Ele a havia beijado, foi apenas uma pressão em seus lábios, ainda assim fora um beijo. O coração palpitava freneticamente no peito parecendo querer sair dali, o corpo estava quente o rosto deveria estar completamente vermelho pela vergonha. Soul estava contente, apesar de achar que o ato fora deveras infantil, apenas um toque suave. Foi só o calor do momento pensava ele, sendo o calor do momento ou não aquele leve toque tinha sentimento. Era importante ao menos para ele, esperava que para Maka tivesse algum sentido também. Nenhum se manifestou após o doce ato, Soul apenas pegou-a pela mão e caminhou pelo casarão, sua intenção era leva-la ao jardim dos fundos, mas este já estava ocupado por ninguém menos que Black Star. Suspirou, sua ideia havia sido roubada, sorriu internamente e desejou boa sorte ao amigo. Afinal ele planejava o mesmo que ele.

A noite estava fresca, a brisa acariciava as pétalas das flores que se encontravam no jardim onde estavam, queria impressiona-la, em seu intimo ele comparava sua doçura as flores, para ele não tinha melhor comparação. 

— É um lindo lugar. - Sorria ela observando o local. 

— Sim, é sim. - Passeava com os olhos o belo rosto da mulher a sua frente era chegada à hora, olhou para as flores chegando perto de uma em especial com folhas lustrosas e serrilhadas de coloração azul, arrancou-lhe pelo caule e aspirou seu aroma suave. - Tsubaki— Chamou-a fazendo com que a olhasse. - camélias, são flores lindas. - Sorriu ele para a flor em sua mão logo depois levantando o olhar para a moça que o fitava surpresa. - Se me permite, gostaria de cuidar de uma para que florescesse mais linda e formosa do que todas estas que estão aqui. - Os olhos azul meia-noite piscavam atônitos com as palavras proferidas pelo Hoshizoku. Caminhou para perto de si observando a flor em mãos e entregou a morena que a pegou e o encarou por breves segundos, camélia era o significado do seu nome sorriu lembrando-se das palavras faladas a pouco, aquilo fora uma declaração, pós a flor em seu nariz e sentiu seu cheiro. - Eu... Eu gosto de você, Tsubaki. - As palavras a atingiram docemente, uma parte dela concentrava-se em prestar atenção no que o outro dizia enquanto outra se impressionava de como poderia alguém tão espalhafatoso como Black Star poderia ser tão formal como agora. Encarou-o ternamente, aquelas palavras faziam seu coração se acelerar de uma maneira desconhecida, o silencio os circulou deixando o azulado aflito. Tsubaki custava a responder, era algo inesperado e de verdade não sabia ao certo o que sentia por ele.

— Black Star... - Seus olhos comprimiram-se ao sorrir. - Eu quero muito aceitar esses sentimentos - Fez uma pausa pensando nas próximas palavras, não queria que a entendesse errado. - eu não sei ao certo o que sinto, por isso te peço um pouco mais de tempo. - Ela o encarou profundamente enquanto caminhava para perto de si. - Quero que esse sentimento floresça corretamente e que você esteja ao meu lado quando isso acontecer. 

— Eu com certeza estarei. - Pôs as mãos sobre as dela que ainda seguravam a camélia e sorriu agradecido inclinou-se um pouco e tocou a testa da morena com os lábios. 

— Obrigada. – Disse com os olhos fechados sentindo o toque em sua pele. 

O dia amanheceu brilhante para ambas, Maka havia voltado para casa da melhor amiga após a festa e agora se arrumavam para o café. Desceram às escadas correndo, nenhuma suspeitava da felicidade da outra apenas seria um dia bom, talvez. Sentaram-se a mesa, na casa só encontravam-se as duas, noite passada falaram rapidamente com a matriarca da família Nakatsukasa já que mesmo na confraternização ela tinha assuntos importantes para resolver. Elas tinham a casa para elas, resolveram então aproveitar o jardim no começo da tarde para conversar e aproveitar o dia que estava tão bonito.

Era por volta de uma hora, as duas jogavam conversa fora, comentavam sobre as roupas usadas pelas pessoas na festa, riam de alguns ocorridos, a loira comentou sobre ter dançado com Wes e o que ele havia lhe contado dizendo que queria usa-la para que Soul seguisse o ritmo de sua linhagem, contou o que havia retrucado ao final de sua dissertação recebeu total apoio da amiga já que está também concordava que deveriam fazer aquilo que gostassem de fazer, era o mais simples afinal. 

— Por que gostam de complicar tanto as coisas. - Bufou a loira.

— Por que ajudar se pode complicar né. - Elas riram. Tsubaki apoiava o queixo no joelho e pintava os dedos dos pés, sentiu o leve esquentar do rosto ao se lembrar de Black Star de repente. 

— Tsu, aconteceu uma coisa ontem. - Falou alheia a qualquer gesto de surpresa da amiga ao seu lado que quase não conseguia respirar. - Tá tudo bem? - Olhou pra ela sem entender. 

— S-sim... É, na verdade também aconteceu uma coisa ontem. - Comentou ela aguçando a curiosidade de Maka. 

— Que tipo de coisa? 

— Conta você primeiro.

— Não, você!

— Você!! Foi você que começou... - Fuzilaram-se por alguns minutos. 

— Nós duas.

— Okay... - Respiraram e Tsubaki fez uma contagem silenciosa apenas com os dedos. Três, dois, um.

— Soul me beijou ontem...

— Black Star se declarou ontem...

As duas piscavam desacreditadas do que acabavam de ouvir, o que elas conversaram na tarde de sábado havia acontecido ao anoitecer com ambas, no mesmo dia. Apesar de quererem comemorar o ocorrido não conseguiam mover um músculo sequer por conta da surpresa que as acometiam. Maka começou a rir e a morena se juntou a ela tanto na risada quanto no abraço desengonçado que trocavam ali, se desequilibrando e caindo na grama.

— Soul beijou você? – Assentiu para a morena que estava de queixo caído. – Beijo ou beeeeijo.

— Na verdade, na verdade – Maka olhava as nuvens que corriam acima de seus olhos pensativos, Tsubaki fazia o mesmo esperando ela terminar de falar. – não foi um beeeeijo nem um beijo. – Riram da entonação usada. – Foi só um encostar de lábios, nada de mais nem menos. E foi o momento, eu queria conforta-lo e ele queria ser confortado... – Terminou começando a brincar com a borda da própria blusa.

— Maka, ainda sim um beijo. – Virou-se para a loira que também a encarava, piscaram algumas vezes e voltaram a rir.

— E você respondeu a declaração?

— Eu pedi a ele um tempo, na verdade não é concreto o que eu sinto por ele... Quero que... Que esse amor em mim desabroche corretamente. – Sorriu constrangida mais para si do que para a amiga que a escutara, o que falara era de lá a mais pura verdade não queria criar expectativas em si ou até mesmo no próprio Black star e depois afastar-se dizendo que não era nada daquilo. – Eu quero me apaixonar por ele. – Sorriu para Maka que retribuía.

— Isso é tão estranho. – Entrelaçou as mãos em cima de sua barriga. – Até um tempo atrás eu me via só, com os mesmo ideais e de repente, PAH, tudo mudou. – Riu-se. – é muito estranho com as coisas mudam de uma hora para a outra.

— Sim, - Concordava a Nakatsukasa. – mas você tem que conversar com ele. – Uma pontada de preocupação era perceptível na voz de Tsubaki. – Ele a beijou, mas e ai? Ele ou você vão ficar alimentando isso pra nada, pra depois um dos dois se machucar criando algum sentimento?! – Maka mordeu o lábio inferior, Tsubaki estava certa.

— Sim, vamos conversar sim.

Segunda-feira, o dia amanheceu quente era difícil até de se respirar, como Maka havia ficado na casa de Tsubaki as duas foram levadas de carro à escola onde duas pessoas as esperavam um tanto ansiosos pelo reencontro. Um ato muito gentil de ambos. Soul havia relatado os acontecimentos decorridos no sábado assim como Black star e como as meninas eles estavam bem impressionados com o destino.

— Muito obrigada!! – Agradeceram pela carona e saíram em direção aos dois que acenaram. Maka e Tsubaki hesitaram por um mero segundo e entreolharam-se, sorriram e caminharam ao encontro deles. – Bom dia!! – Saudaram-nos e adentraram a escola.

Acabando a primeira aula um pequeno alvoroço começou, alguns diziam que a próxima aula seria vaga, alguns colegas de classe propuseram então fazer um jogo; brincadeira do papel. Maka engoliu em seco, nunca havia brincado de algo assim, até mesmo Crona que era a mais tímida estava entrando na roda que estavam fazendo com as cadeiras.

— Vamos participar também? – Perguntou Tsubaki.

— Vamos ficar uma do lado da outra, vou chamar a Crona.

— Pra brincadeira ficar igualada vamos intercalar na roda, - Um integrante da turma começou falando. – uma menina e um menino. – Tanto Maka como Tsubaki ficaram congeladas.

— Eu não sei se vou conseguir.

— É só uma brincadeira, acho que nada de mais pode acontecer...

Um estrondo chamou atenção dos que estavam na classe, pela porta entrou Soul e Black Star. O albino trazia no rosto uma expressão nada amigável enquanto o outro era o seu completo oposto. Avistaram as meninas e se aproximaram.

— O que ouve? – Questionou Tsubaki.

— Estamos em aula vaga também. – Respondeu o azulado. – e ouvimos que estavam fazendo uma brincadeira por aqui.

— E o que ele tem? – Maka referiu-se a Soul, Black star riu.

— Deve estar com ciu... – O albino deu uma cotovelada fazendo-o tossir. – Ai, essa doeu. – Massageou o local atingido.

— O que está havendo? – A voz de Kid fez-se presente no local, Maka explicou o que acontecia e o representante do conselho pigarreou. – Acho que vou participar também. – Olhou envolta até seu olhar parar em alguém e ter certeza que ficaria por ali. 

Enquanto iam se arrumando as irmãs Thompson entraram na brincadeira, a sequencia ficou; Crona, Kid, Maka, Soul, Tsubaki, Black Star, Elizabeth e Patrícia intercalaram com outros alunos já que onde queriam ficar não tinha lugar, desgostosas foram se assentar. A brincadeira começou, o papel foi passado de boca em boca, de inicio era algo até que sem graça, Maka ficou aliviada de somente ser aquilo, até que o papel caiu entre duas pessoas e o restante começou a soltar gritinhos, os dois estudantes então se aproximaram um tanto envergonhados se beijaram.

— Qu... – Murmurou Maka para si mesma, de relance olhou para Soul que estava ao seu lado. E se...? Ele a olhou do mesmo modo e sorriu pequeno parecendo entender o que aquele olhar surpreso poderia ser.

O papel rolou por mais alguns minutos, mais beijos foram trocados, uns mais cúmplices do que outros, algumas brigas rolaram e então o papel vermelho caio entre Soul e Tsubaki, a morena ficou estática, Black Star prendeu a respiração, sabia que se acontecesse seria apenas um selinho rápido e nada mais, mas ainda assim, era um incomodo. Soul engoliu em seco, Maka estava completamente desacreditada.

Salvos pelo gongo.

O sinal da escola tocou, fazendo com que Black Star soltasse o ar aliviado, Tsubaki suspirou colocando a mão no peito. Soul e o azulado encaminharam-se para fora da sala sem trocar nenhuma palavra com as meninas, talvez pela tensão do momento.

— Foi por pouco... – O albino agradecia mentalmente a salvação.

— Ainda bem, - Concordou o amigo. – se não eu teria que te bater.

— Eu não duvido. – Riram-se e entraram em suas salas.

— Que constrangedor. – Choramingou a morena com a cabeça na carteira.

— É... – Soltou Maka alheia a qualquer outra coisa.

— Você está bem?

— Sim... Fico pesando se fosse outra pessoa... Apesar de que mesmo sendo você, ficaria um climão, pelo menos entre você e Soul... Sei lá.

— É... Ainda bem que não aconteceu né. – Concordou.

O professor entrou em sala e logo encheu a lousa de lição, Maka apesar de não querer dispersava entre o real e o não real em sua mente, aquela brincadeira besta tinha a afetado de um modo irritante.

— Estou indo pra sala do conselho. – Maka avisou à morena.

— No almoço... – Reclamou.

— Sim... Com os preparativos do festival fica um pouco corrido. – Sorriu torto, afastando-se logo depois. – Até mais tarde.

— Não vai almoçar? – Foi abordada pelo azulado que estava acompanhado de Soul.

— Sim, mas no conselho, temos algumas coisas pra resolver. – O menino assentiu entrando na sala indo para perto de Tsubaki.

— Eu levo você até lá. – Ofereceu enquanto comia um pedaço de pão com carne. – Quer um pedaço?

— Não, - Riu. – obrigada. – Agradeceu enquanto andavam.

— Agora que está tudo bem... Você poderia sair do conselho né... – Perguntou como quem não quer nada.

— É eu pensei nisso...

— E??

— Por enquanto não, pelo menos ate o festival passar, agora que estou envolvida não posso simplesmente abandonar as coisas né.

— É você tem razão, o festival é no mês que vem né.

— Sim... – Ela o encarou pensativa. – Quer me contar alguma coisa? Você me parece meio incomodado.

— Não, não. – Negou em seu jeito sereno de sempre. – Estou bem. E.. E você? – Perguntou jogando levemente a cabeça para o lado.

A pergunta em questão não se referia a seu dia-a-dia como de costume, mas sim em relação a eles, ou até ao momento de tensão de horas atrás. Maka prorrogou a resposta, nesse momento os dois já estavam parados no corredor a poucos metros da sala do conselho.

— Sim, eu estou bem...

— Bem mesmo? – Ele aproximou seu corpo do dela, como se quisesse intimida-la.

— S-sim...

— Sabe, você não consegue mentir pra mim. – As íris avermelhadas apareceram em seu campo de visão, conseguiu sentir a parede em suas costas, ele a havia encurralado.

— Soul... O que está fazendo?! – Sua voz tremeu e aquilo atiçou o albino para que continuasse seu joguinho.

Maka abraçava seu bento assim como alguns papeis sobre o peito e mantinha a cabeça até que baixa para não encara-lo, mas esse fazia de tudo para que seus olhos se encontrassem, um braço estava esticado até a parede o corpo maior a sua frente.

— Você está muito nervosa... – Comentou ele. – Fica fofa quando está assim...

— Como não estaria? Qual o motivo disso tudo?! – Sua voz era baixa e comedida, agora ela o encarava. Ainda que curvado ele ainda era maior que ela. Sorriu. Ele a encarou por mais alguns minutos, até começar a aproximar seu rosto do dela. Maka arregalou os olhos, era hora do intervalo, alguém poderia vê-los... Virou o rosto e sentiu os lábios gelados do albino tocarem sua pele. – Não seja imprudente... – Pediu sem olha-lo.

— Desculpe... – Recompôs a postura afastando-se dela. – Eu não pensei direito...

— Talvez tenha... – O rosto da garota avermelhou-se. – Mas não executou em momento certo... – Após falar correu até a porta do conselho.

O albino ficou a olhar a porta fechada por onde Maka havia passado, sorriu com as palavras proferidas pela vergonha alheia. Virou em seus calcanhares para retornar a sua sala, um sorriso maroto e bobo dançava em seus lábios, como ela conseguia deixa-lo assim, ela aguçava seus instintos mais sacanas, passou a mão sobre o sorriso aparente. Queria ver aquela expressão novamente em seu rosto e faria isso. Mordeu o lábio inferior. A agitação o havia tomado, estava muito feliz.

As horas passaram, o sinal indicando os términos das aulas soou, Soul e Black star esperavam na porta de saída ao lado dos armários, Tsubaki apareceu primeiro fazendo com que o albino erguesse uma das sobrancelhas.

— É, a Maka vai ter que ficar até mais um pouco, disse pra irmos na frente e nos vemos amanhã. – Avisou a eles.

— Certo, irei esperar então. – Sorriu Soul enfiando as mãos nos bolsos. Não iria deixar aquela oportunidade passar.

— Certo então, boa sorte. – Sorriu de canto o azulado para o amigo e saiu dali com Tsubaki em seu encalço.

Esperou cerca de trinta minutos, se não estivesse acompanhado de seu celular teria sido uma espera entediante. Ouviu passos em sua direção, assim que estes cessaram ergueu a cabeça para ver a dona das esmeraldas mais bonitas que conhecia, tinha que admitir que depois das de sua mãe, estas eram as mais bonitas.

— Eu.. Eu avisei que podia ir embora antes... – A voz constrangida ecoou no local, o rosto virou-se para que a vermelhidão não fosse notada o que era completamente impossível.

— É, mais eu queria ficar mais tempo com você. – Expôs sua vontade a garota enquanto esta trocava seus sapatos. Sempre tão direto, ainda não sabia como lidar com isso.

— Entendi... – Falou baixo ainda constrangida. Soul se aproximou e fechou a porta do armário que ainda estava aberta, fazendo com que Maka se sobressaltasse e o olhasse assustada. As esmeraldas se arregalaram quando uma pressão veio por sobre seus lábios e no mesmo instante que se tocaram já estavam afastados. – Soul! – Repreendeu-o com um das mãos sobre a boca e deu uma ligeira olhada em volta.

— Não tem ninguém, pelo menos por aqui. – Sorriu de canto encarando-a.

— Idiota! – Virou o rosto.

— Vamos. – Puxou pela mão guiando-a para fora da escola.

— Obrigada, fico lhe devendo uma... – Interrompeu-se ao ver uma coisa um tanto inesperada.

— O que foi irmã? – A mais nova Thompson olhou para o mesmo ponto que sua irmã mais velha e entendeu sua reação.

— Então realmente é verdade... – Ela encarava as mãos dos dois até desaparecerem de seu campo de visão.

— Lizz, não tem problema...

— Calada! – Patrícia engoliu suas palavras e se calou, a expressão da irmã mais velha não era nada amigável o que lhe fazia pensar que algo muito ruim viria a acontecer e isso a assustava. – Vou ensina-la a onde é o seu lugar!