Jane escrita por CherryBlue


Capítulo 4
Capítulo III - Take me to church


Notas iniciais do capítulo

Olá! Vamos lá, arrumem-se nas cadeiras e vamos embarcar mais uma vez numa imensidão de palavras que podem não fazer sentido agora, mas - como sempre - vão passar a fazer num futuro não muito distante.

Vou agradecer de novo pelos comentários, sim! Vocês são uns amores! Ah, e bem vinda, Dreamer. Espero agradá-la ♥

Sem mais delongas, esta mortal deixara vocês lerem em paz. Leiam as notas finais! Boa leitura ♥



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Acordou exaltada e sentiu o coração disparar. Respirou fundo no intuito de se acalmar, olhou ao redor, coçou os olhos e decidiu se aventurar para fora da cama. Onde diabos estava? Não conhecia aquele quarto, nem o banheiro do qual acabara de entrar. Tudo estava escuro e não conseguia enxergar quase nada, e isso causou-lhe um arrepio na espinha e uma sensação de medo.

Procurou por um interruptor de energia e logo encontrou, ao lado da porta. Deu-se ao luxo de observar tudo no lugar: O quarto tinha uma enorme cama arredondada com lençóis de seda azuis e vermelhos, com um grande véu que a cobria. As cortinas escondiam janelas grandes de madeira trabalhada, e os tecidos tinham desenhos em dourados idênticos ao do grande tapete de veludo que cobria todo o lugar. Ao lado esquerdo da cama ficava uma poltrona simples cinza, que parecia macia e continha várias almofadas pequenas. No lado direito, uma escrivaninha com um abajur e no meio do quarto, no teto, ficava um grande lustre por onde a luz que iluminava tudo saia. Encantada com a beleza tão barroca, caminhou em passos empolgados até o banheiro, notando um grande espelho e uma banheira que parecia uma piscina, e o vaso sanitário dourado dava um aspecto muito bonito ao local.

Suspirou. Tendo em vista todos os acontecimentos até agora, não era de se admirar aparecer repentinamente num lugar assim. Não que estivesse aceitando, de maneira nenhuma, só tinha cansado de brigar consigo mesma e tentar convencer-se de que estava totalmente pirada. Talvez estivesse, mas sua loucura trazia um ruivo, um moreno com olhos bonitos e um quarto luxuoso à ela, então que continuasse louca.

Lembrou-se do sonho. Se tudo fosse verdade... Então, Castiel quem a trouxera ali? E onde ele estava agora? Sentiu-se insegura e desamparada, desnorteada. Tudo o que queria era estar na escola, recebendo xingamentos e conversando com seus colegas obesos nerds sobre algum jogo sem graça que fingia gostar só para ter um assunto e um hobby. Por um momento se praguejou por anteriormente ter pensado em gostar daquela loucura.

Caminhou de volta à cama e sentou-se, fechando os olhos. Sentiu um arrepio subir pelo seu corpo, dos pés à cabeça, e sobressaltou-se. Olhou para os lados rapidamente procurando por algo, mas nada achou. Seus olhos se dirigiram para a escrivaninha onde pousava um pequeno livro marrom, escrito no que acreditou ser latim com letras azuis metálicas e um cadeado prateado, e ao lado uma pequena chave cheia de detalhes e uma caneta de pena.  Levantou-se sorrateiramente, ele não estava ali quando acordou. Se aproximou hesitante, pegando-lhe dentre suas pequenas mãos delicadas, abriu-o, e começou a folhear as páginas depois que notou que ele estava destrancado. Quando chegara a última página seus olhos se arregalaram com a frase que leram: O diário de Jane.

O que significava isso? Uma vontade repentina de escrever tomou conta de si, e começou a colocar letra por letra com uma expressão confusa.

“Querido diário de Jane...

Eu queria saber onde eu estou e o que eu estou fazendo aqui. Eu estou tão confusa... Parece que o mundo caiu em mim e eu não sei simplesmente o que fazer. Embora eu queira acreditar no Castiel, tudo parece um sonho daqueles bem malucos que a gente tem depois de ficar impressionada com algum filme. Por falar naquele anjo, eu queria que ele estivesse aqui. Eu estou totalmente sozinha, ou pelo menos é no que eu quero acreditar. Anjos, demônios, pecados... E pensar que até ontem eu dizia que Deus não existia ou chegava a dizer que Goku era meu Deus. Eu queria sair por aquela grande porta, mas minhas pernas não se movem.

Eu não sei que dia é hoje, mas provável que seja terça.

Uma Jane totalmente assustada.”

Colocou lentamente a caneta sobre a escrivaninha e fechou o livro, sabendo que – por um motivo que ela desconhecia – deveria guardá-lo consigo sempre. Estava sentindo-se estranhamente aliviada escrevendo, como se a carga pesada de energias negativas e a confusão tivessem sido drenadas pelo diário.

Notou uma movimentação ao seu lado e se virou bruscamente, se assustando com o par de olhos esmeraldinos que a observavam com um desdém e indiferença angustiante. Ele estava de pé bem em frente a ela, e desviou lentamente o olhar para o livro em que ela, num gesto de desespero, prensou contra o próprio colo. O moreno apenas virou-se de costas e começou a caminhar, e a última coisa que Jane ouviu antes de ele desaparecer foi um “saia” cortante.

— Mas o que foi que... – Semicerrou os olhos com um olhar incrédulo. Tudo bem que aquela frieza era um charme, com certeza era muito excitante e com certeza ele era um deus com uma beleza que qualquer personalidade a faria enlouquecer, mas assim estava ficando difícil conviver. Rezou para conseguir falar com Castiel o mais rápido possível.

Caminhou até a porta suspirando, pensando no que aconteceria quando passasse por lá. Colocou a cabeça para fora e observou um enorme corredor cheio de pinturas e detalhes feitos a ouro e prata, com uma enorme parte do teto de vidro espelhado dando uma visão magnífica do céu azul. Não sabia onde estava, mas era um lugar maravilhoso.

Andou em passos vagarosos por dentre o corredor reparando em cada cantinho, sem deixar passar nada despercebido. Olhava para todos os lados observando as enormes portas do qual casualmente passava em frente, muito parecidas com as do quarto onde estava, e ficava se perguntando se lá dentro existia algum ser humano tão confuso quanto ela. Riu ao pensar que podia ter sido sequestrada para ser usada como cortesã de algum maníaco viciado em mitologia e drogas.

— Jane! – Ouviu uma voz gritar e instintivamente gritou de susto também, arregalando os olhos e sobressaltando-se. Quando se virou avistou Castiel andando até ela com um sorriso amigável, e logo pode se tranquilizar. Já ele, havia achado muito engraçado o modo como a garota se assustava fácil, já que sorria. – Desculpe te deixar aos descuidados do Luke, sabia que ele te deixaria sozinha, mas tive um feixe de esperança naquele bárbaro. – Castiel parecia irritado, e notou que Jane levava um pequeno livro debaixo dos braços. – Uh, que bom que já achou, facilitou as coisas.

— Ah, é mesmo... – Ela desviou o olhar para o pequeno diário delicado e ao mesmo tempo rústico, e voltou-se ao ruivo. – O que é isso?

— Um Diário, oras. Seu diário, seu testemunho de tudo que passou. – Respondeu enquanto começava a caminhar, sendo seguido por ela. – Ele é como sua vida, guarde-o bem. O usará muito após sua iniciação.

— I-Iniciação? Do que? – Perguntou enquanto quase corria para conseguir acompanhá-lo, já que ele andava depressa. Imaginou-se em um ritual do qual se banhava com sangue de virgens e bodes, e sua expressão começou a se contorcer de desespero, fazendo com que o ruivo risse.

— Você é um pecado, essa sua forma não é sua verdadeira forma. A iniciação é uma maneira simples de te libertar de sua casca humana, mas fique tranquila, não dói muito e você volta ao normal quando quiser. – Ele parou e se virou com uma expressão severa, demonstrando que estava falando algo que ela deveria realmente ouvir com seriedade. – Contanto que o Diário esteja intacto.

Ficou exasperada. O que aconteceria se no caso o perdesse, ou rasgasse, derrubasse café, migalhas, lágrimas ou amassasse-o enquanto ria de alguma coisa? Morreria? E... Forma verdadeira? Quer dizer que, será que havia a remota possibilidade de ela poder se transformar numa alpaca? Eram tantas perguntas que fervilhavam em sua mente e que sabia que não teria respostas até chegar a dita hora certa.

Resolveu manter-se em silêncio enquanto caminhavam, sendo espancada por suas dúvidas e medos que julgou serem tolos. Rolou os olhos pelo corredor que parecia não ter fim à procura de uma alma viva que não fossem Castiel e ela. Depois de longos minutos, foi possível ouvir um grito ensurdecedor, fazendo-a arregalar os olhos.

— Vocês não podem me manter aqui contra minha vontade! Que merda de igrejinha é essa?! – Gritava exaltada uma mulher loira que havia acabado de aparecer em seu campo de visão. Usava um vestido que consistia em um lenço cobrindo-lhe as intimidades e uma faixa de cobre, com um aspecto um tanto grego. Seus longuíssimos cabelos com tranças de lado realçavam o rosto fino e delicado, com grandes olhos azuis e um nariz minúsculo. Seu corpo era constituído de curvas bem detalhadas e seios fartos – muito fartos – e estava descalça. Jane a olhou assustada, percebendo que ela agora também a olhava. Pode ver um sorriso invadir os pequenos lábios da mulher. – Oh, meu Zeus. A Luxúria! – Recuou para trás com uma expressão surpresa enquanto via a loira se aproximar depressa e parecendo ansiosa, observando Castiel inclinar a cabeça de maneira intrigada. – Ai Zeus, eles te pegaram também? Estou em desespero!

— Quem é você? – Perguntou o anjo calmamente e curioso.

— Katherine... – Respondeu ela com um sorriso malicioso. Observou bem os traços do ruivo, e Jane pode jurar vê-la mordicando os lábios provocativamente. – E quem é você, nobre cavalheiro?

— Imaginei. Sou Castiel. – Ele fez pouco caso, embora parecesse ficar duvidoso do modo como ela agia. – Jane, essa é Katherine, a representação divina da Luxúria. – As duas garotas se entreolharam, mas a morena parecia confusa. – Lembra do que eu disse? Oh, devo ter esquecido. Diferente dos Pecados, elas têm características do pecado. – Se aproximou e sussurrou em seu ouvido. – Viu? Viu? Ela é vulgar.

— Então você é Jane... – Dizia Katherine com um olhar pensativo. – Bem, é um prazer, Jane. Você é herdeira de Lilith, né? Eu sou de Afrodite, acho que é notável. – Riu confiante. Já a morena, sentiu-se um tanto intimidada e envergonhada pela beleza absurda que a mulher carregava, mesmo que sua falta de ética a atrapalhasse um pouco.

A loira observou Jane mais atentamente, mas a garota não imaginava o que poderia haver de tão interessante em si. Quer dizer, possuía cabelos muito negros e uma pele assustadoramente clara, mas talvez fosse seu único contraste. Seu rosto era marcante, fino e ao mesmo tempo infantil, com olhos azuis levemente escurecidos e ao mesmo tempo em que eram grandes, apresentavam que vivia com sono. Vestia calças jeans coladas e uma camisa preta com símbolos de uma banda aleatória, e um tênis bem surrado. Já suas expressões eram incontroláveis: Ela nem tentava esconder o que sentia, se tinha vergonha ou medo, e isso fez com que Katherine risse.

— Bom, você é linda, digna da Luxúria. – Começou a afroditista. – Mas, eu não quero ficar aqui, eu preciso ir para casa, mas não encontro a saída. Para onde estão indo?

— Vamos à busca da Ganância. – Respondeu Castiel olhando profundamente nos olhos da mulher. Ele demonstrava estar se sentindo estranhamente desconfortável com a presença dela, tendo em vista de que ela era uma ninfa, e ouviu dizer uma vez (em contos de mitologia) que ninfas eram traiçoeiras e perigosas. – Você entrou na Santa Igreja por vontade própria, não pode sair.

— Acontece que eu quero viver minha vida! Eu não quero morrer, muito menos matar ninguém... – Seus olhos agora caiam sobre Jane que arqueou uma sobrancelha de modo interrogativo, olhando para Castiel logo em seguida. – Eu quero viver em paz.

Quando o anjo ia responder, em questão de piscar de olhos a loira desapareceu completamente. Viu-o suspirar, dizendo saber o que era aquilo: a rejeição era considerada uma heresia na Santa Igreja, logo, ela seria severamente punida por estar fazendo uma espécie de traição. Ninguém era obrigado a fazer parte dali – tirando os anjos –, porém quando se fazia, não tinha simplesmente como escapar, era como um pacto de sangue que valia sua vida, ou até mais, como sua alma.

 Jane estava pensativa, mas notou quando Castiel se virou e ousou observa-la atentamente, tal como anteriormente Katherine parecia ter feito. Mas diferente da moça, sua aura parecia incrivelmente limpa com um brilho tão agradável que Jane não poderia sentir nenhum tipo de medo ou receio daquele ser: era tão inofensivo, curioso. Seu modo de agir parecia interessante demais para ele. Parou para pensar no motivo de imaginar tanto Castiel como um salvador, como alguém que poderia confiar, e imaginou por quanto tempo aquilo podia permanecer tão puro – visto que ela, claramente, era um pecado excepcionalmente sujo demais para um anjo. Mesmo estando tão pouco tempo com ele, talvez sua essência divina tivesse a feito criar uma afeição quase irracional. Até quando tentaria achar respostas para dúvidas que ela nunca antes tivera? Afinal, nunca havia pensado em ser amiga de um anjo.

Jane virou-se para o ruivo também, sorrindo vergonhosamente sentindo suas bochechas queimarem. Castiel apenas piscou algumas vezes antes de desviar o olhar para uma porta que misteriosamente havia aparecido atrás de si. Os dois agora se mantinham atentos a misteriosa entrada, enquanto esta se abria com certa brutalidade, sendo possível observar um grande homem que aparentava ter sessenta anos e usava um manto branco sair por ela. O senhor avistou-os, e começou a caminhar apressadamente até lá, parando bem em frente a eles.

— Vocês sabem onde Luke está? – Perguntou o homem em um tom alto e estranhamente nervoso, fazendo com que Jane se sentisse assustada, e ao mesmo tempo um calor invadisse seu peito ao ouvir o nome “Luke”.

— Não senhor, por quê? – Perguntou Castiel o encarando curiosamente, enquanto o outro suspirava alto e abaixava a cabeça de maneira preocupada.

— O Ragnarok começou muito antes do esperado, temo por sua vida. – Respondeu erguendo o olhar e observando os dois em sua frente, parando seu olhar em Jane por alguns segundos, parecendo saber quem era ela. Antes de surgirem mais perguntas, ele começou novamente a caminhar de maneira apressada, fazendo com que outra porta misteriosamente se abrisse no nada, e sumiu.


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Notas finais do capítulo

E então? O que vocês acharam? Gosto da opinião de vocês, como eu já devo ter dito um milhão de vezes, para sempre melhorar. Ou simplesmente uma palavrinha de apoio para motivar! Vocês não fazem ideia do quanto é bom ♥

Ah, uma perguntinha. Qual o tamanho ideal de um capítulo para vocês? Estou achando esses tão pequenos, parece que o conteúdo da história está meio... Fragmentado. Mas também não vou colocar capítulos gigantes que façam vocês terem preguiça de ler, não é? Então, por favor, digam o que acham a respeito disso.♥
Obrigado por virem até aqui, e eu espero que veja você no próximo, viu? ♥



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