Jane escrita por CherryBlue


Capítulo 6
Capítulo V- Angel in blue jeans


Notas iniciais do capítulo

Oláááá! Como vocês vão neste fim de semana? Ah, eu espero que muito bem ♥

Bom, eu preciso continuar agradecendo vocês por todos os comentários que vocês deixam. Eu fico super feliz e eles me animam tanto! Obrigado ♥

Falando de coisa séria, boa leitura para vocês ♥



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Jane notou que Castiel estava andando até si, com sua famosa expressão animada e, ao mesmo tempo, serena. Mas havia algo mais em seu rosto desta vez: ele parecia estranhamente preocupado, mesmo que não quisesse demonstrar. Será que ele e Luke haviam conversado sobre algo tão sério a ponto de perturba-lo? Era bem possível: o deus parecia fazer o tipo de pessoa que não se importava muito com o sentimento alheio. A garota abaixou a cabeça ao perceber que o anjo estava quase chegando à seu banco, e parecia hesitar, mas sua mente se recusava a dar importância para aquilo.

 Estava perdida em seus próprios pensamentos que se colidiam um com o outro causando-lhe, vez ou outra, pontadas de dores de cabeça. Seus problemas haviam começado tão tímidos, e agora viraram famosas atrizes pornô: De um banco de mármore para um avião de luxo. Porém, embora tentasse a todo custo manter-se nessas linhas de pensamentos, não conseguia tirar da mente a visão do deus que vira mais cedo. Aquilo estava mexendo totalmente com seus instintos mais primitivos, e eventualmente se via suspirando ao lembrar-se da cena. Parou por um momento para pensar no motivo de achá-lo tão familiar, mas foi tirada de seus devaneios pela voz angelical e doce de Castiel.

— Você sabia que as girafas machos bebem a urina da fêmea quando querem acasalar? – Comentou espontaneamente enquanto sentava-se na cadeira ao lado da garota, e ela se virou com uma expressão incrédula e com os lábios entreabertos, mostrando-se inconformada com o que ouvira.  – Não me olhe assim, eles fazem isso para saber se ela está preparada. – Disse se fingindo de ofendido, depois rindo. – Eu sei, é estranho.

Você é estranho, Castiel. – Disse fechando os olhos enquanto dava risadas controladas. – Você tem que parar de ver reportagens da BBC.  – Olhou para frente ainda sorrindo, depois se voltando novamente ao anjo que a olhava ternamente com um sorriso bobo.

Não podia evitar de ficar imensamente feliz na presença dele, o simples fato de ele estar por perto era algo tão estranhamente confortante que parecia sobre humano. Mas ele era um anjo, afinal. Passava-lhe calma e serenidade, sempre estava contente, e ela agradecia muito por ter tido a oportunidade de conhecê-lo, entretanto, haviam algumas coisas que a incomodavam vez ou outra. Para Jane, Castiel era como um grande amigo imaginário que sempre seria seu protetor, um irmão mais velho, ou até mesmo um pai. Mas, por algum motivo, ele não parecia pensar bem assim: a tratava como uma criança indefesa.

Ficou presa nesses pensamentos sem notar que cada vez mais o anjo se aproximava de seu rosto, e quando percebeu, sentiu as bochechas arderem e as pernas bambearem por estar tão perto a ponto de sentir a respiração quente dele em seu pálido rosto. Olhou para o lado confusa e deu um sorriso sem graça a fim de fazer aquela pequena tensão momentânea se dissipar, e de canto de olho pode observá-lo curvar a cabeça lentamente com uma expressão curiosa. Suspirou pesadamente. Por que ele ficava tão próximo a ela, afinal? Sempre preocupado, sempre a ajudando, será que ela merecia mesmo isso? Via-se como uma simples humana inútil, sem importância na história.

Juntou as mãos tentando buscar palavras, porém nada saia. Estava estranhamente sem jeito, mas ao constar pela sua timidez, não era algo que a surpreendesse. Lembrava-se bem de viver se escondendo dos olhares em todo lugar que ia, e como era desconfortável ser o centro das atenções, ou até mesmo ficar perto de alguém do sexo oposto. Tinha perdido a conta da última vez que ficara tão aproximada de um rapaz, e nunca acreditaria se contassem que ficaria assim com um anjo ruivo de olhos azuis. Riu dela mesma.

Lembrou-se vagamente do teatro da escola na oitava série. Por algum motivo tivera de interpretar Ophelia, uma jovem da alta nobreza da Dinamarca em uma das Quatro Grandes Tragédias de Shakespeare, Hamlet. Ophelia se caracterizava um tanto traidora de seu ponto de vista, e como esperado por ser a esposa do protagonista, desempenhou importantes diálogos ao longo da peça. Ou pelo menos, tentara. Acabava por tropeçar nas palavras, ficar extremamente envergonhada por ter de ficar tão próxima à Mike – seu antigo amor, que interpretou Príncipe Hamlet – e causava gargalhadas na plateia por ser tão desajeitada. Riu sozinha com as lembranças que esses tempos a traziam.

Foi novamente tirada de seus devaneios pela voz do anjo. 

— Você vai gostar do nosso piloto.  – Começou Castiel em um tom vergonhoso, porém quando notou que ela o dava atenção completa, pareceu sentiu-se seguro de prosseguir. – Ele é muito humano, parece até com o homem do cubo de vidro da sua escola. – Enquanto indagava, fazia alguns gestos para expressar suas ideias, o que fez a morena rir e arquear uma das sobrancelhas. Jane gostava do modo como ele tentava agir de modo parecido com os humanos normais.

Escola, uma das maiores preocupações de Jane. Quanto tempo mais ficaria ali, nessa tal Santa Igreja? Não deveria estar viajando, deveria estar em casa estudando para a sua prova de Física que valeria uma bolsa importantíssima para uma das melhores universidades do país, e que poderia a alavancar profissionalmente de maneira absurda. Mas nem sequer sabia quanto tempo teria se passado desde que encontrou o ruivo pela primeira vez, tinha perdido totalmente a noção do tempo. A única coisa que se lembrava é que teria acordado de seu sonho quase-esclarecedor nesse mesmo dia em que estava. Ou pelo menos, achava isso.

Ia falar algo para o outro, mas sua atenção foi tomada pela nova figura que estava entrando pela grande porta do avião. Era um homem escuro, alto, e o que mais chamava atenção eram suas roupas: Usava um manto parecido com o de Katherine, porém um pouco mais másculo, com detalhes vermelhos que combinavam perfeitamente com as grandes pulseiras de metal, também vermelhas, com detalhes em prata, e as botas de mesma cor. Essas últimas, por sua vez, traziam asas reluzentes numa luz amarela, a mesma luz que emanava de uma espécie de tiara que ele trazia na cabeça. Jane olhou para Castiel e esse não parecia nem um pouco surpreso, apenas sorria em direção daquela pessoa tão diferente. Seria essa a definição de “parecer humano” para o anjo? Observou o homem caminhar até ficar frente à frente deles, sorrindo abertamente.

— Jane, este é Hermes. – Castiel disse apontando-lhe e olhando para ela, depois se voltando para o homem de cabelos pretos encaracolados. – E essa é Jane, Hermes. A nossa Luxúria. – O homem deu um sorriso de canto ao notar a voz abobada que o anjo fazia quando citava a moça que estava ao seu lado, parecendo achar algo interessante. Jane sentiu-se corar com o olhar que ele a dirigiu.

— É um prazer conhecê-lo, Hermes... – Começou ela, fazendo uma pausa com uma expressão interrogativa enquanto o encarava. – Espere... Hermes... OH MEU DEUS, HERMES? – Arregalou os olhos enquanto praticamente gritava e olhava incredulamente para o homem que parecia surpreso, de olhos arregalados. Sobressaltada, olhou para Castiel. – Hermes? Hermes? O deus Hermes?

— O próprio, é uma honra que me conheça. – Disse ele enquanto estendia-lhe a mão, sendo logo em seguida retribuído pela moça ainda impressionada. – Hermes, o mensageiro, deus das viagens, tudo isso que já te falaram. Não fique com medo, eu não mordo.

— Eu sou sua fã. – Ela permanecia paralisada com os olhos arregalados e a boca entreaberta. O deus parecia ter gostado dela quase imediatamente pela sua espontaneidade, visto que sorria cada vez mais abertamente, como se estivesse confortável. Também pareceu notar quando o ruivo fechou a expressão e olhou para o lado parecendo irritado, e não pode conter uma risada um pouco mais alta, que Jane achou particularmente charmosa. Não respondeu a menina, apenas se curvou de forma agradecida.

— Onde está Luke? – Perguntou Hermes olhando para todos os cantos, preocupado. – Ele está bem, não está? – Colocou as mãos no peito temendo,  com certeza, pela resposta. Por mais inexpressivo, irritado, apático, egoísta e egocêntrico que Luke parecesse, algo fazia com que todos o admirassem e se preocupassem com o mesmo, e Jane sentiu-se curiosa ao notar que não era diferente com o mensageiro.

Mas outro pensamento a atingiu: por que diabos um deus pilotaria um avião?

— Ele está descansando, eu acho que ele vai ficar bem. – O anjo bambeou de preocupação também, fazendo uma expressão melancólica agora. – Não é fácil aguentar isso. – Apontou a grande porta onde o moreno estava repousando, e sorriu logo em seguida.

Hermes não respondeu, apenas soltou o ar de maneira aliviada. Olhou pela última vez Jane, que estava ainda impressionada, e deu mais uma vez seu belo sorriso charmoso. Curvou-se para os dois que apenas acenaram com a cabeça, e saiu andando calmamente pelo corredor até chegar à cabine, não sem antes desviar o olhar para o quarto onde Luke estava.

— Meu Deus Castiel, isso é tanta loucura. – A morena disse sorrindo e deu alguns pulinhos exaltados, ainda sentada. – Isso é tão incrível! Um deus pilotando o avião que eu estou? É o melhor sonho que eu já tive!

— Você acha que isso é um sonho? – Perguntou o ruivo com a expressão agora perdida, parecendo não querer encará-la. Jane receou que ele ficasse distante após sua conversa com Hermes, mas não entendeu o motivo daquilo – assim como não entendia o motivo de um deus pilotar um avião. Castiel não fazia o tipo obsessivo, e era um anjo, afinal... O que deveria aflingi-lo?

— E por que não seria? Oras... – Revirou os olhos rindo como se fosse obvio. – Você, um anjo. O emo lá dentro da cabine, um deus. E nosso piloto, meu Deus, é Hermes! – Colocou as mãos nas bochechas se jogando para trás. Era exatamente assim que se sentia: num sonho perfeito, maluco, cheio de tudo que amava.

— Um anjo, eu sou um anjo... – Repetiu Castiel com o tom de voz baixo, parecendo querer convencer a si próprio mais do que a garota, o que a fez se virar curiosa e encará-lo. – Mas, eu tenho inúmeros nomes. – Colocou um dedo no queixo enquanto encarava o nada, depois olhou para cima. – Cassiel é o mais famoso deles. Quaphsiel é o que eu menos gosto, nunca vou entendê-lo, para ser honesto. – Riu enquanto abaixava a cabeça, e se virou para frente se recostando na poltrona.

— Por que usa Castiel, então? – Perguntou confusa movimentando as sobrancelhas. Sempre estudara religião e sabia que os anjos tinham variados nomes, mas não sabia e nem conhecia a preferência deles, e qual deles os próprios preferiam que fossem chamados.

— Castiel tem um som mais bonito que Cassiel, e menos complicado que todos os outros. E eu odeio a letra K, então dispenso Kaziel. – Sorriu enquanto voltava a olhá-la, e a via dar uma curta risada quase inaudível. Talvez, pensou Jane, aquela fosse a primeira vez em que refletia no motivo de ter trocado seu nome por tantos séculos até escolher o que mais gostava. Talvez, até, nunca tivesse se questionado do motivo de gostar tanto de um específico. E de fato, “Castiel” era uma boa palavra para se pronunciar.

— Quem sou eu pra questionar a preferência de um anjo tão durão como você. – Continuava o encarando sorrindo, e pode notar quando este descolou as costas de sua poltrona e apoiou os cotovelos no apoio de braço que dividia o par de cadeiras almofadadas. Sentiu-se quente ao notar o modo intenso com o qual ele a olhava com seus fascinantes olhos azuis, mas não se afastou.

— Eu não sou durão, eu sou o anjo que as pessoas rogam para sentimentos fortes e para buscar a força necessária para passar por situações difíceis. – Disse o ruivo lentamente enquanto aproximava-se cada vez mais o rosto de si, e ela não conseguiu recuar. Era como se estivesse paralisada em seu lugar, e tudo que lhe restava era esperar o que viria a seguir...

Mas antes de qualquer pensamento se concretizar, observou a imagem de Luke em pé bem a sua frente, nas costas de Castiel, a olhando de forma repreensiva, mas com o mesmo ar de indiferença que sempre carregava consigo. Afastou-se bruscamente, olhando com a respiração exasperada para o anjo que arregalava os olhos e parecia se recusar a virar-se para trás. Com tantos momentos para aquele deus aparecer, havia de ser aquele?

— Hermes está chamando. – Disse o moreno áspero e autoritário, o que fez Jane arrepiar-se e cada pedaço de seu corpo responder com uma pontada fina. Castiel apenas fez a sua costumeira expressão intrigada e se levantou, passando pelos dois e caminhando sem pressa em direção à cabine. Antes de chegar, olhou Luke de maneira severa, parecendo já saber o que se passava na mente dele. Jane também conseguia imaginar.


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Notas finais do capítulo

Bom, por favor, não hesitem de me dizer o que acharam. Eu fico realmente muito feliz com os comentários ♥

Ah, se isto não for incomodar vocês, poderiam comentar com os amigos sobre a história? Assim nós aumentamos nossa família, e eu vou ficar ainda mais contente ♥

Aliás, tenho uma meta para estipular. Vou postar um capítulo por semana, mas se houverem mais comentários que o capítulo anterior, por exemplo, em três dias, eu já posto mais um capítulo. Talvez isso ajude os senhores ghosts a perderem a timidez de comentar :P

Até o próximo, pessoal ♥



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