seria com uma desconhecida. Ele via o lado bom em ter algumas garotas em sua casa doidinhas por um pouco de atenção, mas também via a parte má naquilo. Primeiramente eram estranhas simplesmente morando em sua casa e segundamente, a maioria ali estaria interessada nos benefícios que teria caso se casasse com um dos herdeiros ao trono, não que se importasse muito com o segundo, afinal, ele mesmo visava os lucros que teria caso aceitasse tal oferta, mas isso não o impediria de se sentir “usado”.

    Olhou para os nós dos dedos com cortes e sangue seco, era isso que acontecia quando se quebrava um espelho. Sentiu-se levemente arrependido por ter um ataque de raiva pela terceira vez na semana, o TEI se transformou em um dos seus piores problemas. Ignorando a dor em suas mãos, Maxim apertou a jaqueta escura em seu corpo enquanto olhava o letreiro daquele pub, era brilhante e grande, o típico lugar onde se ia para beber até cair, sorriu com seus próprios pensamentos, era ali mesmo que iria entrar. Enquanto adentrava o local, Maks abaixou mais o boné em sua cabeça, não poderia correr o risco de ser reconhecido. O lugar era grande e estava cheio, tinha mesas espalhadas e um balcão enorme com pessoas servindo bebidas atrás, um rock antigo tocava de fundo; fedia a cigarro barato, bebidas e sexo, era o lugar perfeito para descontar sua raiva. Se aproximou de um dos bancos do balcão sentando-se em seguida, um homem alto e com diversas tatuagens pelo corpo veio lhe atender.

     — Vodka — pediu. Era meio clichê pedir vodka no país da vodka, mas ele não ligava, amava essa bebida e se pudesse escolher algo para beber pelo resta da vida seria isto. O barman trouxe seu pedido e Maks o acabou em um gole. Virou-se para trás e começou a analisar as pessoas ali presentes. Ele podia ver os diversos tipos de estilos, desde punks a hippies, casais heterossexuais e homossexuais, gente dançando e gente sentada e nenhum deles fazia a mínima ideia de quem ele era e o que ele representava, soltou um bufo de raiva – não por ninguém estar dando a mínima para ele e sim por não poder ter aquela vida que tinham sem se preocupar com o que pensaria no dia de amanhã – e olhou para sua mão novamente que agora latejava, teria de fazer uma limpeza naquela merda depois, pensou consigo mesmo. Pediu mais um copo ao barman que o trouxe em segundos. Maxim tinha a mania de pensar em quão merda sua vida estava justamente nos momentos em que se sentia um merda e era justamente isso que estava fazendo. Queria poder socar algo, sua mãe de preferência, queria ter nascido como essas pessoas, sem o peso de um país inteiro nas suas costas, mas espera... Ele tinha nascido assim. Isso só durou até o momento em que Yuliya falecera e ferrara de vez com sua vida. Amava a irmã, amava com todo seu coração e realmente sentiu a morte dela, mas não iria mentir dizendo que isso não lhe jogou um peso imenso nas costas, afinal, quem estaria pronto para um trono do dia para noite? Em um ato de fúria, Maxim socou com força o balcão atraindo o olhar reprovador de muitos ali presentes.

    — Dia ruim? — uma voz lhe chamara atenção. Era uma mulher, e carregava um sotaque muito forte. Olhou para sua esquerde onde viu uma moça sentada no banco ao lado, ela era muito bonita; os cabelos escuros e ondulados caíam por suas costas, o vestido preto era curto e colado e os lábios cheios estavam contornados por um batom vermelho sangue. Tinha belas pernas, observou Maks e se dando conta que ainda não havia respondido a mulher.

    — Você não faz ideia... — falou enquanto acenava para o barman trazer-lhe mais um copo.

     — Então somos dois — murmurou a mulher enquanto derramava de uma só vez a bebida em sua garganta e finalmente olhando para ele. Aquela mulher era bem exótica, além do sotaque carregadíssimo, ela tinha olhos escuros e pele bronzeada. Definitivamente não era dali, não que não existisse gente desse estilo na Rússia, mas não era normal se levarmos em consideração a palidez que está presente na maioria dos russos.

      — Você não é daqui, não é?

    — Sou dos Estados Unidos, como soube? — seu tom tinha uma leve surpresa.

    — Você tem um sotaque muito carregado — respondeu como se fosse óbvio, bebericando sua bebida.

      — Jura? Sempre achei meu russo perfeito.

     — Sinto muito em te dizer, mas... Não é não — pôde ver de canto de olha uma sobrancelha da mulher se levantar enquanto um sorriso se formava nos lábios rubros. Era essa a reação típica quando Maxim dava sua sinceridade excessiva.

      — E qual seria seu nome, sr. Tenho-um-russo-perfeito? — perguntou a mulher. Maks pensou em lhe dizer seu nome verdadeiro, mas lembrou-se que o Estados Unidos inteiro odiava ele e sua família e realmente não queria desperdiçar uma futura transa, então optou pelo apelido que somente os íntimos usavam.

      — Maks, e o seu, senhorita?

      Ele a viu erguer uma sobrancelha com o “senhorita”. Realmente o mundo está vazio de cavalheiros.

   — Alexis.

   — Alexis... — tentou pronunciar do jeito que a outra pronunciara, mas falhou, desde pequeno mostrou-se totalmente sem jeito para aprender novas línguas e as que sabe hoje são por muitos anos de treino e, infelizmente, inglês não é seu forte. Alexis riu da tentativa de Maxim e tentou ajuda-lo:

   — É sem o ‘a’ no final.

   — Alexi... — tentou, mas novamente falhando. Alexis riu alto da sua última tentativa e Maxim se permitiu rir junto pela primeira vez desde que aquele dia merda começara, olhou para a moça que agora observava seu copo ainda na metade. — Está aqui desde quando, Alexis?

   — Hoje faz uma semana.

    — E por que veio?

   — Interrogatório? — ela tinha um sorriso de deboche nos lábios e se não fosse sua educação refinada, ele teria a mandado ir para aquele lugar, então apenas deu de ombros enquanto ajeitava mais o boné em sua cabeça, Alexis estreitou os olhos, mas por fim respondeu: — Eu queria uma nova vida, aquele lugar não dava mais para mim, passei muitos anos lá parada sem fazer nada e como tenho amigos aqui, resolvi vir.

   — Por um momento pensei que fosse por um namorado — comentou como quem não quer nada, mas na verdade queria muitas coisas. Ouviu a risada melodiosa de Alexis e olhou para ela esperando uma respostas.

   — Eu não namoro, Maks... — ela tinha um sorriso malicioso nos lábios e Maks riu baixo com essa revelação. Talvez, o ponto alto da sua noite. — E você?

   — Eu também não namoro, Alexis — os dois se olhavam com sorrisos cúmplices nos lábios. — Isso não é ótimo?

   — Amazing — Maks riu, apesar de não ser tão bom no inglês, ele entendia algumas palavras. — Você não acha que é, digamos, estranho ficar com um boné a noite e em um lugar escuro?

    Maxim já não tinha o sorriso no rosto. Pensava em milhares de respostas para dar à mulher, mas nenhuma lhe parecia boa o bastante, estava quase arrumando uma desculpa quando o barman para na frente de Alexis lhe estendendo um copo com um líquido azul.

    — Aquele cara ali pagou — apontou para um barbudo em uns bancos atrás, Alexis não pegou o copo e nem sequer fez questão de olhar para o cara, apenas murmurou que não queria fazendo o garçom voltar com o copo em mãos.

    Maxim achou uma atitude estranha, afinal, quem recusaria uma bebida já paga? Ele que não. Olhou para ela de forma inquisidora e a mesma prontamente respondeu:

    — Nunca é bom aceitar bebida dos outros, não acha?

    — Mas estava paga...

     — Mesmo assim — sua voz tinha um pouco de impaciência e Maks sorriu com isso. — Como estava dizendo, por que está de boné...

      Alexis teria terminado a frase se não fosse um copo sendo botado violentamente em sua frente. O mesmo cara que lhe pagou a bebida agora estava ao seu lado e com uma expressão extremamente raivosa no rosto barbudo, Alexis ergueu uma sobrancelha enquanto olhava para o homem. O cara era muito alto e tinha diversas tatuagens em seus braços, parecia mais um urso tatuado do que um ser humano, pensou Maxim e riu de leve com esse pensamento. Era o que o álcool fazia em seu organismo. Voltou sua atenção a Alexis e o cara barbudo que agora sibilava insultos para a mulher.

   — Desculpe-me, mas poderia se afastar? — murmurou Alexis com uma voz tranquila. Ela era estranha, pensou Maks.

    — Quem pensa que é para recusar minha bebida, suka*? — o homem ao seu lado disse com a voz transbordando ódio, Maxim já estava alerta.

     — Quem pensa que é para falar assim comigo?

    — Cala a boca, sua vadia — Maks se levantou e disse com a voz mais calma que possui:

     — Cara, ela não quer...

    — Não se mete, nanico! — Maks riu em sua cabeça, quem ainda usava essa palavra? Mas depois se deu conta do significado. Ele não era baixo, nem de longe. Tinha mais de 1,80, mas perto daquele cara realmente se transformava num nanico. Maxim não gostava que o ofendesse, para falar a verdade, ele odiava, seu ego era muito sensível para ofensas, e aquilo realmente o ofendeu. Então ele sentiu raiva, muita raiva – uma das vantagens de ser um TEI – e a única coisa que passou pela sua cabeça era diversas formas de ferir aquele urso e foi exatamente o que fez. Pegou um dos copos que antes estava cheio de vodka, e jogou contra a cabeça do homem. A reação foi imediata, o barbudo cambaleou para trás e o público ao redor soltou um surpreso ‘oh’, Alexis o olhava surpresa e temerosa com sua próxima reação. Maxim era conhecido por nunca estar satisfeito e naquele momento ele não estava satisfeito com o corte mínimo na cabeça do cara e então seu próximo passo foi marchar até o cara cambaleante e o jogar com toda a força que existe dentro de si no chão, subindo nele em seguida e distribuindo diversos socos naquele rosto peludo. Ele ouvia os gritos das pessoas e sentia as mãos de Alexis lhe puxar, mas estava com tanta raiva, tanta raiva, que a única coisa que lhe importava naquele momento era em como aquele cara sairia desfigurado dali. Porém, de repente o homem pareceu acordar para a vida e conseguiu jogar Maxim de lado de forma que tivesse acesso livre ao rosto do herdeiro. Maks sentiu o impacto do primeiro soco, sentiu sua cabeça tremer e latejar instantaneamente e o seu nariz estalar, e depois sentiu mais outro e rapidamente o seu supercílio inchara e latejara, ele viu de canto de olho o barbudo levantar a mão para mais um soco se não fosse pelo barulho alto de um tiro. O cara rapidamente saiu de cima de Maks, e o herdeiro pôde ver o estrago que fez naquela cara de urso.

    — Os dois para fora! AGORA! — o, provavelmente, dono gritava a plenos pulmões enquanto segurava uma Glock nas mãos. Maxim levantou-se rapidamente sentindo o rosto esquisito e os olhares assustados de todos, inclusive os de Alexis. Bufando de raiva, o herdeiro marchou até a porta do pub enquanto tinha as mãos no rosto tentando conter o sangue que caía; ouviu passos apressados atrás de si e xingamentos em uma língua que agora lhe parecia estranha. Alexis. Ele não queria falar com ela e realmente não estava afim de descontar a sua raiva na mulher.

   — Maks! Deixa eu te ajudar! — gritava Alexis assim que viu que ele começava a andar mais rápido. Maxim ainda estava com muita raiva e provavelmente a descontaria toda em cima de Alexis e isso era algo que queria evitar mesmo, não gostava de descontar suas frustrações em cima das pessoas, mas parecia que a maioria delas clamava para ser pisada, e Alexis não era diferente. Virou-se de forma abrupta para a mulher que agora se aproximava, ajeitou o boné em sua cabeça pedindo aos deuses ou seja lá quem for que ele tivesse ficado em sua cabeça em todo momento que esteve dentro daquele pub.

   — Alexis, vai para sua casa e esqueça dessa noite — sua voz saíra engraçada e ele se amaldiçoou por isso. A moça, em questão, pareceu achar uma piada, pois riu com vontade enquanto se aproximava dele.

   — Eu não vou deixar você sair pingando sangue por aí, não é? — revirou os olhos como se falasse o óbvio. — Vamos, me deixe ver isso...

    Ela tentava retirar as mãos de Maks do rosto, o que não estava funcionando, e ele apertava cada vez mais quando a ideia de ela o reconhecer passou por sua mente. Por fim, Alexis pareceu se irritar.

    — Caramba, Maks! Já que é tão difícil assim deixar eu ver essa merda, me deixe te levar até o hospital para ver a gravidade disso. — Maxim arregalou os olhos ao ouvir a palavra ‘hospital’ deixar os lábios da mulher. Já estava imaginando as manchetes no próximo dia, e o sermão que sua mãe, seus irmãos e os conselheiros lhe dariam. Não, definitivamente ele não iria para um hospital. — Vamos logo!

    — Não.

    — O quê? — Alexis murmurou confusa.

   — Não vou para um hospital.

   — Por algum acaso você é retardado? — ela perguntou nervosa, Maks ergueu uma sobrancelha e arrependeu-se ao sentir uma pontada de dor. — Anda, você precisa de curativos.

    Ela deu um passo e olhou para o herdeiro como se o esperasse, mas Maxim apenas ficou parado a olhando. Alexis soltou um palavrão e caminhou raivosamente em direção a ele novamente, o olhou de forma raivosa e disse:

     — Tira sua jaqueta.

    Maks ergueu uma sobrancelha e já estava pensando na resposta malcriada que daria quando se deu conta do por que disso. Tirou a mão do rosto e o abaixou enquanto retirava a jaqueta caríssima, não ligou muito, deveria ter mais uma centena dessas. Alexis puxou a jaqueta de forma bruta de suas mãos e botou com força no rosto do herdeiro, Maxim soltou um gemido de dor que fez os olhos escuros da morena se amolecer. Ela começou a caminhar em direção a um grande prédio que ficava logo à frente, Maks presumiu que fosse sua casa, e não deu muita importância, sabia que precisava de cuidados e definitivamente não gostaria que um dos médicos do palácio o atendesse, eles contavam tudo para a czarina e o czar. Chegaram rapidamente ao edifício, Maxim ainda soltava alguns gemidos básicos de dor quando ela apertava demais, mas nada fatal. O apartamento era pequeno e aconchegante; tinha paredes em tom creme e alguns porta-retratos pendurados, a sala era pequena com um sofá fofo e marrom, umas duas poltronas e uma TV grande. Era tudo bonito de sua forma, mesmo sem o luxo do Palácio do Kremlin. Maxim está acostumado a luxo e boa vida, mas não mente para si mesmo dizendo que ama isso, ele sonha em ter uma vida normal onde poderia viver em um apartamento sem a preocupação de fazer alguma merda e sua cara estar estampada nos jornais no dia seguinte, sonha em ter um relacionamento sem que a garota seja perseguida ou ameaçada constantemente, ele sonha em ter uma vida normal onde o peso de um país não esteja nas suas costas.

   — Pode ficar à vontade, vou pegar o kit de primeiros socorros — Alexis disse enquanto se afastava para uma porta de madeira. Maks respirou fundo e se jogou no sofá. Estava muito cansado, não só fisicamente, mas mentalmente também. Toda essa história de A Seleção o sugou totalmente, só de pensar que em algumas semanas sua casa estará cheia de desconhecidas já lhe da vontade de socar mais alguma coisa. — Tira a jaqueta e o boné, por favor.

    Já estava pronto para negar quando pensou direito. Já havia feito merda, se meteu em uma briga, bateu, apanhou, por que ficaria mais merda ainda? Deus não é tão mau assim, então respirando fundo, Maxim puxou o boné da cabeça e tirou a jaqueta do rosto. Alexis não demonstrou nenhuma reação, apenas sentou-se ao seu lado e pediu que virasse para ela, Maks obedeceu ainda esperando algum surto histérico da garota.

    — Isso vai doer — avisou e logo o herdeiro sentiu uma ardência muito forte em seu rosto. Fechou os olhos enquanto esperava que Alexis limpasse tudo. — Olha, eu não vou fazer um curativo, pois não sei e não quero correr o risco de deformar seu rosto, vou te dar um analgésico para as dores passarem, ok?

     Maks não queria falar, sua voz estava constrangedora demais para isso. Alexis voltou rapidamente com o analgésico em mãos e um copo de água, Maxim os tomou e fechou os olhos jogando sua cabeça para trás, mas sentia Alexis o encarar. Abriu seus olhos e observou enquanto a garota o observava atentamente como se o estudasse. Ele pediu aos céus que ela não o tenha reconhecido ou esteja o reconhecendo. Os olhos escuros estavam cerrados e Maxim já começava a se desesperar quando a voz carregada de sotaque e segundas intenções disse:

     — Esse não é o momento em que você me beija?

   Maxim demorou dez segundos para entender o que ela disse. E mais dez segundos para agradecer a quem quer que seja por sua noite finalmente ter ficado boa. Ele realmente não se importava com mais nada quando chocou seus lábios com força contra os dela, muito menos com a dor que tomou conta de seu corpo. Há uns minutos atrás, Maxim amaldiçoava a maldita hora em que entrou naquele maldito pub, agora, abençoava a hora em que entrou naquele pub.

***

 

“O homem mais sábio procura a calma em momentos difíceis para que sua frieza em tempos assim faça-o pensar em soluções mais cabíveis.”

Johnny T.r

Nico Vega – Iron Man

    — Você está pronunciando errado, não precisa estender o ‘a’ dessa forma — Mikhail repetiu pela milésima vez, a voz já soava cansada e com um pouco de irritação. Viktoria poderia ser bem cansativa quando quer. A mais nova olhou para o irmão com os grandes olhos claros e cheios de lágrimas, Mikhail se arrependeu um pouco pela forma que falara com ela, mas ele realmente não tinha culpa, já fazia mais de horas que estavam treinando o português da menina e ela não conseguira falar uma frase sequer.

  — Está tudo bem, Mik... Eu sou um fracasso — a menina falou com a voz embargada de choro e Mikhail segurou a vontade de revirar os olhos, não somente pelo drama gigantesco da menina, mas também por aquele apelido ridículo que ela insistia em chama-lo. Mal percebera quando a irmã saíra da biblioteca com os olhos cheios de lágrimas, resistiu a vontade de ir atrás dela quando viu que teria que consolá-la. Ele não era uma pedra de gelo, mas não tinha pique e nem paciência para dizer palavras doces e de consolo, tinha coisas mais importantes para se preocupar do que com os dramas de Viktoria, como por exemplo, o sumiço repentino de Maxim e o fato de que estava fazendo uma semana desde que sua irmã mais velha falecera. Ele poderia lidar com a imaturidade de Maks depois, e poderia se aprofundar mais nas pesquisas que estava fazendo para saber por que diabos Yuliya falecera do nada. Ele tinha lido o laudo e nele dizia parada cardíaca o que era praticamente impossível já que ninguém em sua família tinha problemas relacionados ao coração e sejamos sinceros, Yuliya tinha a saúde de um cavalo e do nada morre? Não fazia sentido algum, sabia que havia algo errado nisso e ele iria descobrir. Foi um choque para a família quando descobriram a morte da grã-duquesa, Mikhail não irá mentir dizendo que não amava a irmã, pois amava, mesmo do seu jeito meio esquisito, mas amava e ele sentirá falta da avalanche de emoções que era Yuliya Krasnova.

    — Você não deveria ser tão duro com Viktoria — Mikhail levou um susto quando ouviu a voz suave de Kristina ressoar naquela enorme biblioteca. Não fazia a mínima ideia de como a irmã fora parar ali. Kristina sempre fora assim, chegava de mansinho nos lugares sem que ninguém a percebesse, não somente pela sua baixa estatura, mas também pelos passos de passarinho.

  — Você sabe muito bem que eu não tenho paciência para os dramas de Viktoria — passou as mãos no cabelo soltando um suspiro cansado. Kristina finalmente largou seu livro de lado e olhou para o irmão, os olhos verdes repreendedores já diziam que viria um sermão por aí, Mikhail controlou a vontade de bufar, esse dia já estava sendo uma bosta.

   — Você sabe muito bem que Viktoria é uma garota especial. Ela não tem os pais por perto, não tem amigos e vive presa nesse lugar, só tem os irmãos e você a trata como um fardo, se ponha por um segundo no lugar dela, Mikhail e aí talvez você tenha o direito de reclamar de algo — a voz da grã-duquesa estava dura, e se não fosse pelo emocional de pedra de Mikhail, ele se sentiria humilhado. Kristina voltou a ler seu livro dando aquele assunto por encerrado. Mikhail queria manda-la ir a merda, mas ele sabia o como a irmã poderia ser rancorosa e não estava a fim de uma greve. Se lembra muito bem de quando a irmã ficou duas semanas sem trocar uma palavra sequer com ele simplesmente por ter sido chamada de infantil, foram dias difíceis aqueles, não que necessite da atenção de Kristina vinte quatro horas por dia, mas sendo os dois uma figura pública, teriam de manter, mesmo que mínimo, um relacionamento saudável, mas a garota fora incontestável com sua decisão e não trocou um ‘a’ com Mikhail durante duas semanas.

    O herdeiro jogou a cabeça para trás enquanto respirava fundo. Se lembrava das palavras de sua mãe sobre aquela coisa chamada A Seleção; ele não concordava nem um pouco com isso, não queria estranhas em sua casa, não queria ter que escolher entre diversas garotas e não queria se casar, mas Mikhail era inteligente e sabia os benefícios que teria caso aceitasse essa proposta louca. Assim que sua mãe chamara ele e Maks em seu escritório ele já sabia que alguma merda estava por vir. Quando Alisa disse a ideia, o primeiro pensamento que passou em sua cabeça foi que aquilo era algo ridículo e que não aceitaria isso, mas a sua mente estava em constante trabalho e depois de uns segundos já estava calculando os riscos e os benefícios disso, e claro, se ele tirasse vantagem disso, estaria ótimo, e sua resposta foi sim, o que causou um olhar aprovador de sua mãe e um incrédulo de Maxim. Ele sabia desde que o irmão fora diagnosticado como um TEI que isso lhe traria problemas, era extremamente difícil fazer Maks concordar com algo e pior ainda quando o obrigavam a concordar com alguma coisa que ia contra os seus princípios, e casar, definitivamente não estava na lista de Maxim. A reação do irmão fora a esperada, ele implorou a Deus e o mundo, pediu por favor, disse que mudaria seu comportamento, mas nada amoleceu os olhos da czarina, e então ele ficou com raiva, com muita raiva para falar a verdade. Gritou, socou a mesa de carvalho diversas vezes, quebrou um espelho, machucou a mão, ameaçou cometer crimes e quase partiu para cima de Mikhail quando o mesmo tentou acalmá-lo, vendo que surtiria nenhum efeito o seu surto de raiva, Maxim sumiu e não apareceu até agora.

   — Kristina! Você tem que ver isso! — Mikhail se assustou novamente quando uma voz ofegante ressoou na biblioteca, olhou para a origem do som e se arrependeu em seguida. Natasha Savvina. Sua ex-namorada e também sua prima de 3º grau. Ele terminou com Tasha a mando de Alisa e já fazia tempos que não sentia mais nada pela ruiva, mas sabia que ela ainda era louca com ele. — Oi, Mikhail...

   O rosto da garota estava quase da cor de seus cabelos e o herdeiro segurou a vontade de rir, não querendo deixar a menina mais constrangida, virou seu rosto para o outro lado depois de acenar em resposta ao seu cumprimento.

  — Oi, Tasha... O que quer me mostrar? — a voz de Kristina estava com um tom risonho. Ele sabia que aquele palácio inteiro conhecia os sentimentos de Natasha por Mikhail. E sabia também que ela odiava que zombasse de seus sentimentos e era exatamente isso que Yuliya e Maxim faziam com a prima.

   — Não dá para contar, você só vai acreditar vendo!

  Viu de canto de olho que Kristina revirou os olhos e com um sorriso seguiu a garota eufórica que agora dizia o quão incrível era aquilo e que ela iria amar.

  O seu relacionamento com Natasha fora bom e serviu para lhe ensinar muitas lições. Na época em que namoraram os dois eram imaturos e novos demais, cresceram juntos praticamente e chegou um momento em que começaram a confundir as coisas, não que ele se arrependa, porque não é verdade, mas já não tem mais a cabeça que tinha há dois anos atrás e apesar de ter sido bom enquanto durou, ele não gostaria de repetir a dose, não com uma garota como Natasha. Ela não é irritante e fútil, é uma boa pessoa e inteligente, mas apegada demais aos seus sentimentos e Mikhail odeia isso, ele não gosta de ter que lidar com emoções – seguindo sempre o lado da razão – e principalmente pessoas emotivas como Tasha, uma prova viva disso é o fato dela ainda estar apaixonada enquanto ele já evoluiu disso há bastante tempo.

   Ficara bastante curioso com o que ela queria mostrar a Kristina, mas conhecendo Natasha como conhece, sabia que era algo totalmente inútil e ridículo, e todos sabem que Mikhail não perde seu precioso tempo com coisas inúteis. Soltou um bufo quando percebeu que nesse momento estava gastando seu tempo pensando em algo que não mudaria em nada na sua vida. Olhou de relance para um dos corredores do palácio quando viu uma figura vestida de preto dos pés a cabeça andando apressadamente. Maxim. Exatamente quem queria ver.

   Mikhail levantou-se rapidamente e decidiu ignorar a pontada de dor que sua cabeça deu. Seguiu decidido atrás do irmão que ainda andava apressado pelos corredores do palácio.

  — Maxim! — sua voz soou alta e imponente pelos corredores. Seu irmão parou e olhou por poucos segundos para trás e assim que viu quem o incomodava, soltou um bufo e continuou seu caminho. Mikhail queria poder arrastar Maks só pelo poder da mente, mas infelizmente não tinha o que só lhe restava continuar seguindo o irmão por aqueles malditos corredores. — Maks! Quero falar com você.

   O mais velho virou-se de forma brusca para o irmão e o olhou com sua cara de raiva típica.

 — O que você quer? ‘Tô com muito sono e realmente não quero ouvir suas merdas agora, então poderia, por favor, me deixar em paz? — sua voz soou raivosa e impaciente, típico.

  — Não, não posso, não quero e não vou — finalmente alcançando seu irmão, Mikhail parou. Maks o olhava com uma raiva contida e apesar de ser uns cinco centímetros maiores que o outro, Mikhail não o temia, nem um pouco.

  — Anda logo, não estou com paciência hoje — falou enquanto cruzava seus braços. Mikhail não tinha percebido antes o quanto o rosto do irmão estava machucado.

    — Você se meteu em uma briga?

   — Era só isso? Vai procurar o que fazer, Mikhail — Maks estava começando a se virar quando o irmão falou novamente seu nome, segurando a vontade de soca-lo, virou-se devagar e o olhou. — Mas que merda! Por que não cuida da porra da sua vida? Se eu saí, me meti em uma briga, fiquei bêbado, isso só diz respeito a mim! E somente a mim! Para de se meter na minha e vai arrumar algo de produtivo para fazer ao invés de ficar enchendo a porra do saco dos outros.

     Mikhail já havia se acostumado com as palavras duras do irmão, não se importava mais com isso, para falar a verdade, nunca se importou, mas aquilo realmente o irritou muito.

   — Você tem quantos anos mesmo? Quinze? Porque parece! Pare de agir como uma criancinha que não ganhou o brinquedo que queria e acorda para a vida. Você não é mais um bebê que precisa constantemente de atenção, ninguém aqui aguenta suas crises existenciais mais, está todo mundo cansando de sua birra já! Quer fazer merda? Faz, só não meta o nome da nossa família no meio disso. Cresce, Maxim, cresce! Vê se para de querer chamar atenção e arruma você algo produtivo para fazer. E cara, eu realmente não dou a mínima para suas brigas, ninguém aqui dá, só falta você acordar e ver que o único que está se ferrando aqui é você — Maks nunca ouviu a voz do irmão carregar tanta frieza como estava agora, os olhos azuis estavam como duas pedras de gelos e um sorriso de escárnio surgia em seus lábios. Aquilo não fez ele se sentir pior e sim com mais raiva, teria pulado no irmão se ele não tivesse sumido de sua vista.

    Mikhail estava se sentindo leve. Já fazia um bom tempo que isso estava entalado em sua garganta e ele queria sair saltitando por aí por finalmente ter falado essas palavras a Maxim. Sentia como se um peso estivesse saído de suas costas e de certa forma saiu; ele e Yuliya já combinavam a um bom tempo de falar umas poucas e boas a Maks, mas nunca tiveram a chance, agora que falara essas verdades ao irmão, Mikhail sentia que Yuliya estava sorrindo para ele do lugar de onde estava. E ele também sorria.


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Notas finais do capítulo

*suka = bitch.

E entããão? Gostaram? Odiaram? Me contem tudo! Deu para vocês terem uma ideia de como os dois são, né? Se quiserem saber mais sobre eles antes de me mandarem uma ficha é só chegar na MP que respondo com o maior prazer, na verdade, quaisquer dúvidas que tiverem é só me mandar uma MP, ok? Bom, é isso. Ah, e se quiserem me indicar músicas que combinem com os personagens, fiquem à vontade (;
Aqui está as regras http://wol-fanfic.tumblr.com/regras é necessário lê-las por completo antes de me mandar a ficha, ok?
E aqui está a ficha http://wol-fanfic.tumblr.com/ficha tá meio grandinha hehe, mas é tudo necessário. E gente, olhem sempre os países que estão disponíveis, ok? São somente, três: Estados Unidos, Império Russo e Noruécia.
É isso, beijos e beijos e aguardo a ficha de vocês xD



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