— Vamos namorar. – Ele repetiu talvez adivinhado o fato dela achar que não tinha entendido da primeira vez.

— Está brincando, não é? – Tentou parecer tranquila enquanto perguntava lentamente.

— De jeito nenhum. Ficamos bem juntos. Diferente do que disse antes, nós nos gostamos sim. – Ela queria muito saber o que ele estava pensando de verdade e sentindo.

— Ainda soa como uma piada.

— Não há motivos para não namorarmos.

— Edward, somos primos. – Ela o lembrou.

— Para ser franco, minha mãe era sobrinha do seu pai. E além do mais, o que mais tem na nossa família e no mundo são primos que mantém um relacionamento.

— Você nem gosta de mim da maneira certa para um namoro.

— Quem lhe disse que não? – Bella sustentou o olhar dele, mesmo assim ainda não conseguia perceber se era verdade. Retirou a mão da dele lentamente.

— Vou entrar.

— Bella, gosto de você desde sempre. Se isso não for suficiente, não sei o que seria.

— Você gosta de mim desde sempre? – Ele assentiu. - Não vamos namorar. – Bella entrou no seu quarto tentando sair daquela situação o mais rápido possível.

Ela trancou a porta do quarto, não iria vacilar quando Edward estava tão fora da realidade daquele jeito. Bella andou de um lado para o outro no quarto. Porque aquela sensação estranha não desaparecia?

— Isso não faz o menor sentido, não faz o menor sentido, não faz... – Repetia enquanto caminhava.

Quando se jogou na cama não entendia porque o seu coração estava tão acelerado. Era verdade que o achava bonito e ultimamente até mesmo sexy, charmoso, inteligente e estava sendo bom para ela como antes. Mas Edward escondia muita coisa por debaixo da máscara que ele implantou nele. Nem saberia dizer se aquele projeto de pedido de namoro tinha sido real.

***

Tinha sido estranho no café, mas Bella optou por fingir que ele não tinha dito nada sobre namoro ou gostar dela. Mas sentia-se ansiosa na presença dele, queria desfazer aquilo e não sabia como. Era chato estar sentindo esse clima logo agora que estavam voltando a ser mais próximos.

— Você esteve calada hoje. – Ela sorriu fracamente. – Isso é sobre o que eu disse? – Perguntou vendo que ela ainda se mantinha calada. Bella desafivelou o cinto do carro. – Espere. – Ele segurou o seu ombro. – Vai agir assim?

— Eu não sei como agir. Pensei que estávamos voltando a ser amigos e eu não sei porque você falou aquilo...

— Você acha que tem um motivo além do óbvio? Eu já disse que gosto de você. Quando te levei par o Di Ferro no seu aniversário de 18 anos, planejava revelar o que sentia, mas a noite não seguiu da maneira que eu pensava.

— Era isso o que você iria me dizer?

— Sim. – Edward recostou-se no banco olhando para frente. – Era isso. A muito tempo estou apaixonado por você. Desde sempre... – Não sabia ao certo o que buscava olhando para o seu rosto daquela maneira. Ela se sentiu acreditando naquelas palavras e novamente seu coração saltitou.

— Eu vou para a aula... - Mais uma vez Bella sente-se detida pela mão de Edward, mas desta vez, ela recebe um beijo no rosto antes de ser liberta novamente.

Como pode um simples beijo no rosto deixá-la tão tremula? Seu rosto pegava fogo e sentia sua pulsação forte em todo o seu corpo. Era como ter nascido naquele momento e então de repente fez uma careta de pânico. Como ela pode se sentir assim por ele? Deveria entrar num dos tantos fã-clubes de Edward Cullen e gritar como aquelas menininhas?

— Você vai ter um aneurisma? – Edward perguntou divertido.

— Idiota! – Bella saiu do carro se sentindo tola.  

***

— Ele disse isso?!

— Exatamente assim: “- Bella, a partir de agora vamos namorar.” – Bella contou sobre a noite passada e sobre ele a ter levado pela manhã.

— Nossa, porque me sinto como se estivesse assistindo um seriado quando você fala sobre a sua vida?  

— Então eu devo ter certeza de que tudo acabará bem?

— Tudo acabará bem. – Alice afirmou segura. – Eu te disse que ele estava te olhando apaixonadamente no outro dia.

O celular de Bella tocou. Estranhou por ser o seu professor de pintura.

— Oi, professor.

— Bella, tenho uma noticia não muito boa para te dar. – Começou grave. – Seu pai... Seu pai pediu para as pessoas responsáveis pelo evento retirarem o seu nome.

— O que?!

— Eles não fizeram...

— Eles tiveram que fazer sim. – Bella ouviu o tom nervoso surgindo na voz do professor. – Não tiveram escolha.

— Professor...

— Eu lamento muito, talvez você o convença da próxima vez. – Naquele dia tinha feito tanto progresso, estava certa de que o teria muito material para o evento, estava contente com aquilo. Se pudesse pelo menos levar alguma coisa para fazer em casa, mas temia que o pai visse e enlouquecesse. Ela não relaxaria aquela noite, teria que engolir.

— Obrigada por tudo, professor. – Bella desligou atônita.

— O que foi? Porque esta com essa cara?

— Não participarei do evento... Meu pai... – Bella levantou pegando a sua bolsa. Não estava mais com vontade de ficar ali naquela lanchonete cheia.

— Espera, Bella. Eu te levo para casa.

— Não... Preciso de algo terapêutico.

— Algo terapêutico? – Jared apareceu ao seu lado com as mãos nos bolsos jeans parecendo despreocupado. Naquele dia ele parecia um pouco mais arrumado, até seus cabelos estava penteados. – Você quer algo terapêutico? Brigou com o priminho? – Bella revirou os olhos impaciente para ele. – Ei! Não me olhe assim. Se quer algo terapêutico posso te oferecer.

— Bella não vai com você. – Alice avisou inclusive para a amiga.

— Fica com a gente Bella. – Jacob tentou ajudar Alice.

— O que seria isso? – Perguntou para Jared.

— Venha e verá.

— Ok. – Respondeu sem pensar. – Até mais. – Falou para os dois e acompanhou Jared até a ala de música. Tinha uma sala reservada para aquele horário. O professor ainda não estava, mas Jared entrou. Havia um piano lá, e base com algumas partituras.

— Sente-se. – Pediu para ela sentar ao seu lado no piano. – Tenho que praticar. Aquele velho tolo me faz praticar todos os dias como uma criança. Mas estou determinado.

— Você não tem mesmo educação. – Bella o repreendeu. – Como está a sua mão? – Ela viu que a ferida estava cicatrizando.

— Muito bem. – Ele abriu e fechou a mão para que ela visse. – Está bem o suficiente para encher os seus ouvidos com Fur Elise.

— Essa eu conheço. – Bella sorriu para Jared e o fez ficar mais animado.

Ele começou a tocar e repetiu mais uma vez. Em seguida tocou músicas mais populares e animadas para fazê-la sorri mais um pouco.

***

— Está omitindo coisas de mim, Edward. E eu não gosto disso. Temos uma relação totalmente honesta, não é mesmo? – Aro tentava falar displicentemente enquanto tamborilava os dedos sobre a mesa na frente de Edward. – Bella ainda estava inscrita como colaboradora artística para aquele evento. Você sabe que eu não quero que ela se distraia.

— Bella esta indo muito bem eu mesmo já dei uma olhada nos trabalhos dela.

— Você anda mudando de atitude com relação a ela. Eu gosto do fato de você gostar tanto da minha filha, mas abra seus olhos. Bella vai moldar você e você é um homem de negócios, não perca todas as habilidades que já adquiriu.

— Não deixarei de ser um homem de negócios.

— Que bom. Saia mais cedo e leve-a para passear hoje. Ela deve estar chateada. – Edward franziu a testa. O que ele não sabia?

— Porque?

— Pedi que retirassem o nome dela e então não participará mais da exposição. – Mentalmente ele deu um pulo da cadeira, mas principalmente diante do tio, tinha que se controlar.

— Não era nada demais... Era até uma boa publicidade para o nome dos Volturi.

— Sim, eu sei que poderia ser. Mas Bella se for estimulada não levará a arte apenas como um lazer. – Edward levantou-se tranquilamente, engolindo o desagrado.

— Não pode voltar atrás com isso? Talvez se a deixasse um pouco mais feliz...

— Isso é a sua função, eu sou o pai dela e me preocupo com o futuro dela e quem sabe dos filhos de vocês dois.

— Vou buscá-la. – Edward saiu da sala espumando. Porque ele tinha que agir daquele jeito com uma coisa daquelas? Bella ficará furiosa.

Saiu direto para a faculdade, esbarrou em Alice e Jacob no estacionamento. Os dois pareciam de saída, mas Bella não estava com eles.

— Como vão? – Ele os cumprimentou. – Viram Bella?

— Bella? – Alice pareceu pega de surpresa e Edward já sabia que algo tinha acontecido. – Ela... – Alice pigarreou olhando para Jacob pedindo auxilio. – Você está perguntando como um homem apaixonado ou como um Stormtrooper de Darth Vader? – Edward vincou os olhos irritadiços para Alice. – Não adianta me olhar assim. Responda: o que você é hoje?Um apaixonado ou um Stormtrooper?

— Alice... – Jacob suplicou ao lado dela sentindo a vibração tensa de Edward.

— Onde.a.Bella.está? – A pergunta foi pausada e Jacob se adiantou:

— Na ala de música. Ela foi para lá com o Jared.

— Jacob! – Alice lhe deu um soco no ombro fazendo-o se retrair de dor.

Edward quase correu para lá. Tentou algumas salas até que encontrou a que os dois estavam. Bella sentada do lado de Jared, ela ria com ele, estavam ombro a ombro. Jared vez ou outra meio que se debruçava para ela. Estava pronto para arrancá-la de perto dele, mas sentiu... Sentiu magoa naquele momento. Parecia tão fácil os dois juntos enquanto ele sempre tinha que persuadi-la a ficar com ele.

Edward mal suportava ver aquela cena, odiou intensamente Jared Cameron. Ele o tinha avisado da última vez, a partir de agora faria as coisas para que ele entendesse de vez. Voltou para o carro e ficou sentado recobrando o equilíbrio.

***

— Adorei a aula de piano. Sinto-me realmente mais relaxada.

— Eu disse, escute o que eu digo com mais facilidade da próxima vez. – Disse presunçoso.

— Sua personalidade é um tanto peculiar.

— Está tentando me dizer que gosta de mim? – Ele sorriu abertamente.

— Não.

— Gostaria que voltasse sempre para me ajudar a praticar.

— Eu gostaria muito disso. – Então eles pareciam estar se tornando amigos agora. Bella sorriu para a ideia. Uma mexa caiu sobre os olhos dela e ele a retirou colocando-a atrás de sua orelha. A forma como Jared olhou para ela, a fez retrair-se.

— Desculpe. – Ele ficou de repente tímido e foi a primeira vez que o viu daquela forma.

— Tudo bem. Terei que ir agora, mas volto assim que possível. – Ele voltou a sorrir.

— Te acompanharia, mas tenho que praticar e o velho tolo ainda nem voltou para ver.

— Fica para a próxima. Até mais.

Bella saiu relaxada e distraída pelo campus e apenas sentiu uma mão pegar a sua bolsa e jogá-la ao chão. Ela sentiu os joelhos baterem com força e ao olhar para cima viu um homem correndo com a sua bolsa. Antes que fosse cercada por muitas pessoas perguntado se ela estava bem, viu Edward saiu do carro e fazendo o ladrão cair. Edward não esperou ele levantar, o socou várias vezes sem lhe dar chances de defesa.

No momento seguinte apenas o viu afastando as pessoas em sua volta. Ele a carregou, estava com a sua bolsa nas costas. Outras pessoas cercavam o homem caído no chão. Percebeu que ligavam para a polícia. Ele a pôs no carro e afivelou seu cinto. Bella sentia muitas dores nos joelhos e sentiam que estavam inchados.

— Não está me levando para casa. – Ela concluiu ao ver o caminho que ele pegava.

— Temos que ver se está tudo bem com você. Seus joelhos estão muito inchados.

— Edward, isso é besteira. Daqui a algumas horas estou bem. – Ele a ignorou.

Bella foi examinada e trataram de suas feridas, mas não havia nada quebrado. Estava sendo liberada quando em uma oportunidade a sós com Edward achou que deveria agradecer.

— Muito obrigada. Você recuperou a minha bolsa e me trouxe para o hospital.

— Não poderia fazer diferente. – Bella estava sentada na maca e ele de pé em sua frente.

— O ladrão... Você o machucou muito. Ele estava desacordado?

— Estava. – Bella viu que Edward não se importava nem um pouco com o estado do homem que a assaltou. – Esta sentindo piedade dele? Ele não apenas roubou o que era seu como te machucou sem necessidade. Ele agiu com ódio gratuito. Não deveria ser ele a receber o seu olhar de censura?

— Não estou te censurando...

— Ah não? E o que é então? – Ele a desafiou.

— Estou grata. Só que... Não leve tão ao extremo da próxima vez. – Ele olhou bem para os olhos dela, queria entender porque todos recebiam a sua condescendência e ele não. Bella viu que alguns botões da sua blusa estavam perdidos. Ela sem pensar tocou em seu peito na altura dos botões. – Você os perdeu...

— Ele deve ter se agarrado a mim em algum momento... – E ele percebeu que estava sendo tocado por ela. Bella olhou para a pele que se revelava e subiu até o pescoço dele. Ela arfou quando viu a corrente em seu pescoço.

— Você a tem ainda... Você a usa. – Ela afastou a mão e ele tocou na sua corrente.

— Uso desde o dia em que você me deu. – Ela ficou vermelha e sentiu uma satisfação inusitada. – Lembrei de quando éramos crianças e você brigava na escola. Você nunca deixava eu resolver para você, você simplesmente ia lá e batia nas meninas que implicavam. E só depois você corria para mim e me agarrava firme. Eu gosto da sua independência, mas gosto também que se agarre em mim, principalmente quando se agarra firme. Sinto falta disso. – O silêncio só foi cortado quando ele voltou a falar novamente. Bella estava totalmente comovida com aquilo e simplesmente se deixou ficar ali. – Vamos. – Ele a ajudou a descer da maca, seus corpos se tocaram e Bella tomou coragem para abraçá-lo forte.

— Obrigada. – Ela lhe disse em seu ouvido. Edward retribuiu o abraço cheio de amor reprimido.

Quando ela se separou dele estava completamente tímida. Edward sorriu e acariciou o rosto dela. Aquilo era bem estranho para ela, mas ao mesmo tempo era tão bom que não conseguia afastá-lo.

— Eu ajudo você. – Edward a carregou novamente até a saída.  

— Isso é um exagero. – Ela resmungou.

— O médico disse para você não forçar. – Ele sorriu adorando tê-la nos braços com frequência.

Quando chegaram em casa Aro o repreendeu por não tê-lo avisado. Edward explicou que como não foi algo grave pensou em poupá-lo. Mesmo assim Aro continuou chateado com o sobrinho. Mesmo depois que Sue, Leah e Aro haviam saído do quarto, Edward continuou.

— Você pode ir também, descanse um pouco.

— Eu vou para deixar você dormir.

— Obrigada. – Ela repetiu sorrindo para ele. Edward teve certeza de que Bella tinha o sorriso mais lindo do mundo.

— Bella, você deve saber... – Ele segurou uma de suas mãos e a beijou. – Você é minha. – Ele a beijou na testa e a deixou completamente balançada. Bella sabia, estava se apaixonando.