Green Eyes - Jily escrita por Vitória Serafim


Capítulo 12
Carpe Diem


Notas iniciais do capítulo

GA-LE-RA, CHEGUEEEEEEI E CHEGUEI COM TUDO, MINHA GENTE.
Primeiramente, queria dizer pra vocês que esse capítulo eu surtei mais do que em qualquer outro, portanto, eu aconselho você a tomar um suquinho de maracujá ou um calmante antes de começar.
Em segundo lugar, eu venho falando que vou demorar a continuar postando meus capítulos, mas venho aqui uma semana depois e posto outro. Eu estou frenética desse jeito porque minhas provas da escola ainda não começaram, mas quando acontecer, vocês já saber. Então... Eu vou avisando para vocês não se acostumarem hehe.

ENFIM. SÓ FOQUEM NO TÍTULO DO CAPÍTULO, SEGUREM NA MÃO DE DEUS E LEIAM.
Sem mais.
Bom smut, opa, capítulo. Tá parei eheuheuheuheuehueheueh
[Capítulo betado por Alinezinha do meu core ♥]




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Amor. Um sentimento que pensei que nunca viveria para desfrutar, pensamento de quem acha que vai ficar naquele lance de namora e termina e que tudo no mundo só se resume à paixão. Todo ser que ousa dizer que viverá sem amor se engana na maioria das vezes, caso contrário acaba numa crise de infelicidade.

Dizem que as pessoas amam pelo menos uma vez na vida e eu, James Potter, sabia que tinha chegado a minha hora. Nunca pensei que uma garota me faria fazer tanto por ela, mas Lily Evans era, definitivamente, a garota. Por Deus, ela era. Há alguns dias eu preferi poupar a vida dela para arriscar a minha, isso foi a coisa mais altruísta que já fiz na vida, e não por minha família ou melhores amigos, mas por ela.

Tinha chegado a um ponto em que eu não precisava mais provar que meu coração era dela, porque ela já sabia disso. A questão tinha chegado a um ponto tão crítico que eu já não me importava se ela quisesse ser feliz comigo – obviamente comigo seria melhor –, mas que ela fosse feliz, da maneira que fosse. Isso é amar, suponho.

Meu corpo não podia estar uma maravilha a essas horas devido o acidente, mas podia eu estar mais feliz do que estava nesses últimos dias pós-acidente? Não só Lily, mas os marotos vinham me visitar diariamente, todos ansiosos pela minha melhora. Não podia negar que o melhor de tudo isso era o coração mole da minha ruiva. É claro que eu não tinha feito aquele sacrifício para que ela viesse correndo atrás de mim, mas parecia que depois que eu fui internado, Lily passou a ser mais gentil comigo e mais... Ela, apesar de um pouco confusa.

Terça-feira ela parecia decidida a falar alguma coisa pra mim, nunca tinha me trazido um café assim com tanta boa vontade. Talvez fosse pelo seu retorno ao plantão, ela estava de bom humor, era isso, pensei. Entretanto, a minha mente iludida insistia em pensar que podia haver alguma possibilidade de ela querer conversar comigo, ser minha amiga, ou talvez mais do que isso... Mas essa última questão não vinha ao caso no momento.

A grande questão era: Eu precisava ficar a sós com ela, tocar no assunto do dia 18 de fevereiro não seria simples, nós dois evitamos falar sobre isso, mas mais cedo ou mais tarde o acontecido viria à tona.

Já tinha se passado uma semana desde o acidente e eu finalmente tinha sido liberado para ir para casa, com a condição que eu teria de me locomover com cadeira de rodas, visto que não poderia me sustentar com muletas. Meus pais tinham assinado os papéis da alta e eu finalmente estava livre daquele quarto de hospital e aquela comida horrenda, embora mais distante de Lily (ou nem tanto, já que ela morava na frente do meu apartamento).

            Depois daquela terça-feira do café, Lily não tinha mais me visitado no hospital – motivo pela qual até os próprios marotos desconheciam –, isso passou a tomar a maior parte dos meus pensamentos. Meus dedos lutavam contra o desejo de acessar a agenda de contatos e ligar para ela.

Era realmente horrível não entender os passos de Lily Evans.

Era uma tarde de domingo – um dia depois da minha alta da internação – e eu estava sozinho em casa assistindo Blindspot na Netflix para ver se o tempo passava mais depressa. Foi então que batidas soaram na minha porta. Pausei e empurrei uma das rodas da cadeira de rodas com a mão que me restava e até chegar à porta. Era uma merda me sentir incapaz de andar.

Para a minha surpresa, era ela. Senti por alguns milésimos de segundo que o ar fugira dos meus pulmões. Trocamos olhares por um instante antes que eu aprendesse como era falar mais uma vez.

— Lily... – disse em um sussurro como se quisesse provar para mim mesmo que aquilo estava acontecendo.

— Potter, oi... Soube que você teve alta do... – ela parou por um momento e então prosseguiu. – De qualquer maneira... Vim te fazer uma visita – ela disse suspirando e eu me controlei para não surtar ali mesmo. Calma, James. É só uma visita...

— Tudo bem, pode entrar... – sorri e ela entrou.

Notei só depois que ela se sentou no sofá que carregava uma maleta que mostrava que era claramente o seu violoncelo, não entendi de início, mas fechei a porta e me juntei a ela.

— Fico feliz que tenha vindo me visitar... – comentei me sentindo um pouco nervoso depois de passar tanto tempo sem nos vermos (já tinha virado rotina conversarmos todos os dias), ela continuava linda, cada dia mais.

— E eu em ver que está se recuperando – ela comentou abrindo um sorriso. Eu juro que agradeci por tudo o que era mais sagrado por estar sobre uma maldita cadeira de rodas, porque eu, obviamente, já teria caído no chão se estivesse em pé depois daquilo.

— Pensei que estivesse zangada comigo... Não foi mais no hospital me visitar... – pigarreei. – Não que isso seja uma obrigação sua, é claro, mas... Senti sua falta... – disse tentando ser o mais agradável possível.

Ela engoliu em seco e evitou o meu olhar. Foi aí que pude concluir que havia alguma coisa de errado.

— Lily... Aconteceu alguma coisa? – perguntei a olhando com mais atenção, sé que isso era possível.

Ela hesitou.

— Eu não fui te visitar porque... – meu peito doeu, notícias ruins viriam. Ela umedeceu os beiços. – Fui afastada do meu cargo – ela sustentou meu olhar e deu de ombros evitando o meu olhar mais uma vez, passando a se entreter com os próprios dedos.

Quê?— disse ainda incrédulo. – Mas por quê?

— O diretor acha que é o melhor que ele pode fazer no momento, considerando que ele ainda vai analisar o que aconteceu de fato no caso do Harry – ela ergueu os olhos para mim e deu de ombros mais uma vez. – Eu perdi o meu emprego, James. E eu não podia mais suportar entrar naquele hospital... Sinto muito – ela marejou os olhos e eu me senti um completo idiota.

Aproximei-me mais uma pouco do sofá e segurei a mão dela.

— Não sinta. A culpa não é sua. Vou fazer Ranhoso pagar pelo que ele fez a você, eu juro...

— A questão não é essa, James... – ela meneou a cabeça e largou a minha mão. – A questão é que eu falhei. Pensei que poderia confiar em Snape, mas me enganei. Fui tola demais... Agora eu não tenho mais emprego e o meu pai vai ter que me ajudar com...

— Eu te ajudo – me precipitei em falar. Ela me olhou surpresa. – Você me ajudou no hospital. Eu te ajudo agora.

Ela abriu a boca para falar, mas não conseguiu dizer nada.

— Não tenho problemas com isso, você sabe. Quando precisar de alguma coisa, saiba que pode contar comigo, afinal, é isso o que os amigos fazem, não é? – sorri tentando animá-la.

Ela corou e eu continuei a olhá-la. Quando achei que já estava ficando constrangedor para ela, desviei minha atenção para a maleta com o violoncelo, ela aparentou notar, já que se apressou em manifestar-se.

— Você deve estar se perguntando o porquê de eu ter trazido isso aqui... – ela passou a mão pela maleta como se acariciasse um filhote de gato. – Bem... Já que você está com... Bem... dificuldades... – ela ficou um pouco constrangida de começar a falar aquilo, mas a me ver sorrir ela prosseguiu. – Achei que pudesse tocar alguma coisa.

— Por mim está ótimo – a flertei com o olhar e me acomodei de uma maneira como se fosse assistir a um espetáculo (de certa forma, era). – Adoraria que tocasse Cold...

Coldplay? Sim. Minha banda favorita também – ela sorriu e eu não pude conter tamanha euforia. Lily estava sorrindo para mim como nunca fizera antes, eu estava surtando, com certeza estava.

Ela retirou o violoncelo da maleta e o acomodou entre as pernas, posicionando os dedos da mão esquerda nas cordas e fechou os olhos. Sabia bem aquela sensação. Um bom músico sempre sentia o seu instrumento antes de tocá-lo, passava a mão por toda a extensão do objeto como se fosse a primeira vez que o visse, isso ajuda a criar uma conexão músico-instrumento que só deixa a coisa toda mais profunda.

E então ela começou a tocar Clocks, música de um dos álbuns que eu mais gostava do grupo.

(Representação: https://www.youtube.com/watch?v=j6sWN_0sLyU).

Lily tocava com perfeição, utilizava o aparelho aos seus pés para ministrar várias notas ao mesmo tempo e ao terminar ela ainda se demorou um minuto de olhos fechados antes de se voltar a mim.

— Você foi... – pisquei os olhos algumas vezes procurando a palavra certa. –... Perfeita — disse totalmente vidrado nos olhos dela. Ela parecia constrangida, mas bem. Tinha mais alguma coisa acontecendo e eu tinha de descobrir o que era.

Passei minha mão pelos meus cabelos e suspirei pensando em alguma coisa para dizer. Então me lembrei...

— Você pode me levar para o meu quarto? – perguntei e ela arregalou os olhos. – Preciso pegar uma coisa... – ela pareceu tensa, mas afirmou com a cabeça guardando o violoncelo rapidamente e empurrando minha cadeira de rodas até o quarto.

Ai ai, Lily... Pensando que eu a levaria para o quarto com outras intenções... Como queria...

Ela sentou-se na cama e eu me direcionei até a cômoda, abrindo a última gaveta. Tirei dali um álbum um pouco empoeirado e demorei meu olhar nele antes de reerguer meus olhos para Lily. Aquele era o álbum que tinha montado no colegial com a especial ajuda de Remus com as fotos de Lily, que na época fora feito para guardar para mim mesmo, mas os tempos mudam, não?

— Não fui à sua festa e também não nos falamos no dia dos namorados então... Pensei que pudesse gostar disso. Quando o fiz, eu não imaginei que iria dá-lo a você, mas agora... Quero que fique com ele – entreguei o álbum a ela que riu brevemente, parecendo surpresa.

— “Álbum da Ruivinha”? – ela sorriu e abriu a primeira página, erguendo o olhar para mim.

— É – sorri um pouco envergonhado. – Fiz esse álbum quando estava no colegial, junto com os marotos, eles ajudaram para caramba e...

Estava tão concentrado tentando me lembrar de como eu tinha começado o álbum que mal percebi que a moça em minha frente estava me beijando. Ela se afastou rapidamente como se tivesse cometido um erro ela me encarou. Ela estava prestes a se desculpar, mas eu não lhe dei espaço. Era o nosso momento; puxei a para perto de mim e a beijei mais uma vez. A posição em que estávamos era um pouco desconfortável, portanto deixei que ela se sentasse em cima de mim, uma perna para cada lado da cadeira. Ela cessou o beijo e ofegou.

— Isso dói? – perguntou ela um pouco preocupada por estar em cima de um cara todo ferrado ainda se recuperando dos hematomas de um atropelamento.

— Nem um pouco... – sorri e ela retribuiu voltando ao beijo.

Eu devia estar delirando, não era possível. Lily Evans não estava no meu quarto, no meu colo e me beijando por sua própria iniciativa, não mesmo.

Minha mão direita percorria o corpo da ruiva com delicadeza, ela era tão profundamente cobiçada por mim que eu receava que tocá-la a desmontaria. Desci alguns beijos pelo seu pescoço e pude sentir o seu corpo estremecer. Pobre, Lily... Mal sabia que quem estava surtando era eu. Finalmente eu tinha conseguido.

A mulher da minha vida, depois de minutos incessantes de beijo, me observou um pouco ofegante, ainda mantendo seus braços ao redor do meu pescoço. Podia sentir não só meu rosto, mas meu corpo inteiro em chamas. Como ela tinha todo esse controle sobre mim? Nem eu sabia. Droga de dia que fui quebrar meu braço... Poderia ter usado ambas as mãos para coisas muito mais interessantes.

Ok, certo, parei. Mas como não me sentir excitado com tanto tempo de espera para ao menos segurar a mão do meu lírio?

— James Potter corado? Não pensei que viveria para presenciar este momento... – ela sussurrou sorrindo tímida e eu ajeitei os óculos tortos no meu rosto.

— Não me venha com essa, porque hoje você me pegou de surpresa... – falei sentindo toda a minha circulação subir para o rosto e senti alguns fios de cabelo dela fazerem cócegas ao roçarem no meu rosto. Estávamos com as testas unidas. – Gostou tanto do presente assim...?

— Obrigada – ela se precipitou e eu ainda estava em estado de choque, não consegui dizer muita coisa antes, então me calei para que não saíssem asneiras involuntariamente por dentre meus lábios, deixando-a prosseguir. Ela tinha fechado os olhos. – Eu falei tudo isso que estou prestes a te falar agora no hospital, enquanto você dormia, mas eu... Quero ter certeza de que está me ouvindo.

“Não quero agradecer só por causa do álbum... Você sabe muito bem o porquê de eu estar falando isso. Eu... – ela suspirou, e estávamos tão próximos, que ouvi sua respiração entrecortar por um instante. – Eu só... Nunca imaginei que alguém fosse capaz de se jogar em frente a um carro por mim – ela segurou meu rosto em suas mãos evitando formar um contato visual direto. – Ok, eu estou surtando! – ela sussurrou (mais para si mesma do que para mim) me soltando e se levantou num salto (me assustando um pouco) sentando-se na cama com os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos cobrindo o rosto, demorando-se alguns segundos antes de retomar a falar.”

— Eu...

— Lily, não preci-

— Eu pensei que você me odiaria! – ela exclamou com os olhos já marejados. – Pensei que você, James Potter, me odiaria por ser a causa das suas lesões e...

— Já ouviu Photograph? – perguntei e ela franziu o cenho.

— Ahn? – ela se desconcertou.

— Do Ed Sheeran. Já ouviu? – perguntei mais uma vez e ela afirmou com a cabeça, confusa.

— Já, mas o que isso tem haver com o que eu estou tentando te dizer? Eu...

Segurei as mãos dela e a olhei nos olhos tomando aquela conexão como motivação para o que estava prestes a fazer e comecei a cantar um trecho.

And if you hurt me That's okay baby, only words bleed Inside these pages you just hold me And I won’t ever let you go Wait for me to come home

            Senti a vergonha me atingir como um baque. Nunca tinha cantado para Lily, pelo menos não assim, em particular. Entretanto, não deixei aquilo me impedir de dizer o que eu queria dizer desde o dia da formatura do colégio.

             – Pode parecer estranho, mas... Eu te amo, Lily. Amo tanto que chega a doer – o rosto de Lily tinha assumido um tom pálido e ela não mexeu um músculo sequer, permaneceu impassível, olhando para mim como se não fosse capaz de fazer outra coisa na vida. Suspirei a fim de aliviar um pouco o nervosismo, falhando miseravelmente e tornando a prosseguir. – Te amei desde o colegial. Aquele dia na formatura... Eu ia te dizer isso – dei uma risada nasalada. – Tentei esquecer você namorando outras pessoas, mas pensa que consegui? Eu só... – umedeci meus lábios meneando a cabeça. – Acho que tentando se afastar de mim, não vai diminuir o que eu sinto por você.

“E aquele acidente... Eu juro que nunca pensei em fazer aquilo na minha vida... Mas foi a primeira vez que eu me dei conta de que eu preferiria fazer o que fiz a ver você machucada – ergui meu olhar para ela mais uma vez e suspirei. – Foi uma escolha minha e eu não quero que se martirize pelo meu estado. Já tem coisa demais para lidar para se preocupar com isso...”

Encarei Lily esperando que ela dissesse alguma coisa. Qualquer coisa era melhor do que ficar plantado ali com cara de imbecil.

Tinha passado anos da minha vida planejando como diria a Lily que a amava, mas planos são só planos... A realidade está aqui e agora e nada que eu tenha pensado em dizer corrigiria o que eu já tinha dito. Percebi que ela devaneava nos dizeres “Carpe Diem” da minha camiseta e suspirei, eu certamente teria assustado Lily com tanta informação de uma vez.

— Lily eu não queria...

— Eu sou uma idiota – ela murmurou e eu estreitei os olhos.

— O quê? Por qu-

— Eu sou uma idiota! Você queria me falar isso desde aquela noite e eu não deixei. Podia ter evitado tanta coisa... – ela suspirou meneando com a cabeça. – Você com certeza merece coisa melhor do que eu, James.

Arregalei os olhos. O que ela estava querendo dizer com “Você merece coisa melhor do que eu”? Não podíamos estar nos despedindo outra vez, podíamos?

— Não, Lily... Eu não-

— Você... – ela parou rapidamente mordendo os lábios, conhecia bem esse gesto, era como se quisesse reprimir alguma coisa que iria dizer e se arrepender depois. – A Izzy está grávida e...

— Não comece com isso, por favor...

—...Você precisa cuidar do seu filho e...

— Eu amo você, Lily. Você. E eu posso cuidar do meu filho estando com a pessoa que eu amo.

Ela negou com a cabeça fechando os olhos.

— Eu... Eu sou muito grata pelo que você fez comigo hoje, mas...

Ah, cala a boca!— me estressei. – Você não vem com essa conversa pra cima de mim não, porque eu sei que você tem sentimentos por mim! Pode ser que não me ame, mas...

Eu te amo— ela falou e eu congelei.

James Potter era um homem morto, se não fosse estava perto de ser. Deus... Como eu estava pirado.

— O... O quê? – gaguejei sentindo minha mão direita tremer contra a minha vontade enquanto segurava com força na cadeira. Meu coração batia tão forte que eu pensei que cairia morto ali mesmo. Não podia ter escutado direito...

Ela engoliu em seco e fechou a boca, dando a entender que não era capaz de continuar com aquilo.

— Eu preciso que você diga de novo, Lily – supliquei ainda sem me mover na cadeira.

Ela meneou a cabeça e respirou fundo fechando os olhos.

— Eu passei anos te odiando, James. Odeio o jeito que você fala comigo, como deixa o seu cabelo crescer assim – ela apontou para meus fios rebeldes pulando para fora da cabeça, que tinha crescido com tanta rapidez que até eu mesmo tinha me assustado. – Odeio como consegue apenas me olhar e perceber que alguma está errada. Odeio tanto que me sinto uma maníaca – ela agora se levantava e começara a andar de um lado para o outro do quarto, descontrolada. – Odeio como você sempre parece estar certo e eu errada. Odeio quando não está perto de mim e quando está com outras pessoas – ela falava tudo sem parar, era como o improviso mais bem elaborado de todos os tempos, acreditava eu. Ela parou quando sentiu sua mandíbula tremer, fechou os olhos por um instante, deixando uma lágrima solitária escorrer por sua extensão, voltando a abri-lo. – Mas... Acima de qualquer outra coisa... Odeio-me por não conseguir te odiar, nem por um minuto sequer, mesmo tentando por todos esses anos, eu simplesmente... Não consigo odiar você, James Potter.

Estava tão surpreso e feliz que por mais que eu quisesse pular para cima dela, esperei ela terminar seu discurso, sentindo meu coração subir pela minha faringe. Estava enlouquecendo completamente em total quietude.

— L-Lily, eu... – comecei gaguejando, mas fui interrompido.

Espera, eu ainda não terminei! – ela falou me repreendendo e eu ergui a mão direita me rendendo, antes que ela cometesse uma baixa só de me encarar. – Eu nunca passei por uma coisa dessas antes... É como se... É como se... – ela parou e se sentou de frente para a porta da sacada do quarto, admirando o crepúsculo. – É como se você estivesse na minha mente o tempo inteiro. No trabalho, em casa, enquanto eu assisto minhas séries, quando eu toco, no banho...

— Você pensa em mim no banho? — perguntei surpreso e abri um sorriso largo, uma mistura de euforia e malícia.

—...antes de dormir, quando eu acordo e... – Lily suspirou, ignorando totalmente meu comentário, estava focada demais para interrupções. – E eu não sei pra você o que isso significa, mas pra mim isso é simplesmente loucura! E se não é amor... – ela me olhou nos olhos. – Então eu não sei o que é.

Por todas as forças do cosmos, universo, via láctea e do infinito... Mas que diabos estava acontecendo? Lily tinha acabado de dizer que me amava e...

— E eu juro que quando você me tirou da frente daquele carro, eu quis morrer. Se você fizer coisa parecida de novo... – ela se aproximou com um olhar mortífero. – Nem se dê o trabalho de morrer, porque eu juro por Deus que eu mesma acabo com você, seu... – e então parou relutante, segurando os pulsos como se estivesse prestes a me socar e então eu me perdi nos seus olhos.

Não estava conseguindo ao menos pensar de tão atordoada que minha mente tinha se tornado em apenas vinte minutos na presença de Lilian Evans, que por obséquio tinha acabado de admitir que me amava e que me mataria se tentasse salvá-la de novo. Que tipo de pessoa no mundo diz uma coisa dessas e vê o ouvinte em perfeito estado? Bem, se existia alguém assim eu não tinha conhecimento, porque eu, definitivamente, estava desesperado.

Desesperado por minhas crenças de que Lily só viera para uma simples visita rotineira como todas as outras terem sido totalmente mutiladas. Não conseguia entender como uma mulher conseguia mexer tanto comigo quanto a que estava em minha frente. Lamentei internamente por estar sentado nessa cadeira de rodas e não poder tomá-la nos braços do jeito que meu corpo inteiro ansiava, mas ao mesmo tempo me sentia grato por não ter sido ela a estar aqui, no meu lugar.

— James? – ela me chamou, tirando-me de meus devaneios.

— Me desculpe... – sacudi a cabeça. – É que... – suspirei. – Pode não parecer, mas eu estou morrendo – ela arregalou os olhos.

O quê? Como assim você está morrendo? Por que não me disse isso antes?! – ela tinha começado a surtar e eu segurei o pulso dela.

— Estou morrendo no sentido figurado... – falei rindo da cara dela e ela revirou os olhos. – Poxa, Lily... É porque você não sabe quanto tempo eu esperei por esse momento... Nunca achei que ele fosse realmente chegar, entende? – ela ruborizou.

— Não seja idiota – ela acrescentou um pouco desnorteada e encarou as próprias botas. – Eu nem sei como vou contar isso para as minhas amigas, meus pais...

— Eles ficarão felizes por nós – confortei-a passando a mão levemente pela maçã de um dos lados de seu rosto, sorrindo. – Porque agora estamos juntos e eu nunca a deixarei escapar de mim – disse e notei seu olhar se encontrar com o meu mais uma vez.

Ficamos nos olhando ali sabe Deus por quanto tempo e eu percebi naquele instante que eu era o cara mais sortudo da face da Terra. Se fosse uma pessoa com problemas cardíacos, certamente já teria tido um enfarte naquele mesmo instante, porque pela segunda vez no dia, fora Lily Evans quem me beijou.

***

— Espera, isso é sério? – Sirius perguntou incrédulo.

— Mais sério impossível – falei radiante.

Estávamos eu e o resto dos marotos sentados na sala da casa de Remus, que tivera a boa intenção de me levar para fora de casa um pouco. Ficar trancafiado naquele apartamento estava me deixando louco, ainda mais por estar impossibilitado de jogar videogame ou de tocar violão e pela da saída de Lily na noite anterior, pouco depois da nossa conversinha.

— Cara! Eu não posso descrever o quanto estou feliz por vocês! – Remus saltou para me abraçar. – Finalmente! Sabia que o álbum serviria para alguma coisa no fim das contas... – ele se gabou e eu o definhei com o olhar.

— Ela não se declarou para mim por causa daquele álbum... – revirei os olhos. – Apesar de ele ter ajudado – abri um sorrisinho de gratidão para Aluado que assentiu entre gargalhadas.

— Depois de tanta reza, parece que funcionou – Sirius comentou debochado e juntou-se a Remus nas risadas.

Todos ali pareciam muito contentes com o meu início de namoro com Lily, menos Peter. Ele tinha andado aéreo desde o começo do ano e eu, apesar de desconfiar, não tinha dito nada para o restante dos marotos a respeito. Teria de investigar mais para frente as causas daquela estranheza tremenda. Peter sempre fora alegre e brincalhão, e de uma hora para outra tinha assumido um brilho apagado em suas feições, como se nunca mais pudesse ser feliz na vida. Imaginava a mim mesmo no lugar de Peter quando soube que Lily voltara a Londres enquanto namorava Izzy e isso me lembrava do filho que tinha de assumir.

Aluado e Almofadinhas pareceram notar a minha preocupação em relação a Rabicho e deram de ombros. Sirius tinha dito que ele e Mary tinham parado de se ver depois que ele sumira no meio da festa de casamento dos Longbottom e por isso que tinha ficado tão chateado nos últimos dias, desculpa que ainda não tinha descido pra mim, mas decidi ignorar.

— Mas e você e a Dora? – perguntei a Lupin passando meu dedo indicador sobre a caligrafia da minha ruiva estampada em fonte tamanho pequeno no gesso do meu braço escrito “Não odeio você”, logo ao lado de muitas outras assinaturas dos Marotos e das meninas amigas de Lily que vieram me visitar mais cedo.

— Hm... – Remus corou. – Estamos saindo...

— E? – perguntei achando a resposta incompleta demais para o banco de informações de James Potter.

Ele coçou a cabeça.

— Não sei se é uma ideia continuar com isso, sabe? Ela é bem mais nova do que eu e...

— Ah, para com isso, Aluado! Vai falar que vocês não andam dando umas bitoquinhas? – Sirius caçoou e eu o repreendi com o olhar, alertando-o de que aquilo se tratava de uma conversa séria.

— Mas, Remus... Tenho certeza de que ela sabe muito bem onde está se metendo, caso contrário não teria aceitado sair com você – constatei a fim de animá-lo.

— Ah, James... Sei lá... Será que não é só por causa do Profeta Diário e todo o lance de sócio que a gente formou?

— De jeito nenhum! Tonks pode ser brincalhona e coisa e tal, mas ela nunca seria capaz de brincar com ninguém dessa maneira, principalmente conosco, os marotos – Sirius assegurou-lhe.

— Bem, não sei... Pode ser que ela mereça alguém mais da idade dela e tal... – Aluado comentou com pesar.

— Você gosta dela? – perguntei e ele assentiu com a cabeça. – Então vai fundo, cara... Posso dizer por experiência própria que insistência vale o esforço.

Os dois riram. Peter, de forma audível, suspirou. Virei-me para ele.

— O que você tem, Peter? Está calado e não é de hoje – Remus disse ao notar que eu encarava Rabicho.

— Nada – ele falou e tirou o celular do bolso vendo que já eram 13h47min. – Acho melhor eu ir... Combinei que iria me encontrar com meus pais no Cabeça de Javali pra comer alguma coisa e depois irmos dar uma volta. Ahn... Vemo-nos por aí – ele disse e se retirou, deixando Remus, Sirius e eu a sós.

Respirei fundo. Minha desconfiança por Peter estava cada vez mais crescente e tudo o que eu conseguia pensar era nas reações dele aos acontecimentos. É certo que Pettigrew nunca fora tão próximo a mim quanto Sirius e Remus, mas nós o considerávamos como nosso igual desde... Sempre. Entretanto, de uns tempos para cá, ele tinha se tornado... Mais reservado, digamos assim. E não é da natureza de Peter ficar tão calado assim, sendo a sua personalidade totalmente oposta.

Lembrei-me então do que Mary tinha me dito no dia do casamento e resolvi compartilhar com Aluado e Almofadinhas. Não tinha tido nenhum tempo a sós com eles depois do acidente, e talvez essa fosse a hora perfeita para pedir a opinião deles a respeito disso.

— Ele está estranho, não está? – Lupin comentou, Sirius assentiu e eu suspirei pensando nas palavras certas que escolheria para minha narrativa.

— Olhem... No dia do casamento da Alice e do Frank, Mary se sentou do meu lado e eu perguntei a ela onde Peter tinha se metido, já que ele tinha que apresentar a coreografia com a gente – Sirius ergueu uma das sobrancelhas.

— Mas ele não disse que tinha ido ver a vó dele que passou mal?

— Certo, mas a grande questão é que ele nos avisaria caso precisasse sair dali rápido.

— Aonde quer chegar, Pontas? – Aluado interpelou-me.

— Bem, a grande questão é... Eu acho que Peter está fazendo alguma coisa que não pode nos contar. Sei que parece insano, mas é a única resposta para o comportamento que ele tem assumido de uns dias pra cá – conclui.

— Calma! Você está insinuando que Peter está fazendo algo... Ilegal? – Remus perguntou estreitando os olhos.

— Eu entendi o que o James quis dizer – disse Sirius. – Apesar da desculpa muito bem elaborada dele, eu também venho desconfiando de Peter, mesmo que confie plenamente nele.

— Bem, agora não dá mais tempo para segui-lo, mas... – comecei.

— É claro que dá. Se quisermos saber mesmo se Peter está ou não mentindo vamos até o Cabeça de Javali descobrir – Six sugeriu se pondo de pé, Remus imitando-o.

— Esqueceram-se do colega aqui? – apontei para meu braço e perna imobilizados.

— Você fica aqui. Não vamos demorar – Remus completou e eu gargalhei.

— Acha mesmo que vão atrás de investigar o que eu propus sem mim? – perguntei com sarcasmo, mas já era tarde demais. Há essas horas, os dois já tinham disparado em direção à porta e eu não pude fazer nada a não ser sentir meu corpo ser tomado pela frustração.

Não se passara nem cinco minutos de solidão na sala de estar da casa de meu amigo, quando meu celular vibrou no bolso da calça. Tirei-o dali como se fosse a última coisa que faria na vida e atendi sem nem mesmo ver quem estava me ligando.

Oi, James. Como você está?— murchei ao saber que era Izzy. – Faz tempo que não conversamos...

— Izzy... Oi. Estou ótimo e você, como tem passado? – perguntei em relação ao nosso filho.

Umas dorzinhas aqui e ali, mas nada que não passe de umas mudanças corporais por causa da gravidez...— ela comentou. – Completei três meses hoje... Mal vejo a hora de segurar o nosso filho nos braços! Espero que ele tenha a sua cara...

— Não diga isso como se estivesse feliz por esse filho, Izzy. Sabe que não tive intenção de te engravidar – comentei.

Tudo bem, mas... Só achei que quisesse saber sobre o nosso filho... — ela comentou um pouco decepcionada.

 – Ok, tudo bem. Desculpe-me... – falei quando percebi que estava sendo desagradável.

Não se desculpe... A culpa é minha...— ela disse com arrependimento e eu suspirei.

— Não se culpe. Nós dois tomamos parte nisso. Eu vou assumir esse filho e vou fornecer todos os recursos que você precisar, mas nada pode mudar o fato de que acabou, Izzy – disse querendo esclarecer os fatos.

É ela, não é? A ruiva... Você gosta dela e eu sei que foi por isso que terminou comigo. Só te digo que pode estar cometendo um grande erro...

— Olhe, Izzy. Você não tem o direito de opinar sobre as minhas escolhas e muito menos se estou certo ou errado diante de uma situação. Queira ou não agora estou namorando e eu e você não temos nada além de uma relação amistosa por causa do nosso filho – disse com franqueza e ela desligou na minha cara.

Dei uma risada nasalada.

— Só o que me faltava... Izzy querer me dizer o que fazer. Mereço... – comentei para mim mesmo. Bufando, fiz menção de recolocar o celular no meu bolso, quando vi o celular tocar mais uma vez. Dessa vez era Sirius.

Estávamos errados... Peter está mesmo no Cabeça de Javali com os pais. Não sei quanto a você, mas me sinto melhor por isso — suspirei aliviado.

— Eu também, acredite... – ouvi a campainha tocar e franzi o cenho, me encaminhando até a porta com um pouco de dificuldade e abri a porta, sorrindo para a visão que ela me permitira. – E fala pro Remus que ele tem visita... – sorri abertamente e desliguei a chamada.

Tonks estava ali, acompanhada de Lily e Holly, tinha um tom esverdeado no rosto e parecia que estava prestes a vomitar, mas não dei muita importância, porque tudo o que eu conseguia ver era minha namorada sorrindo para mim.

— James! Não sabia que ia encontrar você por aqui! – Holly pulou para me abraçar e eu gargalhei. – Estou tão feliz por vocês dois! Você precisava ver Lily  surtando enquanto contava pra gente tudo o que você falou pra ela noite passada. Você é tão maravilhoso e romântico! Meu Deus, eu que não estava lá para ver estava morrendo, imaginem vocês dois um se declarando para o outro...

— Holly! – Lily a fuzilou com os olhos e ouvi um barulho de líquido atingir o chão. – Ah, Deus... Respira, Dora...

— O que houve com ela? – perguntei um pouco confuso e passei a mão pelos meus cabelos.

— Nada – Tonks respondeu, passando as costas da mão limpando a boca.

— Ela só está surtando porque quer dar o próximo passo com Remus no “relacionamento” – ela desenhou umas aspas no ar com os dedos. – Deles.

— No relacionamento de q...? O que está acontecendo aqui? – Sirius encarou enojado o chão sujo de vômito e fez uma careta. – Só porque eu trouxe almoço e... – ele percebeu Holly ali na frente e os dois se encararam.

— Ah, Remus... – Lily se virou para meu amigo como se a cena entre Black e Hall não estivesse acontecendo. – Tonks quer conversar com você e... – Dora vomitou de novo.

— Vamos, então... – Remus respondeu um pouco desconfortável, mas não parecia nem um pouco enojado e desviando das duas poças de vômito do pé da porta eles passaram para dentro.

Lily e eu nos admiramos por bons segundos, separados por aquelas poças de vômito e então saímos de nossos devaneios ao ouvir os argumentos de Sirius e Holly começarem a ficarem mais agressivos. Peguei o pano de chão que usei num passado não tão distante – provavelmente não poderia ser usado para os mesmos fins – para limpar os pés logo na entrada e cobri a meleca que estava derramada ali, dando passagem para minha Evans vir até mim, me cumprimentando com um selinho.

— Eu, definitivamente, vou ter que me acostumar com isso... – disse fechando a porta, deixando o casal irado do lado de fora junto com o fedor que se instalara naquele pano de chão e a ruiva sorriu rolando os olhos com o rosto enrubescido. – Estou surpreso em encontrar todas vocês de uma vez aqui... – falei me esforçando para voltar à sala, onde Lily se sentou no braço do sofá.

— É que Tonks percebeu que o Remus tem evitado ela um pouco nos últimos dias e ela decidiu que vai pedi-lo em namoro – arregalei os olhos. – Pois é... Nunca vi pessoa mais corajosa do que ela para fazer uma coisa dessas... Quer dizer, geralmente são os homens que fazem isso, não é? – ela comentou e eu estreitei os olhos.

— Isso foi uma indireta para mim, Lilian Evans? – perguntei com um sorrisinho malicioso no rosto.

— Eu ahn... Claro que não... – ela corou até o pescoço. – Por que eu faria...

— Pensei que já estivéssemos namorando, mas nada que um pedido não resolva, huh? – sorri e segurei a minha mão. – Imagine agora que eu estou em pé, agarrando você e passando a mão pelas suas costas, meus olhos estão próximos aos seus e eu sussurro assim... – puxei-a para perto de mim e livrei sua orelha de uma grossa mecha de cabelo, aproximando-me daquela região e deixando um beijo ali, voltando a olhá-la nos olhos. – Lily Evans, você quer ser a minha...

— Não seja idiota! – ela riu e me socou. – Não precisa simular nada. Já está ótimo assim...

Namorada?— terminei a pergunta e sorri abobalhado.

Ela me encarou por alguns segundos, evidentemente fingindo pensar.

— E por que eu aceitaria ser a sua namorada, James Potter? – ela sorriu erguendo uma das sobrancelhas enquanto sorria com o canto dos lábios, retribui com o mesmo sorriso.

— Bem... Porque você me ama, eu amo você e nesse momento eu queria poder fazer coisas muito mais interessantes do que estar nessa cadeira de rodas idiota e simplesmente conversar sobre motivos pela qual você deveria aceitar a namorar comigo. Considerando que provavelmente Remus e Ninfadora estão se beijando lá em cima-

— E que ela acabou de vomitar...

— Duas vezes – completei. – E que Sirius e Holly também estão fazendo isso do lado de fora da casa, porque é obvio que eles são loucos um pelo outro, mas eles não querem admitir isso-

— Porque Sirius é um completo imbecil que não quer assumir um relacionamento sério com ela...

— Exatamente. Então, Lily Evans... A não ser que você queira fazer parte do mesmo clube do casalzinho ali fora, eu sugiro que você deixe de perguntas e aceite, de uma vez por todas, namorar comigo, que a propósito sempre foi um desejo seu, suponho... – falei e ela gargalhou.

— Ah, claro... Desejo meu. Como se você não fosse a pessoa que passou o ensino médio inteiro atrás da minha pessoa e... – ela parou quando ouviu a música Never Be Like You soar do bolso dianteiro da sua calça jeans, ela deslizou o dedo e atendeu.

Olhei para o rosto dela, que ruborizou ao ouvir a voz do outro lado do celular.

— Eu... Eu estou ah... Na casa do Remus... – ela gaguejou e eu franzi o cenho. – Quem falou isso? – ela virou um morango. – Holly... Claro... – ela passou a mão pela cabeça. – Tá, tá... Tá, mãe. Beijo – ela finalizou a ligação e se jogou no sofá.

— O que houve? – perguntei.

— Houve que a minha mãe já descobriu que nós estamos juntos – ela bufou.

— E isso não é bom? – perguntei estranhando e ela me encarou.

— Claro que não. Holly não tinha nada que ter contado para a minha mãe, não faz nem vinte e quatro horas que ela sabe e já foi espalhando por aí... Eu não sei se estou preparada para que eles saibam que estou num relacionamento... Quer dizer, foi tão... Rápido.

            Aproximei-me do sofá e suspirei.

            – Lily, eu não vou correr com as coisas. Faremos tudo no nosso tempo. Se você não estiver pronta para assumir as coisas... Bem, não vai ajudar muito, já que a sua mãe já descobriu e...

            – Tem razão... – ela suspirou. – Mas que droga... – ela passou a mão pelo rosto e eu suspirei.

            Aquilo me dava uma leve impressão de que Lily não estava disposta a assumir o nosso namoro publicamente, o que certamente seria um problema, já que eu tenho exigências com esse ponto. Ir devagar é uma coisa, mas empacar no meio do caminho é outra bem diferente. Lily parecendo notar o meu desconforto a respeito à reação desesperada dela, se ergueu para dizer alguma coisa que não saiu, porque ouviu-se um baque do lado de fora da casa.

            Fomos apressados até o lado de fora e encontramos Holly e Sirius numa posição... Digna de casal. Sirius segurava Holly como se a salvasse de um acidente. Hall, ao perceber que estava sendo observada, fechou a cara e empurrou Black para longe.

            – Agh! Que porcaria de vômito! Vou limpar isso agora – ela acrescentou enraivecida ao ambiente silencioso de observadores da cena e passou por nós todos indo para o lado de dentro. Vi com o canto dos olhos minha ruiva cruzar os braços e fuzilar Sirius com os olhos.

            – Que foi? Ela escorregou no tapete e ia cair se não fosse por mim – ele comentou com naturalidade.

            – Você sabe que não é só isso... – Lily comentou revirando os olhos. – Quando vai parar de ser idiota e pedir ela em namoro de uma vez só?

            Sirius cruzou os braços e se se encostou à parede de tijolos da entrada da casa de Remus, fitando o horizonte sem dizer uma só palavra.

            – Não vai dizer nada? – Lily insistiu.

            – Mas que droga... Eu... Eu pedi, Lily – ele se estressou, virando seu olhar para Lily e eu. – Pedi desculpas por minha insensibilidade, mas acha que ela me escuta? Ela é tão difícil quanto você quando se trata de perdoar as pessoas. Não adianta mais, ela não me quer – ele deu de ombros e voltou a olhar para o além – coisa que ele fazia quando estava sentindo que seu ego precisava de uma animada–. Ego, uma palavra de muito efeito entre as pessoas que vivo.

            – Também não é assim... Você sabe que ela gosta de você, ela só está chateada... Dê um tempo para ela... – Evans continuou, mas foi interrompida.

            – A questão é que eu não quero um tempo, Lily. Ou ela para de frescura ou eu estarei prestes a desistir dela – ele disse rabugento e eu revirei os olhos.

            – Por que você não tenta só mais uma vez? Uma tentativa a mais pra mim funcionou... – falei e olhei de esguelha para a minha ruiva, que corou.

            – Tanto faz... – ele suspirou e se calou ao ver que a moça tinha voltado abaixada, tirando o excesso da nojeira, antes conhecida como piso da entrada.

            O silêncio se agravou e eu suspirei. Lily, parecendo se lembrar de alguma coisa, se apressou em manifestar-se.

            – Mamãe convidou a gente para jantar na casa dela hoje a noite, para comemorarmos o meu início de namoro com James – sorri para ela.

***

            Tinha colocado uma roupa muito estilosa nos padrões James Potter. Uma jaqueta preta, camisa estampada por baixo e uma calça de linho que combinava com tudo. Tinha me arrumado com um pouco de dificuldade, já que tinha que lidar com esse lance de cadeira de rodas sozinho, pelo menos no quesito banho.

            Depois de pronto, me dirigi até o apartamento de Lily e aguardei a porta se abrir. Quando vi minha ruiva pronta, juro que desaprendi como se recuperava o fôlego. Céus, essa é a minha namorada. Se estou acreditando? Nah, ainda não tinha tido a menor ideia do que sequer era cair a ficha.

            Ela usava uma blusa de seda negra com alguns desenhos vermelhos, mangas longas e uma calça de mesmo tecido. Seus cabelos rubros estavam encaracolados até abaixo dos ombros e estava de longe muito perfumada.

            – Você está... Linda e... – sorri um pouco envergonhado.

            – Obrigada... – ela apertou as próprias mãos e sorriu envergonhada, me beijando rapidamente.

            – Vejo que está usando o perfume que eu te dei... – terminei minha sentença sorrindo.

            – Você o mesmo, huh? – ela riu baixinho e deixou um breve beijo no meu pescoço. – Parece que eu acertei no meu... – ela completou e me empurrou até o elevador.

            – Deus, como eu odeio estar nessa cadeira...— murmurei para mim mesmo fechando os olhos.

            – Hm? – Lily perguntou sabendo que tinha ouvido alguma coisa.

            Suspirei passando minha mão direita pelos cabelos. Estávamos no térreo e já esperávamos por Sirius vir nos buscar na fachada do prédio.

            – É só que... Eu realmente não aprecio estar em cima dessa coisa e não poder jantar de maneira descente com os pais da minha namorada – disse emburrado e ela se colocou na minha frente.

            – James... James olha pra mim – ergui meu olhar emburrado, encontrando-o com o de Lily e suspirei. – Para de se preocupar com coisa boba. Meus pais sempre gostaram de você e não é porque está com um braço engessado-

            – E uma perna – completei.

            – E uma perna imobilizada que você vai significar menos...

            – Você não entende como é estar aqui e não poder te abraçar do jeito que eu quero – sacudi a cabeça e ela bufou.

            – Pare de se preocupar com essa besteira! – ela segurou o seu queixo. – Não estou te namorando por pena, mas que droga, James... – ela suspirou meneando a cabeça e desviou o seu olhar de mim.

            – Tem razão... Me desculpe... – falei e segurei a mão dela, acariciando-a com o polegar.

            – Eu vou te ajudar, ok? Então pare de se comportar com infantilidade... – ela terminou e eu afirmei me calando. Ordens inegáveis de minha Lily.

            Sirius não demorou a chegar, entrei no banco de trás com Lily e seguimos para Little Whinging. O caminho foi silencioso até a casa dos Evans, provavelmente Holly iria no carro de Remus, junto com Dora, que à propósito tinham finalmente começado a ficar, por iniciativa da garota, obviamente. Peter tinha sumido pelo restante do dia e não estava atendendo minhas ligações, então decidimos partir sem ele.

            Por volta de quarenta minutos, Almofadinhas já estacionara o carro na frente da casa dos pais de Lily, e a senhora Evans nos acolheu à porta de casa.

            – Ah, James, querido! Esperei tanto por esse dia! – ela me abraçava com força. – Sempre soube que essa aqui gostava de você, mas era orgulhosa demais para admitir.

            – Acredite em mim quando digo que esperei tanto quanto a senhora por este momento – sorri e beijei a mão de Lily logo depois que Jessica me soltara, isso fez com que ela passasse rapidamente a mão pelo rosto tentando se desvencilhar de uma lágrima que lhe escorrera no rosto.

            O pai de Lily logo se aproximara para apertar a minha mão.

            – Senhor Evans... Sei que foi de repente, mas sei que se tivesse a chance eu teria pedido ao senhor para que eu começasse a namorar Lily – ele me escutou e gargalhou, sorri de volta um pouco constrangido.

            – Pode me chamar de John, Potter— ele enfatizou meu sobrenome por ser uma mania de sua filha e deu uma palmadinha nas minhas costas. – Seja bem-vindo à nossa casa, estamos muito felizes em recebê-lo – agradeci em um aceno com a cabeça e Lily me guiou até a cozinha, onde já se encontravam sentados Petúnia e um rapaz corpulento.

            Depois de todos terem chegado, nos sentamos à mesa e nos servimos. A janta consistia em um espaguete com almôndegas suecas, frango assado e salada, com algumas garrafas de bebidas que envolviam vinho, uísque e cervejas amanteigadas.

            – Está tudo muito bom, senhora Evans – Remus comentou depois de dar uma piscadela a Tonks, que o espiava durante a refeição.

            – Ah, muito agradecida, Lupin – ela sorriu. – Mas, por favor, sem formalidades hoje, certo? Jessica e John por hoje, certo, amor? – a senhora Evans olhou para o marido, que afirmou com a cabeça abrindo um sorriso simpático, na qual Lily e Petúnia se desandaram a rir, todos na cozinha as fitaram.

            – Tem salada no seu dente, pai... – Petúnia comentou e como John na fez objeção em relação às risadas, todos à mesa acompanharam.

            – Mas como vão as coisas, James? A recuperação tem sido boa? – John tentou mudar o rumo da conversa provavelmente para que a risada da filha magrela se dispersasse pelo ambiente.

            – Muito bem, John. Melhor agora – sorri e limpei minha boca com o guardanapo antes localizado no meu colo. O rapaz ao lado de Petúnia não parava de me encarar.

            – Fico feliz. Quero que saiba que não temos palavras para descrever o quanto estamos gratos por ter salvado a vida da nossa filha. Você é muito corajoso, rapaz... Estarei honrado em recebê-lo como membro da família muito em breve – ele comentou e notei de longe que Lily ruborizara da cabeça aos pés, os olhos saltando para fora do rosto.

            – Pai! – ela o repreendeu.

            – O que foi, querida? – ele sorriu como se tivesse dito a coisa mais natural do mundo. – Alguma hora você terá de casar, não é? E sua mãe e eu esperamos, sinceramente, que seja com James Potter – ele falou e eu me senti o melhor. O pai da minha Lily falando uma coisa dessas para mim? Fato para se orgulhar. Lily permaneceu estática, totalmente constrangida diante da situação, eu, por outro lado, sorri de orelha a orelha.

            – Muito obrigado, senhor... Digo, John — pigarreei. – Me sinto muito honrado por receber as bênçãos pelo nosso relacionamento, estou muito feliz – disse sinceramente. – Um brinde? – cada um encheu sua taça de vidro com a bebida escolhida e todos ergueram a taça e eu esperei que o dono da casa dedicasse o brinde.

            – Ah, por favor, James. Faça as honras, querido – Jessica pediu com um sorriso singelo no rosto e eu afirmei.

            – Bem, a todos nós aqui reunidos nesta mesa hoje, que não são só bons amigos, mas também uma família para mim – sorri e depois de escutar alguns “awn” das meninas, as taças tilintaram-se entre si e eu bebi um gole do meu vinho.

            Depois do jantar, as meninas sentaram-se no sofá e os garotos acompanharam o senhor Evans pela sala que mostrava suas coleções de miniaturas em meio a umas boas conversas sobre carros. Quando o papo era carro eu me interessava bastante, inclusive porque era uma das coisas que eu mais gostava. Lembrando-me do meu carro, varri a estante da coleção de carrinhos em miniatura e achei o pequenino Ford Thunderbird 1955 da cor branca por ali, que era exatamente igual ao que eu tinha em tamanho real.

            Podia sentir que o clima tenso de alguma maneira, Sirius e Holly não param de lançar olhares furtivos um para o outro, como se quisessem se engolir com os olhos, respirei fundo e tentei ignorar esse detalhe.

            – É... Esse é o meu preferido também – John comentou quando me pegou olhando o carrinho branco. – Costumava usar ele no criado mudo do quarto, mas como ele me lembrava de Lily, trouxe-o de volta para junto da coleção.

            Imagino o quanto deve ser difícil para um pai passar tanto tempo longe de sua filha, ainda mais sendo a mais nova. Qualquer coisa poderia ser motivo para lembrar-se de Lily dentro daquela casa, pelo menos eu, quando deixei a escola, só conseguia vê-la em todos os lugares que passava. Acreditava que poderia ser a mesma coisa para o senhor e senhora Evans.

            – Entendo... – comentei. Quando ia acrescentar sobre as gerações dos Potter pela qual meu carro já tinha passado, Sirius descansou sua mão sobre meu ombro rapidamente.

            – Peter está me chamando para ajudá-lo com a vó dele agora. Não se incomode, pode ficar. Pode voltar a Londres pelo carro de Remus – ele olhou de esguelha para o amigo ao lado, pedindo confirmação e logo que concedida ele voltou a falar. – Vou ver se consigo fazê-lo falar – ele concluiu e eu assenti. Talvez fosse o melhor a se fazer no momento, muitas pessoas em cima de Rabicho agora não seria uma boa, ele andava estranho demais. Sirius saberia lidar perfeitamente com a situação.

            – Tudo bem. Qualquer coisa me avise, certo? – disse e ele afirmou com a cabeça, despedindo-se de todos os presentes e se retirando da casa, deixando uma Holly muito emburrada no meio das garotas que conversavam eufóricas no sofá.

            Ficamos por ali mais umas duas horas. Bebi uma dose de tequila com John e Remus, as meninas brincaram de adivinhação de mímicas, o que rendeu boas risadas e no final da noite, Lily se despediu dos pais com um abraço forte.

            Aluado nos conduziu de volta a Londres e, logo estava lá mais uma vez na fachada do prédio. Lils me conduziu até meu apartamento e me levou até a cama, onde ajudou a me deitar.

            – Não precisa se incomodar com isso, Lily...

            – Não seja tão orgulhoso, James Potter – ela comentou bufando e eu ri. – Deite aqui – bati no colchão indicando a ela que se deitasse ao meu lado. Ela arregalou os olhos.

            – Não vou dormir com você se é o que está pretendendo – ela disse direta e eu continuei gargalhando. – Não vejo graça – ela cruzou os braços e minhas risadas cessaram.

            – Ah, Lily... Eu só quero companhia, não vou fazer nada. Além disso, o que um debilitado como eu faria? – perguntei rolando os olhos e ela finalmente concordou. Lily tirou os saltos e se deitou com cautela colocando sua cabeça sobre meu peito. Acariciei seus cabelos, permitindo-os expelir um aroma de lírios suaves que há tempos me entorpecia. Cada átomo do meu corpo tinha ansiado tanto por aquele momento que a todo o momento que estava com ela eu gostava de me certificar se aquilo tudo não era mesmo um sonho.

            – Meus pais realmente gostam de você – ela falou depois de alguns minutos em silêncio e eu sorri encarando o teto do meu quarto pouco iluminado.

            – Tenho muita sorte, huh? – comentei e ela riu. – Só o namorado da Petúnia que pareceu não simpatizar muito comigo...

            – Ah, o Vernon... Aquele ali não simpatiza nem comigo. Não sei o que Petúnia viu naquele pançudo – ela disse e eu ri até que me faltasse ar. – O que foi? – ela perguntou me olhando com um sorriso lindo estampado no rosto.

            – Você é tão... Você, Lily Evans... – a admirei. – Sabe ser engraçada com palavras bobas que nenhum outro comediante saberia – ela corou e continuou me olhando.

            – Sabe aquela noite na formatura? – ela perguntou enquanto desenhava círculos imaginários com seu dedo indicador sobre a superfície lisa da minha camisa.

            – Sei... O que tem? – perguntei começando a me sentir receoso. Aquele dia não era alvo de boas lembranças para mim, por incrível que pareça.

            – Eu estava muito ansiosa para conhecer o Joe pessoalmente – ela começou. – Tinha... – ela parou, de repente, provavelmente tomando coragem para continuar falando. – Tinha me apaixonado por ele e quando descobri que ele não era ele e que, na verdade era você eu me senti profundamente enganada. Não por você ter me enganado, mas por pensar que tinha me apaixonado pelo Joe, quando na verdade me apaixonei por você – ela terminou e eu passei as costas de meu dedo indicador sobre suas bochechas mornas.

            – Lily Evans, você quer me matar? – perguntei e ela arregalou os olhos.

            – Não, claro que não! – ela exclamou.

            – Então não me diga uma coisa dessas quando tudo o que eu quero fazer é te beijar, e não só eu, mas nós dois sabemos que os beijos não ficarão apenas em beijos – comentei e mesmo que eu não pudesse distinguir muita coisa no escuro, eu sabia que ela tinha corado até o pescoço.

            – James Potter, não diga uma coisa dessas ou eu saio da sua casa agora mesmo! – ela me repreendeu e eu ri.

            – Eu te amo, Lily – ela parou de fazer tudo o que estava fazendo e me olhou nos olhos.

            – Droga, James Potter... Não diga uma coisa dessas quando tudo o que eu quero fazer é te beijar! – ambos rimos e eu aproximei seu rosto do meu, roçando nossos lábios. Não havia mais risadas, todas as forças em nossa volta pareciam não existir e eu só tinha olhos para a mulher que estava ali em minha frente, a que eu sempre sonhei em estar. Nossas respirações estavam cada vez mais descompassadas, os batimentos tão fortes que toques funcionavam como estetoscópios naturais.

Sabia que Lily era virgem e que tinha de fazer da sua primeira vez uma experiência boa, não só porque ela nunca tinha passado pela experiência, mas porque eu queria fazer com que ela se sentisse uma mulher de verdade, uma mulher amada por James Potter. Mas como proporcionar todas aquelas coisas quando meus movimentos eram totalmente limitados? Eu sou quem devia liderar aquela coisa toda. Tinha de me controlar, não era a hora. Mas como me manter plenamente são quando estávamos tão próximos, a um milésimo de jogarmos tudo para o ar? Como James Potter mantém o controle quando se trata de Lily Evans? Definitivamente não havia jeito.

Lily rendeu-se ao espaço que nos separava e eu a beijei com ternura, seus lábios macios acariciando os meus, nossas bocas se encaixando perfeitamente, movimentando-se na frequência ideal. Quando o beijo se finalizou, nossos olhares se cruzaram mais uma vez, antes que ela voltasse ao que fazíamos, só que dessa vez com mais pressa, havia desejo, desejo que exalava de ambos nossos corpos. Lily passou as pernas por cima de minha cintura, ficando com uma perna para cada lado da cama e tornou a me beijar mais uma vez.

— L...Lily... – sussurrei no intervalo entre um beijo e outro.

— James? – ela perguntou num mesmo tom, enquanto deslizava a mão pela minha camisa, desabotoando-a com agilidade.

— Você quer mesmo continuar com isso? Não sei se posso me controlar por muito tempo...

Ela não disse nada, apenas abriu a camisa e me ajudou a me livrar dela. Suas mãos deslizaram pelo meu tronco e eu senti meu corpo inteiro entrar em colapso. Como era possível alguém me enlouquecer com tamanha facilidade?

— Acho que isso foi um sim... – ela sussurrou com os beiços próximos de minha orelha e desceu beijos do meu rosto até o pescoço, enquanto isso sentia uma ansiedade enorme correr o meu corpo, como se cada órgão necessitasse imediatamente de alguma coisa a mais para continuar funcionando.

Minha mão direita passou de seus cabelos e desceu por sua blusa de seda até chegar ao seu cós, onde deslizei meus dedos por baixo do tecido e acariciei suas costas com delicadeza. Lily parecendo mais necessitada do que qualquer coisa no mundo, apressou-se em tirar a blusa de manga longa, ela parou por um instante parecendo meditar sobre qual seria o próximo passo, enquanto me permitia uma visão esplêndida de seu corpo. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, seus lábios se pressionaram contra os meus mais uma vez.

Agora estava entendendo: Lily queria assumir o controle. Sempre fora ela quem assumira o controle em tudo o que fez na vida; na escola, família, trabalho e agora ela estava assumindo o controle sobre mim, e não havia absolutamente nada que eu pudesse fazer. Não sabia se ela tinha estudado como faria no dia da sua primeira vez, mas de toda forma ela estava se saindo muito bem, e assim se manteria, ela faria o que quisesse de fazer e caso precisasse de ajuda com alguma coisa eu estaria ali pronto para dar um pontapé inicial.

            Direcionei minha mão quase instantaneamente até o botão da minha calça e o abri. Lily passou o tecido com cuidado por minhas pernas, até que ele caísse no chão. Logo depois, fez o mesmo consigo mesma e por fim estávamos eu e ela ali naquele quarto em plena madrugada de domingo, totalmente sozinhos, isso ainda me assombrava, de certa forma.

            Quando percebi que tinha realmente chegado a hora certa. Tratei-me de me proteger e fazer com que Lily não se desesperasse demais para não acabasse se machucando.

            – Está doendo? – perguntei a ela em meio nossa união, nossos lábios em constante trabalho. Ela demorou alguns segundos antes de responder, estava preocupado com isso.

            – Não, não tem problema. É normal, não é? – ela questionou como se obviamente já soubesse a resposta de cor e salteado.

            – Sim, não se preocupe. Estou aqui com você – assegurei-a e entrelaçamos nossas mãos, voltando ao beijo.

            No fim da nossa primeira noite de amor, Lily e eu trocamos poucas palavras, até porque não havia nada que pudesse expressar o quão mágico tinha sido cada movimento minimamente calculado. Todo cuidado era pouco. Precisão em cada beijo, em cada toque, em cada movimento. No dia seguinte eu provavelmente surtaria, considerando que minhas pálpebras pesadas não deixavam que eu surtasse de imediato.

            Notei que Lily tinha adormecido em meio às cobertas quando a ouvi ressonar. Tudo que eu pude fazer no momento fora sorrir, porque agora, de uma vez por todas, Lily Evans era totalmente minha.


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Notas finais do capítulo

É ISSO MESMO, PRODUÇÃO. JILY É REAL, FINALMENTE. VOCÊS NÃO TEM IDEIA DO QUANTO EU SURTEI ESCREVENDO ISSO AQUI.
PODEM COMPARTILHAR OS BERROS E OS SURTOS AQUI NOS COMENTÁRIOS QUE EU SURTO JUNTO KKKKKK.
Bem, obrigada por lerem até aqui e até a próxima bomba.
PS: Preparem os lenços para o próximo capítulo que vai ser pesado!



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