Jane escrita por CherryBlue


Capítulo 5
Capítulo IV- Hail to the hammer


Notas iniciais do capítulo

Olá! Como vocês estão? Eu espero que bem, mocinhas e mocinhos.

Quero primeiramente desejar as boas vindas à Mialee Aurestelar! Espero te ver bastante por aqui, viu? E também agradecer à algumas pessoinhas que comentaram em alguns capítulos anteriores, também. Hannah Winchester e Purple Yeah, bem vindas! (quem sabe eu dou a sorte de vocês lerem isso um dia iduahsd)

Sem mais delongas, deixarei vocês lerem. Boa leitura! ♥



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— Quem era ele? – Perguntou Jane enquanto caminhava ao lado de Castiel em direção a algum lugar do qual não imaginava onde seria, só sabia que o anjo estava muito distraído e apressado.

— Um sacerdote. – Começou. – Eles ajudam-nos em todos os problemas, mas acho que não há nada para fazer quando se trata de um Ragnarok. – Estava realmente preocupado. Jane ficou imaginando se ele era próximo do tal Luke, mas não conseguiu aceitar tal fato: os dois eram como polos opostos de imãs. Castiel era tão doce, Luke era tão frio. Talvez tivessem vivido juntos no passado? E, ainda, havia o ragnarok, que não entendia bem o que significava naquela ocasião. Olhou para o anjo como se implorasse para que ele explicasse. – Ragnarok é o fim do mundo nórdico. Basicamente o que a igreja luta para conter: A morte de deuses em massa. – Pararam na frente de uma porta assustadoramente grande de madeira pura, com vários desenhos de anjos esculpidos e folhagem nas bordas. Enquanto Jane suspirava com a beleza daquela arte, o ruivo continuou. – Os pecados nos desequilibram, mas eu não esperava que fosse desse modo. 

Quando saíram, era possível observar o céu perfeitamente azul, um jardim bem aparado e uma fonte com dois seres – que pareciam um anjo e um demônio – esculpidos de maneira perfeita. Jane sentiu aquilo estranhamente familiar, como se já tivesse visto aquelas mesmas árvores bamboleando o ar, mas logo afastou esses pensamentos prestando atenção ao que Castiel falava.

— Mas, como? – Colocou dois dedos no queixo enquanto seguia-o por um longo caminho de pedras do qual não era possível ver o fim. – Eles só morrem?

— Eles matam uns aos outros. – Jane arregalou os olhos incrédula com aquela afirmação. – São Deuses nórdicos, muito esquentadinhos, qualquer coisa os enfurece absurdamente. Mas... Eu temo mesmo por Luke, também. – Parou e abaixou a cabeça, olhando formigas que passavam, como se tivesse esperando que pedestres atravessassem a rua. – Ele tem fachada de durão nórdico, mas tem a moleza de um coração grego. Tanto que, olha o que a morte de Balder fez com ele. Ele é insuportável, mas já foi tão brincalhão quanto o pai.

Jane suspirou. Não fazia ideia de quem era Balder, nem fazia ideia de como Loki era brincalhão – até por que só o conhecia como anti-herói da Marvel – , mas ficara comovida em pensar que Luke nem sempre fora o poço de frieza que aparentava ser. Por algum motivo queria saber mais sobre a vida dele, estudá-lo e compreende-lo, mas sua vergonha não deixou com que tirasse todas as dúvidas sobre o Deus que lhe tomava os pensamentos, ficando com medo do que Castiel pensaria dela.

Começaram a andar novamente, agora em silêncio, por aproximadamente dez minutos. Quando chegaram ao destino, foi possível ver um enorme avião posto em uma pista de decolagem, com as portas abertas e uma enorme escada com um tapete vermelho de veludo. Abismada, a morena ficou boquiaberta antes de começar a caminhar em passos apressados em direção a este. Nunca antes havia andado em um avião luxuoso nesse nível, e por um momento se esqueceu que existia vida fora daquele mundo que ela estava vivendo.

Castiel sorriu enquanto observava-a tão contente por algo tão tolo. Imaginou que, para ele, aquilo não passava de um monte de lata que fazia os humanos acharem que podiam voar. Entretanto, Jane não conseguia deixar de notar que quanto mais tempo ficava perto dele, mais ele parecia feliz. Ela fazia bem para ele ou ele só estava se sentindo mais confortável? Era um pensamento presunçoso, sabia, mas não pode deixar de cogitá-lo. Quando ela sorriu para ele, porém, a expressão do ruivo tornou-se imediatamente severa.

Quando estavam quase chegando ao destino, algo novo na paisagem chamou-lhes a atenção. Ambos os rostos ficaram pasmos ao ver de repente a imagem de Luke aparecer, toda ensanguentada e cambaleante, com roupas rasgadas e totalmente diferente da aparência imponente que antes tivera. Agora, ele parecia muito mais bruto, mesmo com todos os ferimentos presentes por todo o corpo. Seus cabelos, que antes eram relativamente longos e lisos, agora estavam um pouco mais curtos – mas ainda eram mais longos que o normal – e repicados de um jeito que os deixava arrepiados, e seus músculos haviam ganhado um considerado desenvolvimento assim como seu cansaço aparente notável. Jane olhou para aquela cena boquiaberta: não sabia se ficava com pena ou admirava aquela imagem violentamente maravilhosa, aquele corpo perfeito tão pálido quanto a areia em contraste com os fios negros e grandes manchas de sangue. Sentiu suas bochechas corarem com seus obscenos pensamentos, mas só recaiu ainda mais quando os olhos verdes reluzentes a encararam.

O moreno, sem conseguir se mover, apenas corria o lugar com os olhos observando tudo a sua volta. Parecia que havia conseguido algo que nem ele mesmo acreditava ser possível de existir. Suspirou olhando para a garota que mantinha o mesmo olhar de incredulidade que Castiel também sustentava, e pareceu estranhamente desconfortável. Talvez ele estivesse acostumado com estes olhares de fascínio e não gostasse desta atenção toda que recebia, afinal, podiam estragar muitos de seus planos de “aparatação” despercebida. Desviou seu olhar para Castiel, que ela notou que o observava com os olhos arregalados e parecia preocupado, outra coisa que pareceu o deixava muito desconfortável e irritadiço. Por fim, ele respirou fundo, parecendo ignorar os dois e fechar-se novamente em sua típica frieza incondicional.

Jane virou-se para Castiel quando percebeu que os olhos verdes novamente recaíram sobre si. Estava corada, e sabia perfeitamente disso. De canto de olho, ainda pode nota-lo a avaliando dos pés à cabeça, e quando voltou a encara-lo e seus olhares se cruzaram furtivamente, reparou que a crítica dele não havia sido das melhores. O olhar de nojo e superioridade que ele emitia deixava isto tão claro quanto a luz do sol que brilhava acima de suas cabeças.

— Eu sinceramente agradeceria sua ajuda, Castiel. – Sua voz era rouca e fraca, porém nunca perdia o tom autoritário. O anjo pareceu acordar de seu transe e caminhou rapidamente até o outro, que revirou os olhos quando este o pegou pelo braço, fazendo com que se apoiasse em seu ombro e enfim, conseguisse ficar de pé.

— Você cresceu. – Comentou o ruivo recebendo um olhar mortal em troca, mas não estava mentindo. Luke havia ficado muito, extremamente diferente em questão de... Algumas horas, no máximo. Jane não conseguia simplesmente imaginar como uma mudança daquelas poderia ocorrer em questão de tão pouco tempo, mas ao visar a posição em que se encontrava, tudo parecia possível (menos Luke suavizar sua expressão de ódio quando se dirigia à ela). O anjo deu alguns passos com ele apoiado em seu ombro e notou que quase caíram um por cima do outro. – E você engordou também.

— Longa... História. Bem longa. – Disse cansado enquanto seus olhos pareceram vacilar nas pálpebras, e sua força se esvair cada vez mais. Jane observou que ele a olhou com desdém por cima dos ombros, agora que se encontrava atrás deles para ter certeza de que não cairiam. – Por que ela veio?

— Ordens da chefia. – Começaram a adentrar o grande avião subindo pelas enormes escadas altas que ele possuía, e o deus curvou minimamente as sobrancelhas. – E você também vai com a gente. Não tem como eu proteger a nenhum de vocês se eu não estiver por perto, e... – Sua voz ganhou um tom de sussurro enquanto se virava para Jane, para constar que ela não prestava atenção. A garota ignorou aquilo, já que não podia compreender nada do que ele tinha dito. Talvez fosse assuntos que não lhes fossem permitidos de saber.

Luke olhou-o incrédulo e pareceu não souber o que dizer.  Que será que ele havia dito? Talvez tivesse contado do Ragnarok? Ah, não, mas ela sabia deste fato: não teria necessidade alguma em sussurrar. A não ser que o deus não gostasse da ideia de ela saber das intimidades e vulnerabilidades de seu mundo, e neste caso – se fosse isso – agradeceu Castiel mentalmente.  Luke pareceu limitar-se a suspirar de desdém e rir levemente, vendo o ruivo olhá-lo de canto de olho como se reprovasse seu ato. Jane imaginou quem seria o mais velho, o supôs que fosse Castiel. Imagino os dois saindo pelo Éden junto a ele, brincando como cordeiros filhotes em pastos novos. Imaginou, também, como a vida de Luke era antes da morte de seu tio, do qual se não estava enganada, o nome era Balder. Uma onda de curiosidade a invadiu: precisava saber mais sobre ele, imediatamente.

Já dentro do avião, era possível observar dezenas de poltronas almofadadas e vermelhas, com pequenas janelas em cada par delas. Havia também, no fundo, uma grande porta que ficava ao lado de outra pequena onde se era possível ler “toalete”, e era nessa grande entrada que Luke estava entrando juntamente com Castiel, que o carregava. Jane pensou que eles provavelmente conversariam coisas que ela não deveria saber, e conformada, começou a caminhar até uma das cadeiras afastadas observando os detalhes bonitos do avião mais lindo que já estivera. Porém começou a pensar: Quem seria o piloto? Riu baixo ao pensar nas frases de caminhões onde eram escritos “Deus está no comando”, mas logo afastou esses pensamentos por medo de Castiel ler sua mente e pensar que era blasfema. Mas... se ele era um anjo e Luke um deus... Por que precisariam de um avião?

Ficou pensativa por um momento, e imaginou o que eles estariam fazendo dentro daquele lugar sozinhos, e suas bochechas ficaram rosadas. Não que gostasse dessas coisas, mas eventualmente lia algum mangá que tinha como gênero Yaoi, e depois do primeiro nunca mais havia visto “amigos” da mesma forma inocente de antes. Porém, era um casal e tanto. Castiel era lindo, e Luke... Luke era a perdição, embora extremamente inconveniente.

Ω

Dentro do quarto o silêncio era tenso. Castiel queria respostas e entender o motivo de o deus ter ficado tão radicalmente mudado de uma hora para outra. Seria algum pacto? Se fosse, iria matá-lo. Sentou-se ao pé da cama, onde estava Luke deitado com os braços cobrindo os olhos, esperando que este decidisse começar sua explicação.

— Como você sabe, o Ragnarok começou. – Indagou o moreno sem mover um músculo sequer. – Eu não estava lá, meu pai me mandou um aviso, mas quando cheguei... – Sua voz morreu por alguns segundos, e logo prosseguiu. – Muitos já estavam mortos. Frigga... – Mais uma vez parou, e Castiel ficou espantado. Frigga teria morrido? – A Deusa mãe da dinastia Aesir se foi bem diante dos meus olhos, e eu não pude fazer nada. Mas, voltando... – Respirou fundo. – Quando eu cheguei, só vi Thor, Odin, Týr, meu pai, e mais algumas valkyrias e berserkers. De algum modo Freya foi controlada e libertou Fenrir, e Fenrir... Bem, devorou tudo que viu, inclusive Frigga.

Castiel se lembrava bem da loba Fenrir, predestinada a matar Odin no Ragnarok. Mas os nórdicos eram tão egocêntricos e mesquinhos que não permitiam que se estudasse muito a fundo sua mitologia, tendo que se contentar com livros cristãos que os faziam parecer tolos.

— E como você saiu de lá? O que houve com eles? – Perguntou o ruivo exaltadamente, parecendo cada vez mais inconformado.

— Essa é a melhor parte. – Tirou as mãos do rosto e um sorriso doentio e raro surgiu em seus lábios. – Eu paralisei o tempo, completamente, por seis meses. Porém, tiveram algumas falhas, por exemplo, tudo ficou desparalisado num raio de dez quilômetros. Mas eu consegui. – Castiel demorou em processar as informações que ele falara, e quando deu por si, estava boquiaberto. Nunca antes nenhum ser havia conseguido controlar o tempo. Não sabia o que dizer nem fazer, e cogitou a possibilidade de correr dali e contar à Santa Igreja. – E eu espero que mantenha segredo disso. Mas, continuando... Thor me treinou como gratidão por salvar-lhes a vida, já que o tempo não parou para nós. Eu fui honrado por todo o panteão Aesir, mas sabe a melhor coisa? – Levantou-se até sentar-se, inclinado, olhando nos olhos de Castiel. – Eu me sinto poderoso, mas não posso mostrar que sou. Por conta da maldita igreja pelo qual você dá sua alma.

— Não diga asneiras. – Revirou os olhos e voltou seu olhar para o lado. – Isso é ótimo, estou orgulhoso, mas esse poder... Pode ser mortal e perigoso, deveria procurar por ajuda, olhe sua situação. – Apontou com os olhos os grandes ferimentos pelo corpo do outro, que respirou fundo de maneira cansada.

— Isso foi minha luta com uma serpente gigante, eu estava fraco, mas venci e consegui me teleportar e também enviar todos os que restaram à um lugar seguro. – Seus olhos se fecharam e um breve sorriso se fez em seu rosto, como se sentisse-se útil pela primeira vez em sua vida. Lembranças de quando estava salvando os grandes deuses deviam ter invadido sua mente,  visto o brilho que seu olhar ganhou enquanto se dirigia para um vácuo entre a porta e a parede. Talvez fosse, principalmente, por ter orgulhado seu pai: embora a relação de Luke fosse, na maioria das vezes, de ódio puro com Loki, sabia que no fundo ainda o admirava pelo seu poder e sua facilidade em lidar com qualquer situação sem se abalar. Orgulhá-lo realmente era algo que imaginava Luke gostar de fazer, mesmo que não admitisse.

— Ainda sim, acho muito perigoso, até mesmo para você. – O anjo disse baixando o tom de voz e se voltando para o chão, logo tornando a encará-lo. – Isso é omissão... – Foi cortado pela voz rude do moreno, que se levantara bruscamente.

— Eu sei de todos os riscos que eu corro! Oras... Tem ideia do que é seu mundo estar se autodestruindo? – Apoiou-se com uma das mãos na parede. – Tudo que você ama se esvaindo... Tudo. – Voltou-se novamente a Castiel que se mantinha com uma expressão preocupada. – E quem é você para falar de riscos? Omissões? Aposto que não pretende contar a igreja que está apaixonado por um pecado.  Você tem mera noção do quanto isso é grave?

— A garota não tem culpa de ser o que é, assim como nós não escolhemos ser o que somos e adoraríamos ser compreendidos por isso. – Luke revirou os olhos e caminhou pelo quarto até chegar a um pequeno bule com café, pegando-o e bebendo ali mesmo, na garrafa. – E eu não tenho culpa, eu nunca me senti atraído antes. Pode ser algum cupido desordeiro ou ela está usando poderes que são ocultos para nós, mas não sei como descobrir. Ela parece estupidamente inocente.

Enquanto bebia todo aquele café, o moreno parou para limpar o canto da boca onde escorriam algumas gotas. Amava café, e Castiel sabia o que ele estava fazendo: armando um plano infalível. Ele parecia refletir sobre o que o anjo falara e possivelmente pensou em um modo de descobrir o que ela estava fazendo, porém exigiria muito esforço dele mesmo, e logo jogou a hipótese fora. Pensou mais um pouco durante mais uma golada de café, até surgir-lhe uma nova ideia.

— Podemos achar um cupido, eles sempre descobrem de quem são as flechas. Claro, se forem flechas. Mas não acho que ela seja apaixonada por você, na verdade. – Disse para o ruivo que aos poucos ganhara uma estranha expressão de ódio, e o deus apenas ria de canto. É claro que Castiel notara os olhos brilhantes da menina quando viu o moreno, mas isto era natural: fêmeas eram atraídas por um padrão de homem que Luke fora extremamente favorecido a estar. Mas não pode deixar de concordar com ele: se ela estivesse mesmo apaixonada por um anjo, simplesmente não teria olhos para nada, e só a imagem do amado a chamaria atenção, o que não estava ocorrendo. Luke, por outro lado, continuou suas longas e demoradas goladas de café, deixando de lado as preocupações que, para Castiel, eram de extrema importância, e aquilo o deixou brevemente irritado.

— Já que está conseguindo andar, se vire sozinho por agora. – Se levantou com um olhar indiferente e sua voz era seca, o que fez Luke soltar um riso baixo. Se existia alguma coisa que amava mais que café – e isso o anjo sabia bem – era deixar pessoas irritadas. Não respondeu, apenas observou de canto de olho o ruivo zangado sair pela porta batendo o pé.


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