Jane escrita por CherryBlue


Capítulo 3
Capítulo II - Somewhere over the rainbow


Notas iniciais do capítulo

Olá, todos os leitores novos e os que já estavam aqui (e também os fantasmas :c).
Bom, eu pretendia postar ontem, mas achei que fosse melhor hoje. Preferem de sexta? Podem dizer aí ;)

Esse capítulo faz parte da introdução da história, então tenham paciência caso não pareça tão bom. Embora seja um romance, eu não tenho o direito de jogar o enredo em vocês de qualquer jeito, né? Vocês merecem explicações (embora boa parte delas, vocês vão acabar tendo que procurar por si próprios).

Queria agradecer à Tatá pelos comentários tão críticos e bons de se ler, e também à duas leitoras: Phyonna e Miss Pepper. Aliás, Pepper... Vi que você tem algumas histórias e uma delas me chamou muita atenção. Talvez eu apareça por lá! ♥

Sem mais delongas... Boa leitura ♥



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Jane estava num lugar bonito, florido, sentada abaixo de uma macieira grande e repleta de frutos. Olhava para todos os lados: nunca, nem mesmo em sonhos, tivera tanta tranquilidade. O som dos pássaros e barulhos das arvores se mexendo... Com certeza aquilo não era vida real. Respirou o ar puro pensando em tudo que havia presenciado e se lembrou da última coisa que havia visto antes de aparecer naquele oásis. Queria saber se o garoto ruivo iria lhe explicar tudo ou simplesmente a abandonar.

Pouco tempo depois dos raciocínios da garota, Castiel apareceu e sentou-se ao seu lado com um sorriso doce, e começou a observar o paraíso particular que ela havia criado dentro de sua própria mente. Isso parecia lhe fascinar de uma maneira quase absurda.

— E então... – Começou a morena que agora o fitava sem apreensão. – Onde estamos?

— Em um sonho seu, oras. – Murmurou como se fosse a coisa mais óbvia a ser dita, vendo-a arquear a sobrancelha. – Você me pediu para lhe explicar tudo como pedido de desculpas, não foi? – Assentiu sem jeito. É claro que aquele pedido não fora exatamente sério, só estava desesperada o bastante para apostar em qualquer coisa para salvar a si mesma. – Pelo menos em um sonho, tudo se torna mais fácil de entender. Você acharia que era louca se eu jogasse tudo no seu eu físico.

Engoliu em seco. Refletiu sobre o que ele disse, e parecia ser verdade: Estava aceitando tudo que ele falava tão naturalmente – como se não fosse estranho um garoto teletransportar ela de uma praça à um quarto, apaga-la e, ainda por cima, invadir seus sonhos –, sem surtar ou ter vontade de se matar por acreditar ter enlouquecido, ou achar que tudo era brincadeira. Em um sonho tudo, absolutamente tudo pode ser verdade, e era tudo tão simples de aceitar.

— Pode começar quando quiser. – Cruzou os braços o encarando atentamente, incentivando-o. Ele inclinou levemente a cabeça para o lado a olhando, com a mesma face intrigada das outras vezes.

— Bem... – Ele pareceu buscar palavras, mas mantinha uma expressão distante. – Eu sou um anjo, sabe? Asas, como uma borboleta, só que... – Se voltou para o céu desta vez, semicerrando os olhos por conta da claridade. – Eu vivo milhares de anos. E eu não sou frágil como uma, infelizmente.  –Sorriu fraco e pareceu esperar que ela se pronunciasse. Jane não sabia ao certo como agir perante aquilo: um anjo? Só podia ser brincadeira.

— E por que me sequestrou?

— Mas eu não sequestrei! – Vociferou ele de modo alterado, parecendo ofendido, e logo se recompôs. – É nosso dever como anjos da Santa Igreja ter contato com os sete pecados capitais e tentar colocá-los ao nosso lado.

— Como assim? – Perguntou confusa. Não havia entendido muito bem o que ele estava falando, mas mantinha-se prestando atenção.

— Existem sete demônios que representam os sete pecados capitais. – Ela assentiu para que ele prosseguisse. – Todos eles estão no inferno, e existem sete herdeiros destes nascidos dentre os humanos.  – Tocou-lhe levemente o ombro. – Você, é herdeira direta de Lilith, sendo então, claramente, a Luxúria.

A garota olhou para si mesma de maneira interrogativa. Não fazia sentido ela ser a Luxúria – do mesmo jeito que nada do que ele dizia poderia fazer. Tudo bem que, naquele momento, absolutamente nada fazia sentido, mas não tinha nada de especial que a fizesse ser luxuriosa: não tinha um corpo perfeito, nem era ardorosamente linda, nem transava todas as noites. Era só uma garota... Normal.

— Você não tem as características ainda. – Castiel pareceu ler seus pensamentos, o que a assustou, sendo retribuída por um olhar gentil vindo deste. – É por isso que se torna tão difícil reconhecer descendentes de pecados, eles só demonstram o que são quando estão maduros, o que não é seu caso.

— Que loucura... Eu acho que vou surtar, isso parece enredo daqueles filmes pra garotinha. – Olhou para o chão. Teve que concordar plenamente com Castiel, era tudo tão fácil num sonho, tudo parecia tão fácil de levar à sério que nem ao menos se preocupava se aquilo era maluquice ou não.  Fechou os olhos por um instante, lembrando-se do olhar atordoante do moreno que havia conhecido há pouco tempo. Sentiu curiosidade em saber o que ele era: Se Castiel era um anjo, ele seria um também?

— Não, ele não é. – O ruivo fez de novo, vendo-a revirar os olhos. Nem em seus pensamentos teria paz? – Em um mundo em que existem anjos, melhor você se acostumar a descobrir que muitas coisas existem. – Ela fez uma expressão de confusão para demonstrar que não havia entendido direito. Viu-o fechar os olhos e fingir cansaço. – Aquele era Luke, filho direto de Loki com alguma deusa desconhecida, ninguém nunca soube quem é. É um bom garoto, mas é melhor tomar cuidado.

O quê? Aquilo estava indo longe demais.

— Uh, entendi... Nossa. Um deus. – Suspirou e jogou-se, deitando na grama com uma feição cansada. Não havia conseguido processar metade das informações dadas pelo anjo, e nem sabia se acreditava de verdade, mas fingiu que sim.

Fechou os olhos e começou a pensar em como tudo estava acontecendo tão depressa que nem parecia ser sua monótona vida. Em um instante estava na escola, em outro estava dentro de um sonho com um anjo demente que amava borboletas e dizia que ela era herdeira de Lilith, e que existiam “pecados” entre os humanos só esperando para sair do casulo.  Sua mente nem fazia esforço em se preocupar com a loucura. Abriu os olhos novamente, observando a expressão abobalhada com que o ruivo olhava a sua volta, como se aquela paisagem fosse a coisa mais exuberante que já tivera presenciado.

Começou a se questionar sobre o motivo de ele estar contando tudo à ela, se ele era um anjo e essa história de pecados era assim tão importante, ele podia simplesmente levá-la arrastada para onde quer que fosse e obrigá-la a fazer o que ele bem quisesse, não é? Mas não, ele estava sentado ao seu lado pronto para esclarecer qualquer dúvida e ainda tivera a preocupação de fazer tudo isso num sonho, onde ela não se importava muito com a diferença entre a realidade e ficção.

— E vem cá, por que vocês têm que convencê-los a ficar do lado da Santa Igreja? Digo, vocês não podem simplesmente leva-los? Se filhos de deuses existem... Filho de deuses de religiões mortas! Existem templos desses ainda? Se chama Santa Igreja? O que é exatamente? – Perguntou tentando quebrar o silêncio, percebendo que havia falado demais. O observou olhá-la enquanto arqueava a sobrancelha esquerda e entreabria os lábios, depois fechando e se virando para o lado.

— Muitas perguntas de uma vez. – Ele respirou fundo e fez uma expressão pensativa. – Todos têm o direito de livre arbítrio. Se os pecados quiserem viver suas vidas normalmente e depois serem feitos de escravos pelos seus ancestrais, não há nada que possamos fazer. Agora, se quiserem lutar contra um apocalipse, faremos o possível para prepará-los. – Olhou-a, assustada, vendo-o sorrir gentilmente. – Existem vários panteões de deuses. Nórdicos, Egípcios, Hebraicos... E o que faria de um melhor que o outro? – O ruivo se aproximou dela colocando a mão em seu ombro. Talvez ele entendesse perfeitamente que a mente humana era muito limitada, e ela teria de se acostumar a descobrir coisas novas aos poucos. Sussurrou um “faz sentido...” – A Santa Igreja é responsável por todas as religiões existentes no mundo. E só existe uma pessoa a governando.

— Quem? – Perguntou curiosa. Seria uma espécie de Deus supremo que descendeu de todas as outras etnias? Seus olhos brilharam com tanta curiosidade em saber os segredos obscuros que existiam no mundo.

— Um ser humano. – Castiel disse enquanto olhava atentamente para uma borboleta que voava e pousava na macieira, sem poder ver a expressão de indignação de Jane ao ouvir aquilo. Como assim, um ser humano?

— Mas, com tantas entidades absolutas, como... – Confusa, olhava para os lados tentando buscar palavras, e encarou o ruivo que a observava. – Por que um ser humano? Por que um ser tão insignificantes? Você tá brincando, né?

O anjo não respondeu, apenas se manteve sério. Como em um passe de mágica, Jane entendeu o que estava o afligindo: ele não entendia o motivo de os humanos se rebaixarem tanto perante divindades, tendo em vistas de que elas só existiam e tinham força por conta deles próprios. Por acaso algum Deus existiria se a humanidade não tivesse fé nele? Seja qual Deus for, o quão forte for, são os seres humanos quem dão poder a eles. Entretanto, contar isso à um humano tão limitado seria ignorância, imagine o que fariam se soubessem a força que têm sobre o mundo? Jane se lembrou de que existia uma velha crença que dizia que o universo conspira ao seu favor: Tudo que você acreditar com fé se torna realidade. A única coisa que ela sabia sobre isso, era que era totalmente verdade.

Mas Jane não fazia a menor ideia do motivo de ter deduzido tudo aquilo tão claramente. Talvez fosse por conta do sonho.

Ela se manteve esperando uma resposta dele, mas como percebeu que nada vinha, suspirou. O ruivo era alguém que parecia guardar mistérios, provavelmente todos os anjos deveriam ter segredos absurdos sobre a existência, e não poderia – no momento – fazer nada para descobrir.  Ficou pensando, pensando, pensando, sem contar quanto tempo se passava nem dar importância a tudo que Castiel lhe contara. Se fosse verdade, descobriria. Se estivesse sonhando com tudo aquilo e nada nunca tivesse acontecido, descobriria também. A dúvida era algo que não queria interferindo em sua filosofia atual, que o mundo girasse e a mostrasse no que deveria acreditar.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Não pensem duas vezes antes de criticar: só melhoramos se vocês nos falarem o que não gostam e o que gostam. Estou aqui para agradá-los, mas antes, preciso ter os ingredientes para isso.
Até o próximo, espero!
Edit1: Como o capítulo faz parte de uma introdução à história, eu posso postar o próximo ainda esse fim de semana; isso vai depender do alcance deste aqui, certo? Certo! Até ♥



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