Malfeito feito escrita por msnakegawa


Capítulo 53
Sirius Black sempre tem segundas intenções


Notas iniciais do capítulo

Oi, esse capítulo ficou especialmente longo, mas é porque acontece muitas coisas importantes e legais... Espero que gostem!



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— Então, como isso vai funcionar? — Sirius perguntou, sentado com as costas apoiadas na parede gelada da Torre de Astronomia. Estava escuro do lado de fora e estava realmente frio lá em cima, mas não parecia uma boa ideia ficar abraçado com a Marlene em algum lugar que Gideon podia ver. Pelo menos não no mesmo dia que eles terminaram.

Sirius não planejou provocar o término do namoro dos dois, ele só estava realmente feliz por ter sua amiga de volta. Não era culpa dele que os dois tivesse mais química que qualquer casal no mundo e que o Prewett não era um cara muito compreensivo. Só aconteceu.

Ok, talvez Sirius tivesse segundas intenções, mas afinal, ele sempre tinha segundas intenções.

— Eu não sei, a gente nunca estabeleceu regras ou algo do tipo. — Ela deu de ombros, sentada entre as pernas de Sirius e encostando em seu peito. — Acho que a gente não é do tipo que oficializa um namoro e vive feliz pra sempre.

— A gente precisa do drama... — Sirius riu, imitando a frase da garota. Ele passou os braços sobre os ombros dela e entrelaçou seus dedos.

— Pode ter menos drama dessa vez. — Ela se lembrou do término deles, quando ele dormiu com outra garota e a traiu. — Definitivamente menos drama, mas também não quero que a gente vire aqueles casais melosos que dão vontade de vomitar.

— Ok. — Sirius sabia que tinha pisado na bola na época. Nesse tempo desde o término dos dois, ele ficou com várias garotas e percebeu que nenhuma delas podia substituir Marlene. O que eles tinham era algo difícil de explicar. Ficou um tempo em silêncio, pensando no que fariam. — A gente pode, sei lá, só prometer que vamos contar tudo um pro outro.

Marlene levantou a sobrancelha para ele, desconfiada.

— Então se você se interessar por alguém ou receber algum convite que está pensando em aceitar, você me conta antes de fazer qualquer coisa. E eu faço o mesmo. — Marlene brincava de guerra de dedões com Sirius.

— Nós sempre teremos prioridade. — Ele completou. Parecia um bom trato, liberdade para ambos e sempre a certeza de que poderiam ficar juntos.

Os dois ficaram um tempo pensando nas possibilidades que aquele trato traziam consigo, até que Marlene fez uma careta e quebrou o silêncio: — Acho que Gideon me odeia. — Ela resmungou, se aninhando nos braços de Sirius.

Era complicado para ela entender exatamente com que acontecia em sua própria cabeça. Marlene gostava de Gideon e era divertido passar o tempo com ele, não foi tudo uma mentira. Ela se envolveu de verdade com o garoto ruivo e alto com quem passou os últimos meses. Conheceu a família dele e se entregou por inteiro. Ela era feliz com ele, só faltava algo. Sempre faltou, e ela só percebeu realmente que estava faltando quando ouviu a pequena Lizzie Spinnet contando sobre o duelo, quando ela viu Sirius sentado numa das camas da enfermaria tudo ficou claro.

— Eu nunca gostei muito dele. — Sirius comentou, em seu ouvido. — Mas isso é porque ele namorava você. — Ela riu, mas ele sentiu que tinha algo errado. — O que foi?

— Eu não queria magoar ele nem nada do tipo. — Marlene se soltou dos braços de Sirius e virou de frente para ele, sentando de pernas cruzadas. — Acho que eu sempre fui sua, de qualquer forma. — Ela o beijou de leve e se afastou para continuar falando. — Lily estava certa, afinal.

— Eu tenho até medo de ouvir por que ela estava certa. — Ele franziu a testa. Lily era muito diferente de Marlene, era difícil entender como as duas podiam ser amigas as vezes mas ele era amigo de Lupin, então não podia dizer nada. Remus podia ser mais teimoso que a própria Evans se quisesse.

— Ela falou que eu não devia ficar com ele só enquanto eu estava brava com você. E aparentemente foi exatamente o que eu fiz... — Ela sentia que devia ser mais como Lily e pensar mais nas suas ações, ser impulsiva demais a colocava em situações complicadas.

— É... Não foi sua melhor escolha. Mas a culpa é minha também, eu também não fiz escolhas muito boas na época. — Sirius emoldurou o rosto dela com as mãos e apertou um pouco suas bochechas. — Acho que já está tarde o suficiente pra gente não dar de cara com ele no Salão Comunal. — Ele se levantou e deu a mão para ajudá-la a levantar e os dois desceram as escadas da torre, seguindo pelo corredor até o retrato da Mulher Gorda. Aparentemente estava mais tarde do que eles pensavam. Só havia um grupo de setimanistas estudando num canto e Peter afundado numa cadeira, com um livro apoiado na barriga e com cara de entediado. A lareira estalava ao fundo, terminando de queimar.

— Hey, o que está fazendo aqui? — Sirius cutucou o amigo, que pulou na cadeira quando acordou de seu cochilo.

— Lembrei que tenho dever de feitiços, o Professor Flitwick me deixou entregar essa semana por causa da Mary. — Ele mostrou o pergaminho com a redação meio escrita. — Já estão todos dormindo, onde vocês estavam?

— Resolvendo umas coisas. — Marlene tentou se esquivar, mas Peter lhe deu um olhar maroto. Ela passou a mão em sua nuca e olhou mais uma vez por toda a sala, verificando se Gideon não estava lá mesmo que já soubesse.

— Então é verdade. — Peter concluiu. Marlene sentiu seu rosto queimar, pensando que todos já sabiam sobre o término com Gideon e sobre o namoro com Sirius.

— Droga! — Ela exclamou. As notícias corriam rápido pelo castelo.

— Ei! — Sirius fingiu estar ofendido. — Só porque nós não vamos usar um anel de compromisso não precisamos ficar em segredo.

— Para de choramingar, Black... — Peter jogou um pedaço de papel amassado no amigo. — Gideon não parecia muito feliz, Lily e Fabian vieram o caminho inteiro de volta para o castelo tentando acalmar ele. Sorte sua que a Evans deve estar dormindo, Lenny.

Ela respirou fundo, pensando na cena.

— E acho que eu também vou, preciso de energia para encarar o dia amanhã. Boa noite, garotos! — E assim subiu até os dormitórios, tentando não fazer barulho.

Marlene McKinnon se remexeu na cama por quase uma hora, recapitulando tudo o que tinha acontecido: Lily falando para ela se comportar e pensar mais antes de agir, ela distante no encontro com Gideon, o flerte elétrico com Sirius, Gideon terminando com ela no meio da rua, ela fugindo com Sirius de volta para o castelo... Ela teria muito com o que lidar no dia seguinte, então se esforçou ao máximo para pegar no sono.

Outra pessoa também se remexeu muito na cama naquela noite. Mary MacDonald vinha tendo pesadelos durante toda a semana, mas não queria contar para ninguém ou todos voltariam a tratá-la como um bebê. Os pesadelos vinham em flashes de seus pais sendo torturados enquanto ela gritava e tentava lutar contra os Comensais da Morte e a assombravam todas as noites.

Ela ouviu quando Marlene chegou no quarto, prestou atenção em cada som que a garota fez até ouvir a respiração pesada de quem tinha pego no sono. Tentou fazer o mesmo, mas quando fechava os olhos a visão dos Comensais da Morte voltava de forma tão real que ela nunca iria conseguir dormir.

Na ponta dos pés para não fazer barulho, ela vestiu um casaco de tricô sobre o pijama e desceu as escadas para o Salão Comunal. Estava praticamente vazio, com exceção de alguém debruçado numa mesa no meio de vários livros. Ela esboçou um sorriso ao perceber que era Peter.

— Ei. — Cutucou a bochecha do garoto, sorrindo. Ele nem se mexeu.

Quando ela foi passar as férias em Portugal não imaginou que teria a sorte de se aproximar de Peter, mas com o passar do tempo ela ficava mais grata de tê-lo por perto. Peter não era o mais inteligente, nem o mais bonito, mas ele era atencioso e prestava atenção em cada palavra que Mary dizia. Ele era uma boa companhia e cuidou dela todos os dias desde o ataque de Mulciber.

— Peter. — Ela cochichou em seu ouvido, finalmente conseguindo acordá-lo. Ele fechou os olhos com força e franziu a testa, mas percebendo a proximidade da garota, abriu os olhos.

— O que está fazendo aqui? — Ele perguntou, um pouco perdido. Por um momento ele achou que estava em sua cama, no dormitório masculino, mas olhando a sua volta ele percebeu que ainda estava no Salão Comunal.

— Pesadelos. — Mary deu de ombros, se apoiando na borda da mesa.

— Pesadelos? Você não me disse que estava tendo pesadelos! — Pettigrew levantou, juntando seus livros rapidamente antes de pegar a mão de Mary e a levar para uma poltrona perto da lareira.

— Eu não queria que todo mundo voltasse a me tratar como se eu fosse quebrar, como se eu fosse um bebê.

— Desculpa. — Ele entrelaçou seus dedos nos dela. — Você quer falar sobre os pesadelos ou prefere falar de outra coisa? Falamos do que quiser...

— Qualquer coisa menos lembrar desses malditos pesadelos. — Ela massageou suas têmporas, colocando suas mechas loiras atrás da orelha em seguida. Peter a distraiu falando sobre seu dever de casa de feitiços e sobre o encontro com Sirius e Marlene, mais cedo.

— Agora que a Lenny e o Gideon terminaram, acho que ela vai se animar para passar as férias de Natal com os Potter... Só vamos precisar convencer a Lily e a Dorcas. — Mary arquitetou.

— Você acha que elas iriam? Alua... Remus, — Peter se corrigiu rapidamente, esquecendo que os apelidos eram segredo. — e Dorcas brigaram feio na noite que... Você sabe...

— Você pode falar, Pete. Na noite que eu fui torturada pelo Mulciber, que não foi nem punido por isso, aliás.

— Bem, é... — Ele passou os braços pela cintura de Mary, a abraçando apertado. —Eles brigaram e acho que foi pra valer dessa vez.

— Mas Lily nem está discutindo tanto com o James agora, é o momento perfeito! — Ela riu baixinho enquanto se aninhava no peito de Peter. — Ia ser tão legal todo mundo comemorando o natal juntos... — A poltrona era apertada, mas os dois se encaixaram tão bem que não perceberam quando pegaram no sono. Mary agradeceria eternamente pela primeira noite em quase uma semana que ela não teve mais pesadelos.

Sem pesadelos, só restavam os sonhos estranhos e sem sentido de sempre. Entretanto, apesar de parecer parte de um sonho alguém realmente chacoalhava ela como se sua vida dependesse disso.

— O queeee? — Choramingou, apertando os olhos com a claridade. "Claridade? Não tem claridade na minha cama...", um pensamento lhe deixou confusa e a fez abrir os olhos. As tapeçarias escarlate que decoravam as paredes denunciavam que ela ainda estava no Salão Comunal. — Droga.

Lily estava para em sua frente, esperando Mary ligar os pontos. — Bom dia... — O olhar sugestivo da ruiva fez com que ela corasse. — A noite foi boa?

— Quieta, Lily! Não aconteceu nada. — Ela se levantou, desamassando seu pijama e alisando a blusa de tricô.

— Não é exatamente o que parece. Vocês tem sorte que ninguém acorda cedo no domingo. — Lily tinha um sorrisinho sugestivo estampado em seu rosto, mas no fundo ela estava feliz por ver aqueles dois desajustados juntos.

Ela não conseguiu dormir até tão tarde, já tinha completado sua necessidade de sono com exatamente oito horas de sono muito bem dormidas depois de um dia cansativo em Hogsmeade e não conseguia ficar na cama depois de acordar. Principalmente porque precisava muito falar com Marlene e a garota não acordava de jeito nenhum.

— Peter, acorda! — Foi a vez de Mary chacoalhar alguém. Ele resmungou e se encolheu na poltrona, até que a garota usou uma almofada para ser mais eficiente. Pettigrew levantou num salto, os olhos foram de Mary para a almofada e da almofada para Lily, então ele reparou que estava no Salão Comunal e corou.

— Droga, já está de manhã. — Ele bateu a mão na testa. — Preciso de mais algumas horas de sono e de um banho para lidar com mais um dia...

— Eu também. — Mary tentou ajeitar seu cabelo, mas ele estava embaraçado demais. — A gente se vê mais tarde. — Caminhou até Peter e cochichou em seu ouvido: —Obrigada pela companhia ontem a noite.

Peter pegou a mão de Mary e não a deixou ir em direção as escadas antes de dar um beijo em sua bochecha.

— Hmmm acho que estou sobrando aqui. — Lily riu e se despediu do casal que se separou por uma questão de bem maior: continuar o sono cada um em sua cama confortável.

Lily deixou o Salão Comunal e caminhou sem rumo pelo castelo. O dia anterior tinha sido complicado: Marlene sumiu no Três Vassouras, Gideon foi atrás dela e voltou depois de mais de uma hora para o pub, nervoso e sem a Marlene. Após inúmeras tentativas que resultavam em socos na mesa ou punhos cerrados, o garoto conseguiu explicar que terminou com a namorada porque ela estava com Sirius.

Lily precisava conversar com Marlene e ver sua versão da história. Por mais que imaginasse que Lenny não trairia Gideon, ela sabia sobre o fraco que a amiga tinha por Sirius, então era importante entender o que havia acontecido. Por mais que se tratasse de Marlene McKinnon, devia ter alguma lógica em tudo aquilo.

Essa questão martelou a mente de Lily por todo o café da manhã até ela voltar para o quarto, esperando que Marlene e as outras meninas já estivessem acordadas. A expectativa falhou mais uma vez, mas a ansiedade de Lily venceu e ela abriu as cortinas da cama de McKinnon.

— Booooom diaaaa! — Ela cantarolou nos ouvidos de Marlene. — Você precisa me contar uma história...

— Hmmm... A Marlene precisa de mais algumas horas de sono antes de contar qualquer coisa. — Puxou seu travesseiro para tampar a cabeça.

— Acorda Lenny, isso tá me matando de curiosidade. — Lily puxou o cobertor da garota, fazendo-a se encolher toda na cama. — Eu não quero falar com Fabian enquanto não souber sua visão.

— Nãoooo!

— Por que vocês estão fazendo barulho no domingo de manhã? — Dorcas se escorou na cama de Marlene com a cara amassada e emburrada.

— Eu preciso saber o que aconteceu para o Gideon terminar com a Marlene!

— O QUE? — Dorcas pareceu acordar instantaneamente. O encontro com Chang em Hogsmeade a distraiu e ela não soube sobre o ocorrido.

— Hmmm... — Mary reclamou, de sua cama. — Gritem mais baixo.

— Acorda logo, Marlene! —Lily bateu o pé, irritada. Sirius a teria chamado de mimada por essa atitude, mas era apenas a curiosidade. Ela não podia falar com Fabian e Gideon sem saber a versão de sua amiga, seria injustiça tomar um lado.

— Vocês não vão mesmo me deixar dormir? — A voz de Marlene estava abafada pelo travesseiro, ela o afastou um pouco do rosto para espiar as amigas, que responderam um "não" em coro. — Tá bom... — Ela sentou na cama, ajeitando o travesseiro em suas costas. — O que querem saber?

— Eu já disse, o que aconteceu ontem? O que aconteceu com Gideon? — Lily estava afobada, sentada na ponta da cama com o cobertor de Marlene enrolado sobre o colo.

— Me dá esse cobertor. — Ela estendeu o cobertor de volta na cama, voltando para o calor confortável. — Até a parte que nós fomos para o Três Vassouras você sabe, você estava com a gente.

— Eu não estava, estava no meu encontro com o Chang, que aliás, é lindo demais... — Dorcas interrompeu, divagando por alguns segundos antes de voltar ao assunto. — Mas o que aconteceu antes disso?

— Passamos a manhã toda andando pelas lojas, eu não fiz nada de errado. Foi tudo como sempre, juro. Namorada perfeita. — Ela fez uma pausa e riu de si mesma. — Ok, não tão perfeita assim, mas de qualquer forma... Fomos para o Três Vassouras e eu já estava começando a perder a atenção.

Começando... — Lily murmurou, rindo.

— Eu me comportei, ok? Mas acho que Gideon já estava incomodado com alguma coisa, porque ele ficava me abraçando e eu estava me sentindo sufocada.

— Tudo o que uma garota quer, se sentir sufocada com o abraço do namorado. — Dorcas riu, fazendo com que McKinnon mostrasse a língua para ela.

— Enfim, eu bebi minha cerveja amanteigada rápido só para poder ficar alguns minutos sozinha enquanto esperava outra lá no balcão, mas aí o Sirius chegou e começou a falar comigo. Talvez tenha sido porque eu sobrevivi a uma manhã entediante e sufocante, mas quando ele chegou foi como se alguma coisa me puxasse para ele, como um imã, sabem? Eu me senti tão bem com ele ali do meu lado.

— E aí você beijou ele? — Dorcas tentou adivinhar, ansiosa para saber o desfecho.

— Não, nós só ficamos lá nos olhando... O olhar dele era elétrico, mas ao mesmo tempo parecia que ia me derreter por inteiro. Mas ele não ultrapassou nenhum limite, juro. Ele aprendeu a lição sobre traição.

— E então Gideon chegou?

— É, ele viu a gente conversando e surtou, saiu correndo do Três Vassouras e terminou comigo no meio da rua. Eu juro, Lily, eu e Sirius não nos beijamos, quero dizer, não antes disso.

— Antes disso?

— Bom... Eu estou solteira agora não é?

— MARLENE! 

— Qual é, Lily! Não me julgue por causa disso, não fui eu que surtei e terminei com ele sem nem ouvi-lo. — Marlene reclamou, empurrando o cobertor para conseguir levantar da cama. Ela deu a volta em sua cama e parou na frente do seu malão, procurando uma roupa para usar depois do banho. — Eu sei que é rápido e meio louco, mas sempre foi assim entre McKinnon e Black...

— Eu acredito em você, Lenny. — Lily levantou da cama e foi até Marlene, sendo seguida por Dorcas. As duas abraçaram a morena, que logo as empurrou para longe e foi tomar banho. — Agora que conversei com a Lenny, tenho que falar com Fabian... Ele estava bem bravo com a Lenny, preciso contar a verdade... — Lily contou para Dorcas, repetindo seu planejamento do dia em voz alta.

— Talvez omitir a parte que ela e Sirius voltaram seja interessante.

— Ai Merlin... Vamos ver como esses gêmeos estão hoje. Vejo vocês depois. — Lily correu até a porta da escada. — Dorcas, você está bem, né?

— Estou bem Lily, o encontro foi ótimo! Agora vá resolver essa história. — Riu para a ruiva, que desceu as escadas voltando para o Salão Comunal. O local estava bem mais movimentado do que de manhã, com diversos alunos sentados conversando e jogando. Era um típico domingo tranquilo e calmo, a não ser para os gêmeos Prewett.

Fabian passou a noite ouvindo Gideon falar sobre Marlene. Ele sabia que a questão era mais como seu irmão se sentia, mas o nome da garota deve ter sido citado mais de 100 vezes em poucas horas. Ambos compartilhavam o sentimento de que Gideon tinha sido apenas um band-aid enquanto Sirius e Marlene estavam brigados, mas falar apenas sobre aquele assunto no restante do fim de semana deixaria Fabian louco e foi por isso que ele abriu o maior sorriso do mundo quando viu Lily no Salão Comunal.

— Hey Lils! — Ele estava deitado num dos sofás de veludo, rabiscando em um caderno velho enquanto ouvia Gideon se queixar, no sofá ao lado. Lily localizou o namorado e foi até ele, sentando no braço do sofá.

— Estava te procurando... Quer dar uma volta? — Lily colocou uma mecha ruiva atrás da orelha e sorriu ao ver a cara de desespero de Fabian se transformar numa expressão de alívio. Ele saltou do sofá imediatamente, guardando o caderno no bolso da calça.

— Até depois, Gid. — Fabian se despediu e seguiu Lily pelo buraco na parede. — Que bom que você apareceu, eu já não sabia mais o que falar... Não aguento mais falar sobre a Lenny.

"Droga!", Lily resmungou mentalmente pensando que não poderia entrar no assunto e falar sobre a versão de Marlene.

Passaram mais uma vez no Salão Principal, onde o café da manhã se misturava com o almoço, e depois desceram as escadas até chegarem nos terrenos da escola, parando nas escadas perto do circulo de pedra. De lá os dois tinham uma bela vista da cabana do Hagrid e da Floresta Proibida iluminada pelo sol da tarde.

— O que estava desenhando quando eu cheguei? — Lily estava sentada no segundo degrau da escada, ao lado de Fabian. Ele mexeu em seu bolso procurando pelo caderninho, e então procurou entre as páginas rabiscadas com carvão o desenho de uma mistura de galho de árvore com braços pernas e olhinhos, além de duas folhas sobre a cabeça.

— O que é? Eu não lembro de ter visto em nenhum livro... — Lily franziu a testa, curiosa com o desenho.

— É um tronquilho... Você conheceria se não tivesse parado com as aulas de Trato das Criaturas Mágicas na primeira chance. — Ele cutucou sua cintura, a provocando.

— É tão bonitinho!

— Tem outra coisa bonitinha aqui. — Folheou as páginas até achar o desenho que ele tinha feito da namorada. Era bem simples e feito com carvão, mas era possível identificar que era Lily. A dobrinha em na testa que surgia quando ela estava pensando, as sardas discretas e os cabelos levemente ondulados emoldurando seu rosto. Era lindo.

— É perfeito, Fab! — Ela saltou para abraçá-lo, sentando de lado em seu colo. — Obrigada por me desenhar. — O beijou apaixonadamente, passando os dedos por seu cabelo ruivo e curto, ele aproveitou a deixa para segurá-la pela cintura e a trazê-la para mais perto. Os dois passaram a maior parte da tarde assim, apenas namorando e conversando sobre qualquer coisa.

Lily tinha se incomodado um pouco com o que as meninas falaram no outro dia, sobre ela e Fabian serem um casal perfeito demais, mas uma tarde como aquela a fazia acreditar que não tinha problema em ser um casal perfeito. E até o fim do dia ela perceberia que eles não eram tão perfeitos assim.

— Você sabe que nós vamos voltar para a Torre da Grifinória e seu irmão ainda vai estar reclamando da Marlene, né? — O sol se aproximava do horizonte e estava começando a ficar frio lá fora.

— Ah droga... Eu queria poder fazer alguma coisa, não gosto de quando ele fica assim. Queria que Lenny não tivesse traído ele. — Fabian estava com o braço sobre os ombros de Lily, que ao ouvir a última frase levantou com a testa franzida.

— Ela não traiu ele. — Franziu a testa.

— Lily, eu ouvi a história um milhão de vezes desde ontem. Ele disse que ela estava com Sirius quando foi atrás dela no Três Vassouras.

— É, com ele. Conversando. — Lily sentiu o rosto esquentar e aquele não era um bom sinal. — E então ele terminou com ela por puro ciúmes.

— É claro que não, ele não terminaria com ela sem que ela desse motivos! — Fabian se levantou também, ambos parados no último degrau da escada de pedra, com o crepúsculo fazendo o céu adquirir um tom de roxo.

— Ele terminou com ela só porque eles estavam conversando, isso não é um motivo para um término. — Lily cruzou os braços, o rosto estava vermelho de nervoso por pensar que Fabian estava defendendo as atitudes impensadas de seu irmão. Por mais que Marlene agisse impulsivamente, ela não fez nada que desrespeitasse Gideon. Pelo menos não antes deles terminarem.

— E vai me dizer que eles não estão juntos agora? — Fabian tinha um bom ponto, mas Lily não iria ceder.

— Isso não importa. — "Droga, Marlene! Assim fica difícil te defender!" — O ponto é que ele terminou com ela por puro ciúmes!

— Isso importa sim, e prova que ela só estava com o meu irmão porque não podia estar com o Sirius.

— Ela não trairia seu irmão.

— Mas não está mais namorando com ele agora.

— E é por isso que não importa se ela está ou não com Sirius.

— Pare de defender eles! O Black traiu ela e ela está voltando para ele, é estupidez!

— Eu não acredito que estamos tendo essa discussão! Eu vou defender meus amigos sim!

— Se eles são tão seus amigos então você devia passar as férias de natal com eles. — Ele pegou suas coisas e saiu andando a passos largos pelo jardim.

— E eu vou. — Lily gritou na direção dele e saiu pisando duro pelos corredores do castelo.

Ir para o Salão Comunal significava ter que conversar com Marlene, e atualmente Lily não queria conversar com ninguém. Também não queria ir jantar, por experiências passadas ela descobriu que não lhe fazia muito bem comer enquanto estivesse irritada.

Foi então que ela pensou: desde que se tornou monitora, não aproveitou muito as regalias que os monitores recebiam, a não ser ter autorização de andar pelo castelo após o toque de recolher. Um banho de espumas era uma ótima opção, já era hora de usar o tão famoso banheiro dos monitores.

Ao olhar com atenção para o banheiro, reparou no lustre cheio de velas, que iluminavam suavemente a banheira retangular feita de mármore branco vazia e rebaixada no meio do piso. Uma porção de torneiras de ouro brilhavam na volta da borda, cada uma com uma pedra preciosa de cor diferente na parte superior. Ela franziu a testa ao ver um trampolim. "De quem foi essa ideia louca?". Havia uma pilha de toalhas brancas e felpudas num canto e um quadro de uma sereia com cabelos esvoaçantes na parede.

Ela se ajoelhou na borda da banheira e testou abrir uma das torneiras, liberando uma cascata de espuma roxa e com cheiro de lavanda. Se arriscando em uma segunda torneira, nuvens de espuma densa e refrescante começaram a boiar na água. Ela testou diversas opções de torneiras, se divertindo mais do que esperava, até que a água quente, as bolhas e a espuma encheram o que poderia ser considerado uma piscina em vez de banheira. A essa altura, ela já tinha quase esquecido a discussão com Fabian.

Lily deu uma olhada em volta, mesmo sabendo que ninguém mais estava lá, e despiu suas roupas, deixando-as perto de uma toalha na borda. Com o cabelo preso num coque, ela afundou na água até o pescoço e aproveitou para relaxar.

— Se eu soubesse que era tão bom ficar aqui, não teria demorado tanto. — Comentou, em voz alta para as paredes.

Quando seus dedos estavam tão enrugados que pareciam que nunca voltariam ao normal, Lily percebeu que era hora de voltar para o mundo real. Os corredores vazios indicavam que a hora do jantar já tinha acabado, o que significava que a ronda dos monitores precisava acontecer.

Remus tinha sido encarregado de fazer a ronda pós-Hogsmeade, então era dia dela andar pelos corredores do castelo em busca de alunos fugindo da cama. Eles revezavam nos fins de semana, para poderem descansar um dia inteiro sem problemas. E problemas sempre apareciam quando se fazia ronda.

Depois de tirar dez pontos de dois alunos do terceiro ano da Sonserina tentando entrar no Reservatório de Poções, Lily achou que as coisas fossem ficar mais tranquilas e ela poderia ir dormir logo, mas então ela viu uma porta se abrir atrás de um quadro. Ela nem sabia que existia uma porta ali e diferente do que se esperava, ninguém entrou ou saiu pela porta entreaberta, então a garota se aproximou com a varinha empunhada e sentiu que esbarrou com alguma coisa.

— O que é isso? Homenum Rev... — Lily apontou a varinha para o ar, sem saber no que tinha tocado.

— Calma Evans, sou só eu. — A voz era conhecida, mas só quando os cabelos arrepiados surgiram sob a capa Lily teve certeza de quem era.

— Potter?


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Notas finais do capítulo

Qual cena vocês gostaram mais? Quis deixar explicado um pouco sobre o relacionamento da Lenny e do Sirius, um relacionamento aberto e saudável. Também coloquei uma cena da Mary e do Peter pq vocês gostaram e, bem, como posso dizer? O Fabian não está muito popular entre os (dois ou três) comentários dos últimos capítulos, então acho que esse é o começo do fim hahaha

Um ambiente que nunca vi explorarem nas fanfics é o banheiro dos monitores, me diverti muito relendo essa cena do Cálice de Fogo e pensando na Lily e no Harry conhecendo o mesmo cantinho do castelo... Minha mente doida por jily já pensa que james e lily serão monitores chefes e terão acesso a esse banheiro no sétimo ano... Alguém mais pensou nisso?

Me contem! Estou na reta final para o projeto do TCC, não consegui adiantar mais capítulos, mas ainda tem uns três prontos para vocês então até sexta que vem!



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