Photograph escrita por Day


Capítulo 4
III — Adorável chilique, Evans.


Notas iniciais do capítulo

aaaaaaaaaaaaaa
eu deveria atualizar tão rápido? não, não devia, mas estou aqui por um motivo:

A CLENE RECOMENDOU A FIC! SOCORRO AAAAAAAAAAAAA CLENE, OBRIGADA, LINDA GATA SEXY TOP DA BALADA!!! VOCÊ SABE QUE SÓ TO POSTANDO POR SUA CAUSA, NÉ?

passado o surto, eu só queria dizer que esse cap tá bapho e o próximo estará igualmente bapho.

comentem o que acharam, ok? é muito importante pra mim ♥

boa leitura!

ps: lily @bolada no bc pq sim hehehe
ps2: LEIAM AS NOTAS FINAIS!!!!!!!!



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SEXTA — MANHÃ

Quando Lily abriu os olhos, desejou estar em casa. Desejou ver suas paredes rosa chá, os pôsteres dos BackStreet Boys e a placa de não perturbe na porta, que tinha desde os quatorze anos. Desejou sentir o cheiro do incenso que sempre colocava no canto e ouvir o barulho do trânsito frenético. Desejou sentir o cobertor felpudo sobre o corpo e o colchão macio sob as costas.

Mas, tudo que viu quando acordou foram as paredes cor de creme de Marlene, não havia pôsteres e nenhuma placa. No canto, não tinha nenhum incenso e do lado de fora o trânsito era mais calmo. Não que o cobertor e o colchão de Lene fossem ruins, mas não era a mesma coisa. Não eram seus.

Lily sentou-se, escorando as costas na cabeceira, e ajeitou um fio insistente de cabelo, que teimava em cair sobre os olhos. Sentia uma pontada de dor na base da coluna, por todas as noites mal dormidas, e um inchaço nos olhos. Era hora de ir para casa, definitivamente. Não tinha quaisquer condições de se manter ali.

Com o relógio marcando oito e meia da manhã, era claro que Marlene ainda dormia, talvez ainda estivesse no terceiro sono, e só se daria ao trabalho de acordar depois do meio dia. O que dava a Lily algumas horas de silêncio, paz e infinitas oportunidades de discutir com a companhia aérea. As discussões estavam se tornando mais frequente do que deveria e mais intensas do que ela desejava.

— Vamos lá, Lily... — murmurou para si mesma. — Se der tudo certo, é seu último dia aqui.

Deveria parecer um mantra de animação, mesmo que soasse tão desanimado.

Em definitivo, a última coisa que queria era o telefone tocando, principalmente àquela hora. E, ainda por cima, com a foto de Petunia no visor. Eram irmãs, mas não tinham a melhor de todas as relações, embora tentassem manter conversas adequadas e equilibradas.

Desde sua memória mais longínqua, Lily lembrava-se do ciúme — que, às vezes, beirava a inveja — que a irmã tinha. Tuney, como a chamava, não era a melhor pessoa em esconder os sentimentos, desde os mais puros aos mais perversos; ela tinha uma necessidade de mostrar a todos o que sentia.

Alcançou o telefone e respirou fundo um par de vezes antes de atender. Forçou uma voz calma e pacífica, escondendo a descrença e o leve desgosto em atender Petunia.

— Alô.

Lil? Oi, sou eu, Petunia.

— Aconteceu alguma coisa? É meia noite aí, Tuney — falou o óbvio, embora duvidasse que a irmã tivesse senso quanto horários.

É que... Lembra do Vernon?

Aquele cara todo esquisito que Lily odiava? Sim, ela lembrava. Ele falava alto, irritava-se com extrema facilidade, não tinha paciência com quase nada e raramente aceitava as coisas que não eram feitas à sua maneira. Lily não conseguia tirar da cabeça o episódio em que, por engano, o viu aos beijos com Petunia e, pelos longos minutos seguintes, foi repreendida sobre não atrapalhar o momento dos outros.

— O que tem ele?

Nós vamos nos casar! — respondeu com animação. — Queria tanto que você estivesse aqui, mas, eu sei, não é sua culpa — Lily soltou um murmúrio de concordância e não falou mais nada. Raramente as duas tinham assunto para conversarem tão animadas. — Quero que veja meu anel. Tem como nos vermos?

— Hoje não, Petunia. Preciso resolver o problema da minha viagem, depois nos falamos — ouviu-a suspirar, típico ato de quando algo não saía de seu jeito. — Tchau, Tuney.

Tchau, Lil.

Deveria ser um carma ou má sorte sua irmã estar prestes a casar enquanto ela se via presa a relacionamentos fracassados. Ficou feliz ainda que soubesse que, se a situação fosse contrária, Petunia não sentiria o mesmo.

ººº

James virou a noite pensando no que Minerva havia dito, que alguns projetos seriam selecionados para serem expostos em uma galeria de arte de Londres. Nunca esteve entre os melhores das turmas, mas daquela vez esperava que estivesse. Entrou na faculdade de Fotografia sem muita visão de futuro, esteve ali durante todo aquele tempo por não ter — e não querer — outra opção. Aquela pequena possibilidade, de ter seu trabalho mostrado a centenas de pessoas.

Revirou-se de um lado para o outro na cama, na constante — e falha — tentativa de encontrar uma posição confortável. A brisa gelada que entrava pela janela o deixava inquieto. Não era o maior fã de frio e morava na cidade onde raramente tinha sol ou um pouco de calor; também odiava passar o dia com sono e não havia dormido mais do que quinze minutos.

Odiava seu despertador, mas, quando o ouvir apitar e preencher o silêncio com o barulho chato e repetitivo, sentiu-se agradecido. Levantou-se devagar e, assim que seus pés tocaram o chão, disse a si mesmo que o dia seria tão bom quanto possível. Havia aprendido que, desejando coisas boas para si mesmo, conseguiria tê-las. James precisava de coisas boas naquele dia.

Lembrava-se que Minerva dissera que o resultado dos selecionados para a exposição viria através de e-mail. Se ela realmente conhecesse o aluno que tinha, não faria ou falaria tais coisas, que o deixavam no mais amplo e sério estado de ansiedade. Desde que se entendia por gente, lembrava dos pais dizendo que precisava se manter calmo e evitar ser tão ansioso o tempo todo.

Por um curto momento, fechou os olhos e mentalizou-se no centro das atenções. Gostava de ser aquele de quem todos falavam ou comentavam, e a ideia não pareceu assim tão ruim.

Ei, flor do meu dia, me deixe entrar — ouviu a voz de Sirius, que parecia saber a exata hora em que James acordava para ir atormentá-lo.

— O que quer? — respondeu assim que abriu a porta, encontrando-o completamente devastado. — Nossa, você está um traste.

— Obrigado por sempre me animar, Prongs. Mas, de qualquer forma, eu sei — Sirius passou para dentro e jogou-se no sofá.

Estava, mesmo, horrível. A camisa completamente amassada, com dois botões a mais abertos e uma pequena mancha de batom vermelho no colarinho. James sorriu, sabia com exatidão o que acontecera, até porque conhecia Sirius há tempo demais para ter certeza que ele seria incapaz de sair daquela forma na rua.

— Quem foi a mestre que te deixou assim, Pads?

— A amiga da sua ruiva — sua ruiva era um termo que ficaria na mente de James por muito tempo. — Ela é sensacional e acho até que pode ter alguma coisa que vá além disso.

— Está apaixonado?

— Não, com toda certeza não. Marlene, Marlene o nome dela, não é como as outras. Ela tem uns assuntos legais, ri das minhas piadas, beija bem e muito boa de cama. É basicamente quem eu procurava, Prongs.

James revirou os olhos por simplesmente não acreditar que ouvia aquilo. Não parecia possível que, depois de muitos anos, Sirius tivesse finalmente encontrado alguém que o fizesse cogitar parar com a vida que levava. Marlene, ou seja lá como se chamasse, deveria ser a pessoa mais santa de todo o universo, uma alma boa o bastante parar mudá-lo.

— Ela merece um prêmio.

— Ela já tem um prêmio, meu caro, eu.

— Argh, cale a boca, Black.

SEXTA — TARDE

Sem ter dormido nada durante a noite, era claro que às quatro e meia da tarde, James estava mais do que exausto, se fosse possível. Seus olhos eram incapazes de permanecerem abertos mais do que alguns segundos e todo seu corpo implorava por alguns minutos de descanso. Ele não era o tipo que se negava a dormir, aliás, achava que esse era um dos prazeres pequenos e simples que a vida oferecia.

A televisão, que transmitia algum episódio aleatório de Friends, já não era mais o principal foco de sua atenção. As risadas de fundo tornavam-se cada vez mais distantes e todo o cansaço o atingia de uma vez só. Lembrava-se de Sirius indo embora há alguns minutos, mas nada além disso. James estava entregue à dormência que o atingia.

Era adepto de passar noites em claro, geralmente preocupando-se com alguma coisa que não merecia toda essa atenção. Pensava mais do que devia em pequenos fatos de sua rotina, sobrecarregava seu cérebro e, por isso, não conseguia pregar os olhos durante toda a madrugada. E, como a consequência imediata e imutável, durante o resto do dia seguinte, ficava escorando-se nas paredes de tamanho sono.

As pálpebras pesavam e a sensação de leveza e plenitude começava a aflorar. James teria caído no sono no segundo seguinte, se não tivesse ouvido o som que mais queria ouvir naquele dia. A pequena notificação, com o desenho de um envelope de carta, e o nome de Minerva McGonagall em uma cor vermelha, o fizeram sorrir e sentir-se estranhamente revigorado.

“Caro Potter,

Venho avisar-lhe que seu Trabalho de Conclusão de Curso — “A Atual Miscigenação no Reino Unido” — foi selecionado para a exposição a ser realizada na galeria de arte Tate Modern.

A exposição começará amanhã e terá a duração de cinco dias, acontecendo das doze às dezoito horas. Peço que esteja presente em todos.

Atenciosamente,

Minerva McGonagall”

Pouco mais de trinta palavras serviram para deixa-lo no mais puro estado de êxtase pelas horas seguintes. No fim das contas, todos os pensamentos que teve sobre não conseguir concluir sua faculdade, as imagens de si mesmo reprovando e o vislumbre de decepção no rosto de seus pais sumiram. Agora, ele conseguia imaginar-se exercendo sua profissão com primazia.

Avisou a Sirius que conseguira e recebera uma seleção de emojis que representavam vitória como resposta. Precisava comemorar sua conquista da melhor maneira possível, o que significaria, com quase total certeza, ser arrastado para alguma festa. Qualquer que fosse o caso, não deixaria de se sentir, pela primeira vez, completamente orgulhoso de algo que fizera.

SÁBADO

Lily raramente aceitava panfletos das ruas. Evitava contato visual com aqueles que entregavam e, na maioria das vezes, passava reto. Mas, naquela manhã, foi impossível rejeitar o pequeno papel, que anunciava uma exposição de fotos em letras garrafais. Sempre foi uma adoradora da arte, em qualquer modo, desde um texto bem escrito a uma pintura que valesse milhões.

Olhou com atenção e, no canto inferior, percebeu o nome daqueles que teriam os trabalhos expostos. Achou que não conheceria nenhum deles, exceto o último. Parecia muita coincidência, ou talvez não, mas o quer que fosse, ela não achou que teria a mínima chance de ver James Potter de novo. Desde a fatídica, e certamente trágica, noite no bar, nem ao menos ouviu falar dele.

Lembrava-se que ele havia dito qualquer coisa sobre fotos, e até pedira que ela posasse, mas em vão. Lily não tinha aceitado, e agora adoraria ver qual teria sido o resultado daquilo. Talvez, na melhor das hipóteses, ele tivesse deixado de lado a ideia de ter uma ruiva entre as modelos.

Agradeceu ao moço que lhe entregara o panfleto e caminhou até o prédio de Marlene. Tentaria a todo custo convencê-la de irem à exposição, mesmo sabendo que ela não era a maior fã de coisas tão inanimadas, como dizia. Ela era fã das boates, das festas, dos bares, da animação, de agito e de som alto. Um lugar calmo, que não contava com nada dessas coisas, não a agradava.

— McKinnon! Eu tenho planos para nós.

— Primeiro, você sabe que eu odeio — ela frisou bem a palavra — quando me chama pelo sobrenome. Segundo, se for para ficarmos horas discutindo com companhia aérea de novo, esqueça que eu existo.

— Não, sua louca. Isso — mostrou o panfleto e viu a mais pura expressão de repulsa no rosto de Marlene. — Por favor, Lene, vamos.

— Dê um bom motivo para eu ir. Bom não, um ótimo motivo.

— Alto, cabelo até os ombros, olhos escuros e, não posso dizer com segurança, mas deve te beijar muito bem.

— Sirius vai estar lá?

Lily sorriu. Ele tinha um nome, afinal de contas. Assentiu para Marlene e a viu abrir seu o típico sorriso de encantamento e, até certo ponto, de convencimento. Ela tinha os lábios curvados para cima e um brilho nos olhos que parecia dizer obscenidades. Provavelmente, pensava o que faria depois da exposição de fotos — se é que iria.

Marlene deu as costas e caminhou, animada demais, para seu quarto, enquanto gritava que estaria pronta para ir em alguns minutos. Lily, por outro lado, não sentiu tal necessidade em trocar de roupa. Ouviu o celular apitar e rezou para que fosse alguém que pudesse dizer quando voltaria para casa. Ao invés disso, uma foto de Petunia com um vestido de noiva apareceu na tela.

Era um vestido muito bonito, ela não podia negar. A cor branca, puxada para um tom pérola, combinava com o tom loiro de seu cabelo e realçava o azul claro dos olhos. Petunia era e sempre seria a mais bonita das irmãs, e Lily não tinha como negar. Esperava que, um dia, pudesse se casar e usar um vestido tão belo como aquele.

Evans, Petunia

O que achou?

Queria que estivesse aqui

Evans, Lily

Ficou di-vi-no

Espero ir embora o quanto antes

Prometo estar aí no dia do casamento

— Acredita que Petunia vai casar? — perguntou a uma Marlene completamente produzida. — Até me mandou uma foto.

— Nem parece a pessoa toda esquisita que é normalmente — respondeu sem nem olhar muito tempo para o celular. — Agora, levante-se e vamos logo.

ººº

James apertava os dedos em um claro sinal de nervosismo. Olhava de um lado para o outro, procurando por algum rosto conhecido, mas sempre em vão, todas as centenas de pessoas que caminhavam pelos corredores daquela galeria eram completos estranhos. Esperava que Sirius aparecesse, mas sabia que ele não era um grande apreciador de lugares calmos como aquele.

Gostava do agito, da badalação, da música alta e de multidões. Um lugar tão tranquilo, com nenhum som além dos cochichos daqueles que viam as fotos, e bem menos pessoas do que uma boate certamente não fariam seu estilo. Mas, pela amizade que tinham, Sirius compareceu à galeria com um sorriso demasiadamente animado no rosto.

Aproximou-se de James e ficaram por ali sem falarem nada que realmente importava. Quando alguém se aproximava, o mais novo fotógrafo explicava todo seu projeto e esperava, calado, pelas reações — às vezes vinham com algumas perguntas, ou em poucas palavras, às vezes não vinha nem em forma verbal. Não dava para ler as expressões e concluir se eram boas ou ruis, mas ele esperava que fossem do primeiro tipo.

— Eu vou comprar alguma coisa para beber, vai querer? — James negou a pergunta. — Prometo que não vou demorar, amor.

— Caralho, Sirius, pare de me chamar assim. Vai logo comer, mas não traga nada aqui dentro.

— Você é muito chato.

São as regras!

Sirius revirou os olhos e caminhou para o sentido oposto de James, que o observou com atenção para prevenir qualquer ato impróprio. Assim que o viu sair sem danificar nada ao seu redor, soltou o ar com alívio e voltou a dar atenção aos que paravam para ver seu trabalho. Entre muitas e muitas coisas, aquela sensação era gratificante; saber que os olhares admirados eram fruto de algo que ele havia feito.

Uma voz minimamente conhecida, a qual achou que nunca mais ouviria, se aproximava aos poucos e ficava mais alta a cada instante. James sorriu, mesmo que ninguém pudesse ver, assim que seus olhos pousaram sobre a mesma ruiva da foto principal. Era claro que ele ficara em completa animação ao saber que ela estava ali, podendo ver o resultado de algo que, em uma pequena parte, também fora feito por ela.

Lily conversava animada com Marlene, enquanto observava atenta cada imagem exposta. Sentia uma pontada de inveja, ou alguma outra coisa menos pior, de quem conseguia posar para uma câmera sem os receios que tinha. Não conhecia ninguém, mas não esperava que fosse conhecer, e todos os rostos ali pareciam novos. Exceto um parado no final do corredor principal, que sorria para ela.

Ouviu Marlene suspirar e teve certeza que revirou os olhos, mas não era como se importasse. Sabia que ela estava ali meramente pela oportunidade de reencontrar o cara do bar — Sirius, ou qualquer nome que fosse —, oportunidade essa que Marlene não tinha muita certeza se iria acontecer.

Paravam para ver cada uma das obras, o que dava à Lily a chance de aproveitar até os mínimos detalhes de sua estadia — agora um pouco forçada — em Londres. Queria poder ter várias coisas do que se lembrar, ter passeios para se lembrar depois e coisas, além de Marlene, para sentir saudades. Às vezes, quando achava algo realmente bom ou algo que realmente prendesse sua atenção, fazia algumas perguntas e ouvia as respostas atenta.

— Obrigada — respondia rapidamente, sem dar chance aos olhares tortos para seu sotaque.

Pelo canto do olho, viu Marlene revirar os olhos, na típica demonstração de desinteresse.

— Já está acabando, eu prometo, Ene — a chamou pelo apelido de infância. Lily sabia que a chamar assim era quase conseguir que ela fizesse suas vontades, o que era um golpe muito baixo. Não que Lily se importasse.

Poucos segundos depois, lá estavam elas a caminho do que parecia ser o último corredor não visitado da galeria. Lene olhava tudo com pouco interesse, enquanto via sua amiga observar as fotos com um fascínio tremendo. Não eram do tipo de amigas que se complementavam, pelo contrário, eram quase opostas — não do tipo complementar. Mas, mesmo assim, davam-se muito bem e mantinham uma amizade sólida por mais de dez anos.

Lily sorriu ao reconhecer, mesmo de longe, um amontoado de cabelo castanho. Não, pelo que parecia, ele não era capaz de arrumar aquilo. Olhou para Marlene e a puxou pelo braço, ignorando por completo as imagens expostas no caminho entre eles. Eram passos rápidos, mas que não chegavam a deixa-la correr; até porque uma das coisas que aprendera na vida era não se deixar parecer desesperada. Não que estivesse em desespero para chegar até ele, mas correr certamente deixaria essa impressão.

James não olhava para nada, não fixava o olhar em alguma coisa. Até ver, a alguns metros de distância, uma confusão ruiva andar com mais pressa do que o normal até onde estava. Sentiu-se um pouco mais eufórico, por saber que, finalmente, ela veria. Veria o quanto havia o ajudado, sem ter a intenção de verdade. Quando a viu à sua frente, com nitidez e clareza, notou que os olhos verdes dela se prendiam às fotos.

— Uau... ficaram ótimas. De verdade, ficaram muito boas — parabenizou-o. — Mas...

Lily cortou a própria fala ao reparar no retrato maior, com mais visibilidade e destaque. Era como se estivesse se vendo em um espelho, um espelho que a mostrasse na noite de sexta passada. A mesma saia de bolinhas e a mesma blusa com estampa de bigodes de gato. Tinha uma das mãos na cintura e a outra na barra da saia, enquanto sorria verdadeiramente direto para a câmera. Todos podiam olhá-la nos olhos, onde quer que estivessem.

— Essa foto... Essa foto é minha? — Lily perguntou, enquanto sentia a típica sensação de nervoso ao se ver no centro das atenções, em uma foto.

— Bom, sim — James respondeu com um sorriso maroto no rosto. — Graças a você, consegui concluir meu projeto.

O que ela mais se perguntava era como ele conseguira a foto? Ela nem ao menos se lembrava daquilo, mas, de um jeito ou de outro, estava feito. E exposto.

— Ótimo, que notícia boa. Realmente ótima — a voz dela era carregada de sarcasmo. — Pode tirar minha cara daí.

— Tirar? Como assim tirar? Eu não posso fazer isso — antes que ela pudesse contestar, James continuou em seu melhor tom dramático. — Desculpa, ruiva, mas não vai dar. Mesmo que eu tire, não posso tirar do meu TCC. Sua cara — ele a imitou nos termos — ainda estará estampando meu trabalho.

— Eu geralmente não odeio as pessoas logo de cara, mas... Potter, eu te odeio.

Lily sentia o ódio fisicamente. Suas mãos fecharam em punho e apertou os olhos com força, contendo-se para não fazer nada estúpido — como tirar aquela foto. A julgar pelo lugar onde estava, soube que tinha sido fotografada na casa dele, muito provavelmente depois da fatídica noite onde tudo pareceu dar errado. E ali estava, mais uma prova que contribuía para o fracasso daquele dia.

Marlene riu baixo e isso serviu apenas para deixar Lily em um estado de nervos ainda maior. Parecia tão desnecessário, entre outras coisas, aquela reação perante uma simples foto. Mas, mais do que sua total negação a fotos e qualquer coisa que as envolvesse, estava irritada por ter seu rosto exposto sem sua autorização. Mal lembrava-se daquele momento, então era óbvio que não permitiria a exposição.

James não entendia, realmente não entendia a reação que estava diante de seus olhos. Pelo que se lembrava daquela noite, que não era lá muita coisa, ela havia pedido para que ele a fotografasse. Havia comentado alguma coisa seu apartamento, antes de pousar os olhos sobre sua câmera e pedir, com todas as letras:

Tira uma foto minha

— Você pediu! — ele falou em um tom de voz que se aproximava do grito. Recebeu alguns olhares pela exaltação na fala e voltou a falar baixo. — Você pediu pela foto, Lily. É Lily mesmo?

— Sim, é Lily! — ela respondeu ainda mais irritada, se fosse possível. — Escuta aqui, Bond, James Bond, eu não sei se sua mãe querida te ensinou, mas aparentemente não. Quando alguém está bêbado, jamais se leva a sério as coisas que essa pessoa diz ou fala! Patético você, no mínimo — agarrou o braço de Marlene, dando as costas para ele. — Vamos embora.

O motivo pelo qual James achou aquele chilique adorável era desconhecido. Sabia que ela estava irritada, não existia quem não soubesse, mas, ainda assim, Lily pareceu encantadora naquele nível de estresse. Quis ir até ela e dizer que sentia muito, mas seria completamente em vão, além de piorar muito a situação para si mesmo.

Não teria como desfazer o erro já feito, então, o máximo que estava ao seu alcance era tirar a foto dela da exposição. Era a melhor, de verdade, o sorriso mais verdadeiro e a pose mais espontânea; as outras modelos eram igualmente belas, mas era visível quão mecânicas eram suas expressões.

James não viu quando Sirius chegou, tampouco quando foi embora, mas sabia que não estava sozinho. Ao invés do amigo, uma voz feminina e desconhecida o chamou; uma garota muito mais nova e com mechas coloridas no cabelo o olhava com receio e apertava os dedos com força, em sinal de nervosismo.

— Sr. Potter?

— Sim — respondeu. — E você, quem é?

— Nymphadora Tonks.


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Notas finais do capítulo

aaaaaaaaaa petuniaaa aufhasdfu e tonksssssssss ♥

no próximo capítulo, vai ter um foco bem grande NELAS DUAS!

beijos, comentem, e até lá ♥

PS: gente, eu tava pensando. tá tendo blackinnon, um pouco de doremus, vai ter remadora mais pra frente, e aí veio o questionamento. vocês querem/acham legal que eu faça uns capítulos "extras"? sobre o que aconteceu/está acontecendo com os outros casais, sem focar SÓ em jily? eu, particularmente, acho que seria algo bem fofinho ♥