Malfeito feito escrita por msnakegawa


Capítulo 52
Agindo sem pensar


Notas iniciais do capítulo

Desculpem o pequeno atraso, eu viajei ontem então não consegui postar... Espero muito que gostem!



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— Hey... — Marlene ficou para trás com Sirius no corredor, quando todos foram expulsos da Ala Hospitalar. — Quer matar a aula da tarde?

— Seu namorado não vai ficar muito feliz com isso... — Sirius apontou com a cabeça para a figura a sua frente. Mesmo que não fosse a intenção dele separar os dois, Sirius estava adorando ter Marlene de volta em sua vida e não reclamaria se eles terminassem. Ela perdoou Sirius por ter ficado com outra garota no ano anterior, era coisa do passado. Somente ao ouvi-lo contando sobre sua vida desde que pararam de conversar, foi que Marlene percebeu o quanto sentiu falta de Sirius.

Gideon estava um pouco a frente dos dois, conversando com Fabian sobre uma carta que haviam recebido da irmã, mostrando uma foto para Lily.

— Eu não sou uma propriedade do meu namorado. Faço o que me der vontade, e eu quero matar aula com o meu amigo. — Marlene deu de ombros e riu, dona de si. Jogou os cabelos levemente ondulados para a esquerda e deu uma piscadela para Sirius. — Vamos para aquele carvalho velho perto do Lago Negro, como nos velhos tempos. Você tem muita coisa pra me contar. — E com isso, piscou para ele e andou a passos largos até alcançar o namorado, pegando a foto de sua mão. Sirius deu um suspiro profundo e esboçou um sorriso torto.

— Acho que elas vão deixar a gente louco, tipo, mais louco do que os caras que passam a vida em Azkaban. — Remus passou o braço sobre o ombro de Sirius. — Ontem Dorcas me disse para "assumir meus erros e conviver eles", acho que ela nunca mais vai olhar na minha cara.

— Se a Lenny resolveu me perdoar, Dorcas também vai. — Sirius assegurou. — Mas pra isso, você vai ter que contar sobre seu probleminha, Aluado.

— Cala a boca, Almofadinhas! — Remus lhe deu um empurrão, rindo.

Mesmo que a aula tenha acabado mais cedo, a visita até a Ala Hospitalar demorou o suficiente para estar quase na hora do almoço. Todos foram para o Grande Salão e comeram o melhor da comida dos elfos, ainda que nem todos soubessem que a comida em Hogwarts era preparada por elfos domésticos que viviam no andar de baixo.

Fabian e Gideon foram para perto da Floresta Proibida, onde teriam aula de Trato das Criaturas Mágicas. O restante da turma seguiu para as estufas, onde haveria a aula de Herbologia. Todos caminharam pelos jardins até que Marlene e Sirius seguiram por outro caminho, indo para a direção contrária das estufas, onde ficava o carvalho que se encontravam quando eram mais novos.

— É bem mais fácil subir aqui agora, eu era tão baixinha antes... — Marlene escalou até um galho grosso o suficiente para sentar.

— Você ainda é um pouco baixinha. — Sirius provocou, sentando ao lado dela e encostando no tronco da árvore.

— Você que cresceu demais. — Ela o cutucou, rindo. O vento fazia com que a água do lago tremulasse, cintilando com a luz do sol. — Quem diria que a gente ia passar por tanta coisa aqui, hein?

— É, eu sempre achei que Hogwarts era meu lar, mas nunca achei que seria meu único lar... — Ele estava se lembrando novamente daquela noite chuvosa das férias, a noite em que ele fugiu da Mansão dos Black. — É claro, os Potter me acolheram e lá é meu novo lar, mas eu não teria isso se não fosse por Hogwarts, sabe? Eu devo tudo a esse lugar.

— O que aconteceu, exatamente? Ontem você dormiu no meio da história. — E então ele repetiu a história mais uma vez, quase que automaticamente. Ele contou para os Potter, para os marotos e agora contava para Marlene. De todos, ela era a que mais conseguia entender o que havia acontecido: ela conhecia Walburga, ela já tinha ido até a casa de Sirius e já tinha visto a tapeçaria dos Black. Ela sabia como as coisas funcionavam nas famílias mais radicais.

Eles conversaram sobre suas famílias, sobre o que fariam depois de Hogwarts e sobre qualquer coisa. Era fácil conversar com Marlene, ela sempre entendia tudo sem que ele precisasse falar muito. Ele estava tentando se controlar, mas havia algo inexplicável em Marlene que o fazia sentir bem.

— E então alguém vai ficar mais velho amanhã... — Ela lembrou, quando os dois voltavam para o castelo. — 17 anos, oficialmente um maior de idade para a comunidade bruxa.

— Ah é... — Era quase impossível ver Sirius tímido, mas é o que melhor descreve a reação dele. Ele jogou os cachos para trás e sorriu para ela, antes de deixá-la entrar antes no Salão Comunal afim de não levantar suspeitas sobre os dois.

x

No dia seguinte, depois das aulas de feitiços e de herbologia, todos foram novamente para a Ala Hospitalar. Mary já estava bem melhor, sem dores no corpo e se recuperando do trauma.

— Você tem sorte que seus amigos interromperam o feitiço, quanto mais longa a exposição, mais difícil é a recuperação. — Madame Pomfrey tinha uma das mãos emoldurando o rosto de Mary e a outra iluminando seus olhos com a varinha. — Vou te dar alta, mas pelas cuecas sujas de Merlin, não faça nada que exija muito esforço, sem andar sozinha pelos corredores e sem festinhas, ouviu, Sr. Black? — Ele e James soltaram uma risadinha. A enfermeira tinha acesso a ficha de todos os alunos e, provavelmente, se atentou ao fato de que era aniversário de Sirius.

Felizes com a recuperação de Mary, todos seguiram até o Salão Comunal para comemorar o aniversário de Sirius. Todos, menos os marotos. Peter recebeu uma folga das atividades da festa por causa da Mary, mas Remus era encarregado de pegar a comida na cozinha e Sirius e James passaram pela passagem secreta que os levava até Hogsmeade atrás de bebidas. "O que seria de um aniversário de 17 anos sem bebidas?".

— Quem é o melhor aniversariante? Quem é que trouxe bebidas pra todo mundo? — Sirius atravessou o buraco na parede carregando um saco de papel com cerca de cinco garrafas de Firewhisky. James chegou logo atrás com alguma garrafa de cerveja amanteigada na mão e mais de cinco garrafas de hidromel em uma caixa de papelão.

E assim, a festa começou. Incapazes de aguentar um bando de adolescentes rindo e bebendo, a maioria dos alunos dos outros anos foram para seus dormitórios ou foram andar pelo castelo. Remus chegou pouco tempo depois com três bandejas de comida empilhadas, que acabaram tão rápido quanto chegaram.

Lily e Fabian estavam sentados perto da janela, ambos aproveitando do hidromel de Sirius. — Esse ano está melhor do que eu esperava, afinal... —Lily comentou, observando Marlene, James, Sirius e Remus fazendo o vigésimo brinde da noite. Mary e Peter estavam sentados juntos numa poltrona perto da lareira, ela parecia bem melhor.

— É, esse ano está divertido... — Ele riu do irmão, que tentava atrair a atenção de Marlene empilhando algumas garrafas com Frank. Já era quase meia noite e muitas pessoas já estavam subindo para os quartos, mas Lily estava curtindo a festa e isso era quase inédito. — Flor, eu acho que vou para a cama. Vamos tratar dos hipogrifos que o Hagrid conseguiu amanhã de manhã, não posso acordar mal... — Ele deu um selinho na namorada e subiu as escadas do dormitório. Lily se levantou do sofá e se juntou a Dorcas, Peter e Mary perto da lareira.

— ... Se ele pensa que só porque sente muito por ter terminado comigo eu vou deixar de sair com o Chang — Dorcas falava para Mary, certamente com a ajuda do álcool. — ele tá muito errado. Eu nem ligo mais pra ele! — Ela virou sua caneca de Firewhisky, olhando de canto para Lupin.

Quando Lily notou, só restavam ela, os marotos, Marlene, Mary e Dorcas no Salão Comunal bagunçado. Peter e Mary estavam aninhados na poltrona mais perto da lareira, ela e Dorcas estavam na poltrona ao lado, onde Remus encostava sentada no chão. James estava sentado no sofá com os pés apoiados na mesinha de centro, ao lado de Marlene, que tinha a cabeça de Sirius descansando em seu colo, deitado com as pernas sobre o braço do sofá.

— Eu senti sua falta. — Sirius cochichou para Marlene, que afagava seus cabelos e bebia direto de uma garrafa de Firewhisky. Os olhos azuis escuros de Sirius se encontraram com os dela e ela sentiu tudo voltar, todas as memórias. O primeiro beijo dos dois, as tardes matando aula, as vezes que ele a consolou quando sua família foi atacada, a noite na torre de astronomia, a primeira vez dos dois. Eles tinham muita história, eram muitos sentimentos envolvidos e ela também sentia falta dele. É claro que ela estava com Gideon no momento e ele era um ótimo cara, mas faltava alguma coisa. Aquela eletricidade que passava de Sirius para ela, o ar de bad boy que só ele tinha, aqueles cachos negros e a risada... — Eu também senti muito a sua falta. — Ela sussurrou, apenas alguns centímetros de distância do rosto dele. Era nítido o clima entre os dois.

— Vocês deviam passar as férias de natal em casa. — James comentou, antes de dar um gole numa garrafa de hidromel. "Ótimo timing, Pontas", Sirius praguejou ao ver Marlene afastando seu rosto. — E esse é o James sóbrio falando, não o álcool.

— Nós sempre passamos as férias de natal com você, James. — Peter comentou, terminando de beber o que quer que tivesse em sua caneca.

— Não, não só vocês. As meninas também! — Ele apontou para as garotas. — Vocês estão convidadas para o famoso Natal dos Potter.

— Acho que você precisa dormir, Potter. — Lily ria dos óculos tortos do garoto. Ela se levantou e puxou Dorcas. — Vamos, Lenny... Mary... — Temos aula amanhã cedo.

— Ahhh, você é tão certinha, Lily! — Marlene se remexeu no sofá, reclamando. Ela se levantou e saltitou ao lado de Lily, apertando suas bochechas e a deixando ainda mais rosada que o normal.

— Você vai ignorar esse convite também? — James fez bico. Ele conseguia ser tão mimado as vezes.

— Você está bêbado, Potter. Talvez se você fizer o convite sóbrio, nós podemos discutir com mais detalhes. Não vou deixar as meninas caírem nessa cilada enquanto estão bêbadas. — Ela falava sério, mas sorria para ele. — Não abuse da nossa quase amizade, Potter.

— Você que manda, monitora. — Ele deu uma piscadela para ela, fazendo-a revirar os olhos, antes de se levantar também e tentar tirar Sirius do sofá.

Lily e as meninas subiram para o dormitório, como Dorcas estava cambaleando na escada, Lily a fez ir tomar um banho para tentar cortar um pouco o efeito do álcool. Mary se aninhou em sua cama, se sentindo exausta.

— Você está bem mesmo, Mary? — Lily parecia uma mãe, colocando a garota na cama e a cobrindo.

— Eu estou bem, vou ficar bem. — Mary esboçou um sorriso encorajador.

— E você, Srta. McKinnon? — Marlene estava dançando e cantarolando no meio do quarto. — O que foi aquilo com o Sirius no sofá? — Lily puxou a garota pelo braço e a fez sentar na ponta de sua cama.

— A gente só estava conversando... — Fez bico, como uma criança.

— Lembre do que ele fez com você, Lenny... E lembre que você tem namorado. — Lily pegou a tolha de Marlene e seus pijamas, colocando em seu colo. — Vá tomar banho para acabar com esse cheiro de álcool. Vocês não conseguem bebem sem perder o controle?

— É fácil pra você falar, Lily. — Dorcas saiu do banheiro enrolada numa toalha. — Você não precisa beber pra esquecer das coisas, tudo está dando certo pra você agora... — Ela resmungou, com o rosto vermelho. Dorcas não era daquele jeito, tinha algo de errado.

— Não está dando tudo certo pra mim agora, eu só estou tentando relevar os comentários do Potter... — Lily foi até ela, explicando.

— Não estava falando do James. Mas não é só isso, você é toda perfeita, tem o namorado perfeito que te escuta e que cuida de você. Eu tenho certeza que o Fabian nunca faria nada que te chateasse, ele te trata como uma deusa.

— Ah Dory, você sabe que eu não tenho nada de perfeita. Eu fico irritada do nada, explodo sem pensar nas consequências, sou tão certinha que nunca consigo me soltar... Ser assim o tempo todo também não é legal. — Lágrimas escorriam pelo rosto de Dorcas. — E quando ao Fabian, ele nunca discorda de mim! Não dá pra discutir com alguém que nunca tem outra opinião... — Isso era algo que Lily estava sentindo há algum tempo. — Nem tudo é perfeito como parece, acredite.

— Mas ele não terminaria com você sem mais nem menos. — Ela fungou e enxugou as lágrimas com a parte de trás da mão.

— Então tudo isso é por causa do Remus? — A garota assentiu.

— Você não pode se deixar afetar por ele! Você está saindo com o Robbie Chang, qual é! — Marlene voltou do banho, com um pouco de espuma sobrando no pescoço.

— Olha, eu imagino que Remus seja alguém com muitos complexos e muitos problemas que nem mesmo ele consegue lidar. Enquanto ele não se resolver com ele mesmo, é impossível ele manter um relacionamento.

— Então o problema não sou eu? — Dorcas perguntou, brincando com a ponta de sua toalha.

— É claro que não! — Marlene passou o braço sobre o ombro dela. — E então, como vai ser essa história de Natal na casa dos Potter?

— O QUE? — Lily achava que nenhuma delas estava sóbria o suficiente para escutar o convite de James.

— Nós vamos, né?

— Eu não vou. — Dorcas confirmou, cruzando os braços. — Não vou ficar naquela casa com Remus e suas inseguranças. E mamãe está pensando em viajar para a França nessas férias...

— Eu não vou ter nada pra fazer em casa, e eu sei que você não quer voltar para casa e aguentar sua irmã por quase duas semanas, Lily! Sem desculpas.

— Eu não sei. Eu estou começando a suportar o Potter de novo, acho que é um pouco demais passar o natal na casa dele. E também tem o Fabian... — Lily suspirou, pensativa.

— E eu tenho o Gideon... — Marlene falou, entediada. Ela imaginou como seria a casa dos Potter, se eles deram um quarto para Sirius e como seria estar a meio corredor de distância dele. Talvez se James não tivesse os interrompido no sofá, as coisas teriam sido diferentes.

Com muito custo, os garotos levaram o que restou de bebidas para o dormitório e continuou a festa por mais um tempo. Frank não estava no quarto, então provavelmente estava em algum lugar do castelo com Alice. Sirius começou a rir quando tropeçou no malão de Remus, sem nenhuma explicação.

— Por que você tá rindo tanto? — Remus franziu a testa enquanto procurava alguma comida entre as garrafas. Achou umas batatinhas meio murchas e quebradas no fundo do saco de papel, mas que davam para o gasto.

— É que seu nome é basicamente Lobo Lobo, sabe? — Sirius se dobrou de tanto rir, jogado em sua cama.

— O que? — James estava bêbado, mas não tanto a ponto de entender do que Sirius estava falando.

— Remus é um dos caras lá de Roma, não é? Que foi criado por uma loba? — Sirius enxugava as lágrimas do rosto e tentava explicar. — E Lupin é tipo, dos lobos... Lobo Lobo! — E voltou a rir tanto que sua barriga começou a doer.

— Almofadinhas, — Remus chamou, sério. — você sabe que Sirius é uma estrela da constelação Canis Major, certo? Que é tipo, um cão... E seu animago é um cão...

— Mas meu nome não tem nada a ver com isso...

— Você é um Black, seu animago é um Cachorro Preto... — Remus mordeu o lábio enquanto observava Sirius franzindo a testa até entender. Quando ele entendeu o que Lupin queria dizer, ele voltou a rir como se alguém estivesse fazendo cócegas nele, se revirando na cama de um lado para o outro, sem conseguir olhar para a cara de Aluado sem rir mais ainda. Tinha sido um aniversário divertido.

x

O resto da semana passou sem grandes acontecimentos, a não ser pelo Benjy Fenwick derretendo três caldeirões durante as aulas de Poções, o que deixou o Professor Slughorn maluco. As aulas de DCAT foram um pouco mais produtivas que nos anos anteriores, mas James ainda sentia que precisa de algo mais prático que livros e redações sobre azarações e formas de bloqueio.

No sábado haveria mais um passeio à Hogsmeade e o dormitório feminino estava beirando um colapso. Depois da conversa na noite do aniversário do Sirius, Dorcas simplesmente esqueceu que Remus Lupin existia em sua vida. Ela estava determinada a se divertir ao máximo com Chang porque ela merecia. Aquele término não foi culpa dela, não tinha nada de errado com ela. Um problema resolvido e um dilema solucionado. Faltava mais um, e esse seria mais complicado.

Marlene passou a semana se esquivando dos beijos de Gideon e com o olhar distante. Isso não era algo que costumava acontecer e Lily sabia muito bem que havia alguma coisa bem errada na mente daquela garota.

— Lenny? — Lily tirava o excesso de água de seu cabelo com uma tolha, saindo do banheiro usando calça jeans e um suéter lavanda e branco. — Você não vai ter um encontro com Gideon hoje?

— Ahh... Eu sei! — Marlene estava deitada de ponta cabeça na cama, com as pernas pra cima apoiadas na parede, no meio de muitas peças de roupa, parecendo entediada. 

— O que está acontecendo com você? — Lily apareceu sobre a cabeça dela com o olhar furioso. — É por causa do Sirius, né? — Ao ouvir o nome do garoto, Marlene mudou sua expressão, denunciando que era mesmo por causa dele. Ela revirou os olhos e levantou, sentando de pernas cruzadas sobre as roupas espalhadas na cama.

— Talvez. — Ela cruzou os braços e fechou a cara. — É só que... Sei lá... — Lily estava parada na sua frente, com um olhar julgador. Dorcas se juntou a Lily, esperando uma explicação. — O Gideon é legal e eu gosto muito dele, mas quando eu estou com o Sirius... Eu não sei explicar. — Lily balançou a cabeça em desaprovação. — É diferente, eu sinto faíscas, sabe? — Marlene terminou, fazendo uma careta entre um sorriso safado e uma cara de triste.

— Eu falei que não era só pra você ficar com o Gideon enquanto estava brava com o Sirius, Lenny. — Lily repreendeu e saiu de perto da cama da amiga como se estivesse desistindo. Ela se abaixou e começou a procurar suas meias no malão.

— Eu só estou confusa, ok? Você não entenderia.

— Por que eu não entenderia? — Lily parou em frente ao malão, segurando um pé da meia e a olhando ofendida.

— Porque você e o Fabian são perfeitinhos demais. — Marlene parecia ter segurado aquilo por um tempo. Era a mesma coisa que Dorcas havia falado no outro dia. Lily estava começando a se perguntar o que tinha de errado em ser normal.

— Como assim? Nós somos normais! — Voltou a enfiar a cabeça no malão, em busca do par da meia. — Precisamos descer logo, a Mary já deve estar surtando com os garotos lá embaixo... — Apressou as outras.

— O que a Lenny quer dizer é que vocês nunca brigam, ele te apoia em tudo o tempo todo e nunca discorda de você, sabe? — Dorcas explicou, enquanto Marlene estava emburrada colocando uma calça jeans. — E você nunca faz a escolha errada... Você é tipo, perfeita demais. — Ouvir aquilo pela segunda vez na semana acertou Lily em cheio. "Era essa a impressão que eu passava?", ela sentiu seu estomago revirar.

— Me desculpem. — Os olhos de Lily estavam margeados e ela sentia seu rosto queimar. Ela nunca quis ser alguém assim, ser certinha significava que nem se ela quisesse, ela poderia fazer uma loucura aleatoriamente sem que todos comentassem. Ela tinha que conviver com sua consciência a criticando o tempo todo, julgando todas as suas escolhas o tempo todo. Ela só queria mostrar para todos que uma bruxa nascida trouxa tinha tanto potencial quanto uma puro sangue.

— Não, Lily! Você entendeu errado... — Dorcas pulou no pescoço de Lily, a abraçando. — É só que as coisas estão dando certo pra você. Provavelmente porque você pensa antes de agir e não faz as coisas por impulso. Nós deveríamos ser mais assim, como você.

— É, talvez assim a gente não teria tanta dor de cabeça por causa de garotos. — Marlene completou, vestindo sua jaqueta preta sobre um suéter cinza. — É só que não funciona comigo essa coisa de relacionamento estável e fofinho, eu gosto do drama. — Deu de ombros e abaixou para pegar sua bota embaixo da cama.

— Você é muito estranha, Lenny... — Dorcas e Lily comentaram rindo.

As três desceram e seguiram os outros até Hogsmeade. Estava realmente frio na vila bruxa, o que significava que todos os estabelecimentos estavam abarrotados de adolescentes falando alto e se esbarrando. Como uma desculpa para ficar sozinha apenas por alguns minutos, Marlene acabou sua cerveja amanteigada mais rápido que os outros e foi pegar outra no balcão. Alguém cutucou seu ombro, mas quando ela virou para olhar, não havia ninguém, Gideon estava numa mesa nos fundos com Fabian e Lily conversando então não tinha como ser ele. O rangido de uma banqueta ao seu lado revelou o brincalhão de sempre, cabelos pretos e cacheados na altura do ombro, braços fortes, sorriso torto, olhos azuis como o céu noturno e ar de Bad Boy: Sirius Black.

Marlene sentiu seu estômago gelar, mas ignorou e cumprimentou. — Hey Black.

— Hey McKinnon, — Sirius jogou seus cachos para trás e apoiou os cotovelos no balcão. — como você está nesse dia frio de novembro?

— Estou muito bem. Obrigada!— O sorriso dela ia de uma orelha a outra enquanto eles conversavam, fingindo formalidade.

— Já pensou sobre as férias de natal na casa dos Potter? — A cerveja amanteigada dela chegou, mas antes que ela pudesse pegar, ele bebeu um gole, ficando com bigode de espuma.

— Você sempre faz isso... — Marlene pegou um guardanapo largado no balcão e limpou o rosto de Black cuidadosamente. O toque da mão dela o fez sentir como se uma corrente elétrica passasse por seu corpo. — Lily não quer ir, e eu acho que eu também não deveria, não é?

— A Lily consegue ser muito chata as vezes, mas vocês deveriam vir sim. — Lançou um olhar de cachorro pidão enquanto colocava uma mecha do cabelo de Marlene atrás de sua orelha.

— Você devia parar com isso. Eu tenho namorado. — Marlene comentou, como se ela mesma precisasse lembrar disso. Seus olhos estavam fixos nos olhos dele, qualquer pessoa por perto conseguia sentir o desejo entre os dois.

— Então por que você não está com ele agora? — Sirius manteve o olhar, sorrindo vitorioso. Seus rostos estavam próximos, o cheiro do perfume dele a fazia perder a linha de raciocínio e ela tinha esquecido o que deveria dizer.

— Lenny, por que você tá demorando tan... Ah. — A voz de Gideon surgiu no meio da multidão de bruxos em frente ao balcão. Ele parou quando viu Sirius e ela sentados um de frente para o outro nas banquetas, ambos sorrindo um para o outro. Quando percebeu que Gideon estava parado ao lado deles, Marlene se afastou de Sirius e correu para impedir que o namorado saísse do Três Vassouras.

Gideon saiu do bar pisando duro e Marlene o seguiu pela rua gelada. — Acabou, Lenny.

— O que? — Ela sentiu seu estomago revirar mil vezes.

— Eu não vou ser o substituto do Black. Se quer ficar com ele, então vá em frente. — Ele deu as costas para ela, a deixando sozinha na frente do Três Vassouras.

Ela realmente devia aprender com a Lily e parar de agir tão impulsivamente.


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Notas finais do capítulo

Acho que todos já esperavam esse término né? hahaha
tentei usar uma ideia que vi no tumblr deles bêbados, fica melhor em inglês, mas acho que vocês entenderam...
Me contem o que vocês mais gostaram!

Eu tenho mais alguns capítulos prontos, mas as próximas semanas vão ser bem apertadas pra mim (entrega do projeto do TCC, provas, trabalhos e o caos de fim de semestre), vou tentar não atrasar as postagens, mas caso aconteça alguma coisa já saibam que é só por isso ok? Vcs também estão no caos de fim de semestre?

Um beijo e até breve! Sexta que vem tem mais um capítulo prontinho pra vcs!



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