Malfeito feito escrita por msnakegawa


Capítulo 42
Socos e quadribol


Notas iniciais do capítulo

Em comemoração ao aniversário da Batalha de Hogwarts tem capítulo novo hoje!
Espero que gostem!



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Depois do que aconteceu com Snape, as noites na Casa dos Gritos tinham um clima estranho. Remus estava acuado e o braço de Sirius ainda estava enfaixado então sua forma animaga estava um pouco comprometida. Não era como nas outras luas cheias, quando os quatro se divertiam e até se arriscavam dar uma volta pela Floresta Proibida em suas formas animais.

Quando finalmente a última noite de lua cheia acabou, foi um alívio para todos os marotos. Remus resolveu ficar mais um tempo na enfermaria e disse para os outros irem para a aula. Tudo o que ele precisava era de um momento sozinho para organizar seus pensamentos e planejar a melhor forma de fazer o que estava planejando, ou pelo menos uma forma que fosse convincente.

Depois de perceber que podia ter matado Snape, ou pior, o transformado em lobisomem também, Lupin decidiu que o melhor a se fazer era conversar com Dorcas. As coisas não podiam continuar como estavam.

Lupin passou a tarde toda observando cada detalhe da enfermaria: suas camas meticulosamente arrumadas e alinhadas, os frascos de remédio perfeitamente organizados no armário  e a própria Madame Pomfrey, que andava de um lado para o outro preparando novas poções mau-cheirosas. Tudo para protelar sua saída da enfermaria e seus planos.

— Se o Sr. Lupin estiver usando a enfermaria como desculpa para matar aula, as aulas já acabaram. E o senhor já recebeu alta... — Madame Pomfrey comentou, como quem não quer nada.

— Eu... Eu estou indo, então... — Ele se levantou, vestiu seu blazer e saiu pelas grandes portas da enfermaria. Tinha que encontrar Dorcas o mais rápido possível, antes que desistisse da sua ideia louca. Desceu as escadas até o terceiro andar, pensando que talvez ela estivesse na biblioteca. Nada. Continuou descendo até chegar nos jardins, onde continuou sua busca.

Estava tão frio que Remus estava quase desistindo de procurá-la lá fora, mas olhando de relance para o Lago Negro, ele finalmente a viu. "Droga!", ela estava usando a touca que ele deu no primeiro natal dos dois juntos. "Isso vai ser mais difícil do que eu imaginei", Remus caminhou na direção da namorada, que estava parada observando o lago.

— Hey... — Ele deve ter a surpreendido, porque ela deu um leve salto. Quando viu que era Lupin, ela abriu um enorme sorriso e o abraçou forte.

— Eu estava tão preocupada... Você nunca fica tanto tempo assim na enfermaria. — Ela falou no pé do ouvido de Remus, provocando um aperto em seu peito.

— Eu sei... — Ele a afastou um pouco antes que o abraço o fizesse esquecer o que ele pretendia fazer. — Eu estava te procurando, tem algo que eu preciso te dizer. — Apontou para um tronco que servia de banquinho e ela se sentou ao seu lado, seu sorriso já havia desaparecido. — Nós não podemos mais ficar juntos. — Remus falou rápido, para não ter chance de mudar de ideia, e a expressão de choque de Dorcas quebrou seu coração.

— Remmy... — Os olhos de Dorcas estavam margeados e sua voz, trêmula. — Eu não acredito que você esteja falando sério...

— Isso é sério, Dorcas. — Depois de respirar fundo, ele conseguiu responder. — Eu quero que você se afaste de mim.

— Mas... Por quê? — Lágrimas marcavam suas bochechas coradas.

— Eu não posso mais fazer isso com você. — Ele se levantou rápido, com o coração disparado. — Adeus, Dorcas.

x

— O que está acontecendo com esses garotos? — Marlene andava de um lado para o outro, irritada demais para ficar parada. Elas estavam no dormitório feminino, Dorcas deitada apoiando a cabeça no colo de Lily, que tentava acalmar a garota.

— Todos eles são uns idiotas! — Mary comentou, revoltada. O termino havia sido tão rápido e tão mal explicado, os meninos com certeza tinham algum problema em resolver esse tipo de coisa.

— Dory, que tal você tomar um banho? — Alice sugeriu depois de um tempo, levando-a para o banheiro. — Você está congelando!

Lily imaginava o que tinha acontecido e, assim que Dorcas entrou no chuveiro, disse para as garotas que ia resolver um assunto e desceu as escadas até o Salão Comunal. James e Sirius estavam tagarelando e bebendo hidromel em canecas de cerveja amanteigada para disfarçar.

— Onde ele está? — Diferente do esperado, Lily não estava irritada, e sim preocupada.

— Oi Evans, do que você está falando? — Sirius franziu a testa para ela, depois tomou mais um gole de seu hidromel.

— Remus... — Ela revirou os olhos.

— Achei que quando sua ficha caísse e você percebesse que o Prewett não é bom o suficiente, você viria me procurar, mas Remus? Estou desapontado com você, linda...— James comentou em tom dramático.

— AGORA NÃO, POTTER.  — Lily tinha se esquecido como Potter podia ser irritante. — Onde está o Remus?

— Lá em cima, subiu sem falar com a gente. — Sirius deu de ombros e pegou a garrafa de hidromel coberta por um papel pardo, servindo novamente sua caneca.

— Seus idiotas, ele terminou com a Dorcas! — Ela se abaixou entre as duas poltronas onde os garotos estavam. — Aconteceu alguma coisa perigosa durante essa lua cheia? — James e Sirius trocaram olhares que diziam "Ela sabe”. — E sim, eu sei. — Ela revirou os olhos. — Vocês podem chamá-lo para mim? Eu acho que ele precisa conversar com uma garota antes de ouvir os comentários idiotas de vocês.

Sirius se voluntariou e subiu as escadas para o dormitório masculino, deixando Potter e Evans sozinhos no Salão Comunal. Ela sentou na poltrona de Sirius com os braços cruzados e os olhos perdidos.

— A quanto tempo você sabe? — James sabia que ela estava pensando nas atitudes de Lupin. — Quem um pouco? Você parece estar precisando. — Ofereceu sua caneca de hidromel para Lily, que simplesmente ignorou.

— Acho que desde o primeiro ano... — Contou, sem tirar os olhos da escada do dormitório. Aqueles olhos verde esmeraldas estavam atentos e preocupados, fazendo James se perguntar se algum dia aquele olhar de preocupação seria para ele.

— Por Merlin, como você é linda... — Ele deixou escapar seu pensamento, mas a chegada de Remus atraiu toda a atenção de Lily e ela nem escutou o comentário.

— Vamos dar uma volta, vem. — Lily pegou Lupin pelo braço e o guiou para o buraco na parede. Ele estava péssimo, parecia muito machucado por dentro e por fora. Os olhos estavam fundos e inchados, tinha alguns arranhões distribuídos pelos braços e parecia que ia desmoronar se alguém trombasse com ele.

Desceram alguns andares em silêncio, até encontrarem uma sala de aulas vazia. Remus se sentou no chão, a cabeça apoiada entre as pernas flexionadas, as lágrimas molhando o piso.

— O que aconteceu, Remus? — Lily sentou ao lado dele e o abraçou forte. Por mais que estivesse sendo difícil para Dorcas, ela sabia que as coisas eram ainda piores do lado dele.

— Eu não posso mais — Soluçou. — fazer isso com ela... Eu sou muito perigoso.

— Você não é perigoso, Remus. Dumbledore garantiu que nada de perigoso iria acontecer, com a Casa dos Gritos e tudo mais.

— Snape sabe. — Ele não conseguia parar de tremer. — Eu ouvi James e Sirius conversando na enfermaria, ele nos seguiu e... Eu podia ter atacado ele, Lily! — Remus passou as mãos por seus cabelos, deixando os bagunçados como sua vida estava no momento.

— Mas você não atacou.

— Porque Sirius impediu. — Remus comentou baixinho.

— Espera, Sirius estava com você na Casa dos Gritos? — Lily arregalou os olhos assustada, percebendo que tinha muita coisa que ela não sabia.

— Animagos. — Remus não via porque esconder isso de Lily, mas também não conseguia explicar sobre isso no momento. — Eu podia ter infectado Sirius também, eu sou perigoso demais.

— Remus, as circunstâncias não ajudaram, mas você não é realmente perigoso ok? — Saber sobre animagos e sobre os outros detalhes do ocorrido teria que ficar para outro momento. — Por que você não conta a verdade para Dorcas em vez de esconder isso dela?

— Ela nunca mais vai olhar para mim da mesma forma, ela vai me odiar. — Seu rosto já estava vermelho e inchado de tanto chorar, assim como Dorcas devia estar na Torre da Grifinória. — Eu a deixei beijar um lobisomem nojento por anos!

— Você sabe que ela não iria deixar de te amar, Remus... — Lily enxugou as lágrimas dele.

— Eu não posso fazer isso agora, prefiro que ela apenas se afaste. — Remus sabia que era mais fácil assim. Dorcas iria superar logo, era só uma questão de tempo e as coisas voltariam ao normal. Ou ficariam ainda mais loucas.

x

Foram difícil, mas as garotas conseguiram arrastar Dorcas para o jogo de quadribol de domingo: Corvinal x Grifinória. As arquibancadas estavam lotadas mesmo com o clima gelado de inverno.

— Vai ser bom para você sair um pouco, não adianta nada ficar chorando o dia todo... — Marlene arrumava o cabelo loiro de Dorcas sob uma boina vermelha da Grifinória, sentadas na primeira fileira das arquibancadas. Lily e Fabian se sentaram na fileira de trás, com Mary e Rose, que estava usando o cachecol da Corvinal apesar de parecer torcer para a Grifinória.

— Acho que não nos conhecemos... Eu sou Lily Evans! — Lily cumprimentou Rose sorrindo.

— James me falou muito de você. — Barton mordeu o lábio, sabendo da queda que James tinha pela menina. — Você é realmente linda... — Lily não entendeu exatamente o que a garota quis dizer, mas os gritos da multidão impediram Lily de perguntar sobre o que Rose estava dizendo. Logo todos os jogadores desfilavam perto das arquibancadas. Marlene chamou o nome de Gideon até que ele finalmente voasse até ela.

— Para te dar sorte no seu primeiro jogo... — Agarrou seu pescoço, dando um beijo caloroso no ruivo. Não muito longe, Sirius via a cena com o coração partido e o sangue esquentando.

A Grifinória era claramente mais forte do que o time da Corvinal e o jogo estava praticamente ganho. James voava alto e bruscamente desceu para capturar o pomo, sendo seguido pelo apanhador do outro time. Enquanto os dois disputavam uma corrida com o pomo de ouro, Sirius voava rebatendo os balaços para proteger seu time.

Depois de quase uma hora de jogo, Gideon não conseguiu impedir que a goles entrasse num dos aros e a Corvinal marcou mais 10 pontos, o que aumentou a raiva de Sirius. "Ele nem é bom, não sei porque aceitaram ele no time!", e sem que percebesse, Black rebateu um balaço na direção do gol.

Tudo aconteceu rápido demais. Ao mesmo tempo em que o balaço quase derrubou Prewett da vassoura, James capturou o pomo e a Grifinória venceu o jogo. Vassouras no chão, enquanto o time comemorava, Gideon foi atrás de Sirius irritado.

— Por mais que ninguém tenha reparado no que você fez,  acho que você me deve desculpas... — A ponta da vassoura de Gideon estava destruída. Sirius continuou andando pelo gramado a passos largos e pesados, com os punhos cerrados pensando como aquele cara podia ser tão educado e irritante. — Você não fez isso porque eu não consegui bloquear a goles, certo?

— Se manda, ruivo. — Sirius virou para trás apenas para mandá-lo embora e continuou andando, tentando controlar sua raiva para não fazer besteira como fez com Snape.

— É por causa da Marlene. — Gideon concluiu, dando de ombros. — Eu não sei se você se lembra, mas foi você que terminou com ela, Black. — Sirius parou de andar quando estavam quase chegando nos vestiários, do lado oposto ao local onde o time comemorava.

— Eu sei que fui eu que terminei. — Sirius partiu para cima de Gideon, dando-lhe um empurrão. — Não preciso de você jogando isso na minha cara, seu idiota! — Socou a boca do ruivo, que revidou com um golpe no olho.

A atenção da comemoração foi desviada para a briga dos dois e toda a multidão cercou os dois garotos, que trocavam socos e chutes. Marlene chegou pouco antes dos dois serem interrompidos.

— O que está acontecendo aqui? — A voz de Dumbledore, amplificada com o feitiço Sonorus, os fez parar. O supercício de Sirius estava sangrando, assim como a boca de Gideon. — Sr. Potter, leve seu amigo para a enfermaria. Vocês também, Sr. Prewett e Srta. McKinnon. Vamos conversar depois.

x

— Me deixem entrar, eu vou matar aquele idiota! — Marlene gritava do lado de fora da enfermaria. Fabian, Lily e James estavam sentados banco em frente a porta enquanto ela andava de um lado para o outro. — Quem ele pensa que é?

— Um maroto? — James riu, mas depois de receber olhares emburrados dos outros três, resolveu ficar quieto.

— Certo, Srta. McKinnon, você pode entrar agora. — Dumbledore comentou, depois de três tentativas de derrubar a porta e vários gritos irritados. Cada um estava de um lado do corredor com uma cama de frente para a outra, ambos emburrados e cheios de curativos.

— Seu idiota, qual é o seu problema? — Marlene entrou gritando para a direção de Sirius. — Você está bem, Gildeon? — Ela correu para o outro lado do corredor, sorrindo como se não estivesse surtando pela última meia hora.

— Agora eu to bem, não se preocupe Lenny... — Ele estendeu a mão, a chamando para sentar com ele na cama. Ela deu um beijo em sua bochecha e examinou seus machucados, deitando ao lado dele na cama.

— Madame Pomfrey, você pode dizer para esses dois que a enfermaria não é um motel? — Sirius reclamou, o sangue esquentando novamente. Madame Pomfrey ignorou o comentário e apenas liberou os dois garotos, provavelmente não querendo mais confusão em seu local de trabalho.

—  Você tá bem mesmo? — Marlene segurava a mão de Gideon enquanto eles saíam da enfermaria. Ele assentiu. — Então vocês podem ir na frente, eu ainda tenho um assunto para resolver. — Ela apontou para trás, onde Sirius estava apoiado na parede, cabisbaixo e com as mãos nos bolsos.

— Você é muito idiota, Sirius. — Marlene comentou, enquanto andava até ele.

— Você já disse isso umas mil vezes só hoje. — Ele jogou os cabelos compridos para trás, os cachos caíram sobre seus ombros. "Droga, como ele era charmoso!", Marlene praguejou em seu pensamento.

— Você ficou com a Héstia enquanto a gente estava namorando e eu não posso namorar outra pessoa? — O tom de voz de Marlene estava um pouco mais agudo que o normal. Ela estava parada de braços cruzados na frente de Sirius, que milagrosamente não sabia o que dizer.

— Eu fiz besteira, Lenny. — Black suspirou, sentando-se no banco em frente a enfermaria. — Não gosto de ver você com outro cara.

— Você devia ter pensado nisso antes de ficar com outra garota. — Deu de ombros. — Eu estou com o Gideon agora, então é melhor você se acostumar a me ver com ele sem surtar ou eu mesma vou bater em você.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem por acabar com mais um shipp lindo, eu prometo que é por uma causa justa!
O que acharam? Lily e Remus sendo amigos fofos, Marlene dando uma lição de moral no Sirius... Eu disse que ia ter mais drama e ação pela frente hahaha
Beijos e até logo!