Tinha começado há pouco tempo. Marinette tinha começado a sentir um terrível peso nas suas costas. Culpa. Tinha descoberto que o Cat Noir não era sempre necessário. Só quando o perigo era grande e a Ladybug precisava de ajuda.

E então tinha-se sentido inútil e fraca. Se antes não tinha a certeza se tinha sido a escolha certa, agora tinha a certeza.

Para além disso, sentia-se responsável pela vida do Cat Noir. Não sabia quem estava por detrás daquela máscara, mas sabia que ele teria um futuro brilhante, se ela não fosse tão fraca.

Até tinham chamado o Jin para ajudá-lo quando ela tinha estupidamente recusado ir ao hospital, depois de magoar o joelho…

Claro que sentia-se sempre mais confiante de si mesma, quando estava no fato da Ladybug e sabia perfeitamente bem que, uma boa parte do trabalho do Cat Noir era protege-la, enquanto ela tratava do Akuma e fazia com que tudo voltasse ao normal.

Mas, ao ver aquelas borboletas que escureciam o céu azul a vir na sua direção e o Cat Noir já no local, ela sentia-se perdida. Não conseguia pensar em nada, nem ouvir a sua kwami, que repetia que ela tinha de ir transformar-se. Só conseguia murmurar para si própria, implorar, para que o Cat Noir fosse embora.

— Marinette! – gritou Tikki, finalmente obtendo a atenção da dona – Precisas de lutar.

Não só lutar contra os akumas, mas também contra os seus medos.

Marinette anuiu com a cabeça e foi para um lugar onde se pudesse transformar. No entanto, antes de começar a apanhar e a purificar os akumas, ela queria que o Cat Noir se afastasse.

Daquela vez, não era uma pessoa que se tinha transformado e ela não se podia transformar numa pessoa akumatizada, por isso não precisava de ser protegida. Não precisava dele. Era o que lhe ia dizer.

As férias não tinham começado bem. Principalmente quando ele não aceitou a sua desculpa e, em vez disso, ainda teve mais iniciativa para ficar e ajudá-la.

Demorou cerca de uma hora a apanhar e a purificar todos aqueles akumas, que não pareciam dirigir-se a nenhuma pessoa vulnerável à volta deles, o que os confundia. Porque é que o Hawk Moth tinha enviado tantas borboletas então?

— Porque é que disseste aquilo? – perguntou ele, quando já tinha tudo acabado – Que não precisavas de mim, desta vez?

— Era verdade. – respondeu ela – Era um trabalho fácil e nós não pudemos ser akumatizados. Eu podia tê-lo feito sozinha.

Ele decidiu não lhe contar que o Jin lhe tinha dito que eles podiam ser akumatizados, ao contrário do que ela pensava.

Um bocado amuado, ele virou costas sem dizer mais nada e afastou-se, até ela já não o ver. Ela suspirou, escondeu-se entre algumas árvores e destransformou-se. Sentou-se num dos bancos do jardim, sem reparar na borboleta negra que repousava, também escondida, numa das árvores, como se estivesse a olhar para Marinette.

No seu covil, rodeado por borboletas puras, Hawk Moth sorriu maliciosamente.

Tinha-a apanhado.

Só mais um bocado, e ela estaria completamente nas suas mãos.

— Só mais um bocado. – murmurou ele, antes de a janela se fechar.