Era noite quando Caleb dormia tranquilamente em seu quarto, porém este sono é interrompido por seu celular que não parava de vibrar. O moreno abre os olhos lentamente e encara o aparelho com a tela acesa em cima do criado-mudo ao lado da cama. Torcia fortemente para que o telefone parasse de vibrar para só assim ele conseguir voltar a dormir, contudo seu desejo não é realizado. Percebendo que a pessoa não desistiria, o moreno se rende.

 Estica o braço e pega o celular com a mão, vira a tela para si. Dezoito novas mensagens, todas dela. “Caleb, eu estou aqui em baixo”, “Abre a porta para mim”, “Vem aqui”, “Me deixa entrar”, “Por favor”, “Acorda, vai”, estas eram algumas das mensagens que a menina loira mandava.

 Caleb se levanta da cama, passa pelos corredores e desce as escadas em silêncio para não acordar ninguém da casa. Seus pais e seu irmão dormiam, assim como ele antes de ser acordado pelas mensagens.

 — Entra — sussurra para ela assim que abre a porta. — Não faça barulho... — pede. Ela assente.

 Ele segura a mão magra da menina e juntos caminham em passos calmos na casa escura indo até o quarto do garoto. Caleb fecha a porta com cuidado e tranca. Acende a luz e só então consegue ver o rosto da loira com clareza. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, sua testa franzida e seus lábios formavam um bico.

 Ele senta na cama ao lado dela.

 — O que aconteceu? — pergunta Caleb olhando para ela com preocupação.

 — Meu pai. Ele veio nos visitar. — Joga seu tronco para trás deitando na cama e encara o teto.

 — Isto é bom, você não sente falta dele?

 — Ele trouxe a Kate, minha meia irmã e a nova filha preferida dele. Aquela vadia! — Rosna. — Começaram a falar mal de mim e o quanto eu deveria ser como a Kate sem defeitos. — Cerra os punhos. Caleb olhava para menina prestando atenção em cada letra do seu desabafo. — Eu o odeio, não quero nunca mais ver a cara daquele homem.

 — Aquele homem é seu pai, boo — sua voz permanecia calma e carinhosa.

 — Aquele homem é pai da Kate, ele está longe de ser o meu pai, Caleb! — Volta a levantar seu tronco e encara o garoto com seus olhos azuis transbordando ódio. Caleb suspira sem saber o que falar para acalmá-la.

 — Então, você fugiu e veio até aqui — conclui Caleb.

 — Se ele acha que eu sou uma má filha, então eu serei uma má filha — ela sorri e então busca pelos lábios do garoto, beijando-o com sagacidade. Sobe no colo dele para se encontrar em uma melhor posição para beijá-lo. Passa as pontas dos dedos nas costas nuas do garoto. As mãos do Caleb seguravam a loira pela cintura.

 — Você bebeu, não é? — pergunta ao perceber o gosto de álcool na boca dela.

 — Um pouco. — Ela dá os ombros ao responder e volta a colar seus lábios ao dele. Empurra o peitoral dele fazendo com que ele deitasse, então tira sua blusa com rapidez ficando de sutiã e volta a beijá-lo.

 — Ei, espera, não. — Caleb vira o rosto e sai de baixo dela, se levanta e fica de pé ao lado da cama.

 — O que foi? Pensei que você quisesse. — Se senta na cama olhando para ele com uma expressão confusa.

 — Eu quero, mas não assim. Você bebeu e está com raiva do seu pai, não está pensando direito.

 — Você é um gay — bufa.

 — Você vai me agradecer por isso depois e não importo que me xingue ou fique brava comigo agora, eu só me importo com o que é melhor para você.

 — Gay.

 — Anda, coloca a blusa, vai.

 — Nem você gosta de mim. — Ela suspira, cruza os braços e faz bico.

 — Shhh... — ele manda que a loira ficasse quieta. Pega a blusa rosa do chão e se aproxima dela. Mesmo com a menina relutante no início, ele consegue vesti-la.

 — Posso dormir aqui pelo menos? — murmura.

 — Pode.

 Ela sorri mais contente.

 — Deita — ele manda e ela obedece sem contestar. Repousa a cabeça sobre o travesseiro, se encolhe e fecha os olhos para dormir. Caleb a cobre com os lençóis.

 Contudo, depois de ajeita-la o moreno não se deita com ela. Abre o armário do quarto, pega cobertores e um novo travesseiro, arruma-os no chão ao lado da cama e então se deita ali.

 — Caleb? — A menina abre os olhos ao perceber a demora do moreno para deitar na cama com ela. Procura por ele. Coloca a cabeça para fora da cama e vê o moreno deitado no chão. — Você está brincando? Dorme comigo.

 — Nem pensar — murmura o garoto que estava de costa para ela.

 — Eu não vou tentar nada, prometo. — Caleb olha para ela e encontra a loira sorrindo. Ele cerra os olhos. — Também não vou te provocar. — Revira os olhos.

 — Aqui está bom. — Volta a se virar para o outro lado e fecha os olhos.

 — Ok. — A loira sussurra, a frustração em sua voz era perceptível. Um silêncio então se forma no quarto. Porém, não demora muito para Caleb sentir o corpo da menina se juntando ao seu por baixo da coberta. Ela coloca as mãos por volta da cintura dele, abraçando-o por trás. Enterra a face nas costas do garoto.

 Caleb não resiste e se torna incapaz de manda-la de volta para a cama, apenas consegue sorrir. Entrelaça seus dedos aos dedos da mão da loira e então consegue sentir que os lábios delas também formavam um sorriso contra suas costas.  

  Caleb abre os olhos, mas já não se encontrava no chão, estava em sua cama confortável e quente. Seus dedos ainda estavam entrelaçados a outros dedos, contudo não eram da mesma pessoa. Os longos cabelos castanhos de sua esposa encostavam em seu rosto de força agradável.

 Com extremo cuidado para não acordá-la, ele solta a mão da Bella. Faz um carinho calmo no cabelo castanho e se levanta da cama.

 Vai até a cozinha, abre a geladeira e pega uma garrafa de água gelada, coloca no copo, se senta em uma das cadeiras em volta da mesa e começa a beber a água.

 Olha para o relógio que marcava duas horas da manhã.

 Fica pensativo.