Era difícil acreditar, mas após o fim de semana em Hogsmeade houve uma semana de paz e tranquilidade entre os corredores de Hogwarts. Sirius e Marlene passavam cada vez mais tempo juntos, mesmo que fosse necessário matar algumas aulas para terem algum tempo sozinhos ou quase serem pegos por algum monitor desocupado no meio da noite.

Ao contrário dos dois, Lily e Fabian andavam devagar e, apesar de estudarem juntos na biblioteca depois das aulas, só se beijavam quando estavam sozinhos ou nos jardins. Da mesma forma, Peter e Mary ainda estavam tímidos, mas finalmente estavam juntos.

Dorcas, impulsionada pela conversa que tivera com Remus e um pouco mais confiante por saber que não precisavam dar o próximo passo naquele momento, deixou-se levar um pouco mais enquanto ficava com Lupin na sexta-feira.

— Eu não acredito que estamos fazendo isso! — Remus falou, balançando a cabeça em negação. Eles tinham acabado de entrar num armário de vassouras. Todos estavam indo jantar, mas quase como um milagre, Remus estava tentando não se importar com isso.

— Você é um maroto ou não é? — Dorcas abre um sorriso para ele antes de lhe dar um beijo apaixonado. Como se tivesse recebido uma força extra de seus amigos marotos, Remus reage e apoia Dorcas na parede enquanto segura firme sua cintura. Ela aproveita e continua o beijando, cada vez mais intensamente. O tempo parecia ir mais devagar naquele armário de vassouras e Dorcas se perguntava porque não tinham feito aquilo antes. "É por isso que Marlene e Sirius sempre se atrasam...", ela pensou.

Normalmente eles se contentavam com beijos tímidos nos bancos dos corredores ou em algum canto do salão comunal, mas as coisas naquela noite não estavam mais tão tímidas. Remus desceu suas mãos da cintura para o quadril de Dorcas e ela não pareceu se importar nem um pouco, afagando os cabelos cor de areia dele e dando leves beijos em seu pescoço. Os beijos foram descendo da orelha de Remus até sua clavícula, onde alguns botões de sua camisa já estavam desabotoados. A garota, querendo continuar seu caminho de beijos, resolveu abrir mais alguns botões, mas foi impedida.

— O que está fazendo? — Remus se afastou, um pouco exaltado. Ele estava ofegante e seu lábios estavam levemente inchados. Percebendo que Dorcas ficou envergonhada por ser repreendida, ele a puxou para perto e deu um beijo em sua testa. — Só vamos com calma, ok? Está com fome? — Ela assentiu, o olhando levemente para cima graças a diferença de altura. — Depois continuamos com isso...

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No Salão Principal, todos estavam sentados na mesa da Grifinória saboreando o jantar que os elfos domésticos haviam preparado.

— Essa torta está maravilhosa! — Lily comentou, pegando mais um pedaço e colocando em seu prato.

— As coxinhas de frango também estão boas, parece que melhoram a cada ano... — Peter concorda enquanto lambe os dedos após sua terceira coxinha. — O jantar do Clube do Slugue deve ter uma comida ainda mais caprichada, se é que isso é possível... — Comentou, sabendo que haveria uma das reuniões no dia seguinte.

— Pena que o James foi convidado mas não vai poder comer nada! — Sirius zombou. — Acho que eu preferia só uma detenção, servir uma comida mais apetitosa que essa pode ser uma grande tortura.

— Cala a boca, Sirius. McGonnagal falou que nós não podíamos mais ter detenções, lembra? — Ele lançou um olhar repreensivo para Black, que levantou as mãos como se quisesse dizer que não era culpado de nada. Quando Minerva concordou em ajudá-los com a transformação de Animagos, ela deu a condição deles pararem de arrumar tanta confusão quanto nos primeiros anos e por mais que fosse difícil, eles estavam tentando cumprir o combinado. — Vai ser divertido ver como é essa reunião de nerds e sonserinos de nariz de empinado. — Ele continuou, num tom provocativo.

— Imagino que a noite vai ser estressante. — Lily massageou as têmporas imaginando.

Tentando não chamar atenção, Dorcas e Remus sentaram de fininho na mesa da Grifinória. Eles conseguiram disfarçar muito mais que outros casais, que nem se davam o trabalho de colocar a gravata de volta ou abotoar toda a camisa.

— Onde estavam? Estão parecendo a Marlene e o Sirius! — Mary comentou, vendo que Dorcas estava corada e tentando esconder um sorriso.

— Nós só nos distraímos. — Remus respondeu, tentando por um fim no assunto.

— Com certeza estavam num armário de vassouras! O cheiro de esfregão daquele lugar é inconfundível! — Marlene chegou mais perto de Dorcas e fungou.

— Lenny, não precisa anunciar isso! — Dorcas tinha atingido a cor de um berrador. O rosto vermelho combinado com seus cabelos loiros eram qualquer coisa menos discretos.

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Já era quase a hora do jantar quando James desceu pelas escadas da Torre da Grifinória até a sala do Slughorn. Ele havia perdido quase uma hora tentando decidir qual seria a roupa adequada para ir ao jantar, afinal, Lily estaria lá usando um vestido que a deixaria linda. Ainda que estivesse animado por saber o que aconteciam nessas reuniões e grato por não precisar cumprir detenção, ele achava injusto que nunca tivesse sido convidado para o Clube do Slugue.

Era provável que Slughorn só chamasse alunos que se davam bem em Poções ou que a sua fama de maroto tenha assustado um pouco Horácio, porque James era um Potter e os Potters eram uma família muito conhecida entre os bruxos, com muitos exemplos de sucesso como seu próprio pai.

— Você está atrasado, Sr. Potter. — Slughorn comentou assim que pode avistar James no corredor.

— Desculpe, Professor. Eu estava me arrumando. — Ele respondeu, apontando para a camisa bege e a calça caqui que usava. Depois de algum tempo revirando seu baú, Remus, Peter e Sirius perceberam que se não dessem alguma opinião, ele não ia parar de bagunçar o quarto. "Mas é um veadinho mesmo! Demorando horas para se trocar!", lembrou-se de Sirius falando.

— Certo, tem outra roupa lá dentro para todos os alunos que forem me ajudar se vestirem igual. — Horácio deu uma leve risada da cara de James quando soube que além de servir os pratos, também usaria roupa de garçom.

Depois de se trocar, James espiou pela porta onde os alunos do Clube agora se reuniam. Lily estava ao lado de uma garota que ele suspeitava ser da Corvinal e usava um vestido verde-água e um suéter bege.

— O que está esperando, James? — Uma garota de cabelos vermelho escuro e olhos azuis o fez voltar a Terra depois de alguns bons minutos observando Evans conversar.

— Ahn, eu já vou. O que preciso levar, Barton? — Ele respondeu, perguntando para a sextanista.

— Para você é Rose, James. — Ela piscou enquanto dava uma pilha de pratos para ele. A garota tinha sido pega fumando um cigarro num dos corredores certa vez, e continuou se voluntariando para todas as reuniões porque, de acordo com ela, as conversas sempre tinham alguma coisa interessante.

Por mais que tivesse imaginado aquele momento, James não esperava que fosse ser tão vergonhoso colocar os pratos para tantos sonserinos nojentos. Esbarrou em Severo de propósito quando colocou seu prato na mesa, o que atraiu olhares dos amigos dele.

Potter agradeceu aos elfos domésticos por cuidarem da comida e fazerem com que ela surgisse nos pratos dos convidados sem que ele tivesse que servi-la. Ele não sabia se aguentaria a arrogância de alguns dos alunos do Slughorn, principalmente de Regulus Black.

Tudo correu bem até o momento em que James foi levar a sobremesa. Mesmo depois de ter pedido para Rose que ela servisse, ela insistiu que ele fosse. "Ordens do Slughorn", ela deu de ombros. Ele respirou fundo e levou os pedaços de torta de caramelo até a mesa.

— Você está linda, Lily. — Ele sorriu galante enquanto colocava o maior pedaço de torta para ela. Bagunçou seus cabelos como de costume enquanto servia para a amiga de Lily ainda esperando uma resposta.

— Quieto, James. — Ela resmungou, ficando levemente corada mas mantendo a cara séria. Era estranho que Potter estivesse no jantar do Slugue, lá era um lugar em que Lily se sentia uma garota de grande futuro e podia expor suas ideias para outros alunos. Não era um lugar para James bagunçar seus cabelos e fazer charme.

Ele continuou servindo os pratos até chegar no grupo de sonserinos que  cochichavam entre si e riam, alguns olhos estavam em Rose no canto da sala. Por um momento, ele pareceu ouvir a expressão "sangue-ruim" vindo de Avery.

— É uma honra ter um traidor de sangue como você me servindo, Potter. — Regulus comentou baixinho, com um sorriso cínico no rosto. James estava esperando por isso, mas não podia reagir com o Professor Slughorn a sua frente. Ele estava mudando de ideia sobre preferir o jantar ao invés de uma detenção, terminou de servir a mesa e já ia saindo do salão quando Rose chamou.

— Potter, se você sair antes que o jantar termine não adianta de nada. Vai ter que fazer a detenção. — Ela estava tentando ajudar, o segurou pelo braço fazendo ele voltar.

 — Eu odeio aquele cara! — Ele resmungou emburrado.

— Tirando os amiguinhos dele, a maior parte da escola também odeia. Vocês podem pregar peças e irritar alguns alunos, mas eles estão cada vez piores... — Ela contou, observando os convidados terminarem de comer. Aos poucos, alguns levantavam e voltaram para seus dormitórios enquanto outros apenas deixaram a mesa para conversarem entre si. Aproveitando a deixa, Rose e James foram limpar a mesa e como se fosse só para provocar, Regulus começou a falar mais alto com seus amigos.

— Mamãe está muito satisfeita de que estamos ensinando os alunos de Hogwarts a pensar como o Lorde das Trevas. Pelo menos um dos filhos precisa dar a ela um motivo para se orgulhar, já que Sirius é aquela vergonha... — Black comentou, triunfante.

Tudo aconteceu rápido demais para que Lily pudesse acompanhar a cena com atenção. Num momento ela tentava ignorar a presença de James e no outro, o barulho de uma bandeja caindo atraiu a atenção de todos e, sem pensar em usar magia, James dá um soco na cara de Regulus, que se desequilibra pela surpresa e pela força empregada naquele soco.

— Detenção, Sr. Potter. E 50 pontos a menos para a Grifinória. — Slughorn quebrou o silêncio que se instaurou no salão.— Onde já se viu... — O Professor resmungou antes de voltar para sua conversa distraído.

Havia um pequeno corte na boca de Regulus, mas ele estava bem. James, por outro lado, ainda estava parado perto do grupo de sonserinos, ofegante como se precisasse conter sua raiva e sua mão estava com os nós vermelhos. Lily se perguntou o que Black tinha falado que o fez perder o controle assim tão rápido.

— Vem James, vamos sair daqui. — Rose tentou arrastar James pelo salão, mas ele estava paralisado. Nunca tinha dado um soco como aqueles antes, apesar de fazer brincadeiras e ser um pouco agressivo no quadribol, ele não era uma pessoa ruim. Não do tipo que batia nos outros sem ter um bom motivo, mas defender seu melhor amigo com certeza fazia uma detenção valer a pena.

Com alguma dificuldade, Rose e James abandonaram o jantar e seguiram pelos corredores em silêncio. Estavam quase chegando na bifurcação para a Torre da Grifinória e a da Corvinal quando ela resolveu perguntar:

— O que foi que ele disse que te fez perder a cabeça desse jeito? — Ela estava se questionando isso desde que saíram das masmorras.

— Ele estava falando mal de Sirius. — Respondeu, em voz baixa.

— Até que para um cara popular você tem coração... Devia por gelo nisso. — Ela apontou para a mão dele, os dedos estavam com alguns poucos hematomas roxos. — Acho que não vou te ver mais nas reuniões, certo?

— Eu poderia ir para deixar a noite mais interessante outra vez. — O sorriso sexy clássico de James Potter voltou a seu rosto.

— Eu conheço outras formas para deixar a noite interessante que não sejam bater num sonserino e levar detenção.. — Ela sorriu antes de virar o corredor e deixar James sozinho.

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— Você deu um soco nele? Eu não acredito que perdi isso! — Sirius comentou quando James se jogou na cama.

— Ele mereceu. — James resmungou. Remus havia dito que um feitiço qualquer teria sido mais nobre, mas James não queria ser nobre e sim acabar com os sonserinos.

— O que Lily fez? — Peter se aninhou no pé da cama de Potter para saber mais.

— Ela deve ter ficado um pouco chocada... Um bruxo usar os punhos para resolver uma discussão. — Remus riu e balançou a cabeça em negação, não acreditando no que havia acontecido.

— Na verdade eu não tive muita chance de reparar, mas provavelmente estava me azarando mentalmente por ter causado alvoroço no jantarzinho do Slughorn. — Ele riu ao imaginar o que estava se passando pela cabeça de Evans.

Ela estava linda naquela noite, mas fez de tudo para ignorar a presença de James. Por mais que ele gostasse dela, não esperava que ela fosse agir daquela forma. Eles eram amigos ou não? Talvez Fabian tenha dito para ela não dar mais atenção para ele. "Tudo isso é culpa daquele Prewett...", concluiu mentalmente.

Além de ter evitado James, agora ela devia estar pensando em como ele foi idiota por bater num garoto sem mais nem menos. Ela não deve imaginar o que eles estavam falando sobre Sirius e sobre Rose ser nascida trouxa.

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— Ele simplesmente bateu no Regulus assim do nada? — Mary perguntou. Todas as garotas estavam sentadas na cama da Lily querendo saber mais detalhes sobre a briga. Lily assentiu, respondendo a pergunta.

— Pelas cuecas sujas de Merlin, essa cena deve ter sido muito demais! Meu sonho é ver aquele idiota apanhando! — Marlene gargalhava enquanto imaginava Regulus com um nariz quebrado ou um olho roxo.

— Ainda não acredito, preciso ver a cara do Regulus amanhã! — Mary começou a gargalhar com Marlene.

— James foi muito descontrolado, não sei do que os meninos estavam falando... Deve ter sido algo muito ruim para ele fazer isso na frente do Professor Horácio. — Alice comentou

— Depois que ele levou a detenção e perdeu 50 pontos, saiu da sala com uma menina da Corvinal.  — Lily deu de ombros, terminando a história.

Por um momento, ela se perguntou se os garotos estavam falando dela. Não que James devesse se importar com ela, mas era uma coisa que ela achava que ele faria. Ela tentou ao máximo ignorar a presença dele para evitar possíveis confusões no jantar, mas depois dessa atitude impensada, ela começou a se questionar se James tinha algum bom senso debaixo daqueles cabelos bagunçados.