Miraculous: Let Me Know You escrita por Mirytie
Notas iniciais do capítulo
Enjoy ^-^
Marinette vestiu-se em dez minutos, mas não saiu até Nathalie bater à porta, que aconteceu meia hora depois. Antes disso, tinha ficado a olhar no espelho, a perguntar-se como é que Adrien ia reagir ao vê-la com o vestido da mãe.
Provavelmente ia ficar chateado e não quereria aproximar-se dela durante o resto da noite. Mas os seus pais já tinham chegado e ela não queria deixá-los sozinhos com o senhor Agreste.
Por isso, lentamente, deixou a escuridão do quarto de hospedes e olhou em volta, com um bocado de medo. Como se fosse um esquilo assustado. Para começar, nunca tinha usado aquele tipo de vestidos, a não ser nas galas que Paris tinha organizado para a Ladybug e o Cat Noir. Estava mortificada.
Quando ouviu a porta ao lado do quarto de hospedes a abrir-se, um arrepio percorreu a sua espinha. Lentamente, virou a cabeça e viu Adrien a olhar para ela com um sorriso na cara. Ao ver a reação dele, ela tentou sorrir, mas teve que se forçar a fazê-lo.
— O meu pai emprestou-te um vestido? – perguntou Adrien, aproximando-se – Fica-te bem.
Então Adrien nunca tinha visto a mãe com aquele vestido, pensou Marinette, enquanto desciam as escadas em direção à sala de jantar. Fazia sentido. Ele era pequeno quando a mãe tinha desaparecido, pelo que ela sabia. As memórias que ele tinha dela não se deviam focar nas suas roupas.
Quando chegaram à sala de jantar, o senhor Agreste confirmou o que ela já tinha assumido. Sussurrou-lhe que Adrien nunca tinha visto aquele vestido e pediu para que não lhe contasse de onde é que ele tinha saído.
Marinette não tinha problemas em fazer o que ele dizia. Não queria dizer-lhe de qualquer maneira. Sabia como é que ele reagiria. Portanto, se alguém iria dizer de onde vinha aquele vestido, teria de ser o senhor Agreste.
Sentaram-se.
O senhor Agreste na ponta da mesa com o filho à sua direita. À sua esquerda, encontravam-se os pais de Marinette, seguida dela própria, que achava estar mais longe de Adrien do que desejava.
Vários pratos, com variados tipos de comidas começaram a chegar e a ser servidos. Por alguns momentos, ninguém falou. O pai de Marinette foi o primeiro a quebrar o siilêncio.
— A nossa filha tem-lhe dado muito trabalho, não tem? – perguntou o pai, mas só recebeu uma resposta passados alguns segundos e esta veio de Adrien.
— A Marinette não tem dado trabalho nenhum. – respondeu Adrien, enquanto o seu pai continuava em silêncio, a comer – Aliás, foi o meu pai que se ofereceu a guiar a sua filha. Certo, pai?
— É como dizes, Adrien. – respondeu Gabriel – A menina Duppein-Cheng é naturalmente talentosa. Não tenho qualquer trabalho em guiá-la para o seu futuro como designer.
O pai de Marinette achou que Gabriel tinha sido rude ao não responder diretamente à sua pergunta e, em vez disso, ter sido o filho a responder para obter alguma coisa do pai. Mas não disse nada, porque sabia que a filha tinha um grande respeito por aquele homem.
— Ela é muito talentosa. Começou a desenhar roupas com cinco anos. – gabou-se Sabina – E começou a costura-las quando fez oito anos.
— Estou a ver. Isso é realmente impressionante. – disse Gabriel – Presumo então que ela quer estudar numa universidade estrangeira. Posso recomendar-lhe universidades com ótimos programas de design.
O silêncio instalou-se outra vez. Desta vez, por causa das palavras de Gabriel, que tinham chocado Adrien e os pais de Marinette.
— Na verdade. – disse Marinette – Eu já escolhi a universidade onde quero entrar, aqui em Paris.
— A sério? – perguntou Gabriel, como se Marinette fosse um total idiota – Garanto-te que uma das melhores universidades para ti seria em Itália. E não muito longe.
— Considerando… - murmurou Marinette – Considerando todos os fatores, acho que seja extremamente longe.
— Todos os fatores? – perguntou Gabriel – Isto é por causa do Adrien? A vossa relação não devia afetar o teu futuro.
Silêncio novamente. Por isso, Gabriel decidiu continuar. - Se um dia acordares e arrependeres-te de não teres ido para Itália, não vou deixar que culpes o meu filho.
O pai de Marinette decidiu que estava na altura de intervir. Por muito que não o quisesse fazer, tal como Gabriel estava a proteger Adrien, ele tinha de proteger a sua filha.
— Eu não criei a minha Marinette dessa maneira. – disse o pai, surpreendendo Marinette – Se ela diz que considerou todos os fatores, com certeza que o seu filho não é um deles. Desperdiçar uma oportunidade tão boa por causa de um rapaz? Nunca. Se a Marinette não quer ir para Itália, é porque já pensou no assunto com cuidado.
Marinette viu as sobrancelhas de Gabriel a franzirem-se ligeiramente. O pai de Adrien não gostava quando se opunham a ele e o pai dela tinha acabado de fazer isso com uma eficácia de que Marinette secretamente orgulhava-se.
— Eles são jovens. – disse Sabina – É óbvio que vão deixar certas decisões ou ações serem afetadas pelos seus sentimentos. Mas acho que estes dois jovens são espertos suficientes para não deixar que afete o seu futuro. Aliás, a Marinette já nos tinha informado da sua decisão antes de conhecer o seu filho.
Isso era mentira, pensou Marinette. Mas sabia o que a mãe estava a tentar fazer e não ia meter-se nisso.
…
O pai de Marinette acabou a refeição mais chateado do que Gabriel e isso assustou Marinette, porque ela podia responder a Gabriel…ao contrário do seu pai.
— Eu vou só mudar de roupa. – disse Marinette, quando já todos tinham terminado – E depois pudemos ir para casa.
— Disparate. – disse Gabriel, chamando Nathalie para que esta lhe desse um casaco – Podes vir buscar a tua roupa amanhã.
— Ao menos a minha mala…
— Marinette. – disse Sabina, um bocado chateada – Ninguém vai roubar-te nada.
Gabriel sorriu para si mesmo. Mas este desapareceu quando Marinette disse que tinha lá o telemóvel e que não o podia deixar ali. Correu escadas acima antes de alguém poder dizer alguma coisa que refutasse o seu motivo e fechou a porta atrás de si.
Suspirou fundo, enquanto Tikki saía da pequena mala de Marinette.
— O que é que se passa, Marinette? – perguntou Tikki – Ouvi uma discussão, lá em baixo.
— Vamos embora, Tikki. – disse Marinette, pegando imediatamente nas suas roupas que tinha deixado dobradas em cima da cama e na sua pequena mala – Entra.
Tal como lhe tinha dito, Tikki escondeu-se dentro da mala quando Marinette abriu a porta. Gabriel já não parecia tão contente quando ela se juntou aos pais.
— Também levas a tua roupa? – perguntou Gabriel – Podias vir busca-las amanhã.
— Não há necessidade para isso. – disse Marinette, forçando um sorriso – Não quero incomodá-lo.
— Não seria incomodo nenhum. – garantiu Gabriel – Afinal, o meu filho parece gostar da tua companhia.
Marinette não se lembrou de olhar para Adrien. Estava demasiado ocupada a pensar nos eventos passados. Adrien olhou para Marinette, um pouco preocupado. Esperava que o pai não a tivesse assustado. Ele tinha tido muito trabalho a chegar onde estavam.
Mas ela acabou por ir para casa acompanhada pelos pais, sem que ele tivesse a oportunidade de lhe perguntar se estava tudo bem.
…
De pijama, Marinette encontrava-se em frente à sua secretária, a pensar. O vestido já tinha sido passado a ferro e estava agora dobrado ao lado do casaco de pele, aos pés da sua cama. A sua própria roupa já tinha sido lavada e reposta no seu passado.
— Marinette, estás assim desde ontem à noite. – mencionou Tikki, flutuando em frente à sua cara – O que é que se passa? Sabes que podes contar-me.
— Marinette, o pequeno-almoço está pronto. – anunciou a mãe, da cozinha.
— Desculpa, Tikki. – pediu Marinette, levantando-se para se vestir – Eu acho que não te posso contar isto até ter a certeza absoluta.
Tikki não percebeu, mas decidiu concordar com o acordo.
— Dormiste bem? – perguntou Sabina, mas a filha não respondeu – Tens alguma coisa para fazer, hoje? – continuou sem resposta – Marinette!
Marinette piscou os olhos várias vezes, como se tivesse acabado de acordar, e olhou para a mãe – Sim?
— Marinette, onde é que estás com a cabeça? – perguntou Sabina, cruzando os braços – Ainda nem tocaste na comida. Estás indisposta?
Marinette abriu a boca para responder à mãe, mas o pai interrompeu-a. – O rapaz do Agreste está aqui para te ver, Marinette.
— O Adrien? – perguntou Marinette, vendo o pai a anuir com a cabeça.
Marinette levantou-se e passou pelo pai. Este ia segui-la, mas Sabina chamou-o.
— “O rapaz do Agreste” passou um dia em nossa casa para ver como estava a Marinette, quando ela partiu a perna, querido. – disse Sabina – E, se bem me lembro, tu gostaste dele. Não precisas de começar a tratar de uma maneira diferente só porque o pai foi rude connosco. Ele é o mesmo rapaz que jogou contigo e com a Marinette durante uma tarde inteira.
— Estou a pensar no futuro da nossa filha. – disse ele – O que é que acontece se ela acabar por se casar com o rapaz e tiver de conviver com aquele homem todos os dias?
— Aceita o rapaz, querido. – pediu Sabina – Porque a tua filha não vai desistir dele só por tu dizeres que ela já não o pode ver daqui em diante.
— Eu sei. – murmurou o pai, pegando num pão que estava em cima da mesa.
…
Adrien estava à espera de Marinette na pastelaria, mas, como esta se estava a encher de clientes, eles decidiram ir dar um passeio matinal.
— Ontem estavas estranha. – começou Adrien – Pensei que talvez estivesses doente.
Marinette abanou a cabeça. – Só tinha coisas em que pensar.
Eles continuaram a caminhar em silêncio durante alguns segundos.
— Vais à praia? – perguntou Adrien, do nada – Quer dizer…pensei que já tinhas combinado alguma coisa com a Alya. Ela disse-me que ia com o Nino e gostava que eu fosse com eles.
— Ela não me disse nada. – revelou Marinette, tirando o telemóvel da mala. Tinha 11 chamadas não atendidas – Por outro lado…
Adrien riu-se. – Deve ter-te telefonado ontem à noite, quando não estavas sem o teu telemóvel.
— Provavelmente. – murmurou Marinette, vendo o parque ao longe. Tinha planeado passar aquele dia ali, mas eles já estavam a dar a volta para voltarem à pastelaria – Não sei o que vou fazer.
— Eu só vou se tu fores. – disse Adrien, surpreendendo Marinette – Se for sozinho, vou ser a terceira roda no encontro dos dois.
Marinette sorriu.
Conversaram sobre coisas triviais até chegarem à pastelaria, onde Marinette entregou o vestido, os sapatos e o casaco a Adrien, dentro de uma saca de papel. Despediram-se depois de Marinette prometer-lhe que ia ligar se aceitasse o convite de Alya.
O pai, que estava a atender os clientes, não lhe disse nada, quando ela passou por ele para subir. A mãe não estava lá. Provavelmente tinha ido entregar alguma encomenda.
Marinette subiu para o seu quarto. Tikki saiu imediatamente da mala, quando a sua dona a atirou para cima da cadeira da sua secretária. Marinette foi até ao seu armário e tirou o biquíni que tinha usado no ano passado. Ainda estava na moda, pensou ela, depois de olhar para ele durante alguns segundos.
Dirigiu-se até ao seu espelho, tirou o casaco, a camisola e suspirou quando viu as pequenas cicatrizes nas suas costas e no seu abdómen. Já não ia à praia desde que se tinha aceitado ser a Ladybug. Parecia que ia ter de comprar um fato-de-banho.
Um bocado deprimida, atirou o biquíni para cima da cadeira. Não ia culpar Tikki. Se não fosse por a sua kwami, ela teria cicatrizes muito maiores e iria parar ao hospital mais de uma vez por semana.
— Elas vão desaparecer. – disse Tikki, um bocado triste.
— Não faz mal, Tikki. – garantiu Marinette, voltando a vestir a camisola e o casaco – Eu posso ir para a praia na mesma.
E, para garantir que estava bem, Marinette telefonou à melhor amiga para confirmar a sua presença.
Depois daquilo, no entanto, teria de passar o resto de Verão a pensar na sua teoria.
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